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TransFormações em Psicologia (Online)
On-line version ISSN 2176-106X
TransForm. Psicol. (Online) vol.2 no.1 São Paulo 2009
Editorial
Mais do que garantir a publicação de artigos originais, a proposta editorial da TransFormações em Psicologia tem como objetivo propiciar a discussão acerca dos dos sentidos e das etapas da pesquisa em Psicologia, apostando que esta discussão é imprescindível para a formação de psicólogos comprometidos com o avanço da Psicologia enquanto ciência.
Tal postura afeta diretamente o processo editorial e, consequentemente, o resultado que é apresentado ao leitor. A publicação de mais uma edição não apenas é a etapa final do processo; carrega em si os posicionamentos éticos pelos quais a Transformações passou.
O número reduzido de artigos é um primeiro exemplo visível a todos. Tal número, por não corresponder ao número de manuscritos submetidos a esta edição, indica a existência de recusas e leva-nos a refletir sobre as circunstâncias que levaram os autores a submeterem seus artigos ou a não atenderem, nem se proporem a discutir, as solicitações de revisores e editores.
A exigência de publicação por parte das instituições acadêmicas e órgãos de fomento certamente contribui para a deturpação do sentido da mesma. Citamos aqui um exemplo que muito suscitou a indignação (e, posteriormente, a reflexão) de nosso corpo editorial: um manuscrito submetido, segundo declaração do próprio autor, ‘a mais de cem revistas’, devido ao ‘desespero’ em conseguir a tão esperada publicação.
Todo posicionamento exige escolhas e renúncias. Toda pesquisa científica também. As delimitações do objeto de pesquisa, da metodologia utilizada, do referencial teórico (e, por que não, da revista a qual a pesquisa mais se alinha à publicação) localizam o autor dentro da comunidade acadêmica e reafirmam seu caráter científico: como
uma verdade em construção e, portanto, aberta à contestação e ao debate.
Abdicar dessas escolhas não apenas prejudica a qualidade do material e da pesquisa como também põe em questão o que está sendo compreendido como prática científica. Nossa posição é clara; mais artigos encontram-se na sombra do que no sumário desta edição. Sabemos do risco que enfrentamos e da dificuldade de revistas iniciantes como a nossa recusarem artigos. Porém consideramos que esta possa ser a condição para manter nossa linha editorial e concretizar nosso objetivo de contribuir para a melhora das condições da prática científica através do questionamento sobre sua própria realização.
Isso não significa que desconsideramos a necessidade de divulgação das pesquisas realizadas, bem como de controles e avaliações para revistas. Mas tudo deve ser periodicamente questionado.