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Revista Psicologia Organizações e Trabalho
On-line version ISSN 1984-6657
Rev. Psicol., Organ. Trab. vol.14 no.4 Florianópolis Dec. 2014
EDITORIAL ESPECIAL
Editorial - número especial sobre juventude e carreira
Mauro de Oliveira Magalhães
Editor convidado da rPOT
O mundo do trabalho tem apresentado desafios cada vez maiores e mais complexos as novas gerações de jovens aspirantes a protagonistas neste cenário. A competição acirrada, a recessão econômica e o trabalho precário são componentes muito prováveis do futuro da juventude atual. Indivíduos interessados em construir suas carreiras deparam-se com tarefas e obstáculos importantes, que requerem uma elevada perspicácia e adaptabilidade para compreender e dialogar com as pressões do mundo contemporâneo.
Por outro lado, as instituições que tem por missão a preparação dos jovens para a vida adulta produtiva e responsável enfrentam a sua própria obsolescência, revelada em modelos de ensino antiquados, em currículos estáticos e na rigidez de suas perspectivas culturais. A diversidade tomou conta dos ambientes educacionais, onde convivem indivíduos de procedências sociais econômicas e culturais muito diferenciadas, que apresentam valores e expectativas igualmente heterogêneos. Eles trazem novas experiências, atitudes e necessidades que apresentam fortes desafios aos modelos de ensino predominantes, e imprimem a necessidade de uma nova abordagem dos processos de educação e capacitação humana.
Neste contexto, temáticas que relacionam juventude e carreira se destacam por sua relevância social e econômica. Esta edição especial da Revista Psicologia: Organizações e Trabalho foi pensada com o objetivo de expor os diversos aspectos que compõem o campo científico e aplicado do desenvolvimento de carreira das novas gerações.
Iniciamos com o estudo de Raquel Nascimento Coelho (Universidade Federal do Ceará), José Luis Álvaro Estramiana e Alicia Garrido Luque (Universidad Complutense de Madrid) que analisa as relações entre a entrada no mercado de trabalho e o fenômeno de alargamento temporal da condição de jovem dependente nos tempos atuais.
Rodolfo A. M. Ambiel e colaboradores analisaram a produção científica sobre a orientação profissional e de carreira de um periódico internacional com alto índice de impacto, o Journal of Vocational Behavior.
Os pesquisadores Iúri Novaes Luna e Marucia Patta Bardagi (Universidade Federal de Santa Catarina) e seus colaboradores apresentam as diversas possibilidades que as Empresas Juniores (EJs) oferecem como espaços de desenvolvimento pessoal e de carreira durante a graduação universitária.
A seguir, o relato da pesquisa realizada mediante a colaboração de pesquisadores espanhóis e chilenos, coordenada por Ferran Casas (Universidad de Girona, Espanha) e Jaime Alfaro (Universidad del Desarrollo, Chile) revela as características do bem-estar subjetivo em estudantes universitários trabalhadores.
Elziane Bouzada Dias Campos e demais colaboradores da Universidade de Brasília nos trazem uma análise das competências aprendidas pelo empresário júnior na EJ e identificam as oportunidades e desafios para uma maior consolidação e qualificação das EJs.
Josep M. Blanch da Universitat Autònoma de Barcelona investiga a situação cada vez mais frequente das pessoas jovens que nem trabalham, nem estudam, e nos convida a repensar as políticas de emprego para a juventude.
Sônia Maria Guedes Gondim e colaboradores da Universidade Federal da Bahia defendem a importância das competências socioemocionais na capacitação dos jovens para o trabalho; e oferecem sugestões de como docentes e formadores podem contribuir para o desenvolvimento destas competências.
Marcelo Afonso Ribeiro, pesquisador da Universidade de São Paulo, apresenta uma proposta de orientação de carreira para pessoas em sofrimento mental, ampliando as possibilidades de jovens nestas condições exercerem o papel de trabalho.
Por fim, Luciana Dutra-Thomé e Silvia Helena Koller da Universidade Federal do Rio Grande do Sul analisam os significados atribuídos por jovens brasileiros à palavra trabalho e apontam a predominância de uma visão moralista e mercadológica que pode ser desfavorável a uma concepção do trabalho infanto-juvenil protegido.
Desejamos a todos uma boa leitura!