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Psicologia: teoria e prática

versión impresa ISSN 1516-3687

Psicol. teor. prat. v.10 n.1 São Paulo jun. 2008

 

RESENHA

 

Resenha sobre o livro Inclusão e exclusão: múltiplos contornos da educação brasileira, de Saeta e Nascimento (org.)

 

 

Marcos José da Silveira Mazzotta

Universidade Presbiteriana Mackenzie

 

 

Ao trazerem a público resultados de pesquisas e reflexão crítica sobre situações e processos de inclusão e exclusão que marcam múltiplos contornos da educação brasileira, os autores da presente obra, por certo, apresentaram importantes elementos para a formação e a prática dos educadores. Essa é, talvez, a principal razão de sua grande procura, a ponto de ter sido esgotada sua primeira edição.

Contando com a competente organização das professoras doutoras Beatriz Regina Pereira Saeta e Maria Letícia B. P. Nascimento, foram reunidos dez autores que, na quase totalidade, integram o Núcleo de Pesquisa “Inclusão ou Exclusão? Contrapontos da Educação Brasileira”, da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

É variada a formação dos autores quanto aos seus cursos de graduação e de pós-graduação, além da diversidade de áreas de atuação em educação, focalizando, nesta obra, a temática da inclusão e exclusão. Em razão disso, no presente livro registram-se estudos, desenvolvidos por pedagogos, psicólogos, cientistas, sociais e historiadores, nos quais se abordam segmentos populacionais reiteradamente marginalizados ou excluídos socialmente, em particular da educação escolar: crianças com idade até 3 anos, adolescentes e adultos das classes menos favorecidas, pessoas com deficiência e jovens e adultos que sofrem preconceito e discriminação, inclusive em cursos superiores.

Diante da diversidade de significados com que vêm sendo tratados, entre nós, os termos “inclusão” e “exclusão”, permeando um novo paradigma educacional, é oportuno lembrar, com Maria Lúcia Amiralian, a necessidade de “desmistificação da inclusão”.

A defesa da igualdade de todos perante a lei é, sem dúvida, elemento fundamental para a vida numa sociedade democrática. Daí a importância da persistente busca da inclusão de todos em todos os espaços sociais. No entanto, é importante que não se esqueça de que o princípio básico da igualdade formal tem sua concretização condicionada pela eqüidade indispensável mediante atitudes, ações e recursos essenciais ao convívio humano. Com tal entendimento é que venho posicionando-me a favor da inclusão com responsabilidade e opondo-me ao que denomino inclusão selvagem, que é aquela que ocorre pela ausência ou retirada de recursos diferenciados para apoiar e garantir a educação escolar daqueles que venham deles necessitar.

Estruturado em oito capítulos, o livro aborda, nos capítulos 1 e 2, a educação de jovens e adultos, sendo o primeiro capítulo elaborado por três autoras e o segundo por dois autores. No capítulo 1, são apresentados dados estatísticos referentes às matrículas dos últimos anos, merecendo cuidadosa análise das autoras, que apontam para a perversidade da exclusão dos jovens e adultos das oportunidades escolares. Discutindo sobre a função social da educação, consideram que, “potencialmente, a EJA deveria representar uma possibilidade de inclusão escolar de sujeitos com variadas e adversas condições de escolarização” (SAETA; NASCIMENTO, 2009, p. 29). Já no capítulo 2, os autores sinalizam que “os índices de evasão e de não-acesso à escola são muito mais elevados no Norte, Nordeste e Centro-Oeste” (SAETA; NASCIMENTO, 2009, p. 36).

No capítulo 3, alinhando-se com a posição dos pensadores da Teoria Crítica da Sociedade, a autora desenvolve oportuna discussão sobre preconceito, inclusão e exclusão no ensino superior. Analisando questões relativas à gestão educacional para alunos com necessidades especiais, no capítulo 4, a autora aborda a exclusão e inclusão de alunos com deficiências desde o ensino fundamental ao superior, destacando que a realização de curso superior por tais alunos favorecerá seu “engajamento em profissões mais complexas que exijam maior atividade intelectual e, conseqüentemente, atingir melhor qualidade de vida” (SAETA; NASCIMENTO, 2009, p. 69).

O capítulo 5 focaliza possibilidades e limitações do espaço público, tendo seu autor importante respaldo teórico das ciências sociais e políticas. Segundo ele, “o espaço público é uma estratégia para melhorar a qualidade de vida, desde que os movimentos e organizações sociais assumam os canais democráticos” (SAETA; NASCIMENTO, 2009, p. 84).

No capítulo 7, a autora desenvolve importante reflexão sobre “caminhos de inclusão e exclusão da pequena infância”, focalizando a creche como possível alternativa de inclusão. No entanto, considerando a desigualdade marcante no contexto social brasileiro, a autora pondera que, a despeito dos avanços teóricos e legislativos em favor da pequena infância, “há um enorme distanciamento entre essas conquistas e as práticas efetivadas no cotidiano das instituições” (SAETA; NASCIMENTO, 2009, p. 125).

Importantes discussões sobre a violência escolar e a violência contra as mulheres, em particular no ambiente doméstico, são apresentadas, respectivamente, nos capítulos 6 e 8, em que se expõe a estratégia da violência como uma das mais perversas ferramentas da exclusão social.

Fruto do envolvimento de educadores pós-graduados que defendem o respeito à diversidade individual e à pluralidade cultural, o livro constitui um oportuno recurso para a “desmistificação da inclusão” e para a reflexão crítica sobre educação para todos.

 

 

Referências

Obra resenhada

SAETA, B. R. P.; NASCIMENTO, M. L. B. P. (Org.). Inclusão e exclusão: múltiplos contornos da educação brasileira. São Paulo: Expressão e Arte, 2008. 175 p.        [ Links ]