SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.16 special issueOn the extimity of psychoanalysis and its place at the polis author indexsubject indexarticles search
Home Pagealphabetic serial listing  

Services on Demand

article

Indicators

Share


Estudos e Pesquisas em Psicologia

On-line version ISSN 1808-4281

Estud. pesqui. psicol. vol.16 no.spe Rio de Janeiro esp. 2016

 

EDITORIAL

 

Adriana Benevides Soares*; Alexandra Cleopatre Tsallis**; Deise Maria Fernandes Mendes**; Renata Patr�cia Forain de Valentim**; Rita Maria Manso de Barros*

Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil

Endereço para correspondência

 

 

Dossiê Psicanálise
A psicanálise e a clínica do mal-estar na contemporaneidade

 

Desde a criação de um Departamento de Psicanálise na Universidade de Paris, por Jacques Lacan, na década de 1970, a Psicanálise tem sido matéria ministrada em diversos cursos de Graduação. Sua presença na Universidade foi assumindo tal grau de importância que foram sendo criados, no Brasil, Programas de Pós-Graduação voltados para esta área específica, como o pioneiro Programa de Teoria Psicanalítica da UFRJ, com mais de vinte e cinco anos, e o nosso Programa de Pesquisa e Clínica em Psicanálise da UERJ, que completou quinze anos em 2014.

Além disso, a psicanálise é uma teoria de destaque em linhas de pesquisa de diferentes departamentos dos Programas de Psicologia de várias Universidades brasileiras. Nas Universidades da América do Sul e América Latina não é diferente. Há um grande número de Programas de Pós-graduação que incluem a Psicanálise como disciplina ou que fazem dela seu carro-chefe. Em inúmeros encontros que tivemos com professores de outros países como Argentina, Chile, Uruguai, Colômbia, Venezuela, México, fomos estabelecendo fortes laços de trabalho e fomentamos diferentes interesses comuns de pesquisa e trocas teóricas.

Já existe entre os psicanalistas latino-americanos uma intensa troca de conhecimento e produção de saber que se realiza através de publicações, sejam revistas especializadas ou livros, que constituem fonte de constante intercâmbio. Nós, professores e pesquisadores do Programa de pós-graduação em Psicanálise da UERJ, realizamos em 2011 o I Congresso Latino-americano da Psicanálise na Universidade, estreitando cada vez mais os laços de pesquisa e de produção de conhecimento com os pesquisadores de outros estados brasileiros e com países da América Latina, no que pese o atual empenho de forças políticas no desmanche da universidade pública.

No âmbito da psicanálise na Universidade, cabe ressaltar que a América Latina se destaca no cenário mundial e vem apresentando diante do mundo uma posição de vanguarda que tem sido elogiada pelos psicanalistas e historiadores que retraçam a história da psicanálise e de suas inserções institucionais. O Brasil tem encabeçado a lista dos países com maior ênfase na pesquisa psicanalítica no âmbito universitário e tal destaque tem sido fonte do interesse dos psicanalistas europeus mais conhecidos.

A importância da presença da psicanálise na universidade não poderia ser maior, pois permite o enriquecimento conjunto de sua disciplina assim como o confronto com outras áreas do saber que, como sabemos, constituem uma fonte de constante questionamento e reflexão para os psicanalistas. Desde Freud, que estimulava a presença da psicanálise como um fator salutar não só para ela como para as outras áreas do conhecimento humano, até chegarmos à produção de Lacan, final que foi o primeiro a conceber um departamento universitário psicanalítico, a psicanálise é um saber que, por sua própria estrutura, se caracteriza pela necessidade de ser atravessado pelas diferentes conquistas do conhecimento humano. E a Universidade, pelo terreno propício que cria para o ensino e a pesquisa, além do confronto com outras disciplinas, é o lugar mais indicado para que essa característica seja elevada a sua maior potência articulatória.

Não obstante todo esse movimento, que certamente aponta para os avanços que o diálogo nas Universidades proporciona ao campo específico da psicanálise, observa-se nos dias de hoje um inquietante fenômeno, denunciado em diferentes ambientes habitados também por psicanalistas, qual seja, a proposta de uma psicanálise desenvolvida por instituições religiosas, na contramão do que Freud explicitou enfaticamente, de que a psicanálise é, por natureza, absolutamente leiga. O dossiê que ora vem a público, de textos selecionados sobre o trabalho da psicanálise nas universidades e de suas conexões com as práticas clínicas por elas viabilizadas, distingue claramente a importância dessa laicidade, sublinhando-a do jeito que queria Freud, ou seja, na articulação com o discurso da ciência e não, da religião.

O título que demos ao nosso Dossiê Psicanálise - A psicanálise e a clínica do mal-estar na contemporaneidade – busca justamente ser contemporâneo a esses tempos sombrios que vivemos, tempos de trevas, tempos de angústias. Apostamos que o discurso psicanalítico não cansa de abrir leitos nos restos barrentos em direção às águas claras. Que desfrutem os artigos aqui apresentados! A UERJ resiste!

 

 

Endereço para correspondência
Comissão Editorial
Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, Rua São Francisco Xavier, 524, Bloco F, 10° andar, sala 10.005, Maracanã, CEP 20550-013, Rio de Janeiro - RJ, Brasil
Endereço eletrônico: revispsi@gmail.com

 

 

Notas

* Professora Associada do Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
** Professora Adjunta do Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

Creative Commons License All the contents of this journal, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution License