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Revista Brasileira de Terapias Cognitivas

versión impresa ISSN 1808-5687versión On-line ISSN 1982-3746

Rev. bras.ter. cogn. v.1 n.1 Rio de Janeiro jun. 2005

 

RESENHA

 

Produção científica sobre estresse

 

Scientific production on stress

 

 

Geraldina Porto Witter

UMC/ PUC-Campinas

 

 

O stress no Brasil: pesquisas avançadas.

Marilda Lipp (org.)
Campinas: Papirus, 2004

A doutora Marilda Lipp é uma pesquisadora que se destaca no cenário nacional e internacional pelas contribuições que sistematicamente vem trazendo quer com dados de pesquisa quer pela formação de recursos humanos aptos para a investigação e a atuação junto a pessoas que apresentam um dos mais freqüentes problemas de saúde – o estresse (stress).Tem aglutinado pessoas e produzido livros de autores como o aqui enfocado.

O prefácio foi redigido por Ogata que assinala o papel de Lipp na área e a relevância do livro como meio para o leitor ficar informado sobre a pesquisa nacional enfocando o assunto. Segue uma breve apresentação, assinada pela organizadora em que informa que os textos decorreram de pesquisas defendidas entre 2000 e 2004 por seus orientados de mestrado ou de doutorado. Explica que compôs o livro em cinco partes: conceitos básicos; estudos sobre os efeitos de altos níveis de stress na qualidade de vida e na saúde do ser humano (p. 16); influência do ambiente de trabalho gerando o stress ocupacional, grupos de risco e gênero e, finalmente, uma análise panorâmica destes estudos no Brasil.

No primeiro capítulo, tendo por base o conhecimento já disponível, Lipp propõe uma teoria (Temas de vida) como suporte, de grande valia para os estudos sobre o assunto.

Lucarelli enfoca a problemática do Diagnóstico do Stress Infantil, título do segundo capítulo, com destaque para o Inventário de Stress Infantil – ISS I de Lipp e Romano, lembrando que o diagnóstico pode ser complementado com a verificação de fontes estressoras, entrevistas e observações.

O capítulo seguinte dá continuidade aos problemas de avaliação tendo por alvo o adolescente. Leva a assinatura de Tricoli. O problema tem continuidade de análise feita no Capítulo 4, no qual Lipp trata da avaliação do adulto e das contingências estressoras nesta fase do ciclo de vida.

Dando início às análises dos efeitos de altos níveis de stress (p. 11), o Capítulo 5, de autoria de Silva enfoca a questão do estado emocional materno e as condições de nascimento da criança.

Brasio enfoca as fontes internas estressoras e o treino de seu controle tendo por meta a redução da retrocolite ulcerativa inespecífica. Nesta mesma linha de efeitos do estresse aparecem o Capítulo 7 de Andrade, estabelecendo por foco as disfunções craniomandibulares; o 8º com destaque para ansiedade e alterações fisiológicas, escrito por Rezende Neto; o 9º que tem por alvo a qualidade de vida de país de crianças com leucemia e a manifestação de estresse nos filhos; o 10º em que Bezerra considera a questão do estresse na qualidade de vida e restabelecimento pós-cirurgico em pessoas com problemas cardíacos e o Capítulo 11 que trata de um tema raramente estudado no Brasil stress pós-traumático: intervenção em vítimas secundárias escrito por Calais que usando um delineamento experimental demonstra a viabilidade de ação remediativa e de prevenção.

A seguir são apresentados estudos que enfocam a influência do ambiente em que a pessoa vive ou trabalha que acaba sendo estressor e tendo conseqüências diversas inclusive na produtividade.

O Capítulo 12 trata de professores do ensino fundamental sendo que muitos se apresentam estressados ou mesmo em burnout, o trabalho foi conduzido por Rossa. No capítulo seguinte, Tanganelli estuda a vida estressante da mulher que é chefe de família, estando a maioria no nível de resistência, com prevalência de sintomas físicos. No Capítulo 14, Vilela enfoca o stress no relacionamento conjugal em casais, tendo trabalhado com três grupos (experimental, palestras e de passagem do tempo). Encontra alta ocorrência de pessoas estressadas, mas o programa de controle deu resultado positivo. Na mesma linha, Cipriano analisou os efeitos diferenciais do relacionamento afetivo gerando estresse em mulheres. No Capítulo 16, Vicentin tendo por base de estudo famílias com filhos usuários de crack, analisou o estresse e a qualidade de vida dos progenitores e recorrendo a um programa de intervenção conseguiu que melhorassem significativamente.

No Capítulo 17 é tratado um assunto em moda ultimamente: a religiosidade. Schmidt destaca para estudo a religiosidade cristã destacando a necessidade de se desenvolver estudos que permitam uma maior compreensão dos religiosos... (p. 184) mas fica patente que a religiosidade por si não é garantia contra stress (p. 185).

Oliveira analisa a ocorrência de estresse entre juízes e servidores públicos, de ambos os gêneros. Conclui que os programas de prevenção para homens devem ser diferentes dos destinados a mulheres.

Cusatis Neto analisou a produção científica sobre a matéria gerada na PUC-Campinas na área de dissertações e teses. Verificou que os adultos são os participantes mais freqüentes e as doenças do sistema cardíaco são as mais enfocadas.

Benzoni, Carneiro, Ribeiro, Pires, Marchi e Mila analisaram a tipologia dos trabalhos da área recorrendo aos seguintes suportes: Banco de Teses da CAPES, Anais de Congressos e Periódicos, totalizando 232 trabalhos em um período de 20 anos. Predominaram as pesquisas de levantamento (59,5%), ocupacionais (36,4%), com análises quantitativas (64,2%), realizadas com adultos (82,3%) e o instrumento mais usado foi o Inventário de Sintomas de Stress.

O Capítulo 21 fecha a obra e é uma breve reflexão de Lipp e Malagris sobre a situação desta área de estudo no Brasil. Apresentam um quadro com tópicos atuais que estão clamando por pesquisas. São sugestões muito úteis para quem está buscando tema para pesquisa.

Os capítulos constituem excelente matéria para seminários de textos em cursos gerais sobre o assunto de um modo geral ou para complementação de leituras e disciplinas sobre tópicos específicos ou correlatos. Esta condição flexibiliza extraordinariamente o uso didático-pedagógico do livro. Além disso, interessa a pesquisadores da área que podem ter uma perspectiva geral da produção nacional.

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