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Cógito
Print version ISSN 1519-9479
Cogito vol.13 Salvador Nov. 2012
Externalismo, linguagem privada e os chistes como formação do inconsciente na teoria psicanalítica
Externalism, private speech and wit how the formation of the unconscious in psychoanalytic theory
Rui Maia Diamantino*
Universidade Federal da Bahia
RESUMO
Neste texto, busca-se estabelecer um diálogo com o Externalismo como exposto nos artigos “O significado de ‘significado’”, de Putnam, publicado em 1986, “Mente, mundo e autoconhecimento: uma apresentação do externalismo”, de Silva Filho, “Normatividade e linguagem privada”, de Machado, ambos publicados em 2007. Tenta-se articular a linguagem privada e a linguagem pública com a teoria psicanalítica dos chistes, abordada por Freud no seu artigo “Os chistes e sua relação com o inconsciente”. A proposição feita é no sentido de entender o que efetivamente se pode conceber por linguagem pública e privada e interrogar os limites que tais conceitos, advindos do Externalismo, apresentam ante a fenomenologia do inconsciente, cuja noção de ser estruturado como uma linguagem, estabelecida por Lacan, traz em si mesma um contraponto ao Externalismo, já que o inconsciente designa uma concepção de “mente” e “subjetividade” no âmbito estritamente privado, um “saber não sabido” de que só o sujeito do inconsciente pode vir a saber através da transferência psicanalítica.
Palavras-chave: externalismo; psicanálise; chistes; subjetividade; linguagem.
ABSTRACT
This paper seeks to establish a dialogue with Externalism as stated in the Putnam´s article "The meaning of 'meaning'", published in 1986, and two articles published in 2007: “Mente, mundo e autoconhecimento: uma apresentação do externalismo” written by Silva Filho and “Normatividade e linguagem privada” written by Machado. Attempts to articulate the private language and public language with the psychoanalytic theory of jokes (Witz in the original German) discussed by Freud in his article "Jokes and Their Relation to the Unconscious". The proposition is made in order to understand what actually can be conceived by private language and public language and questioning the limits of these concepts, arising from Externalism, appear before the phenomenology of the unconscious, whose notion of being structured like a language, established by Lacan, carries within itself a counterpoint to Externalism, since the conception of an unconscious means "mind" and "subjectivity" in the strictly private, "knowledge not known" that only the subject of the unconscious can come to know through the psychoanalytic transference.
Keywords: externalism; psychoanalysis; jokes; subjectivity; language.
INTRODUÇÃO
Inicialmente, considerarei os conceitos do Externalismo que se referem à linguagem pública e privada para estabelecer um recorte do que buscarei analisar com relação aos chistes, possibilitando uma maior precisão do que estará sendo discutido. Num segundo momento, exporei sucintamente a teoria do chiste em Freud, problematizando a dimensão pública-privada do chiste enquanto uma emergência ou formação do inconsciente. Posteriormente, tentarei estabelecer um nexo entre a dimensão do chiste e as proposições daquilo que é público e privado no pensamento e na linguagem para o Externalismo, considerando seus possíveis limites conceituais ante os eventos mentais privados estudados pela Psicanálise que, no meu entender, se contrapõem aos argumentos ontológicos sobre a mente da filosofia externalista.
OBJETIVISMO E SUBJETIVISMO NO EXTERNALISMO: A CONVERGÊNCIA NO ENTORNO DA REALIDADE DO SUJEITO
Silva Filho propõe que a concepção externalista da mente advém de uma crítica à subjetividade empírica e cartesiana baseada em apercepções internas e “[....] desloca o problema do conhecimento, do pensamento, da racionalidade e da verdade para o espaço público do espírito objetivo, do mundo intersubjetivo”1 . Com essa mudança de perspectiva ontológica, a concepção de pensamento e linguagem se estabelece numa relação direta com os objetos da realidade:
Grosso modo, para o externalismo, o que é pensado, o que é objeto da experiência e o que é objeto da fala depende, ao menos em parte, do mundo exterior à mente do sujeito, ou, ainda, é causado pelo mundo exterior. Ou seja, os estados mentais não poderiam existir, tal como o descrevemos comumente, caso o sujeito não exista num mundo exterior; [...].2
Silva Filho ainda ressalta que o Externalismo não afirma a inexistência de estados subjetivos ou intrínsecos. Porém, é necessário relacionar tais estados a uma interveniência parcial do entorno da realidade objetiva do sujeito, ou seja, mesmo em eventos privados da mente, haveria um arranjo entre os pensamentos e atitudes proposicionais do sujeito e o meio ambiente físico e social.
O argumento das Terras Gêmeas, que estabelece uma estreita relação entre o nome do objeto e o uso social dele, é uma metáfora externalista de Putnam3 para mostrar que os significados não estão na cabeça, ou seja, na mente subjetiva. Efetivamente, Putnam propõe uma divisão do trabalho linguístico para mostrar que definições e descrições dos objetos são modos pelos quais se estabelecem noções compartilhadas entre estes, de sorte a se estabelecer o uso das palavras como referentes à realidade. Putnam esclarece que o seu objetivo não é referir à dimensão da verdade presente no uso linguístico e, sim, estabelecer a dimensão do significado.
No Externalismo de Putnam, a dimensão do significado implica o compartilhamento entre o falante e o ouvinte, o que, por sua vez, implica uma competência no trabalho linguístico, numa possibilidade de ambos estarem em níveis similares de ideias particulares e habilidades para que a palavra proferida pelo falante possa provocar uma divisão do trabalho linguístico com o ouvinte. Há aqui dois aspectos quanto ao significado a serem assinalados: um que se refere ao que a palavra socialmente relaciona ao objeto, e o outro em que o falante, dependendo da sua competência linguística, pode dizer do objeto a partir da palavra que utiliza. Exemplificando: ouro é uma palavra que remete a significados próprios a determinados objetos estabelecidos pelos usos sociais.
Entretanto, o uso atual da palavra ouro não corresponderia necessariamente ao uso na sociedade de dois mil anos atrás, muito embora a arqueologia demonstre que objetos de ouro estivessem ali presentes. É possível que a referência ao ouro de dois mil anos atrás fosse feita por um uso linguístico diferente do atual. A referência ao objeto mudou ao longo da história social e cultural. Quanto à competência linguística do falante, ainda tomando o exemplo de ouro, é possível que um comprador de um objeto pudesse se referir a uma pulseira de ouro, uma joia, portanto, através do uso de carro. Provavelmente ele pagaria um preço muito maior pela joia devido à sua incompetência linguística, caso ele não encontrasse um interlocutor honesto.
Para Putnam, é exigido que o falante saiba algo sobre o objeto (estereótipo do objeto) para poder dizer que adquiriu a palavra referente ao objeto. No exemplo acima citado, é necessário que o falante saiba algo sobre ouro e carro para que efetivamente tenha adquirido essas palavras no seu âmbito de competência linguística. Esse saber é regulado pela cultura e do que está em questão quanto ao objeto referido pela palavra. As exigências de saber sobre carro e ouro variarão de uma cultura para outra.
Dentro da linha do Externalismo, Machado4 refere-se ao pensamento de Wittgenstein sobre a linguagem privada, no qual este
[...] quer mostrar que não é possível entender uma linguagem como independente das atividades públicas (lingüísticas e não-lingüísticas) nos quais o uso de palavras estão inseridos e dos padrões de comportamento (lingüístico e não-lingüístico) com os quais esses usos estão relacionados ou pelos quais são constituídos. [...]
No que se refere ao âmbito estritamente privado, Machado aponta para uma consideração de Wittgenstein em suas “Investigações”, na seção 256, sobre a possibilidade de se tornar a experiência de uma sensação inteiramente privada. Partindo do pressuposto de que tal sensação deva ser registrada como tal toda a vez em que se repita, será necessária a recorrência à memória e a uma grafia (no caso com o sinal S) para que haja uma decisão sobre a correção ou não da sensação ocorrida:
Portanto, a capacidade do referido processo de estabelecer o significado de “S” fica dependente da existência de critérios de correção da memória, isto é, de algo ao qual possamos apelar para decidir (na maior parte dos casos, ainda que não necessariamente em todos), se lembramos correta ou incorretamente, Mas, numa situação de privacidade, nada há que possamos apelar para decidir se lembramos corretamente ou incorretamente; não há critérios de correção de memória.5
Assim, pelo trecho acima, pode-se depreender que o que se daria no âmbito estritamente privado não poderia ser categorizado na conta de um fato de pensamento ou linguagem desde que não recorrível em termos de memória e critérios de (in)correção. Não haveria regras, incidência normativa de sorte a estabelecer o uso da expressão privada.
Ainda para Machado, uma definição exerce papel normativo, estabelecendo o significado de uma expressão linguística, formulando uma regra no seu uso. A regra tem um uso eminentemente prático, ou seja, objetivo, “[...] algo ao qual se aplica a distinção ser/parecer. [...]”6. Ora,
Numa situação de privacidade, não temos critério algum para distinguir o que é do que parece ser, pois numa situação de privacidade não podemos apelar a nada objetivo para justificar nossos juízos. Nem “S’, nem qualquer sinal pode ter significado numa situação de privacidade. Portanto, as sentenças “Isso é S”e “Creio que isso é S” não têm sentido.7
Partindo dos pressupostos de Wittgenstein, Machado afirma que o uso que fazemos no “diálogo interno da reflexão” faz parte da linguagem comum e está de acordo com critérios (regras) públicos. Assim, diz Machado, Wittgenstein mostra que o uso da linguagem é essencialmente público. Essa visão wittgensteiniana é partilhada por Silva Filho ao introduzir o conceito de jogos de linguagem quando afirma: “[...] Wittgenstein mostra que as expressões onde a experiência interior é exteriorizada lingüisticamente, pressupõem, inexoravelmente, a existência de uma linguagem pública que se joga com padrões extraídos do mundo comum”8.
CHISTES: ENTRE O PRIVADO E O PÚBLICO, UM TEMPO PARA PRODUZIR SENTIDO
Freud, em sua obra “Os chistes e a sua relação com o inconsciente”9, apresenta uma série de produções linguísticas consideradas chistes (dito espirituoso). Apoiando-se em diversos autores, mostra as muitas modalidades de chistes, buscando categoriza-los.
Uma das concepções de produção chistosa dá-se pela condensação de palavras, ou seja, pela composição de partes de palavras que produzem novos sentidos. Como exemplo dessa produção, Freud cita a produção de “familionário”, retirada da obra de Heine, Reisebilder, na qual o personagem Hirsch-Hyacinth, em encontro com o Barão de Rotschild., Hisrch-Hyacinth, é um homem de condição social mediana. Ao descrever o encontro com o famoso milionário inglês, ele diz ter sido tratado por Rotschild “familionariamente”, ou seja, como um igual (familiarmente) milionário (sendo ele pobre).
Outra modalidade de chiste é a que inclui a mudança de letra para a produção de um duplo sentido. Freud10 cita um chiste de Herr N: “[...] viajei com ele tête-à-bête”, que, traduzido pela forma extensa, seria “viajei com X tête-à-tête e X é uma besta”.
Curiosa também é a modalidade de chiste em que a mudança categorial de objeto produz mudança radical de sentido. Freud,11 utiliza-se de um outro chiste de Herr N para ilustrar essa outra modalidade: referindo-se a uma pessoa que tinha qualidades apreciáveis e criticáveis, é proferida a sentença – “a vaidade é um dos seus quatro calcanhares de Aquiles”. Obviamente que isso só seria possível se Aquiles fosse um animal e não o mítico herói grego.
Há uma outra modalidade que se situa na mera equivocação produzida pelo trocadilho. Em certa festa, uma dama italiana vingou-se da falta de tato de Napoleão I quando ele disse sobre um conterrâneo dela: “Todos os italianos dançam tão mal!”, ao que ela respondeu – “Não todos, mas boa parte (buona parte)”12.
O duplo sentido também é incluído por Freud na categoria dos chistes. Ele cita Spitzer: “Alguns pensam que o esposo ganhou muito dinheiro e tem, portanto, dado pouco; outros, porém, pensam que a esposa tem dado pouco e tem, portanto, podido ganhar muito dinheiro”13.
Acima, temos alguns dos muitos exemplares de chistes que Freud aponta nas suas considerações. Ele afirma que “As palavras são um material plástico que se presta a todo tipo de coisas”14 .
É importante notar que as categorias de produção de chistes que aqui apontei: condensação de palavras, mudança de letra, mudança categorial de objeto, equivocação produzida pelo trocadilho, duplo sentido, são apropriações da construção freudiana que me permito, visando às finalidades propostas neste texto. Na sua obra, Freud15 é bastante preciso e exaustivo na sua classificação de produção de chistes.
Uma importante observação de Freud16 diz respeito à investigação do chiste: “Se alguém ri de um chiste com toda sinceridade, não está na melhor condição de investigar a sua técnica.” A observação ressalta assim, que, para além do gracejo, há, na construção chistosa, algo que requer a atenção analítica, de sorte que o fato linguístico não seja sufragado pelos efeitos produzidos entre o falante-produtor do chiste e o(s) seus(s) interlocutor(es)/ouvinte(s).
Buscando o propósito dos chistes, Freud17 assinala três grandes categorias de chistes: os inocentes, os hostis e os obscenos. Em todas as três categorias, há relações com as fontes de prazer, sendo que os chistes inocentes não têm um fim em si mesmos, senão, o de provocar o riso. Há, porém, problematizações quanto às duas últimas, desde que ferem, obviamente, os preceitos sociais.
Freud, entretanto, mostra que, ante os obstáculos sociais, os chistes realizam uma tarefa subversora, jogando com o sentido das palavras enunciadas, velando e revelando a um só tempo um pensamento privado que vem a se tornar público, porém, em tempos diferentes entre a anunciação da sentença e a sua apreensão possível. Digo “possível”, posto que a intenção do que fala e a do que interpreta podem mostrar-se confluentes em termos do sentido. Porém, mesmo que isso não se dê, ou seja, que o sentido atribuído pelos interlocutores seja absolutamente diferente por cada qual ao que foi enunciado, ambos poderão sorrir por entendimentos absolutamente diferentes.
EXTERNALISMO E PSICANÁLISE: O ENTRE COMO DIFERENÇA PARA SITUAR O SUJEITO ONTOLÓGICO
O que possibilita um efeito similar ou diferente, a partir de sentidos similares ou diversos entre interlocutores mediados pela sentença chistosa é uma operação que se dá entre os registros do inconsciente de cada qual, registros onde a palavra tem efeito peculiar, privado. O comportamento de sorrir ante o enunciado chistoso que venha a se dar, não ratifica, sob o ponto de vista psicanalítico, que haja uma divisão do trabalho linguístico que pude depreender na leitura de Putnam18.
A inclusão do inconsciente psicanalítico na questão linguística problematiza, no meu entendimento, a socialização linguística e mesmo a psicologização linguística proposta por Putnam. Para ele, essas dimensões não desarticulam o fato de que nada existe na cabeça das pessoas (“cabeça” aqui entendida no sentido mentalista, subjetivista), senão, que todo o pensamento resulta da produção do ambiente físico e social. Sob o ponto de vista do inconsciente, a partir da teoria dos chistes, sim.
O que se apresenta na teoria dos chistes, não é similar ao signo “S” de Wittgenstein para relatar uma sensação privada, conforme considerado por Machado19. Não é, também, a possibilidade de fazer o uso de ouro de forma lingüisticamente competente ou não20. Tampouco, penso se tratar de uma produção mental que se constrói na relação com o mundo objetivo, contraposto ao mundo subjetivo21.
No chiste, produção linguística típica do inconsciente, pode-se ter um exemplar típico de um entre o pensamento privado e o público, na linguagem freudiana, entre o latente e o manifesto. É nesse entre que se situa o sujeito do inconsciente, diferente do sujeito social e psicológico, porque se anuncia de forma fugaz, numa irrupção que se dá entre dois tempos. Esse entre acarreta, ainda, dois tempos: o tempo da fala e o tempo de atribuição do sentido (pelo falante e pelo ouvinte). Algo similar é proposto por Silva Filho quando se refere ao tempo do juízo e ao tempo do pensamento, embora aplicados ao conceito do julgamento sobre si22.
Buscando uma correspondência entre construtos diferenciados quanto ao objeto a que se aplicam, os tempos aqui citados podem ser situados numa certa paridade: o tempo do pensamento e o tempo da fala se correspondem, ao passo que o tempo do juízo e o da atribuição de sentido se equiparam. Obviamente que, aqui há uma aproximação bastante forçada. O mais importante, porém, é que em ambas as construções, preserva-se o sentido de temporalidade na produção lingüística seja no juízo do autoconhecimento23, seja na produção do chiste, como aqui enfocado.
O sujeito falante da Psicanálise, sujeito do inconsciente, usa as palavras publicamente para fazer permanecer um desejo recalcado: no chiste hostil ou obsceno, a sentença substitui o ato de agressão ou o ato sexual. O que é enunciado é objeto de partilha social, porém se mantém algo que é atinente ao falante e que somente ele sabe do que se trata, podendo ocorrer casos (e isso é muito frequente) em que nem mesmo isso o falante sabe, a priori, senão através de uma construção a posteriori fundada na interpretação analítica. O caso dos “quatro calcanhares de Aquiles” é ilustrativo quanto a este aspecto. Que desejos recônditos se esconderiam no falante que troca um homem por um animal na enunciação desse chiste? Somente a agressividade?
São incertezas como essas, produzidas na relação com o inconsciente, que tornam a linguagem e a produção de sentidos uma problemática para os campos do saber em torno da mente e da linguagem. O objetivismo não responde, no meu entender, aos problemas do intersubjetivo, quando convocada à dimensão que escapa ao registro das sentenças que envolvem objetos naturais ou mesmo daquele que se refere ao registro do psicológico, da linguagem psicológica.
A Psicanálise propõe que o inconsciente e o sujeito do inconsciente enganam, não por desvios de ordem moral, pelo contrário, até mesmo por questões de o falante ater-se à ordem moral. A palavra, como considerada pela teoria psicanalítica, comporta o equívoco, porque ela é insuficiente para expressar o desejo, operador lógico correspondente à falta ínsita ao ser humano desde o seu nascimento até a morte. Ao se falar, não se fala tudo o que se quer ou se pode, isso, fruto da educação, dos processos das regras sociais.
Palavra e regras sociais é um par ordenado, que não corresponde, portanto, apenas a uma eficácia de trabalho entre sujeitos para se referirem a objetos como depreendi em Machado e Putnam. Penso, também, que palavras, pensamentos e convívio social são apenas o suporte para a expressão pública ou privada de conceitos de verdade estabelecida entre dois seres supostamente racionais, como expressa Silva Filho.
Palavra e regras sociais formam um par ordenado para encobrir aquilo que do mundo privado não se pode efetivamente dizer, sem que haja por parte do falante enormes perdas que a todo custo tenta evitar, para que esteja assegurada a sua sobrevivência como falante.
Concluindo, faço aqui minhas, as palavras de Taylor:
[...] pensamos nas profundezas do não-dito, do indizível, dos intensos e rudimentares sentimentos, afinidades e temores que disputam conosco o controle de nossas vidas como internos. Somos criaturas com profundezas internas, com interiores parcialmente inexplorados e sombrios.24
Referências
FREUD, S. Os chistes e sua relação com o inconsciente [1905]. In: ______. Edição standard brasileira das obras psicológicas completas. Trad. Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 1996. v.VIII, p.11-222. [ Links ]
MACHADO, A. N. Normatividade e linguagem privada. In: ______. Lógica e forma de vida. São Leopoldo, Rio Grande do Sul: Ed. Unisinos, 2007. p.359-371. [ Links ]
PUTNAM, H. The meaning of ‘meaning’. In: PESSIN, A.; GOLDBERG, S. (Ed.). The Twin Earth Chronicles: Twenty Years of Reflection on Hilary Putnam’s “The meaning of ‘meaning’” [1975]. New York: London: M. E. Sharpe, 1996. p. 3-52. Tradução de G. S. Queiroz para o português “O significado de ‘significado’”, 45 p. [ Links ]
SILVA FILHO, W. J. Mente, mundo e autoconhecimento: uma apresentação do externalismo. Trans/Form/Ação, São Paulo, v.30, n.1, p.151-168, 2007Links ] Arial, Helvetica, sans-serif">.
*Psicólogo formado pela UFBa. Mestre em Psicologia pela mesma universidade. Atualmente, é doutorando em Psicologia (2010.1) também pela Universidade Federal da Bahia. Professor Assistente da Universidade Salvador, UNIFACS. Participou de grupos de formação no Colégio de Psicanálise da Bahia entre 2000 e 2002, na Associação de Psicanálise da Bahia em 2000. Participou do Fórum Baiano de Psicanálise entre 2001 e 2009, sendo integrante do corpo de ensino e transmissão, coordenando grupos de estudos das obras de Freud e de Lacan entre 2005 e 2009. Atualmente, não se encontra vinculado a instituição psicanalítica, mantendo junto a outros psicanalistas a continuidade de sua formação em grupo de estudos em Salvador. Apresentou trabalhos nas Reuniões Lacano-americanas de Florianópolis (2005), de Montevidéu (2007) e de Brasília (2011). Exerce a clínica psicanalítica desde 2001, quando começou a atender no Núcleo de Assistência Psicológica – NAPSI, de orientação psicanalítica. Atualmente, exerce a clínica psicanalítica em consultório particular.
1 SILVA FILHO, W. J. Mente, mundo e autoconhecimento: uma apresentação do externalismo. Trans/Form/Ação, São Paulo, v.30, n.1, p.151-168, 2007. p.152.
2 SILVA FILHO, W. J. Mente, mundo e autoconhecimento..., op. cit., p.156.
3 PUTNAM, H. The meaning of ‘meaning’. In: PESSIN, A.; GOLDBERG, S. (Ed.). The Twin Earth Chronicles: Twenty Years of Reflection on Hilary Putnam’s “The meaning of ‘meaning’” [1975]. New York: London: M. E. Sharpe, 1996. p. 3-52. Tradução de G. S. Queiroz para o português “O significado de ‘significado’”, 45 p.
4 MACHADO, A. N. Normatividade e linguagem privada. In: ______. Lógica e forma de vida. São Leopoldo, R.Sul: Ed. Unisinos, 2007. p.359-371.p.364.
5 MACHADO, A. N. Normatividade e linguagem privada, op. cit., p.366.
6 Id., ibid., p. 369-370.
7Id., ibid., p.370.
8MACHADO, A. N. Normatividade e linguagem privada, op. cit., p.159.
9FREUD, S. Os chistes e a sua relação com o inconsciente [1905]. In: ________. Edição standard brasileira da sobras psicológicas completas. Rio de Janeiro: Imago, 1996. v.VIII, p.11-219.
10Id., ibid., p.33.
11Id., loc. cit.
12Id., ibid., p.38.
13FREUD, S. Os chistes e a sua relação com o inconsciente, op. cit., p.47.
14Id., ibid., p.41.
15Cf. FREUD, S. Os chistes e a sua relação com o inconsciente, op. cit., p.48.
16Id., ibid., p.55.
17Id., ibid., p.97-140.
18Cf. PUTNAM, H. The meaning of ‘meaning’. op. cit.
19Cf. MACHADO, A. N. Normatividade e linguagem privada, op. cit.
20Cf. PUTNAM, H. The meaning of ‘meaning’. op. cit.
21Cf. SILVA FILHO, W. J. Mente, mundo e autoconhecimento..., op. cit.
22Cf. SILVA FILHO, W. J. Mente, mundo e autoconhecimento..., op. cit., p.163.
23Id., ibid.
24TAYLOR, 1997, apud SILVA FILHO, W. J. Mente, mundo e autoconhecimento..., op. cit., p.155.