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Estudos de Psicologia (Natal)

versión impresa ISSN 1413-294Xversión On-line ISSN 1678-4669

Estud. psicol. (Natal) vol.25 no.3 Natal jul./set. 2020

https://doi.org/10.22491/1678-4669.20200024 

DOI: 10.22491/1678-4669.20200024

EDITORIAL

 

Editorial

 

 

Caros Leitores:

Em meio a um cenário conjuntural mundial tão avesso ao humano, no qual vidas se perdem por intolerância, negligência, ódio de classe, raça e gênero, falar em produção de conhecimento parece algo menor, afinal, a quem serve o conhecimento? No Brasil, a ciência tem sido sucessivamente mutilada, negada e relegada a uma bandeira política, cujo objetivo último - se propagandeia -, é impedir o desenvolvimento nacional.

Mas, de qual desenvolvimento falamos? Falamos, na verdade, da ausência de um projeto de sociedade. O que se defende afinal? Expropriação de terras indígenas, desmatamento acelerado, desemprego galopante, pobreza extrema crescente, franco incentivo a privatizações a baixo custo, darwinismo social, desprezo pelos pobres, entre outros dislates.

Enquanto o Ministro da Economia e grande operador de uma agenda ultraliberal afirma que o país está quebrado, diz também que isso é responsabilidade de pessoas que querem viver mais, dos pobres que ousaram chegar à universidade, das aposentadorias precoces, das dificuldades para o incentivo ao mercado, do parasitário funcionalismo público. Em tempo, diz, adicionalmente, que a pandemia da covid-19 desestimula o trabalho e estimula o ócio que parasita o governo por meio dos auxílios emergenciais. Se não se trabalha, nem se produz nem se consome. Essa perspectiva estimula uma polarização social perigosa e ressalta ainda mais o caráter de classe que impregna também o manejo da praga sanitária que já matou cerca de 400 mil pessoas só no Brasil. Não basta dizer que deste total, a grande maioria é de pobres que se encontram no dilema entre trabalhar e morrer contaminado ou não trabalhar e morrer de fome. Soma-se a isso todos os efeitos em diferentes esferas da vida que o isolamento social, as interações exclusivamente remotas e as constantes ameaças que o vírus traz a reboque. Trabalhadores exaustos na linha de frente, nas casas, nas ruas; crianças em ensino virtual; jovens sem perspectivas de futuro; famílias esfaceladas, enfim, é um leque amplo de danos, cujos efeitos não se pode ter, ainda, a real dimensão. Sendo assim, a ciência não só é necessária, mas é crucial, não apenas para produzir respostas aos problemas enfrentados nacional e mundialmente, mas também como um complexo envolvendo práxis social que denuncia as atrocidades cometidas, o genocídio de populações inteiras de pessoas, o mau uso e gerenciamento dos achados científicos, a negociação de vidas.

O número que ora se apresenta da Estudos de Psicologia agrega textos que dizem respeito aos impactos da COVID-19 em algumas das esferas citadas, mas cujo trâmite não foi concluso em tempo para que pudessem compor o dossiê sobre esse tema. Além desses, há artigos que discutem assuntos afeitos à Psicologia que permanecem em destaque, mesmo diante de um cenário social no qual a pandemia assume protagonismo. Bem-Estar subjetivo, efeitos da pandemia nas famílias com crianças, formação profissional de jovens, saúde mental, adoecimento psíquico, stress e seu enfrentamento, qualidade de vida, projeto de suporte emergencial online e seus aspectos psicológicos, são algumas das discussões que poderão ser encontradas nesse número da Revista. Todos eles têm como objetivo central apontar questionamentos, avanços, análises e proposições científicas que podem prover contribuições à sociedade. Porque esse é um dos objetivos centrais de um conhecimento científico socialmente necessário: a transformação da sociedade e a emancipação de seus sujeitos. Boa leitura!

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