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Revista Brasileira de Terapias Cognitivas
Print version ISSN 1808-5687
Rev. bras.ter. cogn. vol.9 no.2 Rio de Janeiro Dec. 2013
https://doi.org/10.5935/1808-5687.20130015
ARTIGOS DE REVISÃO REVIEW ARTICLES
Eventos estressores e recaídas de usuários de substâncias psicoativas: revisão sistemática
Stressors and relapse drug users: a systematic review
Sabrina M. Oliveira da RochaI; Sheila AlliardiII; Bruna Fernandes da RochaIII; Renata Brasil AraújoIV
IPsicóloga e Diretora Administrativa do Centro de Psicologia Vitalis - Porto Alegre - RS - Brasil
IIPsicóloga do Centro de Psicologia Vitalis
IIIAcadêmica de Psicologia - (Bolsista de Iniciação Científica)
IVDoutora em Psicologia PUCRS - (Supervisora dos Programas de Dependência Química e Terapia Cognitiva Comportamental do Hospital Psiquiátrico São Pedro)
RESUMO
OBJETIVO: Realizar uma revisão sistemática a respeito da associação entre eventos estressores e recaídas em usuários de substâncias psicoativas.
MÉTODO: Revisão sistemática da literatura, realizada nas bases de dados eletrônicas EBSCO, ProQuest, PubMed/Medline e Web of Science. Os descritores utilizados foram: substance abuse, substance dependence, drug abuse, drug addiction, stressful events, stressful life events, stress. Como precipitador foi definido um evento estressor e, como desfecho, a recaída.
RESULTADOS: O nível de estresse aumentou 1,66 o risco de recaída, e os eventos estressores agudos aumentaram quase três vezes esse risco. Os eventos estressores mais prevalentes foram dificuldades financeiras crônicas e morte de um pai ou responsável. O domínio do estresse e os maiores recursos de enfrentamento de eventos estressantes da vida resultam em habilidades de manutenção da abstinência.
CONCLUSÕES: Indivíduos com histórico de eventos estressantes na infância são mais suscetíveis ao uso de substâncias psicoativas. Os eventos estressores crônicos e agudos aumentam consideravelmente o risco de recaída, sendo que os eventos agudos quase triplicaram o risco e diminuíram o tempo até a recaída, demonstrando a necessidade de intervenção terapêutica no tratamento do dependente químico que está mais vulnerável.
Palavras-chave: drogas, estresse, estressores.
ABSTRACT
OBJECTIVE: A systematic review on the association between stressful events and relapse in psychoactive substance users.
METHOD: A systematic literature review, based on electronic data platforms EBSCO, ProQuest, PubMed/Medline and Web of Science. The descriptor terms used were: substance abuse, substance dependence, drug abuse, drug addiction, stressful events, stressful life events, stress. The precipitate was defined as being the stressor event, and, as the outcome, the relapse.
RESULTS: The level of stress increased the risk of relapse in 1,66 and acute stressful events increased almost three times the risk. The most prevalent stressors events were the death of a parent or guardian and chronic financial difficulties.
CONCLUSIONS: Individuals with a history of stressful events in childhood are more susceptible to substance abuse. Chronic stressors and acute stressors increase the risk of relapse, and the acute events nearly tripled the risk and reduced the duration of abstinence. This demonstrates the need for therapeutic intervention in the treatment of the chemically dependent who is most vulnerable.
Keywords: drug, stress, stressfull.
O estresse é frequentemente definido na literatura como um processo que envolve a percepção, a interpretação e a adaptação de um determinado evento. Decorrente da associação entre fatores biológicos, psicológicos e ambientais, o estresse pode tornar o indivíduo mais vulnerável e o predispor a desfechos danosos, ameaçadores e desafiadores, como o uso e abuso de drogas (Levran et al., 2014; Sinha, 2001, 2008). Muitas vezes os eventos estressores desencadeiam manifestação de sintomas fisiológicos agudos que podem ter papel decisivo no início do uso de drogas e na sua manutenção, ou, ainda, ser um dos principais desencadeadores da recaída (Gordon, 2002; Martin-Fardon, Zarrilla, Ciccocioppo, & Weiss, 2010; Sinha, 2001; Xu et al., 2012).
O estresse promove desregulação nos sistemas do cérebro, mas deve-se destacar que a percepção da ameaça e o grau de envolvimento nos eventos estressores irão depender dos circuitos do processamento da informação envolvidos, assim como da avaliação negativa dos recursos disponíveis de enfrentamento. Quanto menor a previsibilidade do evento, maior a intensidade na resposta de estresse. Então, esses fatores podem, em qualquer ponto do ciclo da dependência química, contribuir para o desequilíbrio da homeostase do tratamento e resultar no consumo da substância psicoativa (Cleck & Blendy, 2008; Gordon, 2002; Sinha, 2001).
A percepção e a avaliação do estresse estão relacionadas a aspectos específicos da apresentação dos estímulos, traços de personalidade e da disponibilidade dos recursos internos do indivíduo. A alta tensão emocional está associada à perda do controle sobre os impulsos, incapacidade de inibir comportamentos inadequados e espera pela gratificação. A investigação sistemática dos efeitos do estresse sobre a resposta adaptativa de enfretamento frente à situação pode ser um componente importante na compreensão dos mecanismos subjacentes da recaída (Sinha, 2001, 2008).
A exposição ao estresse agudo agrava várias doenças psiquiátricas, levando ao retorno dos sintomas. Da mesma forma ocorre na dependência química, a qual o estresse agudo pode induzir ao forte desejo pela droga, aumentando a probabilidade de recaída. Já o estresse crônico e o uso crônico de drogas produzem mudança neuroadaptativa no cérebro, tanto nos sistemas de mediação dos efeitos da droga de abuso como em outros sistemas neurais que regulam o comportamento e as emoções de resposta ao estresse. Essa ativação neuroadaptativa ao estresse tem sido apontada como mecanismo responsável pelo desenvolvimento de um estado alostático, levando ao uso compulsivo da droga e à vulnerabilidade à recaída (Brow, Goske, & Johnson, 2009; Goeders, 2003, 2004; Sinha, 2001; Valentino, Lucki, & VanBockstaele, 2010).
Os múltiplos caminhos do cérebro envolvidos incluem córtex pré-frontal, amígdala, região subcortical, dopamina e sistema teselímbico, vias corticais para dopamina, corpos celulares na área tegmental ventral (VTA), incluindo núcleo accumbens, em uma cascata de eventos centrais e periféricos. Todas as drogas de abuso exercem seus principais efeitos de recompensa no caminho dopaminérgico na VTA eixo hipotálamo-hipófise adrenal (HPA) (Cleck & Blendy, 2008; Martin-Fardon et al., 2010; Self & Choi, 2004; Sinha, 2001). A regulação do estresse e a excitação do sistema nervoso central exercem seus efeitos no eixo HPA liberando corticotrofina (CRF) nos animais e cortisol em humanos, a disfunção deste circuito de estresse estão relacionadas com doenças psiquiátricas, incluindo a dependência química. Evidências comprovam que a exposição a droga de abuso ou ao estresse produz alterações semelhantes na eletrofisiologia de neurônios e na via dopaminérgica de recompensa (Briand & Blendy, 2010; Goeders, 2003, 2004; Sinha, 2001, 2008; Valentino et al., 2010). As crescentes evidências sugerem que os neuropeptídios funcionais niocipeptina (FQ/OFQ) e orexitina hipocretina (Orx/Hcrt) podem ser relevantes em relação ao funcionamento do controle da dependência relacionada ao comportamento de estresse. Também em estudos recentes são descritos o neuropeptídio substância P (SP) e seu receptor neuroquímico principal NK1, que desempenham papel principal na resposta comportamental para opioides e estresse, estes podem iniciar ou manter um comportamento viciante de resposta ao estresse e de sensibilização ao uso da droga (Commons, 2010; Goeders, 2003, 2004; Sinha, 2001).
Um funcionamento específico dos opioides desencadeia liberação de SP endógeno, que ativa o receptor NK1 e pode, então, desempenhar papel permissivo ou aumentar os efeitos dos opioides. É provável que esse funcionamento também ocorra na resposta comportamental de dor e estresse. Os efeitos dos receptores NK1 são específicos para opioides, não sendo aparentes com a cocaína (Commons, 2010). Porém, em relação ao eixo HPA, a liberação de cortisol e a administração aguda de cocaína, álcool e nicotina aumentam o nível de cortisol, enquanto o uso crônico de opiáceos e as respostas de HPA se reduzem e ao longo do tempo (Cleck & Blendy, 2008), sendo que os eventos estressores podem agravar esse processo (Martin-Fardon et al., 2010; Self & Choi, 2004).
A exposição a fatores estressores ou de estresse, ainda que fisiológicos, exercem efeito no eixo HPA, fator de liberação de cortisol, apresentando padrões anormais, levando a comportamentos de risco (Cleck & Blendy, 2008; Commons, 2010; Goeders, 2003, 2004; Levran et al., 2014; Sinha, 2001, 2008; Wand, 2008). Estressores podem facilitar a busca de medicamentos de autoadministração resultante de um fenômeno de sensibilização similar envolvendo a ativação dos circuitos neurais de estresse e o aumento da neurotransmissão dopaminérgica no sistema mesolímbico da VTA, estendendo-se até córtex pré-frontal, atribuindo relevância a estímulos, incentivo e motivação no processo de recompensa (Commons, 2010; Goeders, 2003, 2004; Sinha, 2001, 2008, 2009). O rompimento da via mesolímbica prejudica seriamente a motivação para buscar qualquer recompensa positiva, seja de comida, sexo ou drogas (Commons, 2010). Embora a exposição ao estressor possa ser aversiva, o resultado refletido é maior sensibilidade à droga (Commons, 2010; Goeders, 2003, 2004; Sinha, 2001).
De acordo com essa hipótese de autoadministração, o indivíduo pode fazer uso de substância como automedicação para lidar com pressões da vida ou aliviar e suprimir os sintomas associados ao evento traumático e às angústias da vida (Goeders, 2003, 2004; Sinha, 2001). Em contrapartida, durante o uso da droga, a exposição aversiva e os estímulos estressantes podem sensibilizar o indivíduo a esse estado interno de excitação, e a ativação do eixo HPA é o que realmente era esperado ao lembrar a droga. O recordar funciona como "prime" no sistema de recompensa do cérebro, reforçando e induzindo ao abuso de drogas (Goeders, 2003, 2004; Sinha, 2001).
Estudos sugerem que eventos estressantes precoces podem aumentar a vulnerabilidade ao uso de drogas. Esses eventos são descritos como abusos sexuais, violência doméstica, traumas infantis, maus-tratos, abandono, desestruturação familiar e deficiência física precoce, especialmente se os eventos estressores forem crônicos: quanto maior a violência infantil (maior tempo de exposição), mais provável será o desenvolvimento da dependência química e a ocorrência de recaídas (Briand & Blendy, 2010; Commons, 2010; Gordon, 2002; Sinha, 2001, 2009). Outros fatores de estresse emocional incluem conflitos interpessoais, perda de relacionamento, morte de um membro da família e perda de um filho. Em relação ao estresse fisiológico, pode-se citar fome ou privação de comida, privação do sono ou insônia e hipertermia ou hipotermia (Briand & Blendy, 2010).
O estresse também tem efeitos importantes sobre o humor, e sua desregulação pode contribuir para a motivação inicial de procura pela droga, realçando a sensação de gratificação (Briand & Blendy, 2010; Commons, 2010).
No período de abstinência de drogas (p. ex., álcool, cocaína, opiáceos, nicotina e maconha), o indivíduo pode apresentar sintomas como irritabilidade, ansiedade, estresse emocional, alterações no sono, disforia, comportamentos agressivos e fissura, associados especialmente a mudanças neuroadaptativas do estresse e nos circuitos de recompensas do cérebro (Goeders, 2002; Sinha, 2001). Mesmo que a ocorrência de estresse e de evento estressor não seja preditiva de recaída, a redução do estresse isoladamente ou combinada com farmacoterapia pode revelar-se benéfica na redução da fissura e na manutenção da abstinência (Goeders, 2002; Sinha, 2001). Assim, o objetivo deste estudo é realizar uma revisão sistemática da literatura a respeito da associação entre os eventos estressores e a recaída em usuários de substâncias psicoativas.
MÉTODO
Este estudo é uma revisão sistemática com padronização no sistema de busca, identificando e sintetizando resultados sobre determinado tema. Os padrões comumente utilizados no processo de revisão sistemática incluem: (A) definição da pergunta ou questão; (B) busca de evidências; (C) critérios de inclusão e exclusão; (D) análise da qualidade metodológica; e (E) apresentação dos resultados (Sampaio & Mancini, 2007). Seguindo os procedimentos metodológicos do primeiro e do segundo passo, foram definidas as bases de dados eletrônicas de ciências da saúde: Electronic Journals (EBSCO), Psychology Journals (ProQuest), PubMed/Medline (NLM) e Web of Science (ISI). Os limitadores foram definidos como "título", os descritores combinados pelo operador AND e a busca na língua inglesa em todas as bases que envolviam as áreas da dependência química, do estresse e dos eventos estressores. Como precipitador foi definido evento estressor, visto que, no período de abstinência, esses eventos e os sintomas de estresse indicam aumento na probabilidade da ocorrência da recaída, seja pela retomada do uso de drogas como automedicação, seja devido a uma insuficiência importante de resposta de enfrentamento ao estresse (Goeders, 2004; Tate et al., 2008; Wand, 2008).
A definição dos descritores tomou por base a terminologia empregada na Biblioteca Virtual em Saúde-Psicologia (BVS-Psi), assegurando a indexação e a recuperação dos termos. Para os descritores da temática do uso e da dependência de substâncias psicoativas foram utilizados substance abuse, substance dependence, drug abuse e drug addiction. Para temática do estresse e do evento estressor foram utilizados stressful events, stressful life events e stress.
Os artigos resultantes das combinações dos descritores foram submetidos a critérios determinantes de inclusão e exclusão, sendo excluídos estudos com ano de publicação anterior ao de 2000, pesquisas com animais, estudos com público infantil ou adolescente, artigos teóricos, estudos de opiniões de experts e relatos de caso. Foram incluídos estudos empíricos com adultos e, em relação à qualidade metodológica, foram analisados artigos que apresentassem fortes evidências científicas.
Combinando-se todos os métodos de busca, são apresentados na Tabela 1 os resultados obtidos a partir das 12 combinações possíveis dos descritores referentes às temáticas de dependência química, estresse e eventos estressores, resultando em 1.482 artigos encontrados. Desses, após submissão aos critérios de inclusão e exclusão, resultaram 17 artigos empíricos, apresentados na Tabela 2, dividida em primeiro autor, ano de publicação, amostra, instrumentos e resultados.
RESULTADOS
Após a aplicação dos critérios metodológicos, observa-se que as combinações com o descritor estresse resultaram em maior quantidade de artigos, representando maior relevância para este estudo. Nas pesquisas empíricas publicadas entre 2000 e 2014 (Tab. 2), observa-se que dos 17 estudos apresentados, 8 foram publicados nos últimos quatro anos, o que demonstra crescente preocupação em verificar as implicações de estresse e eventos estressores relacionados a dependência química.
Referente ao número de artigos encontrados, a base eletrônica do Electronic Journals (EBSCO) publicou a maioria dos estudos apresentados (Dagher, Tannenbaum, Hayashi, Pruessner, & McBride, 2009; Daughters, Richards, Gorka, & Sinha, 2009; Li & Sinha, 2006; Zhao, Zhang, Shi, Epstein, & Lu, 2009); a base Psychology Journals (ProQuest), duas pesquisas (DiRamio & Payne, 2007; Scheller-Gilkey, Thomas, Woolwine, & Miller, 2002); a base PubMed/Medline (Ames & John, 2000; Tate et al., 2008), dois estudos; e a Web of Science (Derek & Malcolm, 2008) um estudo.
Em todos os estudos foram apontados como precipitadores o estresse e, para verificar esse dado, os instrumentos variaram em entrevistas breves, escalas de percepção de estresse, inventário diário de estresse e dois estudos utilizaram tarefas computadorizadas de estresse. Com relação ao desfecho, os termos utilizados para entender os momentos antes da recaída foram "fissura" (craving) e "desejo".
Nos estudos empíricos, os participantes das pesquisas foram descritos como usuários de drogas, dependentes químicos e dependentes em remissão ou abstinência. Os critérios para esse diagnóstico foram fundamentados pelo DSM-IV (American Psychiatric Association [APA], 2002) e avaliados por meio de entrevista clínica semiestruturada. Na maioria dos estudos o período de abstinência foi monitorado por testes laboratoriais de sangue e urina. Essas medidas fisiológicas foram obtidas por exames dos níveis de cortisol e estresse, sendo coletadas por meio de saliva, análise de genótipos, eletrocardiogramas e análises de neuroimagem.
Para coleta de dados dos eventos estressores ocorridos nas experiências dos participantes, os estudos mostraram instrumentos de entrevistas de eventos de vida, escala de estresse ambiental e experiência de vida, escala de eventos traumáticos da infância, escala de estresse parental, estresse urbano e percepção de estresse, e, por fim, dois estudos utilizaram o questionário Psquiattria Epidemiology Researsh Interview (PERI). A maioria dos primeiros eventos de vida estressantes na infância foi descritos como morte de um pai ou responsável (51%) e abuso físico e sexual (36%), e, um pequeno número, exposição à violência no lar (Scheller-Gilkey et al., 2002; Seth, Murray, Braxton, & DiClemente, 2012; Tate et al., 2008).
Em sete estudos foram definidos os tipos e a prevalência dos eventos estressores: 80% da amostra tinha dificuldade financeira crônica, 20% tinha uma doença crônica, 20% tinha dificuldade jurídica crônica, 20% tinha dificuldade crônica em seus relacionamentos, 19% tinha uma dificuldade crônica de habitação e 1 indivíduo tinha dificuldade crônica com trabalho, 12% não tinha nenhuma dificuldade crônica durante o estudo, 46% tinha uma dificuldade crônica e 42% tinha múltiplas dificuldades crônicas. Os domínios de eventos agudos foram: 6% tiveram um evento de relacionamento, 6% tiveram um evento legal, 4% tinham uma situação de habitação, 3% tinham um caso de morte, 3% tiveram um problema de trabalho, e 1, evento financeiro (Seth et al., 2012; Siqveland, Olafsen, & Moe, 2013; Tate et al., 2008; Walt, Kinoti, & Jason, 2013).
Em relação a dados fisiológicos, observou-se aumento na pressão cardíaca, da ansiedade e da fissura (craving) durante o estresse em quatro estudos (Levran et al., 2014; Xu et al., 2012; Zhao et al., 2008). A liberação de neuropeptídio (NPY) por estresse foi baixa, enquanto a ansiedade e a frequência cardíaca foram aumentadas nos participantes dependentes químicos (Xu et al., 2012). O gene codificado como galanina (GAL) e o receptor (GAL R1) estão associados à resposta ao estresse e ao uso de múltiplas drogas, resultando efeitos comportamentais e neuroquímicos relacionados a opiáceos e de estresse (Levran et al., 2014).
As análises indicaram que os participantes que abandonaram o tratamento tiveram mais liberação de cortisol e maior pico de estresse do que aquelas que continuaram. Cada aumento unitário do pico de cortisol esteve relacionado ao aumento de quatro vezes na probabilidade de abandono do tratamento em qualquer dia. Não foram mensuradas quantidades de droga associadas à tarefa de estresse. Estudos descrevem aumento significativo do nível de cortisol em resposta ao estresse, e apenas um estudo apresentou resultado de aumento modesto (Dagher et al., 2009; Daughters et al., 2009).
Também houve aumento das medidas de abuso de substâncias que foi associado aos sintomas descritos e ao estresse percebido nos eventos da vida, bem como comportamentos sexuais de risco e múltiplos parceiros (Wu et al., 2014; Xu et al., 2012).
Outro estudo descreve que a proporção de uma unidade de nível de estresse aumenta o risco de recaída em uma taxa de 1,66, e ter um evento agudo de estresse aumenta o risco de recaída em 2,91, também diminuindo o tempo de abstinência comparado aos que não tiveram qualquer evento estressor agudo (Derek & Malcolm, 2008; Scheller-Gilkey et al., 2002; Tate et al., 2008). Em relação ao funcionamento da memória, o desafio estressante afetou significativamente a reconsolidação de palavras relacionadas com a droga em participantes abstinentes, porém, não demonstrou efeitos na recordação da memória de trabalho ou na atenção (Zhao et al., 2009).
Os participantes mais velhos apresentaram baixo nível de percepção de perigo, e estudos que incluíram diferenças de gênero observaram que as mulheres apresentaram maior nível de desconforto diante do estresse do que os homens, apresentando comportamentos de risco iminente (Derek & Malcolm, 2008; Siqveland et al., 2013; Wu et al., 2014). Foi significativamente menor o índice socioeconômico no grupo de abuso de substâncias em comparação a outros grupos. Quanto maior a percepção da dificuldade econômica, menor o controle da própria vida, e maior a percepção do estresse (Seth et al., 2012; Siqveland et al., 2013; Tate et al., 2008; Walt et al., 2013) Fatores de exclusão social, baixa autorregulação e incapacidade de suprir necessidades básicas apresentam maior nível de estresse percebido (Cole, Logan, & Walker, 2011). Problemas psiquiátricos e níveis baixos de optimality - conceito usado para explicar uma condição sintomatológica, assim como índice de Apgar do recém-nascido, que engloba diversos itens de análise, utilizado em forma de escala para pontuar ausência ou presença de complicações (Prechtl, 1980) - do estresse parental podem exacerbar as percepções negativas de parentalidade e recursos disponíveis, aumentando, assim, o nível de estresse (Siqveland et al., 2013).
Dois estudos destacaram que homens e mulheres que fazem uso abusivo de álcool antes da relação sexual estão mais propensos a comportamentos sexuais de risco e a maior número de parceiros, e, além disso, relataram maior nível de estresse crônico (Seth et al., 2012; Wu et al., 2014). Destaca-se também que o estresse urbano aumentou os níveis de cortisol, tornando mais propensos a utilização de substâncias ilícitas (Seth et al., 2012).
Mães usuárias de substâncias psicoativas que referiram maiores níveis de estresse parental têm maior aflição psicológica e menos satisfação com a vida e internalização de valores positivos (Lamis et al., 2014), e o bem-estar e um sentido existencial serviram como protetores contra a recaída e o estresse (Lamis et al., 2014; Siqveland et al., 2013). Já nas famílias em que existe maior autonomia no comportamento da mulher e reciprocidade com o cônjuge, há níveis mais baixos de estresse, exceto naquelas em que as mulheres vivem longe de seus parceiros (Walt et al., 2013).
DISCUSSÃO
Os estudos empíricos analisados mostram que os eventos estressores baseados em fatores biológicos, psicológicos e ambientais contribuem aumentando a probabilidade do uso e abuso de drogas e as chances de recaída em indivíduos abstinentes, corroborando com estudos teóricos desse tema (Derek & Malcolm, 2008; Gordon, 2002; Martin-Fardon et al., 2010; Levran et al., 2014; Scheller-Gilkey et al., 2002; Sinha, 2001, 2008; Tate et al., 2008; Xu et al., 2012; Zhao, 2008). O desfecho pode ser diferente quando o indivíduo apresenta capacidade perceptiva de maior domínio sobre a situação e suas potencialidades, bem como sobre os sintomas de estresse, resultando em melhor capacidade de enfrentamento da experiência estressante (Cleck & Blendy, 2008; Derek & Malcolm, 2008; Gordon, 2002; Lamis et al., 2014; Sinha, 2001; Wu et al., 2014; Xu et al., 2012), porém, com maior dificuldade quando há comorbidade psiquiátrica (Siqveland et al., 2013).
A percepção de angústia foi mediadora da relação entre evento estressante e abuso de drogas e comportamentos resultantes. Pode-se concluir que tanto o evento de vida estressante como a percepção da angústia são preditores relevantes na avaliação do estresse, e mais aparente no abuso de substâncias psicoativas (Derek & Malcolm, 2008; Levran et al., 2014; Scheller-Gilkey et al., 2002; Tate et al., 2008; Xu et al., 2012). O domínio do estresse e os maiores recursos representam maior capacidade de enfrentamento sobre a experiência (Derek & Malcolm, 2008; Lamis et al., 2014; Wu et al., 2014; Xu et al., 2012).
Dos resultados encontrados, há importante destaque aos precipitadores de estresse e uso de drogas. Dois estudos que utilizaram o teste Psquiattria Epidemiology Research Interview (PERI) apresentaram o resultado de que eventos estressantes na infância, gerando algum trauma, tornam suas vítimas mais suscetíveis ao uso de substâncias psicoativas (Briand & Blendy, 2010; Commons, 2010; Gordon, 2002; Scheller-Gilkey et al., 2002; Sinha, 2001, 2009; Tate et al., 2008). Em contraponto, indivíduos sem habilidades de enfrentamento buscam aliviar sintomas ou suprimi-los com o uso abusivo de drogas, e são mais vulneráveis ao estresse social e ambiental (Briand & Blendy, 2010; Commons, 2010; Gordon, 2002; Scheller-Gilkey et al., 2002; Seth et al., 2012; Siqveland et al., 2013; Tate et al., 2008; Walt et al., 2013).
De acordo com os achados empíricos, o estresse agudo agrava doenças psiquiátricas, incluindo a dependência química. Neste estudo, destaca-se que o alto nível de estresse pode induzir ao forte desejo pela droga, aumentando a taxa de recaída (Cleck & Blendy, 2008; Derek & Malcolm, 2008; Martin-Fardon et al., 2010; Scheller-Gilkey et al., 2002; Self & Choi, 2004; Sinha, 2001; Tate et al., 2008). Para tanto, é necessária uma regulação do estresse para obter resultados mais coerentes com a personalidade da pessoa e manejo de crises.
Em relação aos funcionamentos neurológico e neurofisiológico envolvidos no estresse, no evento estressor e na dependência química, os estudos teóricos, ratificando os estudos empíricos, apontaram que o estresse crônico e o uso abusivo de drogas sugerem mudança neuroadaptativa do cérebro, pois a exposição ao estresse e aos eventos estressores produz um efeito na liberação de cortisol, provocando maior sensibilização aos componentes neuroquímicos relativos à droga. Tal sensibilização envolve a ativação dos circuitos neurais de estresse e o aumento da neurotransmissão dopaminérgica no sistema mesocorticolímbico (Briand & Blendy, 2010; Goeders, 2003, 2004; Sinha, 2001; Valentino et al., 2010). A maioria dos estudos demonstrou que essa liberação de cortisol, percebida por meio de amostra salivar, vem acompanhada de alterações fisiológicas como o aumento da pressão cardíaca, a ansiedade e a fissura (craving) (Briand & Blendy, 2010; Cleck & Blendy, 2008; Derek & Malcoml, 2008; DiRamio & Payne, 2007; Goeders, 2003, 2004; Levran et al., 2014; Li & Sinha, 2006; Martin-Fardon et al., 2010; Scheller-Gilkey et al., 2002; Self & Choi, 2004; Sinha, 2001; Tate et al., 2008; Valentino et al. 2010; Zhao, 2008). Apenas um estudo referiu aumento modesto do nível de cortisol em resposta diante de uma execução estressante, dados percebidos por meio de neuroimagem (Dagher et al., 2009).
Por meio desta revisão, percebe-se que o estresse demonstrado depende de múltiplas variáveis de cada indivíduo, como a avaliação emocional, o gênero, os traços de personalidade e o processamento da informação, que são implicadas na resposta adaptativa de enfrentamento (Derek & Malcolm, 2008; Lamis et al., 2014; Scheller-Gilkey et al., 2002; Sinha, 2001, 2008; Tate et al., 2008; Walt et al., 2013; Wu et al., 2014). As avaliações de seguimento mostraram que os abandonos do tratamento dos dependentes químicos estiveram associados a maior liberação de cortisol e um pico de estresse (Dagher et al., 2009; Daughters et al., 2009).
Ainda referente aos resultados neurais, relativo à memória percebe-se que um desafio estressante afeta significativamente a reconsolidação da memória das palavras, mas não apresenta efeito na recordação da memória de trabalho ou na atenção (Zhao et al., 2008). Esses estudos fornecem um modelo para abordagem terapêutica no tratamento de memórias patológicas relacionadas à droga, sugerindo a necessidade de mais pesquisas que explorarem mecanismos neurobiológicos específicos desse efeito.
CONCLUSÃO
Indivíduos com histórico de eventos estressantes na infância são mais suscetíveis ao uso de substâncias psicoativas. Os eventos estressores crônicos, como dificuldades financeiras, e os agudos, como morte de um familiar, aumentam consideravelmente o risco de recaída, sendo que os eventos agudos quase triplicaram o risco e diminuem o tempo de abstinência, corroborando com os resultados dos níveis de cortisol diante do evento estressor, o qual em cada pico de cortisol aumentou quatro vezes a probabilidade de recaída ou abandono do tratamento. Esses achados trazem questionamentos pertinentes ao contexto do dependente químico, pois muitas vezes o evento estressor, seja crônico, seja agudo, ocorre sem que haja interferência direta do indivíduo, que necessita, porém, de recursos biológicos, psicológicos e comportamentais para enfrentar tais demandas, demonstrando a necessidade de intervenção terapêutica no tratamento do dependente químico que está mais vulnerável. Mesmo que a ocorrência de estresse e eventos estressores não tenha como desfecho direto a recaída na maioria dos usuários de drogas, devido ao alto nível de influência do estresse no tratamento, outros estudos associando a variável "evento estressor" e "uso de substâncias psicoativas" são necessários.
AGRADECIMENTOS
Ao Dr. Christian Haag Kristensen, doutor em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) (2005), professor titular no Programa de Pós-graduação em Psicologia na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), coordenador do Grupo de Pesquisa Cognição, Emoção e Comportamento e Coordenador Adjunto do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Trauma e Estresse (NEPTE-PUCRS), que conduziu e orientou esta revisão sistemática.
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Correspondência:
Sabrina M. Oliveira da Rocha
Rua Vicente da Fontoura, 2964, Rio Branco
Porto Alegre, RS, Brasil. CEP: 90640-001
E-mail: sabrinaoliveiradarocha@centrovitalis.com.br
Este artigo foi submetido no SGP (Sistema de Gestão de Publicações) da RBTC em 10 de setembro de 2014. cod. 299.
Artigo aceito em 19 de março de 2015.
Centro de Psicologia Vitalis