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Revista da Abordagem Gestáltica
Print version ISSN 1809-6867
Rev. abordagem gestalt. vol.28 no.1 Goiânia Jan./Apr. 2022
https://doi.org/10.18065/2022v28n1.1
RELATOS DE PESQUISA
A vivência de ser pais e mães de adolescente na atualidade
The experience of being fathers and mothers of adolescent today
La experiencia de ser padres y madres de adolescentes em la actualidad
Liliam Pacheco Pinto de PaulaI; Márcia StengelII
IDocente da Universidade Estadual de Minas Gerais - UEMG. Email: liampacheco@hotmail.com
IIDocente da Faculdade de Psicologia e do Programa de Pós-graduação de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC Minas: Belo Horizonte. Email: marciastengel@gmail.com
RESUMO
Este estudo teve como objetivo geral compreender os sentidos de ser pai/mãe de adolescente na atualidade a partir da ótica da Gestalt-terapia. Tratou-se de um estudo qualitativo de cunho fenomenológico, que utilizou entrevista individual aberta com pergunta disparadora. Colaboraram três mães e três pais. As unidades de sentido reveladas foram: realização, insegurança e desafio; aceitação do modo de ser do filho; responsabilidade pela condução e segurança do filho no mundo; ser amigo e manter autoridade. Constatou-se que os pais estabelecem uma relação com os filhos mais horizontal que vertical. O contato fluido permite aos filhos um maior enraizamento na família e maior tenacidade na abertura para o mundo e para os outros. A maior abertura dos pais e a qualidade da relação afetiva que buscam estabelecer com os filhos parece contribuir para o desenvolvimento de contatos mais autênticos, com possibilidade de trocas afetivas mais intensas e duradouras, com construção de fronteiras flexíveis que permitam assimilação do que é nutritivo e rejeição daquilo que é tóxico e, assim, um encontro mais saudável entre pais e filhos adolescentes.
Palavras-chave: Adolescência; Parentalidade; Fenomenologia; Gestalt-Terapia
ABSTRACT
The general objective of this study was to understand the meanings of being a father/mother of an adolescent nowadays, based on Gestalt-therapy. This was a qualitative phenomenological study, which used an open individual interview with triggering questions. Three mothers and three fathers collaborated. The meaning units revealed were: fulfillment, insecurity, and challenge; acceptance of the child's way of being; responsibility for the child's safety in the world; being a friend and maintaining authority. It was found that parents establish a more horizontal than vertical relationship with their children. The fluid contact allows children to be more rooted in the family and more tenacious in opening up to the world and to others. The greater openness of parents and the quality of the affective relationship they seek to establish with their children seems to contribute to the development of more authentic contacts, with the possibility of more intense and lasting affective exchanges, with the construction of flexible boundaries that allow the assimilation of what is nurturing and the rejection of what is toxic and thus a healthier encounter between parents and adolescent children.
Keywords: Adolescence; Parenting; Phenomenology; Gestalt-Therapy
RESUMEN
El objetivo general de este estudio era comprender los significados de ser padre/madre de un adolescente en la actualidad, basándose en la Gestalt-terapia. Se trata de un estudio cualitativo de carácter fenomenológico, que utilizó entrevista individual abierta con preguntas desencadenantes. Colaboraron tres madres y tres padres. Las unidades de significado reveladas fueron: el logro, la inseguridad y el desafío; la aceptación de la forma de ser del hijo; la responsabilidad de la orientación y la seguridad del hijo en el mundo; ser un amigo y mantener la autoridad. Se comprobó que los padres establecen una relación más horizontal que vertical con sus hijos. El contacto fluido permite a los niños un mayor arraigo en la familia y una mayor tenacidad para abrirse al mundo y a los demás. La mayor apertura de los padres y la calidad de la relación afectiva que buscan establecer con sus hijos parece contribuir al desarrollo de contactos más auténticos, con la posibilidad de intercambios afectivos más intensos y duraderos, con la construcción de límites flexibles que permitan la asimilación de lo que es nutritivo y el rechazo de lo que es tóxico y, por tanto, un encuentro más saludable entre padres e hijos adolescentes.
Palabras clave: Adolescencia; Crianza; Fenomenología; Gestalt-terapia
Introdução
A adolescência é um momento da vida em que se encontram duas realidades que de alguma forma terão que se contactar: a dos filhos adolescentes com seu próprio processo do adolescer - puberdade, modificações na estrutura familiar e social -; e a dos pais. Estes, mesmo desejando a autonomia dos filhos, podem se angustiar diante do crescimento e distanciamento dos filhos e pela possibilidade de perda do controle que exerciam sobre eles. O adolescente fica no limbo entre o desejo e o anseio por sua autonomia e a dependência dos pais e estes o tratam ora como crianças ora como adultos, o que pode gerar conflitos de diversas ordens e tanto pais quanto adolescentes têm que buscar formas de lidar com isso (Rossaka, Cordoni & Reato 2015; Viola & Vorcaro, 2018, Wagner et al, 2002).
Os pais têm o papel de cuidar, orientar e transmitir a história transgeracional às futuras gerações; contudo, fazem isso ao seu modo, dentro de um contexto social, econômico, político e cultural específico. A vivência da parentalidade provoca nos pais tanto experiências positivas quanto negativas (Diniz, 2009; Jablonski, 2009, Stengel, 2011a; Cherer, Ferrari & Piccinini, 2018; Zanettini et al, 2019). O sentimento de segurança do adolescente, sua abertura para outras relações sociais com os pares e suas primeiras experiências com a sexualidade sofrem impacto da aceitação de sua forma de ser pelos pais. Os adolescentes têm sua autonomia de consciência e de ação expandida por estarem situados no interior de uma trama relacional na qual os pais, ou seus representantes, exercem de modo amigável sua função de autoridade (Le Breton, 2017; Stengel, 2011b).
Le Breton (2017) argumenta que os pais e mães tendem a exercer sua responsabilidade com amor e compreensão e a ver o jovem como um sujeito pleno. O que nutre as relações é a dimensão afetiva e simbólica. No entanto, se os pais não exercem sua função isso pode criar no adolescente sofrimento e fragilização de sua relação com o mundo. Se é ofertada uma liberdade sem estrutura ao jovem, ele pode se deparar com um abismo. O limite modelará a onipotência juvenil frente ao mundo e aos outros, irá protegê-lo dos seus interlocutores e dos seus próprios excessos. A lei será a condição para o desenvolvimento de si. Isso ajudará o jovem a integrar os códigos de relacionamento e de comportamento e perceber que ele não vive sem o outro. Nesse sentido, a lei abre possibilidades, autoriza a troca simbólica com os demais e o mundo e, ao tornar seus comportamentos previsíveis e concebíveis, previne a arbitrariedade e protege uns perante os outros.
Há a necessidade de o jovem se reconhecer como um entre os outros e ao mesmo tempo ser capaz de reconhecer o outro como pessoa. Para isso, ele necessita desprender-se de si para se encontrar com o seu semelhante numa relação que ocorre no interior do laço social. O papel daqueles que exercem as funções parentais aí se torna essencial, pois um adolescente sem alguém que lhe ajude a elaborar quem é no mundo terá dificuldade em dar início à sua própria existência.
Para Le Breton (2017), hoje, a família é marcada pela redução do casamento, aumento de divórcios, recasamentos e isso traz para a criança e o adolescente a fragmentação da parentalidade. Outro fato que impacta a relação parento-filial é os pais viverem um momento em que o amadurecimento/velhice é evitado de forma sistemática, pois há um horror, em nossa sociedade, em se tornar velhos e assim são assombrados pela vontade de permanecerem jovens. Esse é mais um fator a contribuir para a perda de referências do adolescente para crescer e adquirir autonomia devido aos pais não marcarem a diferença geracional e não assumirem sua responsabilidade na condução do filho. Esse movimento dos pais impacta na abertura dos filhos para a alteridade. O adolescente, muitas vezes, é deixado à própria sorte por falta de intervenção e de consistência da autoridade parental. Querer ser amigos dos filhos e não pais faz com que isso aconteça e é uma forma de os pais não assumirem a sua responsabilidade de mais velhos e educadores (Bedene, 2010; Stengel 2011b; Santos, 2011; Rossaka, Cordoni & Reato 2015; Barreto & Rabelo, 2015; Viola & Vorcaro, 2018).
Nesse cenário, o adolescente não aprende a lidar com limites e encontra obstáculos ao se relacionar com os outros e o mundo. Na sua busca por saber o que esperar dos outros e o que eles podem esperar dele, pode passar por experiências de sofrimento, busca de limites, indiferenciação. Com sentimento de identidade frágil pode se tornar arredio com o mundo e os outros, e agressivo quando se depara com alguma frustração. E, frente a pais que desconhecem ou não reconhecem seu lugar de educador, volta-se com mais força para o grupo no qual irá tentar, através de uma estilização de si, se sentir aceito e construir uma identidade.
Por outro lado, Zanetti e Gomes (2011) ressaltam que a falta de autoridade dos pais, sua inconstância de humor, além de produzirem figuras parentais frágeis, reforçam as condutas de rebeldia do adolescente por não ter claras as regras que o conduze m. Barreto e Rabelo (2015) prosseguem e destacam a necessidade de os pais adotarem um estilo parental que se paute numa constância de atitudes equilibradas que confluam para um bom desenvolvimento moral dos filhos. A comunicação harmoniosa entre pais e filhos, caracterizada pelo diálogo e pela transmissão da afetividade pelo respeito e cuidado, é um caminho para a família redefinir as representações de pais e filhos e para a manutenção da estabilidade do grupo familiar. Cuidado esse que inclui a colocação de limites que possibilite ao adolescente fazer escolhas de forma equilibrada e orientada (Baptista & Teodoro, 2012; Morgado, Andrade, Santos & Narezi, 2014; Barreto & Rabelo, 2015). Contudo, argumentam Barreto e Rabelo (2015), levar um ser humano a se desenvolver e ser efetivo no convívio social, no sentido de construir sua identidade e ser capaz de se colocar no lugar do outro, não é tarefa simples e fácil dado que concorrem nesse processo fatores biológicos, psicológicos, ambientais, econômicos, culturais e sociais. Mesmo assim, continua sendo uma tarefa dos pais ou que de quem exerce essa função na vida do adolescente.
O papel da família, daquele que cuida e orienta o adolescente, torna-se fundamental frente à vivência, muitas vezes, cheia de sentimentos contraditórios vivida por ele e que irá definir os aspectos biopsicossociais da vida adulta. A família tem papel primordial na aprendizagem de condutas saudáveis e não saudáveis dos adolescentes (Telumbre-Terrero et al, 2019). É nela que o adolescente construirá seu aprendizado social, o qual tende a reproduzir e repassar a gerações futuras. Esse aprendizado é transgeracional e se dá com base na observação de comportamentos e discursos tidos como certos pelo contexto social próximo do adolescente (Pereira et al, 2015; Almeida & Lana, 2020; Ferreira et al, 2020).
A comunicação é outro fator importante. Através das conversações em família os filhos podem se sentir escutados e compreendidos, o que lhes é agradável e reconfortante, e pode contribuir para que eles aprendam a fazer o mesmo nos seus contatos sociais. É uma oportunidade para os filhos exercitarem a empatia, conseguirem nomear seus sentimentos, valorizar seus pensamentos e aprender a expressá-los e, por outro lado, compreender e respeitar os pensamentos e sentimentos alheios. É a partir da comunicação em casa que eles irão aprender a regular suas emoções e a interpretar os sinais sociais que outras pessoas emitem e estabelecer uma comunicação eficaz com os outros. Outra possibilidade é que se sintam seguros no ambiente familiar por poderem ser eles mesmos, autênticos e aceitos na sua forma de expressar e percebam que, mais importante que trocar informações, é nutrir a relação com quem interagem (Turkle, 2019).
Diante do exposto, o ponto de vista escolhido para referenciar esta pesquisa foi a Gestalt-terapia, que se desenvolve como abordagem dialógica. Esta se pauta numa atitude de interesse e preocupação genuínos com o outro e com as relações que são construídas no espaço da intersubjetividade (Hycner, 1995, Cardella, 2001; Cardella, 2002).
Outro ponto de referência da abordagem gestáltica é a filosofia de Buber (2009), que afirma que nos tornamos humanos quando nos direcionamos ao outro, temos a possibilidade de sermos nós mesmos e permitimos que ele faça o mesmo. A partir daí, realizamos um encontro genuíno com o outro - estabelecemos a relação Eu-Tu e entramos no Nós. Podemos ver o outro como pessoa, um ser humano com suas singularidades e não um objeto a partir do qual alcançamos nossos objetivos. A família é o lugar por excelência no qual o adolescente terá a oportunidade, ou não, de ser quem ele é, de constituir seu modo de ser-no-mundo através da construção de valores e hábitos e do estabelecimento de vínculos nutritivos ou tóxicos. O autor vê na família a função de possibilitar ao sujeito, no nosso caso ao adolescente, vivenciar a abertura, uma atitude genuína de sentir, sensibilizar-se e experienciar o outro como pessoa e não objeto (Hycner & Jacobs, 1997). Ao mesmo tempo, ele tem a oportunidade ou não de também ser visto como pessoa, em sua singularidade, complexidade e vulnerabilidade, o que contribui para sua abertura ao mundo e ao outro.
Buber (1974) afirma que a construção de relações de qualidade, dialógicas é embasada em atitudes de presença, inclusão e confirmação. Fazendo uma leitura a partir da relação pais e adolescentes, pode-se afirmar que a presença seria um estar presente numa totalidade, levar para o relacionamento tudo o que se é e que pode se manifestar pelas funções de contato, como o visual, o toque físico, a fala (tom de voz, linguagem), o movimento, a escuta e todas as outras formas de comportamento disponíveis que possibilitariam um contato que levasse a uma abertura do adolescente para o diálogo e ao outro (Polster & Polster, 2001; Yontef, 1998). Uma atitude em que os pais fariam uma suspensão de conceitos, valores para estarem com o adolescente e permitirem seu aparecer como fenômeno único e significativo. De acordo com Zinker (2001) esse movimento leva os filhos a se sentirem amados, cuidados e mais próximos dos pais, o que gera segurança e identidade com a família e uma abertura maior para se encontrar com o mundo e explorar o que há lá fora de forma mais integrada.
A inclusão seria a atitude de os pais se colocarem no lugar do adolescente na busca por compreensão de seu modo de ser no mundo sem perder a perspectiva de educador e de alguém que deve ajudá-lo a ter uma direção na vida. É uma atitude de empatia frente àquilo que o adolescente vive, sente, internaliza e expressa. Já a confirmação seria aceitar/reconhecer e afirmar a existência do adolescente naquilo que é aceitável ou não para os pais, ou seja, deixar que ele mostre/desvele seu modo de ser-no-mundo diante dos pais sem ressalvas ou restrições. De alguma forma, conseguir vivenciar a proposta de Buber (2009) poderia ajudar os pais a terem mais compreensão, informação e um maior espectro de ação para a condução do adolescente na sua tarefa de se constituir como sujeito de suas escolhas e ser capaz de perceber o outro como um Tu e com ele estabelecer uma relação de intimidade/proximidade nutritiva.
Um conceito da Gestalt-terapia que se integra à vivência da relação dialógica é o contato. Polster e Polster (2001) o definem como o sangue vital do crescimento da pessoa, o meio para transformar a si mesmo e a experiência que se tem com o mundo. Como produto inevitável do contato temos a mudança, na medida em que apropriar-se do que é assimilável e rejeitar o que é inassimilável na novidade levará necessariamente à mudança. Para os autores é impossível permanecer o mesmo ao se contactar com um outro ou com o mundo. A mudança simplesmente acontece, pois o contato implica o lidar com o outro, reconhecê-lo como diferente, novo, estranho. Neste sentido, é dinâmico e criativo. Implica preservação - manutenção do já existente - e crescimento - assimilação da novidade. A diminuição de contato poderia aprisionar o adolescente à solidão, em meio a um acúmulo de hábitos, conselhos e costumes que podem ser construídos de forma inadequada pela falta de um contato genuíno, de um encontro dialógico com os pais.
Para Perls, Hefferline e Goodman (1997), contatar é todo tipo de relação viva que se dá na fronteira, na interação entre o organismo e o ambiente. Na fronteira é mantido um senso de separação, não é uma fusão entre a pessoa e o outro, mas um contato/união que não os sobrecarrega, pois a partir do momento em que há uma fronteira, ambos sentem o contato e o afastamento. Essa não é fixa e para ser eficaz deve permitir permeabilidade suficiente para conceder o acesso da nutrição, e impermeabilidade suficiente para manter a autonomia e rejeitar o que é tóxico. Fronteiras eficazes são flexíveis a ponto de irem de um grau de abertura/fechamento ao outro. Um enrijecimento/impermeabilidade da fronteira pode levar a pessoa à evitação do contato, seja consigo mesma seja com o outro. Os autores afirmam que "é apenas pela função de contato que a percepção de nossas identidades pode se desenvolver plenamente" (p. 112) e que "a vida requer contato em todos os momentos e de muitas formas" (p. 113). Nesse sentido, a maneira como pais e adolescentes conseguem se contatar via funções de contato implicará na construção, por parte dos últimos, de relações saudáveis, ou não, nos seus contatos internos e externos à família na medida em que é por essas funções que o contato pode ser efetivado, e é pela perturbação dessas funções que o contato pode ser bloqueado ou evitado, e as situações vividas pelos responsáveis e adolescentes podem ficar inacabadas e gerar conflitos.
Portanto, será na vivência com os pais/responsáveis que os adolescentes poderão exercitar o movimento de aproximação/afastamento a fim de satisfazer suas necessidades de confirmação, aceitação, busca de autonomia, de singularização e de contatos nutritivos com esses. E será no exercício de um contato genuíno com os filhos que os pais/responsáveis terão a oportunidade de manterem um equilíbrio entre serem amigos e desempenharem o papel de educadores.
Originando-se na ideia e no interesse de contribuir para o aprofundamento dos estudos relacionados ao significado da parentalidade na adolescência e por considerar que as relações entre pais/mães e adolescentes sofreu mudanças ao longo dos últimos anos, desenvolveu-se este estudo, embasado na perspectiva dialógica, no processo de contato e no método fenomenológico que fundamentam a Gestalt-terapia, com o objetivo geral de compreender os sentidos de ser pai/mãe de adolescente na atualidade. Especificamente, objetivou-se, na ótica desses pais e mães, descrever esses sentidos, identificando as formas de contato realizadas pelos pais, verificando a maneira de se fazer presente na vida do filho, averiguando o movimento realizado diante do ser-no-mundo do filho, bem como investigando quais as direções propostas para a condução do crescimento do filho e de sua realização no mundo.
Metodologia
Sujeitos
Foram sujeitos desta pesquisa 3 homens e 3 mulheres, sendo identificados como Hugo, Henrique, Heitor, Marina, Mariana e Michele, residentes das cidades de Contagem e Belo Horizonte, na faixa etária entre 45 a 55 anos, com grau de escolaridade superior, que tinham pelo menos um(a) filho(a) entre 12 e 18 anos, com o(a) qual mantivessem convivência e que aceitassem participar voluntariamente do estudo. Os participantes foram escolhidos a partir de contatos da rede social de uma das pesquisadoras. As entrevistas ocorreram em locais e horários conforme indicação e disponibilidade dos participantes. Os nomes pelos quais são identificados são fictícios para que suas identidades fossem preservadas. Suas características são apresentadas na tabela 1.
Procedimentos
Inicialmente a pesquisa foi submetida ao Conselho de Ética em Pesquisa da PUC Minas e aprovado sob o número CAAE 11893619.2.0000.5137. O primeiro contato com os sujeitos de pesquisa se deu por telefone e esclareceu sobre o objetivo do trabalho e, posteriormente, foi agendada a entrevista em local e data convenientes para os entrevistados. As entrevistas de Henrique, Melissa e Marcela foram realizadas em suas residências, a de Hugo no consultório de uma das entrevistadoras, e as de Marina e Heitor na casa de uma das pesquisadoras.
Os participantes foram esclarecidos sobre o objetivo da pesquisa, sua relevância, privacidade, confidencialidade e proteção de suas identidades. Foram informados de que sua participação era voluntária e que poderiam interromper a mesma a qualquer tempo sem nenhum bônus e/ou ônus. Após esses esclarecimentos, os participantes que assentiram em participar da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Para a coleta dos dados utilizou-se a pergunta disparadora que, segundo Amatuzzi (2008), proporciona ao entrevistado o contato direto com as suas experiências, facilita sua descrição e propicia ao pesquisador uma melhor compreensão dos significados e sentidos das mesmas. Busca ainda compreender o sentido da experiência do sujeito através das narrativas ou relatos e permite atravessar a experiência por ele vivida, assim como revelar como diferentes sujeitos experienciam situações em comum. De acordo com Macêdo e Caldas (2011), com a entrevista aberta, é possível ao entrevistador percorrer o discurso do entrevistado, acompanhar com ele os significados que emergem da sua fala e, a partir de algumas intervenções interrogativas, o sujeito pode se dar conta de significados da sua experiência os quais ele ainda não tinha se apropriado.
A pergunta disparadora desse estudo foi: "Para você como é ser pai/mãe de adolescente na atualidade?". Esse questionamento teve o intuito de iniciar um diálogo, no entanto, a entrevistadora inseriu perguntas ao longo da entrevista com intenção de alcançar os objetivos específicos, contudo sempre dando prioridade ao relato da experiência narrada pelo entrevistado. A entrevista foi gravada com autorização dos(as) entrevistados(as) e durou em torno de 50 minutos, tempo considerado satisfatório para que pudessem ser alcançados os objetivos do estudo e se finalizasse a narrativa sobre a experiência investigada.
Análise compreensiva dos dados
De acordo com Forghieri (1993) o método fenomenológico se configura como apropriado para se pesquisar a vivência; no caso do presente trabalho, a compreensão da vivência de ser pai/mãe de adolescente na atualidade. Para a autora essa compreensão se torna possível à medida que o sujeito explicita o sentido de sua experiência a partir de sua maneira de existir no mundo. Por isso, a escolha pela análise compreensiva do discurso de acordo com esse método.
O método fenomenológico para a análise compreensiva do discurso em pesquisa empírico-fenomenológica foi organizado tradicionalmente por Giorgi e Sousa (1985). Seu método sofre variações no Brasil conforme alguns autores, como Forghieri (1993); Amatuzzi (2003); Gomes (1997); Feijoo e Goto (2016); Goto, Costa e Schievano (2019). Para a compreensão dos sentidos produzidos pelos participantes foram seguidos os quatro passos propostos por Giorgi e Sousa (2010, p. 85): (a) estabelecer o sentido geral, (b) determinar as partes, dividindo o texto em unidades de significado, (c) transformar as unidades de significado em expressões de caráter psicológico, e (d) determinar a estrutura geral de significados psicológicos.
Resultados e discussões
A partir do método fenomenológico de Giorgi e Sousa (2010) fez-se uma análise compreensiva dos dados e se identificou um grande número de unidades de significado. Estas foram reunidas em unidades de sentido em razão das semelhanças percebidas nos discursos dos participantes. Foram organizadas da seguinte forma: realização, insegurança e desafio; aceitação do modo de ser do(a) filho(a); responsabilidade pela condução e realização do(a) filho(a) no mundo; e ser amigo(a) e manter autoridade. A seguir far-se-á uma análise dessas unidades de sentido a partir da Gestalt-terapia e do referencial apresentado.
Realização, insegurança e desafio
Os participantes, ao descreverem a vivência como pais de adolescentes na atualidade, identificaram que a experienciam como uma realização, uma vivência que lhes proporciona alegrias e felicidade. A percepção do amor que os filhos lhes dedicam e o fato de não apresentarem comportamentos considerados problemáticos fora de casa parecem ser fundamentais para a realização como pais. Mesmo implicando "90% de preocupação" (fala de Heitor), é uma vivência que gera felicidade. A função de contato ouvir, que no caso dos pais de adolescentes se expressa pelo diálogo que conseguem manter com os filhos, imprime uma carga positiva na vivência dos pais, que a associam com o fato de terem realizado sua tarefa parental de forma satisfatória. De acordo com Zinker (2001), eles sentem que tomaram decisões sensatas sobre a vida familiar e, além de estarem juntos com os filhos, se comprometeram com as tarefas conjuntas e proporcionaram uma interação adequada dos filhos com o mundo. A fala de Heitor exemplifica essa realização motivada pelo amor dos filhos:
Eu sempre quis, eu sempre quis, foi um desejo! ...foi uma realização muito grande, foi muito importante para mim, né? E assim, eu acho que eu me dei bem... (risos) eu acho que eu me dei bem, porque assim a gente se gosta muito. A gente ... meus meninos não dão problema nenhum! Eu me dei bem! Eles gostam muito de mim, eu sinto isso... que eles gostam muito de mim, eles gostam de mim, eles me respeitam, valeu a pena!
A descoberta diária de possibilidades novas de encontros com os filhos provoca nos pais uma sensação de prazer. A presença de mudanças bruscas no comportamento do adolescente e da perda de liberdade pelo acúmulo de tarefas necessárias na condução do filho, que requer ao mesmo tempo autonomia e cuidado (Wagner et al, 2002; Rossaka, Cordoni & Reato 2015; Viola & Vorcaro, 2018), não tira o prazer dessa vivência dos pais.
A adolescência é um momento de conflitos internos que se expressam nas relações estabelecidas pelo adolescente, seja na família, na escola ou em outros espaços sociais. Com relação aos pais surgem situações ambivalentes: ao mesmo tempo em que o adolescente quer sua autonomia e se afastar dos pais, solicita-os como na infância; confia nos pais, mas, às vezes, prefere os pares; experimenta afetos contraditórios como aceitação e rejeição, orgulho e vergonha. Isso tudo demanda dos pais equilíbrio para administrar as situações e, geralmente, essa tarefa recai mais sobre um dos pais, que pode se sentir com uma sobrecarga, como pode ser visto no depoimento de Melissa: "É... lida-se de um lado e do outro, né? Quando elas estão lá, com ele [pai], quando elas estão aqui, comigo. Elas ficam mais tempo comigo, então, assim..."
A sobrecarga que implica a tarefa de lidar com o adolescente e suas flutuações emocionais é equilibrada por uma postura de acolhimento dessas mudanças a partir do reconhecimento de que os pais também foram adolescentes e apresentaram reações parecidas, o que pode possibilitar ao adolescente poder ser quem consegue ser nesse momento, ser colocado no lugar de um Tu, como proposto por Buber (1974), e experimentar o contato consigo mesmo, em seu dinâmico ir-sendo, e com os pais que se abrem a um contato fluido com os filhos.
Os pais reagem diferentemente à perda da liberdade na própria vida. No caso de Marcela, ela é compensada pelo fato de ter quem assume a provisão da casa e possibilite que o exercício da maternidade se dê de forma "exclusiva", não sendo acumulado com a vida profissional, podendo aumentar a carga sobre o genitor. Seu depoimento revela a diferença em ser pai/mãe a partir de significados culturais, sociais e econômicos, e exemplifica as maneiras de acolher as demandas do adolescente e experienciar o prazer em ser mãe de adolescentes:
Eu amo ser mãe e amo ser mãe de adolescente, principalmente porque pra gente é uma descoberta diária, né, a gente se vê, a gente se revê, né, porque a gente também já passou por isso, todas as dificuldades, toda essa mudança hormonal que eles tiveram, que eles estão passando por ela. ... Eu tive essa possibilidade de alguém que podia bancar as contas todas, né, então foi mais fácil pra mim, né, de repente, se não pudesse bancar, eu já não teria sido só mãe, tava dividida, porque mãe assim, além de ser mãe, ela divide todas as tarefas, ela faz tudo. E ela consegue fazer, porque ela se reinventa todo dia, né, num é assim? A gente não se reinventa?
Os pais e as mães expressaram o significado da vivência de ser pais de adolescentes se constituir como um desafio por terem de lidar com os conflitos próprios dessa fase de vida e, concomitantemente, com as mudanças ocorridas no mundo. De acordo com os pais, essas geram insegurança e medos em relação ao contato que os adolescentes podem fazer com o mundo - drogas, sexo - e dúvida se eles têm condições de reagir de forma adequada às situações que se configurarem diante deles, não comprometendo seu crescimento e sua integridade, o que é retratado por Barreto e Rabelo (2015). Aqui os pais vivem um movimento de aproximação e afastamento, descrito por Polster e Polster (2001) e Perls, Hefferline e Goodman (1997), buscam manter as fronteiras permeáveis para possibilitar o agir do adolescente no mundo e, ao concomitantemente, diminuem essa permeabilidade ao entrarem em contato com o medo e assumirem uma forma de controle sobre o comportamento do adolescente. Ressalta-se que a diminuição da permeabilidade, como exercício de autoridade, pode ser um elemento positivo do contato para o processo de educação e construção da identidade do adolescente. A fala de Marcela é clara nesse sentido:
Assim, é das coisas que tão acontecendo no mundo, no dia a dia, né? Eu fico com medo por isso, porque menino bebe, aí chega um outro e influencia, dá droga, essas coisas, então por isso que eu sempre falo com ele: "é no momento certo, na hora certa, né?" ... Porque eu também faço questão, assim, se precisar, eu busco, melhor do que... que eu acho, porque eu vejo como ele tá, quando ele chega da rua ele já sabe se, às vezes, eu tô deitada, eu já falo assim... ele já fala assim: "tô indo aí!" Porque aí eu vou, dou aquele cheirinho para ver se tem cheiro de bebida, vejo o olho, converso: "Como é que foi lá? Me conta! E aí, sabe?"
Aceitação do modo de ser do(a) filho(a) adolescente
Estar aberto à maneira como o(a) filho(a) se apresenta implica numa relação de intimidade. De acordo com Zinker (2001), é dentro de uma relação de intimidade que podemos receber nossa nutrição emocional e construir a liberdade que nos permitirá ser conhecido pelo outro e nos abrir para sua existência. Hycner (1995) argumenta que devemos pautar nossas relações em atitude de presença a partir da qual podemos estar disponíveis para o outro sem reservas ou considerações e estarmos mais abertos à alteridade e ao novo. O autor acrescenta que a atitude de inclusão, aceitar inclusive aquilo que não consideramos certo ou aceitável no outro, seja importante para uma relação dialógica que permita a expressão de si e do outro.
Nessa categoria, os pais expressaram o significado de que a busca por novas experiências e novos contatos por parte do adolescente é vista como natural e respeitada, mesmo que como pais quisessem que os filhos continuassem perto e sob suas tutelas. Isso pode ser demonstrado pela entrevista de Marina:
Porque, às vezes, a gente fica aquela... porque mãe, pai, tem aquela coisa de menino cada um no seu cantinho, e a gente tem aquela coisa assim: "cadê os meninos?", né, "por que que não tão com a gente?", mas a gente tem que entender, né, que eles querem outras pessoas, conhecer os amigos, né, conhecer outras famílias, até pra... pra tudo, né, pra aprender mais sobre o mundo, né, acho que é assim.
A busca por autonomia e construção de uma vida longe dos pais é acolhida, assim como a rejeição do contato físico através de beijos e abraços. Por mais que os pais busquem o contato físico ou façam tentativas de diálogo, muitas vezes, frustradas, eles acolhem essa forma de ser do(a) filho(a). Pode ser que essa postura possibilite ao adolescente se construir, experimentar e poder ter segurança em si mesmo em seu processo de crescimento e de estabelecimento de relações fora da família (Wagner, 2002; Turkle, 2019). Melissa se expressa nesse sentido:
Então, a proximidade só que é difíiiicil! Adolescente te afasssta! Você vai querer dar um carinho, ele:" ih, mãe! Sai prá lá! Credo, que não sei o quê!" Para dar uuum beijo, para dar uuum abraço, é isso aqui! ... E a mais velha eu já tô me preparando, ela vai arrumar um emprego, ela já vai dar entrada alguma coisa para ela, ela vai voar, entende? ...E ela pode voar para longe, porque ela tem cidadania norte-americana, pode ir para longe ou pra onde ela quiser!
Outra maneira de acolher a forma de ser-no-mundo do adolescente que se fez presente no discurso dos pais foi a acolhida e o respeito pela necessidade de privacidade do filho, demonstrada no discurso de Marcela: "Então assim... ele gostava muito de dormir comigo na minha cama, agora não, ele dorme no quarto dele, ele fecha a porta. Então eu sei que é a natureza da pessoa, qualquer um já passou por isso, né?"
Por outro lado, a falta de diálogo leva Henrique a se sentir impotente para influenciar as escolhas na vida da filha e para debater o que não consegue aceitar em sua vivência: namorar um rapaz trans. Diante disso, o medo da violência contra a comunidade LGBT e o constrangimento pela rejeição dos familiares o rondam todo o tempo, como pode ser observado em sua fala:
Eu falei uma vez, mas ela não teve uma receptividade muito boa e aí eu... eu deixei de lado, entendeu? (Silêncio) Porque para ela é mais que comum e eu já não acho comum e aí... Fica meio complicado... o diálogo fica difícil. (risos) Quero a felicidade dela, agora como? Sempre fico com pé atrás porque você não sabe, né? ... Na Inglaterra teve caso de as duas moças (namoradas) não terem atendido aos assédios de rapazes, foram espancaram e foram parar no hospital. Você vê que só não machucou mais porque lá o negócio é mais embaixo, mas se fosse aqui (no Brasil) tinha matado. Com certeza! Então, você fica com medo por causa disso, né? ..., mas, a vida é dela! Vai enfrentar muita barreira, né? Mas... (faz um barulho com a boca numa expressão de deixar para lá) ... cada um sabe de si, né? Já tá enfrentando! Muita gente olha torto... pra situação em si, né? Familiares mesmo, pessoal que não conhece, muita gente fica é... tem isso... tudo...
Responsabilidade pela condução e segurança do(a) filho(a)
Todos os pais consideraram como significado de ser pai/mãe de adolescente conduzir o filho(a) ao longo da vida, seja em relação a si mesmo ou em relação aos outros - sexualidade, relações amorosas e profissão. Como significados apareceram a segurança dos filhos, estabelecimento de limites, proteção, transmissão de valores e orientação dialogada.
A segurança dos filhos foi a preocupação assumida por todos os pais e se refere aos perigos oferecidos pelas influências dos amigos e estranhos, aqueles que possam afetar a integridade física deles, a vivência da sexualidade de forma não consciente e que lhes traga consequências prejudiciais. No entanto, essa preocupação não impediu que esses pais permitissem o contato dos adolescentes com situações que os expusessem a perigos por acreditarem que têm o direito de aprender pela vivência, mesmo que errem e sofram as consequências. Frente aos perigos adotaram uma postura de falar sobre eles de forma contínua, ainda que percebam que isso estressa e é rejeitado de maneira clara pelos filhos. A permissão para experimentar, acompanhada de suporte, pode dar ao adolescente segurança para se movimentar no mundo e construir sua identidade (Zinker, 2001) e a estabelecer suas próprias fronteiras de contato (Polster & Polster, 2001; Perls, Hefferline & Goodman, 1997). Isso pode ser exemplificado pelo discurso de Marcela:
É isso mesmo, se algum dia no momento, na hora certa, você tem que... tem que se prevenir, isso aí é muito importante, aí as vacinas que ele tomou, né? Da H... HPV, aí tomou, ... "não, é para o seu bem, sabe? Você vai começar uma vida sexual futuramente e tal. Então, cê tem que tá com a saúde em dia, né?"
E pelo depoimento de Melissa:
Você até já percebe: desse jeito que tá querendo não vai dar certo, mas você apoia e deixa... porque eles têm que tentar, a gente não pode impedi-los de tentar e até mesmo de errar, você tem que deixar. Só que deixa acompanhando! Vai acompanhando junto com eles, né?
Melissa, além de tentar demonstrar por ações, palavras e transmissão de valores, busca permitir que a filha aprenda com seus erros e se torne responsável pelas consequências que suas ações provocarão, acompanhando de longe para dar o suporte que venha a necessitar. Se vê responsável por orientar sobre drogas e o limite na ingestão de bebidas, determinando uma idade para que aconteça (acima de 18 anos): "...papo reto mesmo! Conversar, falar: 'droga! De jeito nenhum, nem cigarro, sabe? Se quiser tomar um vinho depois você ficar de maior e tal, pode!' É gostoso, mas para beber, para entornar igual a juventude hoje em dia? Não!".
Ela ainda busca desenvolver na filha uma atitude de consideração pelo outro, de se abrir para ele e o apoiar, partindo de uma premissa de que todos precisam um do outro, já que se vive em sociedade: "hoje pode ser você que tá estendendo a mão, amanhã o outro que vai estender a mão".
Ser amigo e autoridade na vida do filho
O estabelecimento de limites foi significado como uma forma de cuidado com os filhos para ajudá-los na realização de suas escolhas de forma equilibrada e orientada. Esse significado é destacado em vários estudos (Batista & Teodoro, 2012; Morgado, Andrade, Santos & Narezi, 2014; Barreto & Rabelo, 2015). Há uma preocupação de Melissa quanto às crises existenciais que a filha possa passar e a orienta no sentido de buscar ajuda nela ou em outras pessoas, tentar desenvolver a habilidade de estabelecer fronteiras de contato que impeçam que o outro a consuma existencialmente, de rejeitar relacionamentos tóxicos. Ela tenta criar pontes para contactar a filha e poder ajudá-la. Como ela nos diz:
E de então: tá com problema, tá sentindo mal-estar, tá desanimado da vida, achando que a vida não vale nada, não sei o quê? Chama alguém, fala comigo! Ela: "não quero conversar com a senhora, mas a senhora minha mãe". Então, "vamos que você quer conversar com amiga sua, com um amigo, que você quer, entendeu?" Então, a gente vai criando pontes.
Outra preocupação de Melissa é com a capacidade de a filha saber lidar ou não com a frustração e orienta-a quanto a formas de aliviar a tensão e não se deixar consumir por ela.
... Outra coisa, se alguém que te frustrou, aquela pessoa tem o livre arbítrio dela. Você tem que tá pronto tanto para o sim quanto para o não! A gente não manda nos outros!... E elas, para que elas comecem entender isso, que quando as coisas confluem, maravilha! Mais um motivo para eu ser extremamente grata! Quando não conflui é ruim, soca aquela almofada, faz alguma coisa, mas libera aquela energia que tava ruim, dança ou canta, mas centra de novo ou volta no seu centramento, na sua, no seu ponto de equilíbrio porque não tem jeito se... a gente é frustrado.
Por outro lado, a falta de exercício da autoridade parental e a assunção de uma atitude de ser amigo dos filhos pode levar os jovens a dificuldades em lidar com os limites da vida, a encontrar obstáculos na relação com os outros e com o mundo, a experienciar o sofrimento por não saber o que esperar do outro e o que este espera dele, a se afastarem dos pais e buscarem seu senso de identidade e aceitação em amigos e figuras externas à convivência próxima, além da perda de autoridade dos pais sobre os filhos (Bedene, 2010; Stengel, 2011; Santos, 2011; Zanetti & Gomes, 2011, Rossaka, Cordoni & Reato 2015; Barreto & Rabelo, 2015; Viola & Vorcaro, 2018). Para Zinker (2001) a proteção usada pelos pais com os filhos, aqui se inclui a colocação de limites, é um indicador de saúde na família.
Para Marina, tendo como referência as mudanças ocorridas na sociedade, a orientação se dá pelo uso da liberdade com responsabilidade, saber receber uma concessão e não abusar diante dela, não se colocar em risco. Com a filha a preocupação mais concernente é acerca da vivência da sexualidade e o uso do corpo. A entrevistada pauta-se no fato de que socialmente as mulheres são mais cobradas nesse quesito, sendo necessário proteger-se do sofrimento e de uma possível gravidez.
Então assim, você tem que se responsabilizar por suas atitudes. Eu pontuo muito que eu tô dando uma liberdade, mas que eu quero que eles respeitem ..., mas, que tenha a liberdade com responsabilidade sempre, né, de saber receber aquela chave e saber como vai usar aquela chave, né?... Infelizmente, você vai ser mais cobrada do que ele [o homem]. Então, você também tem responsabilidade sob o seu corpo, né, da mesma forma que ele, mas você tem a responsabilidade pelo seu corpo, o que cê tá fazendo, tendeu? Permita, se você achar que vai valer a pena permita, se não, não vai valer a pena, né. Se vai te causar sofrimento, não permita... Olha tudo!
Hugo se sente angustiado e responsável por orientar as filhas com relação à violência e à segurança física. A vivência da sexualidade é outra preocupação por poder culminar numa gravidez ou contaminação por infecções sexualmente transmissíveis. Ele também rejeita a ideia de relações abertas em que a filha possa estabelecer relações com outras mulheres ou com vários(as) parceiros(as). Orienta que tudo isso pode ter impacto na realização de seus projetos pessoais ou profissionais. É um pai que incentiva as filhas a se abrirem para o mundo, mas com cautela e, para diminuir sua angústia, pede que o deixem a par dos passos que dão, seja onde frequentam, com quem e como.
...Eu sou um pai muito liberal, né, então eu não privo elas de nada que elas queiram fazer, que elas vão fazer, por conta disso, mas eu demonstro pra elas muito a minha preocupação com relação a isso, sabe?... "Olha, não entra em carro com pessoa que bebeu, não se arrisque..." Minha maior agonia hoje, minha maior ansiedade... "Cê não tem condições de ter filho hoje não, né, resolve sua vida estudantil, sua vida profissional, depois pensa nisso... Toma muito cuidado, se transar, transa de camisinha, cuidado com as relações..." É essa questão da promiscuidade, porque a promiscuidade leva a doenças sexualmente transmissíveis, não só AIDS... "Cuidado com pessoas promíscuas que saem transando com todo mundo, né, que transam com homem, que transam com mulher."
Hugo, na maioria das vezes, se coloca no lugar de amigo das filhas. Ele assume que não estabelece muitos limites para elas, mesmo tendo a consciência de que isso pode ser, futuramente, prejudicial no contato com os outros e na efetivação de seus projetos de vida (Le Breton, 2017; Bedene, 2010; Stengel, 2011; Santos, 2011; Rossaka, Cordoni & Reato 2015; Barreto & Rabelo, 2015; Viola & Vorcaro, 2018), o que é expresso em seu relato:
Olha, com relação ao assédio, essa preocupação é muito minha, mas eu não faço muito com relação a isso não, eu deixo na mão delas, porque eu sei que elas se cuidam em relação a isso... Cê pode ver elas tendo problema no futuro e pode decorrer muito da criação que eu dou para elas, né, talvez, se eu cobrasse mais da menor, se eu fosse muito mais pulso firme com ela nessa questão dos estudos, né, das responsabilidades, ela possa ter um futuro melhor, e o contrário com a mais velha, se eu obrigasse ela se relacionar mais, ela teria mais disponibilidade... tolerância e respeito pelo outro.
Heitor relata ter uma relação aberta com os filhos, conseguir acessar suas vivências e, a partir daí, orientá-los. Busca manter sua vida pessoal longe da interferência dos filhos e coloca limite quando estes tentam entrar em suas relações amorosas e controlar seus horários de chegada em casa, assim como quando não cumprem o que foi acordado entre eles. Coloca-se como amigo dos filhos, mas não se isenta do papel de prover, educar e orientar. É um pai que estabelece uma fronteira de contato permeável com o filho.
Não, eu não deixo ele fazer o que ele quiser... Só que eu não fico no pé... De vez em quando você tem que dar essa chamada, sabe? E eu dou uma chamada! "Não é assim não! Tem que pedir, não é informar, você tem que pedir ainda. Você ainda é... na sua idade você pede: pai, oh, eu posso ir em tal lugar? ... Não combina nada sem falar comigo antes! Entendeu?" É, eu acho que eles têm que saber quem que é o pai, eles têm que saber... eles têm que saber que existe uma autoridade... "Olha, quem manda nessa casa sou eu, sou eu que mando, então, aqui as regras são minhas..." Filho precisa de supervisão, precisa de orientação. E não é só chegar e falar: "filhinho!..." Tem hora que você precisa impor mesmo! Você fica bravo, entendeu?
Henrique tem dificuldade em orientar a filha por passar pouco tempo com ela e pela dificuldade de diálogo entre os dois por terem temperamentos explosivos. É um pai que, pela pouca convivência, tenta não entrar em conflito e tem dificuldade para se responsabilizar pela orientação e educação da filha. Outro fator que impacta diretamente na relação dos dois é o namoro com um rapaz trans, assunto que não toca por considerar inadmissível essa vivência. É um assunto para o qual sua fronteira de valor, descrita por Polster e Polster (2001), é impermeável, o que afasta a filha, provocando-lhe tristeza por não conseguir o acesso à filha e poder orientá-la e expor seus medos. Isto poderia abrir espaço para um encontro.
Dificulta muito, né? Com certeza! Porque é estouradinha, né? Ela sai para lá, vira o rosto e fica brava. Esse é o tipo de coisa que é complicado. (risos)... Mas, aí tem momento em que você também fico bravo e aí corta o diálogo, né?... Para, realmente, evitar esse tipo de desavença, essa situação (risos)... A questão dessa... (refere-se ao namoro trans da filha) ... eu não posso falar... o resto, não... o resto é de boa... essa daí que eu... eu não toco muito no assunto não!
Mesmo Henrique afirmando que os outros assuntos fluem bem, relata que são raras as conversas com a filha - "Uma vez por ano tento conversar mais profundo, nem sempre flui" - e que quando estão juntos ficam cada um em seu celular ou computador e não há diálogo, além de não se sentir com habilidade para estabelecê-lo. Foi o pai que mais demonstrou angústia, tensão - expressa nas risadas, nos silêncios e na busca por contato com a cadela que circulava próxima no momento da entrevista - e tristeza durante a entrevista. Quando conseguiu relatar o namoro da filha com um rapaz trans, momento de contato intenso, teve uma descarga emocional grande. Conseguir falar desse tema trouxe para Henrique alívio e foi a hora de maior exteriorização de sua impotência frente às vivências da filha. Queria ser exemplo para ela na busca de capacitação profissional e na construção de valores, mas percebe que falhou nisso, conforme seu relato:
Nessa questão mesmo de estudo, né? Agora eu tô fazendo mestrado, para saber, né?... A gente mostra as minhas experiências, né? ... Tem muita gente em situação difícil mesmo tendo graduação... É a questão da religiosidade... Seja o que for, mas na minha opinião você tem que ter uma base assim, porque quando você fica sem nada e você fica ao relento, né? Aí uma hora, sabe... que a gente sempre passa por crise na vida da gente... E você acha que ele não tem volta, se você não tem uma sustentação religiosa, você cai no buraco muito fácil, eu acho! Eu não tenho muita influência não!... Eu convivo pouco com ela!
Os depoimentos dos pais entrevistados revelam que eles tentam estabelecer contato com os filhos e utilizam para isso as funções de contato descritas por Polster e Polster (2001), mesmo que, em um primeiro momento, encontrem a rejeição dos filhos. Ser pais de adolescentes exige lidar com os aspectos positivos e negativos dessa fase de vida e se configura como uma vivência que se renova a cada dia. De acordo com Zinker (2001) esse contato fluido permite aos filhos um maior enraizamento na família e maior tenacidade na abertura para o mundo e os outros. Do contrário, a tendência é que os filhos se fechem para o contato com os pais e mães que, assim, passam a ter menos influência na construção de suas relações com o mundo e com os outros.
Considerações Finais
Esta pesquisa teve como objetivo principal compreender, conforme a visão da perspectiva dialógica, do processo de contato e do método fenomenológico que embasam a Gestalt-terapia, o significado de ser pai/mãe de adolescente na atualidade, assim como identificar as formas de contato realizadas pelos pais, verificar a maneira de se fazer presente na vida do filho, averiguar o movimento realizado diante do ser-no-mundo do filho e investigar quais as direções propostas para a condução do crescimento do filho e de sua realização no mundo. Para a construção desse significado ser efetivado pode-se empreender uma investigação das relações parentais cotidianas, da construção do vínculo entre pais e filhos e dos contatos que estabelecem no dia a dia.
Todos os pais/mães entrevistados demonstraram envolvimento com a condução da vida dos filhos e uma disponibilidade em flexibilizar as fronteiras de contato, tanto no sentido de conseguir estabelecer um contato saudável com os filhos, que lhes possibilitasse participar da vida e vivências desses, quanto de permitir a experimentação pelos filhos das suas potencialidades. Essa experimentação poderá ajudar na construção de identidades mais genuínas dos filhos por poderem fazer contato com diferentes facetas do seu ser adolescente e por serem, exceção a uma vivência de uma filha, aceitos pelos pais. Isso também possibilitará aos adolescentes estabelecerem fronteiras com o outro/mundo mais flexíveis de forma a se manterem seguros e, simultaneamente, vivenciar situações próprias da sua idade.
Essa postura de aceitação e permissão de experimentações assumida pelos pais sofre a influência da vivência pessoal na própria adolescência e da consciência de que o mundo mudou, e as regras que cabiam em outro tempo agora são frágeis em produzir resultados saudáveis. Para os entrevistados a busca do diálogo e um possível encontro parece ser o melhor caminho para se ter acesso ao filho e poder orientá-lo. Houve pais que apresentaram dificuldades no estabelecimento do diálogo e demonstraram que tentam alcançá-lo pela via da amizade. Esse comportamento foi encontrado tanto em pais separados quanto naqueles que estão casados. A função de ser pai/mãe de adolescente gera medos e inseguranças e a aposta dos pais para que os filhos se saiam bem na construção de quem serão, no estabelecimento de contatos com o outro e o mundo, e na realização pessoal e profissional se dá no encontro que possam construir com eles.
Com base nos resultados da pesquisa, a vivência de ser pais de adolescentes é permeada por desafios e por uma realização que se mantém e se fortalece quando o retorno dos filhos se dá pelo bom comportamento e pela expressão do amor aos pais. Constata-se que os pais estabelecem uma relação com os filhos mais horizontal que vertical, abdicando da autoridade hierárquica entre pais e filhos. Por fim, pode-se concluir que essa maior abertura dos pais para o ser-no-mundo dos filhos e a vinculação afetiva que buscam estabelecer com eles muito possivelmente contribui para o desenvolvimento de contatos mais autênticos, com possibilidade de trocas afetivas mais intensas e duradouras, com construção de fronteiras flexíveis que permitam a assimilação do que é nutritivo e rejeição daquilo que é tóxico e, assim, um encontro mais saudável entre pais e filhos adolescentes.
Como limites dessa pesquisa podemos apontar que todos os pais entrevistados pertencem à classe média e possuem curso superior. Com o objetivo de enriquecer as discussões sobre a temática estudada sugere-se pesquisas que diferenciem as experiências de pais e mães de diferentes classes sociais, ou mesmo de pais e mães casados e separados. Ainda é importante estudos com filhos para entendermos a percepção dos adolescentes acerca do relacionamento com os pais e mães, bem como pesquisas com pais e mães homoafetivos para dar espaço para configurações familiares contemporâneas.
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Recebido em 25.10.2020
Primeira decisão editorial em 15.05.2021
Aceito em 23.06.2021