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Gerais : Revista Interinstitucional de Psicologia
On-line version ISSN 1983-8220
Gerais, Rev. Interinst. Psicol. vol.3 no.2 Juiz de fora Dec. 2010
ARTIGOS
Ritos de passagem da adolescência à vida adulta: diferenças etárias e de gênero1,2
Rites of passage from adolescence to adulthood: age and gender differences
Luciana Karine de SouzaI,3; Sherri Nevada McCarthyII
IUniversidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil
IINorthern Arizona University, Yuma, Estados Unidos da América
RESUMO
Este trabalho objetiva descrever as escolhas de adultos para ritos de passagem da adolescência à vida adulta. Busca-se também identificar os ritos mais significativos, bem como diferenças etárias e de gênero. Participaram 191 universitários, matriculados em uma instituição pública federal em Porto Alegre (RS). Utilizou-se como instrumento o Questionário de Ritos de Passagem. Os três ritos mais citados foram: tomada de decisões importantes sem ajuda da família, responsabilidade por outras pessoas e independência financeira dos pais. As mulheres se destacaram na indicação da independência financeira, e os homens no casamento como rito de passagem à vida adulta. A única diferença etária encontrada foi em relação a ser responsável por outras pessoas, rito mais citado pelos participantes mais velhos. Os resultados são discutidos com base na influência social sobre as percepções acerca da obtenção do status de indivíduo adulto.
Palavras-chave: Adolescência, Adultos, Ritos de passagem
ABSTRACT
This work aims at describing the choices of adults for rites of passage from adolescence to adulthood. The objective is also to identify the most significant rites, as well as age and gender differences. Participants included 191 university students, enrolled at a federal public institution in Porto Alegre (RS). We used as an instrument the Questionnaire of Rites of Passage. The three most cited were: making major decisions with no help from the family, responsibility for other people, and financial independence from parents. There were more women indicating financial independence, and more men indicating marriage as rite of passage to adulthood. The only age difference found was in relation to being responsible for other people, which was the most cited rite by older participants. The results are discussed based on the social influence on the perceptions regarding the granting of the status of an adult individual.
Key words: Adolescence, Adults, Rites of passage
Mudanças psicossociais marcantes têm sido identificadas nos últimos tempos nas formas de comunicação e de relação interpessoal. Isso tem ocorrido no contexto familiar e nas questões de criação e educação de crianças. Também é notado o modo como adolescentes e jovens têm manifestado suas atitudes e se comportado diante de temas universais, como casamento, trabalho e estudo, e de domínios tecnológicos, como as interações mediadas pelo celular e pela internet. Um dos domínios afetados por tais transformações, tanto em psicologia do desenvolvimento como em outras áreas, tem sido a transição para a vida adulta e os rituais que a acompanham.
Os ritos de passagem para a vida adulta têm sido estudados há décadas por sociólogos e antropólogos culturais. Trabalhos tradicionais nesse campo são referidos por DaMatta (2000), em uma revisão crítica e detalhada sobre o modo como os primeiros estudiosos conceitualizavam os ritos de passagem.
Rodolpho (2004) salienta que os rituais dão forma e organização à vida das pessoas, às suas relações interpessoais e aos seus valores morais. Concedem, assim, autoridade e legitimidade aos indivíduos, bem como um sentido à passagem da adolescência à adultez.
No entanto, na visão de Pais (2009), pesquisador português, "hoje em dia são mais fluidos e descontínuos os traços que delimitam as fronteiras entre as diferentes fases da vida" (p. 373), postura também assumida por Brêtas et al. (2008) ao fazerem referência à falta de rituais de passagem à vida adulta na atualidade. Para Pais (2009), muitos dos ritos tradicionais que marcavam a entrada na vida adulta, por exemplo, não são mais assim reconhecidos, como o nascimento do primeiro filho e a saída da casa dos progenitores. De fato, Pais (2009) tem razão ao apontar que esses exemplos não garantem mais a entrada na vida adulta, seja em termos psicológicos, seja em termos financeiros. A gravidez adolescente é um exemplo lado a lado aos jovens que moram na capital para cursar a universidade com ajuda financeira dos pais.
O pesquisador estadunidense Arnett (2001) é destaque no estudo da transição para a adultez, especialmente coletando dados com adolescentes e jovens e analisando suas atitudes frente à passagem para a vida adulta. Partindo de bases antropológicas, sociológicas e psicológicas, para o autor, a idade adulta é precedida pela adultez emergente, que abarcaria os indivíduos de 18 a 24 anos de idade. Na visão de Arnett (2000), não se pode nivelar a adolescência e a adultez emergente, visto que essa última se caracteriza por maior liberdade de escolha e elevado investimento em exploração de experiências, tanto em termos de relacionamentos, como de trabalho, estudo, lazer, papéis sociais e identidade. Em especial, o autor destaca que essa movimentação do adulto emergente requer um alto nível de egocentrismo, ou seja, o indivíduo se torna mais centrado em si próprio por necessidade de refletir sobre as opções diante de si que se apresentam a partir de seu comportamento exploratório. Todavia, como destaca Andrade (2010) ao fazer referência a Arnett (2000), essa adultez emergente é baseada na classe média urbana que frequenta, ou frequentou, o ensino superior.
Em um de seus trabalhos empíricos, Arnett (2001) comparou 171 adolescentes (13 a 19 anos), 179 adultos emergentes (20 a 29 anos) e 165 adultos jovens e de meia-idade (30 a 55 anos) em suas concepções para transição à adultez. Os participantes deveriam marcar "sim" ou "não" em cada um item de um conjunto de 38 itens, como ter filhos e estar empregado em tempo integral. As respostas foram agrupadas em grandes temas, sendo o mais frequente aquele identificado pelo autor como "individualismo", que abarcou itens como ser responsável pelas consequências dos próprios atos, tomar decisões sobre crenças e valores pessoais de forma independente dos pais ou de outras pessoas, tornar-se financeiramente independente dos pais e morar em casa separada dos pais.
Preocupados com a saúde dos adolescentes espanhóis, Manzanera, Torralba e Martin (2002) investigaram o impacto do consumo de drogas sobre a vida do adolescente e seu desenvolvimento psicossocial. Eles perceberam o crescimento da valorização, por parte dos adolescentes e jovens da Espanha, do consumo de substâncias como álcool e cocaína, associando-os ao uso do tempo livre e à socialização, como um ritual de passagem da adolescência à juventude. Nesse contexto, os autores salientam o papel do adulto como referente que acompanha e auxilia o jovem e o adolescente no processo de tornar-se adulto, destacando o papel do educador e do profissional de saúde.
Rogoff (2005), ao discutir a natureza cultural do desenvolvimento humano, aponta estudos que destacam a adolescência como um estágio especial por meio do qual o indivíduo teria tempo para demonstrar responsabilidade, a fim de manter esposa e filhos. Dessa forma, a adultez chegaria com o casamento e/ou a paternidade/maternidade, especificamente em comunidades menos industrializadas. Outro dado interessante de pesquisa destacado pela autora é o de que, em comunidades culturais tradicionais, os ritos de iniciação à adultez para meninos fundamentam-se em questões de responsabilidade, ao passo que para as meninas o foco está na fertilidade. Na mesma direção que Arnett (2000), Rogoff (2005) aponta que, para os jovens estadunidenses, o indicativo da entrada na vida adulta é a "aceitação da responsabilidade por si próprios, pela tomada de decisões independentes e, muitas vezes, pela independência financeira" (p. 149).
Em sua teoria para o desenvolvimento psicossocial do ser humano, Erikson (1968/1976) concentrou-se no fenômeno da identidade atrelando sua evolução com o percurso do ciclo vital do indivíduo. Na obra Identidade, Juventude e Crise, debruçou-se sobre os períodos da adolescência e da juventude, os quais serviriam para delinear gradualmente a responsabilidade adulta e o sentimento ético que marca a entrada nessa etapa. O ponto principal da juventude é, para o autor, alcançar "a garantia de que o ego ativo e seletivo está no comando e capacitado para estar no comando, graças a uma estrutura social que confere a um dado grupo etário o lugar de que necessita - e em que é necessitado" (p. 247).
Segundo Sheehy (1997), a faixa etária dos 18 aos 22 anos corresponde a um período de gradual transição entre o meio familiar e o mundo adulto, movimento motivado pela construção da identidade pessoal, como enfatizado por Erikson (1968/1976). Sheehy (1997) aponta, ainda, o fato de o jovem de classe média atualmente tender a prolongar a adolescência até o final dos 20 anos. Arnett (2000), no entanto, não acredita em tal prolongamento da adolescência, mas em uma etapa distinta - a adultez emergente.
A esse respeito, tem-se discutido o fenômeno da "adultescência", que, para alguns autores, estimula o ideal de uma adolescência prolongada ao máximo (Aratangy, 2007; Menezes & Amazonas, 2005), lembrando o que há algum tempo era referido como "síndrome de Peter Pan". Para outros, a adultescência seria uma forma de rotular os indivíduos adultos que, mesmo cumprindo com responsabilidades esperadas de um adulto (criar filhos, trabalhar), possuem atividades de lazer e hobbies como colecionar revistas em quadrinhos ou jogar videogame (Porto, 2008). Eis, por parte desses autores, uma conotação negativa para essa fase dos 18 aos 25 a 30 anos. Já por outro lado, considera-se que se trata de um reflexo da continuidade de estudos (faculdade, pós-graduação) para progresso na carreira profissional e economia de despesas com domicílio ao residir com os pais.
Não são muitos os estudos empíricos brasileiros sobre as percepções e experiências de jovens com ritos de passagem da adolescência para a vida adulta. Os trabalhos encontrados na busca bibliográfica realizada são descritos a seguir.
Para Lamas e Rech (1999), os ritos de passagem "permitem ao indivíduo a romper, a quebrar, a abandonar, a perder estados, condições, situações, visando seu ingresso em outra etapa ou nível social, passando de uma situação social profana para outra, sagrada" (p. 148). Com essa diretriz norteadora, as autoras entrevistaram 11 indivíduos, na ampla faixa etária de 16 a 79 anos, residentes na Região Metropolitana de Porto Alegre (RS), sobre como ocorreu sua saída da casa dos pais, considerando esse evento como rito de passagem para a vida adulta. Os entrevistados indicaram as idades entre 14 e 23 anos como o momento em que deixaram a casa dos pais. A análise dos depoimentos apontou aspectos como alívio com o fim da interferência familiar direta sobre a própria vida, maior liberdade para relacionar-se com outras pessoas, amadurecimento pessoal, privacidade, autonomia, responsabilidade e independência.
Os trabalhos conduzidos por Scott (2001) em grupos populacionais de Pernambuco têm indicado que, tanto para homens como para mulheres, a respeitabilidade que se adquire com a entrada na adultez é alcançada ao formar uma família, seja tendo um filho, casando ou morando junto. Ademais, para os jovens, a retirada da autoridade
parental traz autonomia e individualidade, como argumentado por Erikson (1968/1976). Scott (2001) ainda destaca a questão das mães adolescentes, cuja condição demanda uma reorganização familiar, tanto em termos interacionais como morais, elevando a filha ao status de adulta com responsabilidade própria.
Trarbach, Torrents e Mello (2006) buscaram diferenças de gênero em 53 estudantes universitários de São Paulo, de ambos os sexos, na faixa etária de 16 a 18 anos, na concepção deles sobre o rito de passagem para o início da vida adulta. Embora não tenham sido detectadas diferenças, os três ritos mais citados foram "início da vida profissional", "independência financeira" e "fatos familiares".
Brêtas et al. (2008) entrevistaram 751 adolescentes da cidade de Embu (SP), de ambos os sexos, dos quais 80% estavam na faixa etária dos 14 aos 17 anos, acerca do que poderia representar um ritual de passagem para a fase adulta. As respostas foram agrupadas em seis categorias com conteúdos semelhantes: mudanças físicas, mudanças psicológicas, mudanças sociais, comportamento sexual, fatos traumáticos e independência. Os autores inseriram as respostas que envolveram o tema da responsabilidade na categoria mudanças psicológicas. Na categoria independência, adolescentes de ambos os sexos relataram o afastamento da família para a garantia do fortalecimento da própria identidade. Um resultado que se destacou, na visão dos autores, foi a indicação da iniciação sexual como rito de passagem. Por fim, Brêtas et al. concluem que "em nossa cultura, pode-se dizer que já não existem rituais definidos e torna-se difícil delinear, com precisão, essa passagem da infância para a adolescência" (p. 410).
Para Silva e Soares (2001), a cultura brasileira não dispõe de ritos de passagem claros, dificultando a percepção da transposição de uma etapa de vida à outra. Ligando essa constatação com a experiência prática em orientação profissional, as autoras propõem que a orientação profissional seja visualizada como "um ritual moderno, cujo objetivo principal é facilitar a transição do indivíduo do 'mundo infantil', para o 'mundo adulto'" (pp. 115-116). Dessa forma, entrar para a universidade, seguindo o raciocínio de Silva e Soares (2001), poderia ser vivenciado pelos jovens como um rito de passagem para a adultez.
A investigação conduzida por Menezes e Amazonas (2005) discorreu sobre o conceito de "geração canguru", definida como o "prolongamento da permanência dos jovens na casa dos pais, ainda que, na maioria dos casos, as condições econômico-financeiras para construir seu próprio lar estejam presentes" (p. 49). Basicamente, trata-se de um alargamento da adolescência, no sentido da "adultescência" referida anteriormente. As autoras entrevistaram sete mulheres pernambucanas com idades entre 25 e 35 anos, de nível socioeconômico médio, nível de escolaridade superior, trabalhando, com renda própria e residentes com os pais. Elas questionaram as participantes sobre as razões da permanência na casa dos pais. A análise das entrevistas revelou justificativas que indicam a recusa das participantes em assumirem responsabilidades consigo ou com outras pessoas e a recusa em perderem o conforto e as regalias que têm morando com os pais.
Sobre a "geração canguru", também discorreram Henriques, Jablonski e Féres-Carneiro (2004), definindo-a como um "adiamento da saída da casa paterna e consequente prolongamento da convivência com a família de origem" (p. 199). Os autores discutem o conceito com foco na abordagem psicanalítica e nas relações familiares, caracterizando a "geração canguru" como própria da classe média urbana, a exemplo do que indicam Andrade (2010) e Arnett (2000). Henriques et al. (2004) também descrevem, com base em pesquisas prévias com participantes do Rio de Janeiro, que essa geração usufrui de liberdade sexual e permissão para o sexo em casa, adiamento do casamento e as turbulências da vida laboral, como a competitividade e a "crise" (p. 201).
A literatura empírica nacional sobre o tema apresenta dados coletados em São Paulo, Pernambuco e Rio de Janeiro até o momento. O presente trabalho objetiva descrever as escolhas de adultos do sul do Brasil para acontecimentos que se configurem como ritos de passagem da adolescência para a vida adulta. Outro objetivo a ser buscado é a identificação dos ritos de passagem considerados mais significativos na percepção de adultos. Diferenças etárias e de gênero são também de interesse da presente investigação.
Dados preliminares do presente estudo foram comparados com dados de participantes dos Estados Unidos e da Malásia (McCarthy, Souza, & Jaafar, 2010). Os dados norte-americanos indicaram independência financeira, tomar decisões importantes sem conselhos da família e ter filhos como os eventos mais indicativos, nessa ordem, da entrada na adultez. São respostas que vão ao encontro dos dados de Arnett (2001). Já os participantes da Malásia apontaram maturidade física, terminar o ensino médio e terminar a faculdade como indicativos do início da vida adulta (McCarthy et al., 2010).
Procedimentos metodológicos
Participaram da pesquisa 191 estudantes universitários, regularmente matriculados em uma instituição pública federal localizada em Porto Alegre (RS). Os 70 homens e 121 mulheres, dos quais 64% pertenciam à faixa etária de 18 a 22 anos, com média de idade de 23,9 anos (DP = 7,2), e cursavam diferentes áreas do conhecimento. A Tabela 1 mostra a distribuição nos principais cursos, assim como os dados sociodemográficos dos participantes.
Há dados complementares que não constam na Tabela 1. Com menor frequência, outros cursos universitários foram indicados por 14 pessoas. Uma pessoa não informou o estado civil, uma não informou se possui filhos e duas não indicaram religião nem se a praticam. Nos tipos de religiões, a categoria "outras respostas" incluiu ateu, não possui, indefinida ou várias.
Foram analisados os dados coletados por dois instrumentos: o Questionário Sociodemográfico (QSD) e o Questionário de Ritos de Passagem (QRP) (Rites of Passage Questionnaire), criado por McCarthy, Prandini and Hollingsworth (2001). O QSD solicitou os dados descritos na sessão de participantes. Já o QRP constou de uma lista nãonumerada de 20 ritos de passagem originada de uma pesquisa anterior (McCarthy et al., 2001), bem como em dados de conhecimento geral da cultura brasileira. Ao final, um espaço oportunizava ao participante acrescentar algum outro rito à lista, conforme seu julgamento. A lista completa dos ritos consta na Tabela 2 da sessão dos resultados.
O QRP apresenta a seguinte introdução, prévia à lista:
Muitas experiências diferentes são consideradas 'ritos de passagem', que diferenciam um adolescente de um adulto. Alguns destes ritos estão descritos abaixo. Por favor, marque o item ou itens que você acha que mostra que alguém é um adulto. Se você marcar mais de um item, escreva o número '1' ao lado daquele que você acha que MAIS indica que alguém é um adulto. Se você não encontrar na lista um evento importante que você acha que deveria ser listado, você pode escrever este evento na linha em branco no final da lista.
Os dados foram colhidos coletivamente durante um horário de aula nas turmas das disciplinas cujos professores, previamente contatados, concordaram em ceder 45 minutos para o convite aos alunos e a aplicação dos questionários. Os alunos também assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, em duas cópias, seguindo as diretrizes éticas para pesquisa com seres humanos. Primeiramente, obtiveram-se frequências e porcentagens dos dados do QSD e do QRP. Posteriormente, diferenças de sexo foram buscadas mediante teste do qui-quadrado e análise dos resíduos ajustados estandardizados (Everitt, 1977), assim como comparações etárias entre adultos jovens (de 18 a 22 anos) e adultos maduros (de 23 a 56 anos) presentes na amostra. Essa divisão etária se aproxima da divisão indicada por Sheehy (1997) e por Arnett (2000). Todos os cálculos consideram significativos os resultados no nível de 0,05.
Resultados
A Tabela 2 apresenta as frequências e porcentagens para cada rito de passagem do instrumento.
Quatro eventos foram escolhidos uma única vez, a saber: cumprir com o serviço militar, usar drogas (exceto tabaco ou álcool), fumar tabaco e passar por uma cerimônia religiosa ou social (p. ex.: debutar, trote universitário, crisma e bar mitzvah). A categoria de outras respostas envolveu os ritos de passagem redigidos pelos próprios participantes na linha em branco ao final da lista fornecida. A Tabela 3 apresenta os resultados obtidos com a descrição feita pelos próprios participantes.
As seguintes respostas foram redigidas pelos participantes uma única vez cada uma: sofrer a perda de um ente querido, ter respeito, planejamento familiar, depende das ações do indivíduo; não há um único evento que marque esta passagem e nenhuma das alternativas citadas caracteriza um adulto. As respostas que mencionaram independência financeira e/ou emocional (por si só ou dos pais) foram agrupadas pelo fato de estarem presentes na listagem do QRP. Exemplos de respostas para maturidade psicológica ou emocional, autoconhecimento e autorrespeito são: respeitar as pessoas e a si, pensar antes de fazer, desligar-se do passado e encarar o presente de modo maduro e responsável, relacionar-se com os outros conseguindo conviver pacificamente com os próprios defeitos e lidar com problemas de modo tranquilo.
Além da escolha dos itens que indicassem a passagem para a adultez, os participantes foram convidados a assinalar qual o item mais importante nesse processo. No entanto, 17 participantes ignoraram essa eleição ou não compreenderam o que foi solicitado, marcando um número "1" em frente a todas as opções escolhidas. A Tabela 4 apresenta os dados válidos para o item mais importante da lista fornecida de ritos de passagem.
Não constam na Tabela 4 outras respostas escritas pelos participantes (sete indivíduos). Quanto a outras respostas marcadas na lista, foram apontadas, uma única vez cada uma, como o mais importante indicativo da passagem para a adultez: maturidade física, completar o segundo grau, ter um relacionamento romântico estável com relações sexuais, arranjar um emprego e atingir a idade legal de adulto.
Diferenças de sexo foram calculadas para a incidência de cada rito do QRP. A Tabela 5 mostra os principais resultados para os eventos mais indicados como ritos de passagem da adolescência para a adultez, por sexo do participante.
Outras porcentagens distintas por sexo foram: casar-se (F = 6,6; M = 15,7), ter um filho (F = 11,6; M = 21,4), entrar para a universidade (F = 7,4; M = 1,4), votar e estar informado de acontecimentos atuais (F = 11,6; M = 5,7), atingir a idade legal de adulto (F = 4,1; M = 2,9) e obter a carteira de motorista e ter carro próprio (F = 3,3; M = 0).
Para averiguar diferenças etárias e de sexo na escolha dos ritos de passagem, foram empreendidos testes de qui-quadrado e análise dos resíduos ajustados estandardizados. Diferenças de sexo significativas foram obtidas para tornar-se independente financeiramente dos pais [χ2 (1, N = 191) = 4,65, p = 0,031], com maior frequência de respostas por parte de mulheres, e para casar-se [ (χ21, N = 191) = 4,10, p = 0,043], com maior incidência de respostas de homens. A única diferença etária significativa encontrada foi com o evento "ser responsável por outras pessoas", com [χ2 (1, N = 191) = 4,39, p = 0,036], com maior número de respostas de participantes adultos (da faixa etária de 23 a 56 anos).
Discussão
Como se pode observar, é escassa a literatura empírica nacional acerca da percepção dos indivíduos sobre o que marca precisamente a passagem da adolescência para a vida adulta. Já a literatura teórica psicológica e antropológica aponta ritos marcantes, mas com base em relatos de experiência com amostras muito reduzidas ou culturalmente específicas. Foi buscando contribuir para a literatura empírica que o presente trabalho direcionou esforços para conhecer a percepção de adultos sobre o marcador da passagem da adolescência para a vida adulta.
Conforme a literatura consultada, é possível traçar comparações na busca de similaridades e diferenças entre o presente estudo e as investigações empreendidas. Uma análise qualitativa geral permite observar a ocorrência de eventos indicados como ritos de passagem da adolescência à adultez que vão ao encontro dos dados analisados no presente trabalho. Os eventos de saída da casa dos pais (Brêtas et al., 2008; Lamas & Rech, 1999; Scott, 2001), independência dos pais na tomada de decisões para a própria vida (Arnett, 2001; Brêtas et al., 2008; Lamas & Rech, 1999; Rogoff, 2005; Scott, 2001), independência financeira (Trarbach, Torrents, & Mello, 2006), casamento e parentalidade (Scott, 2001), entrada na universidade (Silva & Soares, 2001) e consumo de drogas (Manzanera, Torralba, & Martin, 2002) receberam indicações dos participantes.
Em primeiro lugar, é digno de nota o resultado encontrado para os itens tomar decisões importantes sem influência familiar e não morar com a família nem dela depender financeiramente. Esses dois itens foram o primeiro e o terceiro mais escolhidos pelos 191 participantes, com 55% e 50,3% de respostas, respectivamente. Também foram, na mesma ordem, o primeiro e o segundo itens mais indicados como o rito de passagem mais importante para a vida adulta. Esses resultados vão ao encontro daqueles descritos por Arnett (2001) e por Rogoff (2005) com estudantes estadunidenses.
Em outras palavras, para os participantes do presente estudo, bem como para os de estudos prévios conduzidos no Brasil e nos Estados Unidos, um adulto é um indivíduo que saiu concreta e simbolicamente do círculo familiar. Assim, o adulto é alguém autossuficiente em moradia, dinheiro e aconselhamento para decisões difíceis e críticas de sua vida. Essa condição daria por encerrado o prolongamento da convivência com os pais, analisado por Henriques et al. (2004), e deixaria para trás o status do que se poderia chamar de uma fase "canguru" no ciclo familiar.
Esse distanciamento do convívio familiar e de sua influência financeira e decisória sobre a vida do adulto pode ser visualizado nos dados de Lamas e Rech (1999) por meio das respostas de alívio referidas pelos participantes após a saída da casa dos pais. Os respondentes do estudo de Scott (2001) salientam a retirada da autoridade parental sobre o sujeito para que este seja considerado um adulto. Já Brêtas et al. (2008) encontraram referência ao afastamento da família com o intuito específico de fortalecer a própria identidade. É interessante detectar, na fala dos participantes do trabalho desses últimos autores, aquilo que Erikson (1968/1976) referiu como o desenvolvimento de um ego ativo e seletivo que assume o comando no indivíduo adulto.
Esse adulto eriksoniano que comanda a própria vida, dotado de um sentimento ético, parece ser o ponto final do processo descrito por Arnett (2000) como adultez emergente. Esse autor afirma que é nessa etapa que a pessoa se dedica a reflexões sobre as possibilidades que a ele agora se apresentam por dotar de autonomia e liberdade para cuidar da própria vida. É possível que esse movimento egocêntrico de reflexão seja responsável pela elevada porcentagem de respostas ao item ser responsável por outras pessoas, o segundo mais indicado no presente estudo. Também pode estar associado às indicações de responsabilidade por si próprio e pelos próprios atos e consequências. Assim, as constantes reflexões sobre o que é ser um adulto podem ter como tópico privilegiado o sentimento ético referido por Erikson (1968/1976), essa responsabilidade consigo e com outrem. No presente trabalho, preferimos a referência a um sentimento ético do que ao uso do termo "individualismo" indicado por Arnett (2001) para representar essa preocupação com a responsabilidade própria e com os demais.
Quanto à análise quantitativa realizada sobre os fatores gênero e idade, poucas diferenças foram encontradas. O destaque dado pelos homens ao casamento como rito de passagem e a preferência das mulheres pela independência financeira dos pais como rito de passagem à vida adulta são resultados que suscitam distintas interpretações. Novos estudos merecem ser conduzidos nesse sentido, especialmente com controle da variável nível socioeconômico. Essa variável pode trazer resultados mais próximos aos de Rogoff (2005) para diferenças de gênero na equiparação entre o baixo nível socioeconômico e culturas nãoindustrializadas e a demarcação do final da adolescência por meio do casamento.
Com relação ao instrumento adotado (QRP), acredita-se que novos itens possam ser incluídos na listagem oferecida para pesquisas futuras com outras amostras brasileiras. Dois itens redigidos pelos próprios participantes são apontados como candidatos à expansão da lista: 1) ser responsável por si, pelos próprios atos ou suas consequências; e 2) maturidade emocional ou psicológica, autoconhecimento ou autorrespeito. Esses itens foram encontrados nos estudos da literatura revisada (Brêtas et al., 2008; Scott, 2001).
No estudo realizado com estudantes norteamericanos e malaios (McCarthy et al., 2010), embora essas duas amostras tenham apresentado indivíduos que redigiram seus próprios ritos de passagem no QRP, nenhum dos ritos indicados foi sinalizado como o mais importante. Os brasileiros, por outro lado, salientaram a responsabilidade por si próprio como algo que separa a adolescência da vida adulta. Aspectos culturais contemporâneos diferenciaram a amostra norte-americana das demais, em virtude de esta ter indicado, com boa frequência de respostas, a prestação do serviço militar e a participação em uma guerra como itens que demonstram a entrada na adultez. As preocupações dos participantes malaios, no entanto, parecem se distanciar das demais amostras à medida que indicaram maturidade física e as conquistas do ensino médio e da entrada na universidade como indicadores da saída da adolescência. Muito provavelmente, são características atreladas ao nível socioeconômico da amostra e ao índice de desenvolvimento social daquele país na comparação com o Brasil e os Estados Unidos. São aspectos socioculturais dessa natureza que Rogoff (2005) faz referência em sua análise cultural do desenvolvimento humano. Ademais, a amostra do presente estudo, bem como dos demais estudos brasileiros relatados, é predominantemente de classe média urbana.
Trabalhos como o aqui apresentado podem fornecer dados para que sejam realizados programas de educação para adolescentes por meio dos quais seriam oportunizadas discussões em grupos sobre questões pertinentes à passagem da adolescência para a vida adulta, assim como recursos necessários para tal passagem. Itens como "ser responsável por outras pessoas", listados no QRP, podem ser inseridos em questões relevantes à adolescência, como a gravidez precoce, o planejamento familiar e o sentido da responsabilidade no contexto familiar. O trabalho com grupos focais complementariam os dados coletados pelo QRP, esclarecendo, por exemplo, a relação da família com a independência decisória do indivíduo, dado que em culturas coletivistas tem sido observada maior dependência familiar para decisões relevantes à trajetória, por exemplo, profissional do jovem.
Uma variável interessante para pesquisa futura sobre a percepção dos ritos de passagem da adolescência para a vida adulta seria o nível socioeconômico. Indivíduos com maiores necessidades financeiras podem perceber mais claramente sua entrada na vida adulta, ao mesmo tempo em que indivíduos com escassos problemas financeiros podem indicar uma passagem à adultez mais tardia. Ademais, possivelmente, o nível socioeconômico serviria como variável mais relevante do que diferenças, por exemplo, entre estados brasileiros.
Considerações finais
A análise de DaMatta (2000) sobre os ritos de passagem para a vida adulta é elucidativo no que diz respeito a conceitos que estão associados a esta discussão. Antes de discutir sobre os conceitos principais de seu argumento, o autor faz uma esclarecedora distinção entre individualismo e individualização (relativo à individualidade). Segundo ele, enquanto o primeiro é uma criação ideológica ocidental projetada em outras culturas como característica universal humana, o segundo conceito refere-se a "uma experiência universal, destinada a ser culturalmente reconhecida, marcada, enfrentada ou levada em consideração por todas as sociedades humanas" (p. 9). Nesse sentido, reconhece-se no conceito de individualização descrito por DaMatta (2000) a categoria "individualismo" referida por Arnett (2001) com o sentido de responsabilidade e autonomia.
Seguindo o argumento de DaMatta (2000), o processo de individualização, no rito de passagem, envolve "um período intenso de isolamento e de autonomia do grupo" (p. 17), uma autonomia entendida como "solidão, ausência, sofrimento e isolamento que, por isso mesmo, acaba promovendo um renovado encontro com a sociedade na forma de uma triunfante interdependência" (idem), seguida do retorno do indivíduo a seu grupo social para nele assumir novos papéis e responsabilidades. Enquanto na individualidade o coletivo é visto como complementar, no individualismo prevê o afastamento do grupo social como interioridade e subjetividade (p. 21). Para DaMatta (2000), os brasileiros vivenciam mais fortemente a relação complementaridade/individualidade, especialmente nas experiências de dependência, lealdade, consideração e saudade, a exemplo de quando são desconsideradas regras para favorecer os amigos (p. 23). Finalmente, para o autor, a função dos ritos de passagem é transformar a individualidade em complementaridade.
São possíveis algumas aproximações com os autores descritos anteriormente ao longo do presente texto com os conceitos desenvolvidos por DaMatta (2000). Em primeiro lugar, pode-se associar o isolamento com sofrimento do movimento egocêntrico reflexivo referido por Arnett (2000), embora este não tenha associado um sentimento negativo a essa experiência. Em segundo lugar, considera-se que o retorno do sujeito após o movimento de individualidade para a complementaridade, como sugerido por DaMatta (2000), remete à renovação do eu indicada por Erikson (1968/1976) ao referir que o ego se fortalece para lidar com a próxima fase da vida.
De fato, esse retorno à base social por meio da complementaridade entre individual e coletivo no processo do rito de passagem pode justificar a elevada porcentagem de respostas no presente estudo para o item ser responsável por si e por outras pessoas. É somente após uma renovação bem-sucedida, advinda de reflexão, isolamento e autonomia, que o sujeito terá condições de compreender seu desenvolvimento individual e a relação dessa transformação com sua vida social e a trajetória adulta que o aguarda.
Há que se questionar se na atualidade existem ritos de passagem claros para a vida adulta. Pais (2009), em sua visão fundamentada por uma análise social da juventude europeia, afirma que há uma descrença generalizada no futuro por parte de muitos jovens que compõem uma geração desesperançada, desesperada e frustrada. Para o autor, no lugar de ritos de passagem, o que há hoje são "ritos de impasse", ancorados na carência de segurança, de autoestima e de pertença identitária, conduzindo a frustrações demonstradas por anomia em condutas violentas, fomentadas pela ausência de qualquer visão de futuro, especialmente dentre as minorias marginalizadas (p. 380). Pais (2009) encerra seu argumento apontando que esses "ritos de impasse" servem para preencher vazios simbólicos e ritualísticos que em sociedades mais tradicionais indicavam modelos de construção de identidade possíveis de serem adotados. Assim, ou o jovem vive o presente sem considerar o futuro, ou experimenta oportunidades à medida que estas lhe procuram.
Os dados encontrados neste estudo apontam para uma percepção de que, para que o indivíduo se torne adulto, é necessário que ele se torne financeira e emocionalmente independente de seus pais, residindo em moradia própria e sendo responsável por si, pelos próprios atos e consequências e por outras pessoas. Como referido, a amostra foi composta de estudantes universitários predominantemente de classe média urbana, a exemplo de estudos anteriores. Trabalhos com populações de nível socioeconômico baixo, de contextos rurais ou menos urbanos que as capitais nas quais a literatura nacional se embasa poderão apontar dados diferentes dos encontrados neste trabalho. Da mesma forma, adolescentes e jovens de grupos sociais que estão vivendo transformações importantes, a exemplo do que vem ocorrendo em favelas da cidade do Rio de Janeiro ou nas ruas de países como o Egito e a Líbia, podem apontar percepções muito distintas sobre qual evento sinaliza a entrada para a vida adulta. Esses últimos, por exemplo, podem estar vivenciando os ritos de impasse sugeridos por Pais (2009).
De todo modo, investigar os aspectos psicossociais dos ritos de passagem para a vida adulta auxilia a identificar e a compreender os processos envolvidos nesse momento de transição importante para o indivíduo. Ele poderá ser mais bem amparado em sua experiência e melhor preparado para assumir a nova etapa de desenvolvimento que se aproxima, especialmente diante dos desafios clássicos como a qualidade do ensino, o desemprego e a competitividade, para citar alguns.
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Recebido em: 24/11/10
Aceito em: 03/02/11
1 Agradecimentos aos pareceristas que avaliaram o presente texto e sugeriram bibliografia pertinente
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