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Junguiana
versión On-line ISSN 2595-1297
Junguiana vol.40 no.3 São Paulo 2022
A Junguiana completou sua quadragésima década e comemoramos de vários modos: neste volume editamos três fascículos, dois compostos de artigos inéditos e um com a reedição de textos importantes eleitos em consulta à comunidade da Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica (SBPA); tivemos a oportunidade de estar juntos numa noite agradável, confraternizando a inauguração da Biblioteca Carlos Byington, rememorando a fundação da SBPA e a criação da Revista Junguiana, juntamente ao lançamento do fascículo 40.2 com os artigos reeditados que afiançaram o percurso da memória das nossas formações, da nossa história. O terceiro e último fascículo deste ano tem a missão de fechar o volume 40, divulgando o conhecimento da psicologia analítica e o nosso propósito de defender a diversidade e a alteridade respeitando as singularidades.
Como Jung nos ensinou, só desenvolvemos nossa individualidade quando também desenvolvemos a capacidade de relação com um outro. Nossa história pessoal é indissociável da sociedade, da cultura, do coletivo.
A diversidade, que é heterogênea e comporta singularidades, tem sido achatada, conformada aos padrões de valores impostos por crenças e entendimentos que não dão conta das demandas do momento presente. Vivemos um tempo em que espaços, como as redes sociais, acalentam aquilo que é igual, em que realidades paralelas e certezas implacáveis e indiscutíveis produzem uma dissonância cognitiva que fomenta embates e polarizações.
Se o ser humano está em constante transformação, tanto no plano individual quanto no coletivo, precisamos produzir reflexões que deem conta das sociedades contemporâneas e das angústias de suas respectivas subjetividades. Em nosso trabalho como analistas, buscamos dar voz àquilo que é singular nos indivíduos e nos coletivos, ao coração pulsante de cada um.
Os artigos inéditos que compõem este fascículo 40.3 abordam diversidades, alteridades e singularidades. Iniciamos com três artigos que promovem reflexões teóricas no seio da psicologia analítica. O artigo "A psicologia do outro: o truque da diversidade e a dificuldade em falar de si mesmo" problematiza as ideias de outro, de diferença e o uso do termo diversidade. Em seguida, apresentamos "Do pacto narcísico da branquitude à corresponsabilidade: um olhar para o complexo cultural racial", que é uma revisão crítica acerca das questões raciais no Brasil e das suas relações com a psicologia junguiana e pós-junguiana. O artigo "Os complexos culturais e os artivismos" propõe uma interlocução entre os complexos culturais e as teorias decoloniais, utilizando como ponto de intersecção para esse diálogo as produções artísticas chamadas artivismos. Ainda no campo das reflexões teóricas, o quarto artigo visa aproximar a psicologia arquetípica de James Hillman e a fenomenologia e tem como título "James Hillman e a fenomenologia: a base poética da psique".
Os três artigos seguintes têm como ponto de contato as reflexões sobre a observação e a aceitação de diferenças pensadas a partir do campo teórico junguiano. "Hermes nos campos de Apolo: desidealização e excentricidade na paternidade neurodivergente" investiga o componente arquetípico das neurodiversidades pela ótica da relação entre pai e filho. Na interface entre literatura e psicologia analítica apresentamos o artigo "Entre a ordem e a desordem: leitura do conto 'O papel de parede amarelo' de Charlotte Perkins Gilman", que trabalha a desigualdade de gênero na saúde mental e o diálogo com áreas de conhecimento como estudos sociais, feministas e literários. Por fim, mas com tema importante, o artigo "#automutilação: a expressão simbólica da autolesão não suicida" reflete sobre os aspectos simbólicos relacionados a essa prática a partir das postagens feitas em uma comunidade de autolesão no Facebook.
A Junguiana continua, forte e vibrante, a sua missão de difundir o pensamento junguiano, as ideias, as experiências e os conceitos fundamentais, dando visibilidade aos trabalhos originais produzidos pela comunidade. Chegou aos 40 anos cheia de energia e disposição para produzir mais e continuar a acolher as diversidades, as transformações que compõem o colorido da psique, o colorido da alma do mundo. Desejamos que você aproveite a leitura e comemore essa alegria conosco!
Dezembro, 2022
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