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Trivium - Estudos Interdisciplinares

versión On-line ISSN 2176-4891

Trivium vol.9 no.2 Rio de Janeiro jul./dic. 2017

https://doi.org/10.18379/2176-4891.2017v2p.Edit 

EDITORIAL

 

Interface: psicanálise e literatura

 

 

Betty Bernardo Fuks

 

 

Comemorando os dez anos de sua fundação, os programas de pós-graduação (mestrado e doutorado) em Psicanálise, Saúde e Sociedade da Universidade Veiga de Almeida realizaram o I Seminário Internacional e Interdisciplinar "Interface: Psicanálise e Literatura". Na presente edição, oferecemos alguns dos trabalhos apresentados na ocasião por professores dos mais diversos programas de pós-graduação internacionais e nacionais além de outros artigos dedicados à mesma temática.

A Conferência de abertura do Simpósio - "Psicanálise e Literatura: Por que, hoje?", proferida pelo crítico literário e professor da Universidade da Pensilvânia (USA) Jean Michel Rabaté, apresenta diferentes formas de relações entre Psicanálise e Literatura, problematizando os limites e possiblidades desse privilegiado campo de diálogo.

Os artigos que compõem a seção temática representam a especificidade interdisciplinar da revista Trivium: "Notas sobre a transmissão: articulações entre tradição e criação", de André Oliveira Costa, discute as condições da transmissão da cultura a partir dos referenciais de S. Freud e da teoria política de H. Arendt, tendo como pano de fundo o romance Meu nome é vermelho de Orhan Pamuk. "O amor dito por uma mulher - a transmissão de Diotima a Sócrates", de Camilla Mariana Rehem Ferreira, traz uma discussão importante, com base no Seminário 8: A transferência de J. Lacan, sobre a palavra de uma estrangeira e o fracasso do jogo socrático dos significantes. "Leitura de quatro sonetos de Ivan Junqueira", artigo de Carlos Augusto Viana e José Rogério Santana, revela algumas singularidades da escritura do poeta carioca. "Fome: o umbral da vergonha", de Karla Martins e Daniel Kuperman, estabelece um diálogo entre a literatura de testemunho sobre a experiência concentracionária ocorrida em três momentos da história do Estado do Ceará e os estudos de S. Ferenczi, para melhor esclarecer os efeitos da desautorização relativa à vivência subjetiva desses traumas. Livine Bailar-Robert em "O sonho, um vestido cosido de linguagem", apoia-se nas ideias do crítico literário e semioticista R. Barthes, desenvolvidas no livro Systéme de la mode, para interrogar a penetração da linguagem das roupas na escritura inconsciente. "Uma escrita do feminino: Barragem contra o Pacífico, de M. Duras", ensaio de Márcia Barcellos Alves e Maria Cristina Poli, explora, à luz das formulações de J. Lacan acerca da dinâmica do gozo, os impasses da presença do feminino e do materno da mãe na referida obra. Em "Ifigênia em Áulis: a guerra, as núpcias e a morte", Terezinha da Cunha Vargas e Vera Pollo estabelecem, a partir da tragédia de Eurípedes, um diálogo profícuo entre a Psicanálise, tomando por base os estudos freudianos sobre as mulheres, a guerra e a morte, e a Literatura clássica.

Na seção "Artigos livres", os trabalhos testemunham a indissociabilidade entre a prática e a teoria psicanalítica. "O desejo de ter um filho e a mulher hoje", de Cristina M. Marcos, apresenta alguns fragmentos clínicos que permitem esclarecer conjugações sobre o desejo de ter um filho para uma mulher na contemporaneidade, bem como responder algumas das questões sobre a maternidade, para além do possível valor fálico da criança. Nilda Martins Silleri, em "Objeto a e Outro: cede-se uma libra de carne", expõe o que considera ser a premissa base da clínica e da teoria lacaniana, a saber, o sujeito é efeito de linguagem e, ao mesmo tempo, causado pela ausência de objeto, o que o caracteriza como desejante e pulsional.

A resenha de Mara Selaib, "Cruzamentos lógicos no debate sobre as sexualidades", é um convite à leitura de Corpos, sexualidades, diversidade, uma coletânea de textos dedicados a tema da sexualidade à luz da teoria psicanalítica. "Invenções intuitivas, a gramática de Elida Tessle", o comentário do crítico de artes Donaldo Schüler à Exposição Recortar, Copiar, Colar, encerra este número, potencializando a ideia defendida ao longo dos últimos anos pela Trivium, de que Psicanálise, Arte e Literatura são disciplinas afins que não se deixam moldar pelo saber acadêmico.

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