EDITORIAL

 

Revista Brasileira de Terapias Cognitivas (RBTC). História e panorama atual

 

 

Este semestre foi especial na história da Sociedade Brasileira de Terapias Cognitivas (SBTC), que em abril completou 10 anos de existência. O acontecimento, comemorado em Gramado, por ocasião do VI Congresso da SBTC, contou com 550 participantes, vindos de várias cidades brasileiras e de muitos outros países. Um dos aspectos marcantes do evento referiu-se ao reconhecimento oficial da inclusão de outros saberes integrados à teoria e à terapia cognitiva, quais sejam as neurociências e a psicologia evolucionista.

Os 10 anos da SBTC propiciaram uma reflexão sobre o que ela produziu durante todo esse tempo. Será apresentada a seguir a história de uma das suas maiores produções: a Revista Brasileira de Terapias Cognitivas (RBTC).

A RBTC começou a ser planejada durante a gestão 2003/2005 da SBTC, situada no Rio de Janeiro, sendo eu a então presidente e Maria Cristina Miyazaki, vice-presidente. Helene Shinohara, Paula Ventura e Melanie Ogliare Pereira eram respectivamente: tesoureira, primeira e segunda secretária. Irismar de Oliveira, Lucia Novaes Malagris e Mônica Duchesne eram suplentes.

No início desta gestão, não tínhamos recursos materiais para fundar e manter um periódico científico. No entanto, considerando a necessidade de se criar um veículo de publicação da produção de terapeutas e pesquisadores de abordagem cognitiva que estivesse vinculado a uma sociedade científica como a SBTC, pensei na possibilidade de obter o patrocínio de uma Editora. Por intermédio de Margareth da Silva Oliveira, entrei em contato com Ingo Guntert, da Casa do Psicólogo, que atendeu de imediato o meu pedido. Ficamos assim combinados: a Casa do Psicólogo forneceria o papel e a impressão gratuitamente para a SBTC, até que a revista conseguisse obter o apoio do CNPq, quando então a SBTC se comprometeria a contratar os serviços da Casa do Psicólogo, dando a esta última a preferência na continuidade do trabalho de impressão da revista. O acordo entre a SBTC e a Casa do Psicólogo foi aprovado primeiramente pela Diretoria da SBTC (2003/2005) e, posteriormente, na assembléia do V Congresso da SBTC, ocorrido no Rio de Janeiro, no dia 22 de abril de 2005.

Algumas pessoas foram fundamentais como colaboradoras na fundação deste periódico. São elas: Lucia Novaes, Mônica Duchesne e Adriana Nunan. O trabalho envolvido na organização do primeiro número foi árduo, uma vez que não tínhamos experiência no assunto. Editores de outros periódicos como Marilda Lipp (Estudos de Psicologia), Roberto Banaco (Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva) e Lídia Weber (Interação em Psicologia) nos orientaram quanto aos primeiros passos na obtenção do ISSN e na elaboração das normas, assim como nos procedimentos que somente a experiência permite realizar satisfatoriamente. Roberto Banaco me aconselhou a pedir orientação ao André Serradas, da Biblioteca Virtual da USP. Serei eternamente grata a todas essas pessoas.

Com o apoio material e técnico da Casa do Psicólogo, foi possível realizar o sonho de fundar a RBTC, a qual teve o seu primeiro exemplar lançado durante a 3ª Mostra Universitária de Terapia Cognitivo-Comportamental (UERJ-Rio), em setembro de 2005, e, em outubro deste mesmo ano, no Congresso da SBP, ocorrido na PUC de Curitiba, além da Jornada Gaúcha, realizada em Porto Alegre, organizada pela gestão posterior da SBTC (2005/2007), tendo Renato Caminha como presidente. Lucia Novaes e eu dividimos o trabalho como editoras. Adriana Nunan e Mônica Duchesne dividiam o cargo de assistentes de edição. Como colaboradoras técnicas, tínhamos inicialmente Giselle Couto e Liliane de Carvalho. Atualmente esse trabalho reúne: Aline Sardinha Mendes Soares de Araújo, Conceição Santos, Juliana Furtado D’Augustin, Liliane de Carvalho, Lívia da Silva de Santana, Patrícia de Souza Barros e Viviane Rosa Marinho. Todas essas pessoas têm trabalhado com dedicação para manter a qualidade da revista.

O V Congresso da SBTC constituiu uma rica fonte de artigos, através de alguns trabalhos apresentados no evento. A divulgação do periódico via e-mail também facilitou o envio de manuscritos para submissão. Posteriormente, alguns profissionais que atuaram como consultores ad hoc também passaram a enviar artigos.

A vinda de profissionais ao Brasil constituiu oportunidades para entrevistas e posteriormente para a recepção de artigos estrangeiros. Durante o congresso da Associação Latino Americana de Psicoterapias Cognitivas (ALAPCO) realizado em Buenos Aires, em 2006, tivemos a oportunidade de entrar em contato com profissionais de vários países, que aceitaram fazer parte do Conselho Editorial. Alguns desses profissionais enviaram artigos, o que contribuiu para um salto qualitativo da revista. Um balanço das publicações realizadas até agora, incluindo este número, inclui 47 artigos inéditos, dentre os quais 10 são de autores estrangeiros, além de três resenhas e quatro entrevistas.

Outro resultado conquistado pela RBTC foi a sua aprovação em um indexador internacional. Trata-se de uma base de dados ligada à Universidade Nacional Autônoma do México (CLASE-UNAM), que congrega revistas de países da América Latina, de diversas áreas. A RBTC também está indexada em um indexador nacional, o Index Psi Periódicos.

A avaliação do QUALIS deu à RBTC a classificação LOCAL A. Agora, as próximas metas serão indexar o periódico no PEPSIC e continuar buscando outros indexadores. A RBTC também se prepara para ser apresentada no formato eletrônico.

Com a saída de Lucia Novaes, que está envolvida com muitos compromissos, foram convidadas mais três colegas para dividirem comigo a função de editora. O convite deveu-se ao interesse informal dessas pessoas em colaborar com a revista. São elas: Margareth da Silva Oliveira, Maria Cristina Miyazaki e Melanie Ogliare Pereira. Aproveito para agradecer a incansável colaboração da Lucia, durante todo esse tempo, especialmente na fase inicial, que foi mais difícil para todos nós.

Concluindo, gostaria de ressaltar que a experiência de trabalhar com a RBTC tem sido árdua, porém, muito gratificante e enriquecedora. O sonho se tornou possível graças à colaboração de um grupo empenhado em divulgar as terapias cognitivas no Brasil. Entre as pessoas desse grupo encontram-se: Ingo Guntert, da Casa do Psicólogo; todo corpo de editoração, que trabalha exclusivamente por um ideal; os autores que nos prestigiam enviando os seus trabalhos; os pareceristas ad hoc, que gentilmente contribuem para melhorar a qualidade dos artigos enviados; e as diretorias da SBTC, que têm colaborado com infra-estrutura para a divulgação da revista. Entendo que este é o caminho para a valorização e a credibilidade da SBTC, assim como para o reconhecimento dos profissionais que publicam neste periódico. Através da revista, estamos escrevendo a história das terapias cognitivas no Brasil.

Finalmente, gostaria de dar as boas vindas às colegas editoras, Margareth da Silva Oliveira, Maria Cristina Miyazaki e Melanie Ogliare Pereira.

Eliane Falcone