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Psicologia USP
versión On-line ISSN 1678-5177
Psicol. USP v.19 n.2 São Paulo jun. 2008
EDITORIAL
Estimular a reflexão sobre temáticas proeminentes no campo da Psicologia, bem como a pesquisa inspirada pelas interfaces com outras disciplinas é a proposta editorial de Psicologia USP, cuja concretização nos empenhamos em viabilizar, como bem expressam os ensaios que compõem este número.
O primeiro trabalho examina teorizações recentes no âmbito da Psicologia da Aprendizagem, no sentido de enfatizar a possibilidade de articulação entre propostas tomadas como mutuamente excludentes, de modo que, afastando-se de uma perspectiva dicotômica, desenvolve a tese segundo a qual a aprendizagem deva ser investigada em termos de um processo de integração entre conhecimento implícito e explícito.
O artigo subseqüente, inserido no campo das pesquisas em psicanálise, realiza um estudo do ponto de vista semiológico, mais especificamente, de uma semiologia psicanalítica, da paixão na Antiguidade grega, a partir da hipótese que compara "paixão" com "adicção" e "tóxico".
O confronto entre a teoria crítica da sociedade e o referencial freudiano fundamenta as reflexões desenvolvidas pelo próximo estudo, que aborda a relação entre o narcisismo, a melancolia e a ideologia da racionalidade tecnológica, por meio de operadores teóricos tais como os conceitos de indústria cultural e fenômenos de massa, no sentido de tematizar as peculiaridades da dominação social na sociedade contemporânea.
O próximo artigo investiga o alcance teórico-metodológico do conceito de diferenciação do self, proposto por Murray Bowen, no âmbito da Terapia de Família e demonstra como o acesso aos processos de transmissão geracional atuantes no casal e a ressignificação de experiências oriundas de suas famílias de origem permitem a construção de uma história renovada do casal e de sua própria família.
As perspectivas teóricas de Adorno e Lacan inspiram o próximo estudo, que trata das relações entre a indústria cultural e a dinâmica da satisfação consumista na contemporaneidade e enuncia o imperativo de gozo como ideologia da sociedade de consumo, propondo uma mudança de foco, desde que a força da ideologia é deslocada do plano do "convencimento" e do "auto-engano" para o regime da compulsividade e da pulsão.
A questão da constituição da identidade está presente no próximo trabalho, no qual a narrativa de Sidarta, de Hermann Hesse, é analisada segundo uma proposta transdisciplinar, a partir do processo de individuação presente no referencial junguiano, das abordagens histórico-etnológicas de Eliade e Campbell e da dimensão sociológica desenvolvida por Anthony Giddens.
O último ensaio aborda a temática da feminilidade em sua articulação com a criação artística, à luz dos trajetos de investigação de Freud e Lacan relativos a esse tema, recortando como objeto de investigação fragmentos da obra de Frida Kahlo.
Ana Maria Loffredo