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Trivium - Estudos Interdisciplinares
versión On-line ISSN 2176-4891
Trivium vol.13 no.spe Rio de Janeiro mar. 2021
https://doi.org/10.18379/2176-4891.2021vNSPEAp.23
OS DISCURSOS E AS CAUSAS
O estatuto do significante mestre na segregação: causa e efeito do discurso
The status of the Master Signifier in segregation: cause and effect of the discourse
Le statut du signifiant maître dans la ségrégation: cause et effet du discours
Vinicius Anciães DarribaI; Marcos Vinicius BrunhariII; Lívia Beatriz Lisboa PereiraIII
IProfessor Associado do Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Membro do Programa de Pós-graduação em Psicanálise. E-mail: viniciusdarriba@gmail.com
IIProfessor Adjunto do Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). E-mail: mvbrunhari@gmail.com
IIIDoutoranda do Programa de Pós-Graduação em Psicanálise da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. E-mail: liviablp@gmail.com
RESUMO
Pretende-se neste artigo estabelecer a distinção, ou apontar índices de diferenciação entre a segregação como causa do discurso e a segregação como efeito da universalização promovida pela ciência, ambas trabalhadas no ensino de Lacan. Essa investigação terá como eixo, aqui, o estatuto do significante mestre, interrogando as mudanças no mesmo, correlatas às distintas formulações da noção de segregação. Ao tomar a segregação como efeito da universalização, entram em jogo modificações nas estruturas sociais nas quais está implicada a problemática do significante mestre.
Palavras-chave: SEGREGAÇÃO; GOZO; SIGNIFICANTE MESTRE.
ABSTRACT
The aim of this article is to establish the distinction, or to point out indices of differentiation between segregation as a cause of discourse and segregation as an effect of the universalization promoted by science, both worked within Lacan's teaching. This investigation will focus, here, on the status of the Master Signifier, questioning it's changes that are related to the different formulations of the notion of segregation. By taking segregation as an effect of universalization, changes in the social structures in which the problem of the Master Signifier is involved come into play.
Keywords: SEGREGATION; JOUISSANCE; MASTER SIGNIFIER.
RESUMÉ
Le but de cet article est d'établir la distinction, ou de mettre en évidence des indices de différenciation entre la ségrégation comme cause du discours et la ségrégation comme effet de l'universalisation promue par la science, toutes deux travaillées dans l'enseignement de Lacan. Cette enquête s'appuie ici sur le statut du Signifiant Maître, en questionnant des altérations de celui-ci liées aux différentes formulations de la notion de ségrégation. En prenant la ségrégation comme un effet de l'universalisation, des changements dans les structures sociales dans lesquelles le problème du Signifiant Maître est impliqué entrent en jeu.
Mots clés: SÉGRÉGATION; JOUISSANCE; SIGNIFIANT MAÎTRE.
Introdução
Desde sua origem latina (segregationem), "segregação" traz a ideia de separação, ou de apartamento de uma coisa que estava entre outras.Não é, portanto, um termo lacaniano e sua constatação não é uma exclusividade da Psicanálise, mas uma representação de linguagem, firmada ao longo da história. A amplitude que o termo envolve pode levar a interpretações equivocadas dentro do próprio ensino lacaniano, se tomado o sentido a partir de coordenadas sociológicas e políticas, como discriminação e exclusão. Dessa maneira, segundo Askofaré (2009), para separar o conceito de segregação do das demais ciências e compreendê-lo na perspectiva de Lacan, é necessário localizar previamente as duas distinções que ele realiza: a primeira, de que existe uma segregação como causa, mais precisamente como princípio da fraternidade e do discurso (Lacan, 1969-1970/1992), e a segunda, de que ela se manifesta como efeito da universalização promovida pela ciência, a qual implica o remanejamento das hierarquias sociais (Lacan, 1967/inédito).
Assim posto, o objetivo deste artigo é interrogar o estatuto do significante mestre, ou seja, o funcionamento do S1 no âmbito das proposições de Lacan em torno da ideia de segregação. O S1, tradicionalmente tomado, nos termos do discurso do mestre, como agente do discurso e da consequente produção do saber (S2), se teria deslocado dessa sua posição, considerando a progressão da ciência e seus efeitos na ordem social (Lacan, 1969-1970/1992). Nesse sentido, questionamos se o modo como figura a segregação no ensino de Lacan encontra-se relacionado à mutação no laço social que se conjugaria às mudanças expressas pela articulação de S1 ao longo do mesmo.
Nessa busca, utilizaremos como referência, em um primeiro momento, o Seminário livro 9: a identificação (1961-1962/2003c), no qual Lacan pensa o traço unário como primeira marca do significante, aquele que faz surgir o sujeito como consequência e, deste modo, implica as identificações ao simbólico, a partir da relação com o Outro. Neste ensejo, seguiremos como Seminário livro 11: os quatro conceitos fundamentais da psicanálise (1964/1996) e com o texto A posição do inconsciente (1964/1998), quando Lacan esclarece a ocorrência da primeira alienação a um significante (S1), sem o qual não haveria sujeito no real. Por conseguinte, interrogará como, na impossibilidade de se fazer representar por um único significante, um novo significante (S2) é convocado, inaugurando a cadeia simbólica. Finalmente, nos dirá das consequências da separação, quando o desejo e o objeto a consumam a operação. Desta acepção, concluímos que, da operação constituinte da alienação a um significante fundante para o sujeito, restará algo que, alheio à representação significante, não deixará, entretanto, de designar o ser - o objeto a.
Isso posto, indicada a operação, na linguagem, responsável pelo aparecimento de um sujeito e das identificações, partiremos para o Seminário livro 16: de um Outro ao outro (1968-1969/2008) e para o Seminário livro 17: o avesso da psicanálise (1969-1970/1992), com o intuito de pensarmos, a partir da teoria dos discursos, como a relação do sujeito com o significante mestre (S1) se conjuga à ideia da segregação como causa ou estrutura. Para concluir, considerando o apontamento de Lacan de que há uma segregação que se amplia como efeito da progressão da presença da ciência em nosso mundo, associaremos à discussão o texto Breve discurso aos psiquiatras (1967/inédito), a fim de articular à discussão o fator da universalização promovida pela ciência. Consideraremos, nesse momento, o estatuto do S1 e do S2 no discurso da época, perguntando sobre novos modos de segregação na contemporaneidade.
O sujeito e o significante mestre
Em 1961-1962, no Seminário sobre a identificação, Lacan dedica-se a pensar a identificação do sujeito ao significante, problematizando as relações estabelecidas entre o sujeito, o grande Outro e o pequeno outro. Ele privilegia, nesse contexto, o traço unário como marca primeira que faz surgir o sujeito a partir desse suporte. Nesse sentido, Lacan (1961-1962/ 2003c, p.26) acentua a importância do simbólico, já que delimita o conceito de identificação a esse registro, afastando-se de uma possível apreensão através do viés imaginário:
O que quero tentar articular para vocês são as leis da identificação enquanto identificação de significantes. Assinalemos ainda, como um lembrete, que para nos atermos a uma oposição que seja para vocês um suporte suficiente, o que se opõe a esta, aquilo de que ela se distingue, que necessita que elaborem a sua função, é que a identificação da qual ela se distancia é a identificação imaginária, aquela da qual, há muito tempo, eu tentava mostrar a vocês o extremo, o plano de fundo do estádio do espelho (Lacan, 1961-1962/ 2003c, p.26).
Com isso, Lacan (1961-1962/2003c, p.115) nos dirá que não há um traço para constituir o imaginário do corpo, o "imaginário passa ser radicalmente repelido [...] ele é o que é: efeito do corpo, e como tal recusado como testemunha de qualquer verdade". Assim, se o imaginário não é o suporte da identificação, ela estará ligada ao traço unário, elemento estrutural que garante a função da cadeia significante, como uma garantia. É do efeito do significante que o sujeito surge como tal. Em 1964, no Seminário livro 11: Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise (1964/1996), Lacan ainda dirá que o $ (sujeito barrado) é secundário à entrada do significante. O traço unário é a marca constitutiva da diferença, marca da divisão do sujeito pela linguagem. Com isso, ele responde pela singularidade, é um traço sem qualidade, suporte da diferença: "O traço unário, o próprio sujeito a ele se refere, e de começo ele se marca como tatuagem, o primeiro dos significantes" (Lacan, 1964/1996, p.135). Essa é a marca da primeira esquize do sujeito, quando passa a se situar de forma distinta daquilo que o constituiu.
O traço unário é introduzido para nos dizer que o sujeito, de início, se identifica primordialmente com uma insígnia, não com uma representação, o que distingue a identificação da representação. Neste sentido, na identificação o que se verifica é a relação do sujeito com essa insígnia, o Um, o S1. Deste lugar, verificam-se duas posições, aquela em que o sujeito é esse traço significante, marca inicial, e, também, a da identificação com o objeto a que aparecerá como resto da operação.
Eu lhes ensino então a se guardarem de confundir a função do $ com a imagem do objeto a, na medida em que é assim que o sujeito, este, se vê, redobrado - se vê como constituído pela imagem refletida, momentânea, precária, da dominação, se imagina homem apenas pelo que se imagina (Lacan, 1964/1996, p.135).
Para uma melhor compreensão, Lacan retorna ao modelo ótico, ao estádio do espelho, que havia introduzido anteriormente (Lacan, 1949/1998a), para dizer de um tipo de identificação quando o sujeito assume uma imagem, "a matriz simbólica em que o eu se precipita numa forma primordial, antes de se objetivar na dialética da identificação com o outro e antes que a linguagem lhe restitua, no universal, sua função de sujeito" (1949/1998a, p. 97). Neste sentido, pontua algo concernente ao Eu ideal, como a forma adquirida na precipitação imaginária. Em 1964, dir-nos-á que "é no Outro (A) que o sujeito se constitui como ideal, que ele tem que regular o acerto do que vem como eu, ou o eu ideal - que não é o ideal do eu - quer dizer, a se constituir em sua realidade imaginária." (Lacan, 1964/1996,p. 137). Onde o sujeito se vê, onde ele forja a sua imagem real e invertida do corpo, não é desse lugar que ele se olha, mas sim do lugar do Outro (A).
No texto A posição do inconsciente, Lacan (1964/1998b) fala de um sujeito virtual, no sentido de que ele ainda não existe, que está por vir. Entretanto, anterior ao sujeito, existe este lugar passível de aliená-lo. A alienação é, por conseguinte, um destino e correlata ao encontro do ser com o campo da linguagem. Neste momento constitutivo, ensina Lacan, o Outro (A) se coloca como prévio ao sujeito, pois o campo da linguagem o precede como antecedente lógico. Ainda que o ser prematuro não possa decifrá-la, pressupomos sua anterioridade. Esse ser prematuro irá ao campo do Outro para inscrever-se sob um significante, dando-se o encontro com o Outro e as primeiras trocas simbólicas. É, portanto, em razão da existência do ser falante que o sujeito pode aparecer no real. Pensemos nesse ser prematuro como um conjunto desabitado, enquanto o Outro encarna um conjunto composto por significantes. É a identificação com um primeiro significante (S1) qualquer, no campo do Outro, que funda o sujeito. Neste movimento, quando vai ao campo do Outro, o ser fica petrificado, eclipsado, cristalizado pelo significante: "O significante no lugar do Outro ainda não discernido, ele faz surgir ali o sujeito do ser que ainda não possui fala, mas a preço de cristalizá-lo" (Lacan, 1964/1996, p.854).
Isso significa que o sujeito só pode surgir sob pena de desaparecer através da incidência e identificação ao significante. Segundo nos conduz Lacan, se por um lado existe o ser, no seu oposto há o campo do silêncio, do desaparecimento. Assim, neste primeiro momento, alienante do sujeito, estabelece-se a divisão entre a promoção do sentido e a afânise, o desaparecimento do sujeito:
A alienação consiste nesse vel que - se a palavra condenado não suscita objeções da parte de vocês, eu a retomo - condena o sujeito a só aparecer nessa divisão que venho, me parece, de articular suficientemente ao dizer que se ele aparece de um lado como sentido, produzido pelo significante, do outro ele aparece como afânise (Lacan, 1964/1996, p.199).
Nesta operação, a alienação inicial a um significante primeiro qualquer S1 no campo do Outro faz com que o sujeito possa surgir a partir dessa identificação. O primeiro significante S1 convoca um segundo significante S2, constituindo assim uma cadeia mínima (S1→ S2). Desta maneira, a partir deste ato, adentra no mundo simbólico, permitindo que o sentido se construa como consequência.
Contudo, esse campo não poderá representá-lo de todo. Se um significante é o que representa o sujeito para outro significante, já se supõe aí uma fenda, um significante não pode representar todo sujeito. Ao alienar-se no campo do Outro há uma perda do ser, para entrar no campo da linguagem algo do vivo se perde. Isso quer dizer que o sujeito não pode estar representado na sua totalidade no campo do Outro. Assim, não-todo sujeito se encontra no Outro. Portanto, é relevante o fato de que o sujeito não se manifesta senão no intervalo S1→ S2, ou seja, antes do sentido se constituir, mas depois do significante ter sido capturado.
Se na alienação verificamos a reunião, na segunda operação - na separação - consideraremos a lógica da interseção ou produto. Verificaremos a Ichspaltung do sujeito, a sua fenda, ou o enigma que surge do desejo do Outro: "O sujeito reencontra no desejo do Outro sua equivalência ao que ele é como sujeito do inconsciente [...] o vel retorna como velle - vouloir, desejo" (Lacan, 1964b/1998b, p.857). Na separação, quando o sujeito se encontra representado pela fenda do binarismo do significante, ali se aloja o enigma do Outro enquanto desejo: "o sujeito traz a resposta da falta antecedente de seu próprio desaparecimento, que ele vem aqui situar no ponto de falta percebida no Outro" (Lacan, 1964/1996, p.203).
Com isso, é na falha do Outro que o sujeito irá supor um desejo a ser realizado. Na separação, verificamos outra dimensão do Outro, pois esse, na sua estrutura, só pode ser representado através de S1→ S2. Assim, há também, no campo do Outro, uma falta, uma lacuna. Por conseguinte, o resto que verificamos no campo do sujeito é o pequeno a, assim como, no campo do Outro, o resto também é o pequeno a. Dessa forma, o a configura a interseção entre os dois campos. Esse é o fundamento algébrico da divisão: o que não acede ao significante aparecerá como um resíduo, o objeto que o exila da sua subjetividade enquanto simbolizável. Esse objeto será concebido como causa do desejo. Distinto do objeto metonímico, ele estará atrás do desejo, sustentando-o sem configurar, entretanto, a sua visada. O objeto a é da ordem do inassimilável, daquilo que se produz na relação entre o sujeito e o Outro. Assim, na fórmula da fantasia encontramos a relação entre o sujeito do significante ($) e o objeto do desejo como a. Em termos constitutivos, o a se situa em um tempo de exteriorização, antes de qualquer interiorização, momento indistinto entre o eu e o não-eu: "É a esse exterior, lugar do objeto, anterior a qualquer interiorização, que pertence a ideia de causa" (Lacan, 1962-63/2005, p.116).
Da mesma forma que não existe sujeito sem a barra, por conta da sua alienação ao significante, não há Outro sem barra. Isso quer dizer que não há garantias no Outro. O Outro barrado constitui o inconsciente, constitui o sujeito como inconsciente, a partir do efeito do significante. Assim, a primeira falta do sujeito dá-se na medida em que ele se identifica ao significante; ali ele fica petrificado, alienado, na sua tentativa de representar-se. Quando, porém, um significante representa o sujeito para outro significante, a alienação se produzindo, desta operação algo escapa; e, para além, há uma segunda falta, que se evidencia quando na identificação ao significante, algo de singular pode ser inscrito através da fantasia que revela a relação entre o sujeito barrado e o objeto a como causa do desejo.
Segregação como causa do discurso
Considerando o exposto quanto às relações entre o sujeito, o significante e o objeto a como resto da operação, podemos recorrer à elaboração do Seminário livro 17:o avesso da psicanálise, em que Lacan (1969-1970/1992) falará de uma segregação estrutural, que se apresenta como princípio ou causa de todo discurso. Tomando como paradigma o mito de Totem e Tabu (Freud, 1912-1913/1996a), ele nos dirá que da fraternidade que surge com a morte do pai da horda, em função da própria energia gasta na tarefa de sermos irmãos, pode-se concluir que, em verdade, não o somos. O fundamento da fraternidade se institui em referência a um S1- significante mestre - que determina a castração e ao modo de tratamento do gozo que ali se realiza.
O significante mestre (S1) é aqui aquele que representa o sujeito, frente ao saber no Outro, para outro significante. Por isso mesmo, o inconsciente pode ser lido, porque existem os termos - significantes mestres, que ordenam a sua lógica. Segundo Lacan (1969-1970/1992, p.93), "em determinado ponto de ligação, especialmente aquele, absolutamente primeiro, do S1 ao S2, é possível que se abra a falha que se chama sujeito. Ali se operam os efeitos de ligação, no caso significante". Portanto, a linguagem é a condição para o inconsciente. O S1 é o elemento, no lugar de agente, de onde parte o discurso, enquanto significante mestre; o S2é a bateria dos significantes que ocupa o lugar do trabalho. Isso quer dizer que o S1 é o significante dominante que intervém para a produção discursiva de saber que cabe a S2.
A estrutura S1→ S2 revela, portanto, de um lado, a impossibilidade de o S1 governar todo sentido através de S2, porque o que se produz é um saber clivado. Por outro lado, produz-se uma ordenação, ordem que se impõe ao campo do Outro e que inaugura uma estrutura de saber, onde o sujeito se aliena ao campo do Outro, mas que, entretanto, implica uma perda, um resto - o objeto a. Indica-nos, assim, que o agente S1, na sua relação com S2, faz o S2 trabalhar em busca de um sentido. O que se produz é, entretanto, o gozo do objeto a, como
excesso que se perde no funcionamento do aparelho, o que depõe, como efeito de verdade, o sujeito dividido ($) e indeterminado. Lacan se refere a uma falta, a falta de um significante para designar o ser e a assunção do desejo. O desejo revela a falta-a-ser, o que se contrapõe à ideia de se alcançar um termo último que comportaria a significação definitiva - parte superior do matema do discurso do mestre. A fantasia tem um lugar privilegiado, pois descortina a relação do sujeito com o objeto a do desejo - parte inferior do discurso.
Com isso, tem-se o que Lacan (1969-1970/1992) designa como discurso do mestre e o discurso do inconsciente, daquele que faz uso da linguagem,
No Seminário livro 16: de um Outro ao outro (1968-1969/2008), Lacan já havia estabelecido a função do objeto a como mais-de-gozar, dirá que ela é inerente ao discurso e demonstra que a renúncia ao gozo é própria do efeito do discurso. Isso quer dizer que, ao tomar o campo do Outro, o discurso comportará o mais-de-gozar, já que o sujeito encontra-se aí implicado: "o sujeito, seja qual for a forma em que se produza em sua presença, não pode reunir-se em seu representante de significante sem que se produza, na identidade, uma perda, propriamente chamada de objeto a" (Lacan, 1968-1969/2008, p.21).
Dessa forma, o mais-de-gozar demonstra que, em relação à renúncia ao gozo, na definição do sujeito como causado pela relação com os significantes, há uma dimensão de aposta, em que a vida se reduz a um elemento de valor, visto que, em torno do mais-de-gozar gira a produção de um objeto, o objeto a. Será em torno de a, do mais-de-gozar, precisamente na fórmula da fantasia ($◊a), que se constrói a solda, a fixação, o congelamento que unifica o sujeito como sujeito de um discurso. Mas, se o Outro, lugar do código onde o discurso ganha alguma consistência não pode assegurar a verdade do sujeito - pois o Outro em realidade é inconsistente, é o lugar do Eu falo mítico, "fornece apenas a textura do sujeito" (Lacan, 1968-69/2008, p.64) -, a verdade será revelada na função de a: "não é outra coisa senão o objeto a, uma vez que o objeto a é o furo que designa o nível do Outro como tal, quando ele é questionado em sua relação com o sujeito" (p.50).
Diante disso, é importante ressaltar que o significante mestre (S1) estrutura a discursividade do inconsciente, mas ele também está no laço social, com uma função coletivizante e ordenadora. Como um componente estruturante da linguagem, que pode mudar de lugar e função na constituição dos discursos, sem, entretanto, jamais desaparecer, como verificamos nos quatro discursos formalizados por Lacan (1969-1970/1992).
Nesse sentido, o significante mestre garante a legibilidade do discurso, posto que esse se estrutura a partir de um significante, e esse significante instaura, por um lado, um movimento de segregação e, por outro, faz surgir a fraternidade. Com isso, a segregação fortalece as identificações por uma incompatibilidade que se afirma a partir de determinados traços de diferença, que refletem o campo do gozo. O que se verifica nesta problemática são as relações entre identificação e segregação - o sujeito se aliena como significante no campo do Outro e, consecutivamente, ocorre uma separação, que não é exatamente do campo do Outro, mas do gozo extraído do corpo e separado do Outro. É situada aí a relação entre fraternidade e segregação que o matema do discurso articula.
Assim, o que verificamos no laço social são identificações que pretendem regular o gozo a partir de uma articulação discursiva; o que, demonstram as estruturas do discurso, revela uma impossibilidade, já que o gozo, sendo ele singular, mostra-se rebelde à tentativa de coletivização. Qualquer ideia que defenda uma pretensa naturalização da fraternidade, da igualdade e da liberdade somente revela o seu engodo, o encobrimento de um movimento constitutivo e inicial de segregação. Como Lacan (1969-1970/1992, p.120) nos diz: "só conheço uma única origem da fraternidade, é a segregação". Nesse sentido, a fraternidade revela que estamos isolados juntos, isolados do outro a partir do gozo. Se existe a possibilidade de se comporem posições discursivas, considerando a relação com o significante, há, sob segregação, o que do gozo que é refratário.
Segregação como efeito do discurso da ciência
No Breve discurso aos psiquiatras, antes de introduzir a teoria dos discursos, Lacan (1967/inédito) trata da segregação sob outra perspectiva, como efeito, resposta à universalização promovida pela ciência. Não se trata de indicar algo novo, mas de reiterar, aprofundando, a posição que vinha adotando anteriormente, no sentido de que o sujeito com que a psicanálise opera se define pelo que teria implicado o estabelecimento da ciência moderna (Lacan, 1965/1998c). O saber que a ciência promove, segundo Lacan, forjou-se a partir do isolamento de um sujeito puro, que não existe em nenhum lugar, mas somente como sujeito deste saber científico. Este sujeito puro, engendrado pela universalização da ciência, "é um sujeito do qual uma parte está velada, aquela, justamente, que se expressa na estrutura do fantasma, a saber, aquela que comporta outra metade do sujeito e sua relação com o objeto a". (Lacan, 1967/inédito, p.28). A pureza desse sujeito conjecturado pela ciência faz jus à universalização ao tornar velada a estrutura fantasmática. O velar dessa estrutura obtura a divisão que constitui o sujeito em sua relação própria com o gozo. Dessa forma, nesse processo de purificação do sujeito, há algo implicado para além do que destacamos acima quanto à segregação em seu lugar de causa.
A prevalência do sujeito puro da ciência moderna, associado à universalização, vem questionar, segundo Lacan (1967/2003a), as hierarquias sociais, desmantelando o que definiria uma antiga ordem. Frente a essa universalização do sujeito, articulada à ciência por Lacan, e ao remanejamento dos grupos sociais que a acompanha (Lacan, 1967/2003b), é proposto haver, como efeito, uma contrapartida: a ampliação dos processos de segregação. A partir do apagamento das fronteiras, das hierarquias, como Lacan (1967/inédito) situa, está-se diante de uma segregação que é posicionada como efeito do que viria se estabelecendo. Sobre a ampliação da segregação como efeito do processo em que estaríamos inseridos, consideremos a seguinte afirmação de Lacan:
Os homens estão enveredando por uma época que chamamos planetária, na qual se informarão por algo que surge da destruição de uma antiga ordem social, que eu simbolizaria pelo Império, tal como sua sombra perfilou-se por muito tempo numa grande civilização, para ser substituída por algo bem diverso e que de modo algum tem o mesmo sentido - os imperialismos, cuja questão é a seguinte: como fazer para que massas humanas fadadas ao mesmo espaço, não apenas geográfico, mas também, ocasionalmente, familiar, se mantenham separadas? (Lacan, 1967/2003b, p.361)
Essa época planetária pode ter como equivalente a globalização e seus consequentes remanejamentos nas estruturas sociais. Tais remanejamentos, nas palavras de Lacan, são descritos pela destruição de um Império caracterizado pelos avanços civilizatórios examinados por Freud (1930/1996b) em seu fundamento: a renúncia pulsional. O Império, concatenado ao mal-estar, é substituído pelos imperialismos que, segundo o psicanalista francês, tendo como questão o remanejamento tanto social quanto geográfico das massas humanas, traduzem-se não somente pelo mal-estar trabalhado por Freud (1930/1996b), mas por uma prática que aí figura como efeito: a segregação (Lacan, 1967/inédito). É possível articular os imperialismos com o mercado comum, a que também faz referência Lacan (1967/2003a). Finalmente, na medida em que a segregação aí em jogo se evidencia como prática corrente, ela convocaria os psicanalistas a responderem a esta "subversão sem precedentes" (Lacan,1967/2003b, p.361).
Toda a mudança gerada pelo modo de presença que a ciência assume terá uma contrapartida que, como vimos, se traduz não apenas pelo mal-estar anunciado por Freud (1930/1996b), mas por uma prática que se verá cada vez mais estendida, conjugada por Lacan através do termo segregação. Esse efeito de segregação, que não se esclarece estritamente pela lógica do mal-estar, teria como precursor, ainda segundo o autor (Lacan, 1967/inédito), o campo de concentração, nesse sentido, ocupa, no discurso do mestre moderno, o lugar do gozo, e a segregação, dirá Brousse aí, é "o modo predominante de gozo atualmente (...), a nova solução dada ao gozo" (Brousse, 2002, p.45).
A prática da segregação, executada pelos regimes totalitários na Europa, tem no campo de concentração uma peculiaridade que não é despercebida por Lacan. Isso é pontuado, na Proposição de 9 de outubro (1967/2003a), como um ponto de fuga no horizonte da psicanálise em extensão. Lacan indica três pontos de fuga, cada qual orientado pelas dimensões do simbólico, do imaginário e do real. Sendo o primeiro voltado à problemática psicanalítica do Complexo de Édipo e a segunda à unidade pautada pelas identificações imaginárias na instituição psicanalítica, interessa-nos apenas o último. Este é relativo ao real e traz o campo de concentração (Lacan, 1967/2003a, p.263) como precursor daquilo que se desenvolve pelo remanejamento dos grupos sociais. Este processo é francamente orientado pela ciência e parte da universalização enquanto primazia. A propagação científica da universalização põe em marcha algo que está além do mal-estar proferido por Freud na medida em que propaga um sujeito puro. O estatuto de tal sujeito depende da obturação da estrutura fantasmática, a qual enquadra, de maneira singular, um laço entre o sujeito dividido e o objeto a.
Se a segregação é um efeito cujo princípio se encontra na universalização de um sujeito puro, é no rechaço do laço social que "nosso futuro de mercados comuns encontrará seu equilíbrio numa ampliação cada vez mais dura dos processos de segregação" (Lacan, 1967/2003a, p.263). O futuro de mercado comum, ascendente dos precursores nazistas, projeta em um patamar econômico a universalização do sujeito puro. Como consumidor ou empreendedor, este sujeito das estatísticas é regido pelo que está fora da estrutura fantasmática. A segregação revela-se aí não como a rejeição de um gozo inassimilável, que está no princípio dos discursos, mas como efeito do que o discurso da ciência, sob a regência do capitalismo, pode vir a implementar.
O estatuto do S1 no discurso do mestre moderno
Retomando a teoria dos discursos, veríamos, com o progresso da ciência, uma mudança com relação à discursividade na qual, anteriormente, o S1 ocupava o lugar de agente no discurso do mestre. Segundo Lacan (1969-1970/1992, p.22), "um verdadeiro senhor - vimos isto em geral até uma época recente, e se vê cada vez menos -, um verdadeiro senhor não deseja saber absolutamente nada, ele deseja que as coisas andem". A partir desse ponto, explica a modificação discursiva em que o senhor não mais se instalará no discurso do mestre antigo, mas ocupará seu lugar no que chamou discurso universitário, discurso no qual afirma, nesse momento, que a ciência se alicerça. Nele, é o S2 que ocupa o lugar do agente, "o S2 tem aí um lugar dominante na medida em que foi no lugar da ordem, do mandamento, no lugar propriamente ocupado pelo mestre que surgiu o saber" (Lacan, 1969-1970/1992, p.109).
O saber, antes lugar do escravo, passa para o lugar do senhor: "o que se opera entre o discurso do senhor antigo e o do senhor moderno, que se chama capitalista, é uma modificação no lugar do saber" (Lacan, 1969-1970/1992, p.32). O escravo é despojado do lugar do saber e o que está em jogo nesta nova posição do senhor é a elevação da tirania do saber. E Lacan afirma:
Pelo mero jogo de uma verdade, não abstrata, mas puramente lógica, pelo mero jogo de uma combinatória estrita, submetida simplesmente à necessidade de que, sob o nome de axiomas, lhe sejam sempre apontadas as regras, pelo mero jogo da uma verdade formalizada - eis que se constrói uma ciência que nada mais tem a ver com os pressupostos que desde sempre a ideia de conhecimento implicava (Lacan, 1969-1970/1992, p.169).
O saber, na concepção lacaniana, revela o corte que foi efetuado, "um saber desnaturado de sua localização primitiva no nível do escravo por ter se tornado puro saber do senhor, regido por seu mandamento" (Lacan, 1969-70/1992, p.110). O mandamento desse senhor contemporâneo, como um imperativo categórico, é saber sempre mais.
Assim, é a introdução das verdades numéricas no mundo, do que é contável, é esse processo que faz surgir no lugar do senhor uma nova articulação do saber de cuja ordem (de saber) o escravo não mais fará parte, e da qual será, por consequência, o produto. Nesse sentido, o escravo/trabalhador será uma unidade de valor, um índice. Naquilo que Marx denuncia na mais-valia como espoliação, dirá Lacan (1969-70/1992) tratar-se da espoliação do gozo. Por homologia à mais-valia de Marx, Lacan faz equivaler a função do mais-de-gozar ao que cabe ao objeto a. Com isso, podemos pensar a ideia de mais-de-gozar como um excedente, algo que sobra, que se recupera como gozo em perda e não se pode quantificar. Assim, o trabalhador perde algo e essa perda engendra uma reconquista, o mais-de-gozar:
Não foi Marx, obviamente, quem inventou a mais-valia. Só que antes dele ninguém sabia o seu lugar. Era o mesmo lugar ambíguo que o que acabo de dizer, do trabalho a mais, do mais-de-trabalho. O que isso paga, pergunta ele - senão justamente o gozo, o qual é preciso que vá para algum lugar? (Lacan, 1969-70/1992, p.18)
Lacan concebe, então, a sua ideia fundamental: que o discurso implica em uma perda que será recuperada como mais-de-gozar. Essa recuperação pode ser verificada naquilo que o capitalismo forja, na sua relação com a ciência, nos objetos de consumo. Os objetos, nesse caso, vêm para preencher, servir de tampão, enquanto derivações dos objetos causa do desejo, aqueles que se podem designar como o que concerne a a. É um processo que domina cada vez mais nossa vida cotidiana, até a incidência, o erratismo, dos objetos a. Para além, Lacan sugere que o próprio saber em nosso tempo tornou-se uma mercadoria, que existe um mercado e que ele se remunera pelo saber. Nesse movimento de unificação do saber, vemos a ciência assentar-se em um discurso, no discurso universitário.
Para Lacan (1968-1969/2008, p.40) é a partir da unificação desse saber que o gozo se organiza, se ordena e se institui como "rebuscado" e "perverso" nos tempos atuais.
Considera-se, portanto, que, a partir dessas demarcações, se pode compreender a afirmação lacaniana de "que a realidade capitalista não tem relações muito ruins com a ciência. Não se dá nada mal com ela. E tudo indica que isso pode continuar a funcionar assim, pelo menos por algum tempo" (Lacan, 1968-1969/2008, p.38).
Para Laurent (2014), o que se viu com júbilo a partir dos processos de globalização, da integração das nações e dos mercados comuns, não permitiu evidenciar de imediato aquilo que Lacan previu, ou seja, a promoção de um gozo que engendrará um modo de rejeição radical do gozo do Outro. Assim, o que está a se revelar é uma civilização movida mais por choques de gozo - gozos múltiplos que fragmentam o laço social, do que pelo que anteriormente se reconhecia como choques de civilização, onde estariam em jogo as fronteiras, os grupos, as estruturas hierárquicas. O S1, no lugar de agente, ordenava o gozo.
Assim, concluímos que, na segregação como efeito da ciência, verificamos uma modificação na função do S1. Se anteriormente, no discurso do mestre, ele possuía uma função basilar e oferecia um pertencimento ao sujeito no campo do Outro, no discurso universitário, ou da ciência, o S1 estará no lugar da verdade, mas, exilado.
Por outro lado, se a universalização, a promoção de um sujeito puro, é a maneira que a ciência encontra para elaborar o real, em uma prática que parece sem limites, é preciso assinalar que a ciência encontraria o seu limite no que não é universalizável, a saber, o modo de gozo de cada um. É pelo atrelamento da ciência ao discurso do capitalismo que esse ilimitado se configura como uma busca desenfreada empreendida em nome de um encontro com o mais-de-gozar. O encontro com o objeto de gozo é proporcionado pelo discurso do capitalismo em uma política que não se baseia no laço social e que promove o mercado comum, em que a complementaridade com o objeto é disponibilizada. Dessa forma, a eficácia do discurso universal que a ciência promove explica a ressurgência dos discursos mais radicais da tradição que não deixam de tentar fazer valer sua prescrição para o gozo.
Referências
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