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Boletim de Psicologia
versión impresa ISSN 0006-5943
Bol. psicol vol.67 no.146 São Paulo ene. 2017
ARTIGOS ORIGINAIS
Canção como recurso de trabalho para psicólogos: um levantamento de artigos publicados
Song as a psychologist's work resource: a review of published articles
Karen Yuriko Nagaishi1,*; Marcos Alberto Taddeo Cipullo2,*
Universidade Federal de São Paulo – Campus Baixada Santista - SP - Brasil
RESUMO
É crescente a utilização da música como um instrumento para auxiliar intervenções no processo saúde-doença, por proporcionar interferências no comportamento humano de forma geral. Este trabalho analisou artigos, publicados nas bases de dados SciELO e BVS, acerca do uso de canções, por parte de psicólogos brasileiros, em intervenções frente a algum público-alvo específico. A partir dos critérios de inclusão e exclusão, foram recuperados nove trabalhos, na íntegra, para discussão. Os resultados das pesquisas revelaram escassez de publicações sobre o tema específico no terreno da Psicologia. Também foi verificado que canções, atreladas a outras formas de expressão (dança, teatro, rodas de discussão, etc.), podem propiciar identificações, catarse, evocação de memórias, compartilhamento de experiências e histórias de vida e influenciar comportamentos, favorecendo processos de resiliência e reabilitação psicossocial. Aponta-se para a necessidade de maiores estudos na área.
Palavras-chave: Música; canção; Psicologia; revisão bibliográfica; estudos de intervenção.
ABSTRACT
There is a growing use of music as a tool to aid interventions in the health-disease process, since it interferes in human behavior in general. This study analyzed articles published on the databases SciELO and VHL (Virtual Health Library), related to the use of songs, by Brazilian psychologists, in interventions to some specific target audience. Nine publications were full retrieved for discussion according to the inclusion exclusion criteria. Research results revealed scarceness of publications on this particular topic in the field of Psychology. It was also found that songs linked to other forms of expression (dance, drama, discussion groups, etc.), can provide identification, catharsis, evoking memories, sharing experiences and life stories and influence behavior, favoring resilience processes and psychosocial rehabilitation. The results points the need of further investigations in the area.
Key words: Music; song; Psychology; literature review; intervention studies.
INTRODUÇÃO
Somos atingidos por sons (desejáveis e indesejáveis) a todo momento e em qualquer lugar. Como afirma Fregtman (1986, p. 49): "Vivemos numa sonosfera". Esses sons provocam reações orgânicas em nós, estejamos conscientes disso ou não.
A partir de uma organização padronizada de sons e, por consequência, de silêncios, pode-se constituir um sistema sonoro que denominamos "música", a qual se configura como um veículo de expressão, capaz de produzir um prazer inusitado (Fregtman, 1986). Wisnik (1989) ressalta a força não-verbalizável (efeitos extra-verbais) desse recurso expressivo, que "atravessa certas redes defensivas ... e toca em pontos de ligação efetivos do mental e do corporal, do intelectual e do afetivo" (p.25). Assim, uma vez que é uma manifestação artística, a música permite a expressão do mundo interior do artista.
No amplo universo da música, há o gênero específico da "canção". Essa sendo, de acordo com Tatit (1996, citado por Carlos, 2014, p. 90), uma "imbricação necessária entre duas semioses, a letra e a melodia". A partir de outra afirmação de Tatit (2007 citado por Falbo, 2010, p. 218), constata-se, então, que "uma análise estritamente musical da canção não é capaz de revelar toda sua riqueza de significados, o mesmo podendo ser dito de um exame que se restringe à letra da canção."
Wisnik (1989), afirma que a canção compreende uma multiplicidade de expressões, uma vez que utiliza palavras, e da forma como elas são entoadas. Ou seja, expressa-se no que é dito (conteúdos verbais) e no como é dito (conteúdos extra-verbais). E, por se tratar de palavras, relaciona-se com a linguagem e seus signos, significados e sentidos.
Wazlawick (2006) ressalta que a música é uma atividade que objetiva subjetividades, isto é, por meio da qual podem-se expressar aspectos subjetivos (sentimentos, pensamentos e emoções). Nesse mesmo sentido, verifica-se que é crescente a utilização da música como um instrumento para auxiliar intervenções no processo saúde-doença (Araújo, Pereira, Sampaio & Araújo, 2014; Brito & Macêdo, 2013; Vargas, 2012), já que proporciona interferências nas emoções, nas relações sociais, na comunicação e no comportamento humano de forma geral. Freire (2011) realizou um estudo com adolescentes cujos resultados mostraram a influência positiva da música no bem-estar psicológico dos sujeitos estudados, à medida que promoveu emoções positivas, estimulou a socialização com pares e familiares e revelou discursos de satisfação com a vida. Verificou-se, ainda, que os gostos musicais dos adolescentes do estudo refletiam aspectos de sua personalidade e individualidade, dando indícios importantes acerca das suas ideias e sentimentos, sobre si mesmos e dos outros.
Sales, Silva, Pilger e Marcon (2011) desenvolveram encontros musicais em casas de famílias com portadores de neoplasias, vinculados ao projeto de extensão "Cuidados paliativos à pessoa com câncer e sua família", do Departamento de Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá. Nesses encontros, voz e violão interpretaram clássicos da música sertaneja, da música popular brasileira (MPB) e músicas religiosas, baseadas na escolha do adoecido, uma vez que a biografia musical está vinculada à biografia de cada pessoa. Os relatos desses entrevistados destacaram a importância que os encontros musicais tiveram em cada situação. Constatou-se que a música, além de proporcionar sensações agradáveis, contribuiu para o bem-estar do adoecido, dando sentido aos seus dias e, assim, confortando seus cuidadores/familiares. Além disso, as visitas suscitaram sentimentos de alegria, tornando o adoecido mais comunicativo, como se a doença parasse no tempo; avivaram nele força e coragem para transcender a própria angústia; trouxeram à tona recordações e preencheram o vazio existencial. Diante das experiências vivenciadas, verificou-se que, no processo de terminalidade, a música pode representar importante apoio psicoemocional e espiritual, auxiliando o indivíduo a enfrentar a doença.
Outro estudo (Corte & Lodovici Neto, 2009) mostrou como a música pode contribuir para que portadores da Doença de Parkinson mantenham uma posição resiliente diante da vida, transformando a si mesmos frente à doença, ganhando força até para estancar sua progressão. Isso se deu a partir da escuta e/ou do fazer musical: tocar um instrumento, cantar em grupo num coral ou praticar exercícios musicais dirigidos.
Vargas (2012) coloca que muito já se estudou sobre o efeito da música, mas há ainda carência de informação sobre o tema. Nesse contexto, Moraes (2000) também comenta a respeito das dificuldades de produção de conhecimento relacionado à música popular no âmbito acadêmico, que privilegia as músicas erudita e folclórica. Também ressalta a dispersão das fontes e desorganização de arquivos, pois, justamente pela escassez de apoio institucional, "as pesquisas, não raro acabam resumindo-se a trabalhos individuais de campo e de arquivos isolados de quaisquer investigações sistemáticas e de longa duração" (p. 205).
Esse levantamento inicial de temas que tangem aos empregos da música no contexto da saúde evidenciou como ela pode ser um veículo de expressão subjetiva e promotora de bem-estar. Tais características apareceram nos estudos citados, em que houve a utilização de canções por profissionais da saúde. À luz do verificado, este trabalho teve como objetivo reunir publicações científicas, acerca de experiências de psicólogos brasileiros, que empreguem canções como recurso para promover intervenções, voltadas aos mais variados públicos, procurando investigar pontos de convergência e divergência, além de instigar maiores pesquisas na área.
Segundo Tomatis e Vilain (1991), podemos, a partir da Psicologia Histórico-Cultural, constatar que a música deriva da cultura, age sobre esta e, ao mesmo tempo, insere-se na estrutura dinâmica do contexto cultural que a gerou. Wazlawick, Camargo e Maheirie (2007), acrescentam que as significações oriundas do fazer musical possuem uma dimensão coletiva e outra singular, esta última tecida a partir "da dimensão afetivo-volitiva e dos significados compartilhados. Desta forma, falamos de vivências coletivas e singulares da música, sempre em meio ao contexto histórico-social" (p. 106).
Para Maheirie (2003), a música carrega um significado social, por estar relacionada com o contexto social onde está inserida; ao mesmo tempo possibilita aos sujeitos a construção de múltiplos sentidos singulares e coletivos, que se iniciam pela percepção da sonoridade para, em seguida, ser transformado em saber. Segue a autora acrescentando que a afetividade sempre permeia o sentido da música.
Assim, é possível relacionar a música, e mais especificamente a canção, a memórias e histórias de vida. A canção tem o poder de deslocar o ouvinte para outros contextos afetivos e espaço-temporais, promovendo bem-estar, evocando memórias, preenchendo lacunas. A canção é narrativa na medida em que conta uma história, deixa transparecer um fragmento da experiência (quer seja factual ou fictícia) de quem a compôs. Tal narrativa cantada dirige-se sempre a um ouvido capaz de significá-la e incorporá-la a suas próprias vivências.
Benjamin (1994) considera que a narrativa se refere à experiência vivida e contada pelo narrador. O ouvinte, ao contá-la também se transforma em narrador, pois a história narrada já se encontra fundida à sua experiência. Diferindo da experiência em si, que é finita e acabada, a narrativa se reconstrói a cada novo ato de narrar, ad infinitum.
De acordo com Gonçalves (1996), a narrativa é um elemento central da experiência do indivíduo, não apenas uma representação de uma realidade cognitiva essencial. Narrar é uma forma de construir um conhecimento indissociável da experiência de existir e, quanto mais completa é a narrativa, mais coerente se mostra o significado da experiência.
Costa e Carvalho (2011) afirmam que, no Brasil, a escuta atenta e sensível da história de vida narrada pelo paciente vem novamente ocupando lugar nas práticas em saúde. Trata-se de uma ferramenta que objetiva identificar, de forma mais precisa, a queixa e suas origens. Podemos considerá-la um recurso pré-terapêutico fundamental para o planejamento de intervenções.
Falando especificamente da prática psicanalítica – e poderíamos estender esta colocação à formação do profissional de Psicologia em geral – Silva (2007) diferencia dois verbos que, comumente, entendemos como sinônimos em nosso cotidiano: ouvir e escutar. Ouvir é um fenômeno ligado às percepções sensoriais que se dão pela audição. Escutar, por outro lado, implica em uma atenção ao que se ouve. Quando escutamos, os ouvidos se apuram e se colocam além do mero registro de impressões sonoras. Para a autora, o ato de escutar, no contexto analítico, retém o discurso do outro. A escuta analítica implica em transcender o dito, as palavras e penetrar no universo de seus significados.
Justifica-se, a partir do que foi acima exposto, a potência que o trabalho com canções tem para o psicólogo justamente por dispararem e sensibilizarem no paciente o ato de narrar sua história, facilitando que ela venha à tona de modo orgânico e pulsante, não apenas como uma sucessão de fatos a serem relacionados à queixa a partir de um nexo causal de investigação e entendimento.
MÉTODO
Realizou-se pesquisa bibliográfica, baseada no roteiro de busca para revisão bibliográfica descrita por Conforto, Amaral e Silva (2011). Esse método científico, cujo caráter é exploratório, além de permitir maior familiaridade com o tema, facilita o desenvolvimento de teorias em áreas em que já existem pesquisas e contribui para que possibilidades de novos estudos sejam identificadas.
As pesquisas foram realizadas nas bases de dados online: Scientific Eletronic Library Online/SciELO (http://www.scielo.br e Biblioteca Virtual de Saúde/BVS (http://bvsalud.org), em 1º de novembro de 2015). Utilizaram-se como descritores: "psicologia"; "música"; "canção"; "musicoterapia" e "intervenção". As buscas se deram por meio de intersecções entre os termos: "psic$ AND music$", "psic$ AND canção", "musicoterapia AND psicologia" e "música AND intervenção". Não foi delimitado um período para as buscas, com relação aos anos de publicação dos trabalhos. A última busca realizada nos portais citados se deu na segunda quinzena do mês de novembro de 2015, portanto os artigos considerados para este estudo compreendem aqueles publicados até a data mencionada.
A seleção final de artigos resultou de dois processos de filtragem de busca. No primeiro filtro, os critérios de inclusão, para cada par de descritores já mencionados, foram: artigos que possuíssem texto completo disponível para download, idioma em português, que tivesse afiliação com o Brasil e/ ou o país como assunto. Optou-se pelas buscas que deram maior quantidade de resultados. Assim, na BVS foi selecionado um total de 145 artigos, dos quais: 112 resultantes da busca por "psic$ AND music$"; "psic$ AND canção" teve 2 resultados; 12 com "musicoterapia AND psicologia" e 19 artigos na busca por "música AND intervenção". Já na SciELO, foram selecionados 89 artigos, sendo: 75 resultantes da busca por "psic$ AND music$"; 14 artigos para "música AND intervenção" e nenhum resultado para "psic$ AND canção", nem para "musicoterapia AND psicologia" .
No segundo processo de filtragem, foi realizada a leitura dos títulos, resumos e metodologias dos artigos apurados após o primeiro filtro, a fim de selecionar apenas os trabalhos que atendessem aos objetivos deste estudo. Nesses dois portais, foram destacados artigos originais publicados por ao menos um psicólogo com relato sobre o uso de música, mais especificamente de canção, como ferramenta de intervenção voltada a algum público-alvo específico.
Dessa forma, foram excluídos: trabalhos que não se encaixavam nos critérios de inclusão; estudos que não incluíssem ao menos um psicólogo entre os autores; revisões bibliográficas; artigos que contemplassem apenas análises teóricas relacionadas à música, sem a utilização frente a algum público, assim como aqueles que fizessem uso de músicas apenas instrumentais (clássica, rítmica). Também foram descartados estudos em que a música foi apenas citada rapidamente, tendo outros focos e aqueles realizados com profissionais da música, que não tratavam o tema de interesse deste levantamento.
Assim, após as filtragens e desconsiderando também as repetições de trabalhos inter e intra-portais de busca, restaram apenas nove artigos que atenderam a todas as especificações propostas por esta pesquisa. Os artigos selecionados foram lidos na íntegra e alguns de seus aspectos foram analisados nos Resultados e Discussão do presente estudo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Entre os mais de 200 artigos encontrados na pesquisa inicial, cerca de 25% eram estudos realizados por outros profissionais não psicólogos, tais como: médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, pedagogos, educadores físicos, historiadores e sociólogos. Os demais trabalhos (75%), que possuíam ao menos um psicólogo como autor, por sua vez, foram agrupados em diferentes categorias (Tabela 1), de acordo com a forma que a música apareceu.
Uma dessas categorias agrupou "estudos com profissionais da música", que representou 10,62% dos artigos com psicólogo como autor. Exemplos de trabalhos encontrados: psicodinâmica do trabalho dos músicos de uma banda de blues (Assis & Macedo, 2008); uma pesquisa sobre o lugar feminino em corporações musicais (Coelho, Silva & Machado, 2014); projeto de vida no discurso de jovens músicos (Gonçalves, Vieira-Silva, & Machado. 2012); entre outros.
Outra categoria de artigos incluiu "estudos teóricos relacionados à música", o qual representou 42,50% dos artigos com psicólogo como autor. Exemplos de trabalhos encontrados: sobre escrita musical (Fernandes, 1998); a respeito de cognição, emoção e expertise musical (Galvão, 2006); acerca do processo de criação no fazer musical (Maheirie, 2003); a música por uma óptica neurocientífica (Rocha & Boggio, 2013); entre outros. Cabe ressaltar que, desses estudos teóricos sobre a música, cerca de 35% (configurando, assim, quase 15% do total de artigos selecionados com ao menos um psicólogo na autoria) consistiram de estudos que fizeram análises teóricas de conteúdos veiculados nas letras de canções. Exemplos de publicações referentes a essa subcategoria: análise psicanalítica de músicas da cultura caipira (Barison, 1999); um estudo psicossocial dos significados e sentidos expressos nas músicas de MV Bill (Hinkel & Prim, 2009); as representações sociais da mulher no movimento hip hop (Matsunaga, 2008); entre outros.
Em uma terceira categoria foram alocados "trabalhos que fizeram uso apenas de músicas instrumentais (clássica ou rítmica)". Esses representaram 16,25% dos artigos com psicólogo como autor. Incluíram: reflexões sobre oficinas de música, para aprender a tocar determinados instrumentos musicais, com jovens da periferia (Lacaz; Lima & Heckert, 2015); análise de uma experiência acerca da imaginação e dos processos de criação na perspectiva histórico-cultural (Maheirie, Smolka, Strappazzon, Carvalho, & Masaro, 2015); treino musical e capacidade da memória operacional em crianças iniciantes, veteranas e sem conhecimentos musicais (Ribeiro & Santos, 2012); entre outros.
Outra categoria agrupou, ainda, "publicações que apresentavam outros enfoques, apenas citando a música". Compreenderam 19,38% dos artigos com psicólogo como autor. Exemplos de estudos dessa divisão: sobre a importância da musicalidade do "manhês" (Pierotti. 2010); relação de superdotados com a música (Pocinho, 2009); entre outros.
Uma penúltima categoria reuniu "revisões bibliográficas", que configuraram 3,12% dos artigos com psicólogo como autor. Estudos como: "O brincar da criança com câncer no hospital: análise da produção científica" (Azevêdo, 2011); "Música, atividade física e bem-estar psicológico em idosos" (Miranda & Godeli, 2003); entre outros.
E, por fim, foram agrupados os "artigos selecionados" (inclusos nos 8,13% dos artigos com psicólogo como autor), aqueles que apresentaram aplicação de canções frente a uma população investigada, descritos na Tabela 2.
A análise desses dados, em conjunto, aponta para uma tendência de psicólogos trabalharem a música preponderantemente em estudos teóricos, pouco havendo sobre sua aplicação em intervenções com populações específicas. E, quando apresentam esse caráter interventivo, muitas vezes, a música se dá apenas de forma instrumental ou rítmica, sem letra. Contudo, não se pode excluir a possibilidade de que muitos profissionais trabalhem, de fato, com canções em suas práticas, mas não as documentem ou publiquem, o que também corroboraria nossa afirmação anterior acerca da escassez de produções científicas nessa área.
Ainda observando os artigos que foram excluídos da análise mais minuciosa a que este estudo se propôs, pôde-se verificar que, até então, há mais publicações envolvendo "canção" em intervenções provenientes de iniciativas por parte de médicos e enfermeiros (Azevedo, Araújo & Vidal, 2015; Cardoso, Farias & Melo, 2014; Puggina & Silva, 2015; etc.), em comparação à produção científica por parte de psicólogos.
Dos nove artigos analisados (esquematizados na Tabela 2), quatro (Silva & Moraes, 2007; Ribeiro, 2007; Zanello & Sousa, 2009; Lima & Poli, 2012) tiveram como população investigada usuários de serviços da rede de Saúde Mental (hospitais psiquiátricos e/ou serviços substitutivos - CAPS). Outros dois estudos (Marques Filho, Coelho, & Ávila, 2007; Pimentel & Günther, 2009) fizeram uso de questionários, aplicados a estudantes universitários, ambos com objetivo de verificar a influência do conteúdo de letras de músicas de determinados estilos musicais no comportamento de populações também específicas. Dos artigos restantes, um deles (Costa et al., 2011) lidou com adolescentes que estavam cumprindo medidas socioeducativas com privação de liberdade em um equipamento público especializado; outro (Sampaio, 2011) trabalhou com um grupo de cuidadores de uma casa de apoio à criança com câncer; e o terceiro (Silva, 2004) voltou-se a estagiários de Psicologia, com análise da influência da arte na formação de futuros psicólogos.
Com relação à região do Brasil em que se desenvolveram as experiências analisadas: quatro (Marques Filho et al., 2007; Ribeiro, 2007; Silva, 2004; Silva & Moraes, 2007) se deram no Sudeste do país; no Centro-Oeste (Zanello & Sousa, 2009; Pimentel & Günther, 2009) e no Sul (Sampaio, 2011; Lima & Poli, 2012) foram duas publicações para cada região; um trabalho do Norte (Costa et al., 2011) e não foram constatadas publicações provenientes da região Nordeste do Brasil.
Considerando o ano de publicação dos artigos analisados: um (Silva, 2004) é de 2004; três (Marques Filho et al., 2007; Ribeiro, 2007; Silva & Moraes, 2007) datam do ano de 2007; dois (Zanello & Sousa, 2009; Pimentel & Günther, 2009), de 2009; outros dois (Costa et al., 2011; Sampaio, 2011), de 2011 e um (Lima & Poli, 2012), de 2012, foi a publicação mais recente, dentre as selecionadas para este trabalho.
Das publicações consideradas, sete (Silva, 2004; Ribeiro, 2007; Silva & Moraes, 2007; Zanello & Souza, 2009; Costa et al., 2011; Sampaio, 2011; Lima & Poli, 2012) apresentaram experiências em que houve trabalho em oficinas terapêuticas, com encontros de periodicidade contínua (semanais ou quinzenais), por um período de, no mínimo, aproximadamente dois meses. Os outros dois estudos (Marques Filho et al., 2007; Pimentel & Günther, 2009) se deram em encontros pontuais com a população investigada, visto que ambos tiveram delineamento mais aproximado à pesquisa experimental.
Em todos os nove trabalhos, nota-se a música entendida como um meio de expressão com poder de provocar, em cada sujeito que atinge, reações diversas, seja por meio de conteúdos expressos nas letras das canções ou pela melodia. Como exemplo das formas como as canções afetaram os participantes das intervenções, conforme relatado nos estudos, destacam-se: disparar emoções; evocar memórias; suscitar reflexões e discussões; diminuir resistências, assim, favorecer comunicação e vínculo entre profissionais e usuários de serviços; favorecer trabalho para desenvolvimento de potencialidades e autonomia; identificações; catarse; auxiliar processos de resiliência e reabilitação psicossocial.
Também foi uma constante nos artigos selecionados, a utilização do recurso musical associado a outras formas de expressão, como a dança (Zanello & Sousa, 2009), o teatro (Ribeiro, 2007), as artes visuais e cinematográficas (Silva, 2004) ou mesmo, predominantemente, discussões em grupos reflexivos sobre questões suscitadas a partir da música. Em relação ao repertório de canções usadas nos trabalhos, listam-se: músicas populares brasileiras (MPB), funk, sertanejo, forró, gospel, pagode, rock nacional, rap,heavy metal, roda de canto, exercícios e repertório tradicional de coral, também houve composições inéditas.
Em dois dos artigos (Zanello & Sousa, 2009; Costa et al., 2011) apareceram o relato explícito de enfrentamento de descrença por parte de outros profissionais dos equipamentos em que se deram as iniciativas, a respeito do trabalho com música para com os assistidos pelos serviços. Já em relação a especializações e referenciais teóricos dos psicólogos/autores dos artigos analisados há: três trabalhos (Lima & Poli, 2012; Marques Filho et al., 2007; Ribeiro, 2007) com referencial psicanalítico; dois (Silva & Moraes, 2007; Zanello & Sousa, 2009), no contexto da Reforma Psiquiátrica, voltando-se a autores que embasam o processo de desinstitucionalização; dois (Costa et al., 2011; Silva, 2004) relacionados a contextos educacionais; outro (Pimentel & Günther, 2009) utilizou a teoria social cognitiva; outro (Sampaio, 2011), ainda, lidou com questões relativas ao contexto hospitalar (oncologia pediátrica).
O levantamento bibliográfico realizado indicou uma escassez de publicações referentes a intervenções, mediadas por psicólogos, no Brasil, em que fosse relatado o uso da canção (músicas que associam letra e melodia). Dos mais de 200 artigos iniciais, colhidos a partir da pesquisa, apenas nove atenderam a todas as especificidades deste estudo. Esse dado parece indicar que há poucos registros científicos da utilização de canções como um instrumento para a atuação de psicólogos em território nacional. Além disso, verificou-se que a produção científica encontrada é relativamente recente, haja vista que os artigos analisados estavam compreendidos entre os anos de 2004 e 2012.
Essa escassez das publicações referentes a relatos de experiências retratando o uso da canção como instrumento de trabalho para psicólogos poderia, ser uma possível razão da descrença que alguns profissionais apresentaram a respeito da eficácia do trabalho com a música, como apontado por Costa et al. (2011) e Zanello e Sousa (2009). Em ambos os artigos é relatada resistência, ao menos inicial, por parte da equipe das unidades onde as iniciativas ocorreram, o que configurou certo desafio para a realização dos trabalhos. Em contrapartida, a partir da análise de falas dos participantes das respectivas oficinas, foram evidenciados efeitos positivos provocados, com o auxílio da música, nas populações envolvidas, tais como jovens cumprindo medidas socioeducativas e mulheres internadas na ala feminina de um hospital psiquiátrico, respectivamente.
Com relação ao público a que se voltaram as experiências dos artigos analisados, observou-se a prevalência de trabalhos com usuários de serviços de Saúde Mental (Lima & Poli, 2012; Silva & Moraes, 2007; Ribeiro, 2007; Zanello & Sousa, 2009). A relação entre Loucura e Arte é antiga (Lima & Pelbart, 2007) e veio a ser reforçada com o processo da Reforma Psiquiátrica, que buscou humanizar o tratamento daqueles que sofrem de transtornos mentais, resgatando o valor dos usuários como sujeitos e cidadãos, tendo em vista a reabilitação psicossocial, no sentido de trabalhar autonomia e empoderamento dos usuários (Kinoshita, 1996). Para tanto, foram criados serviços substitutivos às instituições manicomiais, os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial), os quais devem, necessariamente, oferecer oficinas terapêuticas (Ministério da Saúde, 2004).
Nesse caso, cabe ressaltar que sete (Silva, 2004; Ribeiro, 2007; Silva & Moraes, 2007; Zanelo & Sousa, 2009; Costa et al., 2011; Sampaio, 2011; Lima & Poli, 2012), das nove publicações consideradas neste estudo, trabalharam com a música em oficinas terapêuticas. Assim, verificou-se que a música foi utilizada, predominantemente, em contexto grupal, evidenciando a importância dessa modalidade de intervenção. Zanelo e Sousa (2009) comentam sobre o caráter socialmente agregador que a música promove, ao reunir diversas pessoas em torno de um mesmo fenômeno musical, o que auxilia, em parte, na melhora dos pacientes. Outra característica desses encontros foi possuírem periodicidade contínua. De modo que o processo de construção e fortalecimento de vínculo entre os profissionais e a população investigada representou aspecto crucial para os efeitos positivos dos trabalhos, como explicitou Silva (2004).
O vínculo afetivo – o convívio, o conhecimento de aspectos da história de vida dos sujeitos – também exerceu importante influência no estabelecimento dos repertórios musicais para as intervenções. Haja vista que a biografia musical está vinculada à biografia de cada pessoa (Sales et al., 2011). Levando isso em conta, Costa et al. (2011), por exemplo, mesclaram escolhas de músicas dos jovens participantes com as indicações da coordenadora. Assim como Zanello e Sousa (2009) escolheram canções de variados estilos (MPB, forró, sertanejo, gospel), a partir da observação do comportamento das usuárias ao ouvirem músicas que tocavam aleatoriamente no rádio. Esses autores, ainda, salientam que músicas que não sejam do agrado de quem as escuta podem acarretar efeitos negativos para o sujeito, uma vez que seu uso, assim como o de qualquer medicamento, é capaz de gerar tanto reações adversas quanto positivas.
Os estudos analisados também ressaltaram outras formas como a música pode afetar as pessoas. Marques Filho et al. (2007), Silva e Moraes (2007) e Costa et al. (2011) comentaram sobre a influência da música na diminuição de resistências, favorecendo a comunicação, o que pôde proporcionar melhora na relação profissional-paciente.
Zanello e Sousa (2009) mencionaram que, por meio de canções, houve identificações entre os conteúdos das letras e aspectos das histórias de vida dos participantes, suscitando momentos de catarse, o que pode auxiliar em processos de resiliência. É interessante ressaltar que o uso de canções se deu, de forma geral, associado a outras formas de expressão, como: o teatro (Ribeiro, 2007); a dança (Zanello & Sousa, 2009) e, predominantemente, rodas de reflexão e conversa (Costa et al., 2011; Lima & Poli, 2012; Marques Filho et al., 2009; Sampaio, 2011). Assim, a música também propiciou evocação de memórias e compartilhamento de histórias, servindo como instrumento disparador de discussões.
As letras de músicas, ainda, mostraram-se potenciais influenciadoras de comportamentos. Zanello e Sousa (2009) comentam ter havido menor número de registros de contenções das pacientes, na maior parte dos dias em que foram realizadas as atividades com música na ala. Assim como, Pimentel e Günther (2009) verificaram empiricamente que letras de músicas de rap e heavy metal podem ser percebidas como inspiradoras de comportamentos anti e/ou pró-sociais. Costa et al. (2011) e Silva e Moraes (2007) registraram como, por meio do processo de criação e do fazer musical, há possibilidades para o desenvolvimento de potencialidades, promovendo autonomia, favorecendo processos de resiliência e reabilitação psicossocial.
Quanto à localidade em que os trabalhos foram desenvolvidos, observou-se que oito, dos nove artigos selecionados, (Lima & Poli, 2012; Marques Filho et al., 2007; Pimentel & Günther, 2009; Ribeiro, 2007; Sampaio, 2011; Silva, 2004; Silva & Moraes, 2007; Zanello & Sousa, 2009), relataram experiências ocorridas em estados pertencentes à região centro-sul do Brasil. Apenas um trabalho (Costa et al., 2011) foi feito na região norte do país. Nenhum artigo científico proveniente da região nordeste do Brasil foi encontrado nessas bases, o que se mostrou um dado curioso, uma vez que é sabido que a produção musical dessa região do país é bastante rica, pois aparentemente não se pode afirmar o mesmo a respeito da produção científica envolvendo a música.
Um último dado revelado pela análise das publicações selecionadas se refere aos referenciais teóricos que embasaram as intervenções. A variedade de abordagens teóricas encontradas leva ao questionamento sobre, se o viés teórico adotado teria tanta relevância na prática e nos efeitos provocados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados das pesquisas revelaram escassez de publicações sobre o tema específico. Constatou-se, ainda, que há mais artigos publicados sobre o uso de canções em intervenções por parte de profissionais de Enfermagem, e no contexto hospitalar, em comparação a relatos desse gênero feitos por psicólogos. Esses últimos parecem, de acordo com este levantamento, publicar mais estudos teóricos sobre músicas, em detrimento de aplicá-las em trabalhos interventivos. Além disso, quando as iniciativas realizadas por psicólogos apresentam esse caráter interventivo, predomina a utilização de músicas apenas instrumentais: clássica ou rítmica/percussiva.
Apesar de escassos, foram encontrados artigos de psicólogos brasileiros, fazendo uso de canções, em intervenções frente a determinados públicos-alvo. As atividades se voltaram, em sua maioria, a usuários da rede de serviços da Saúde Mental. Contudo, também foram encontradas publicações sobre trabalhos com: jovens cumprindo medidas socioeducativas; cuidadores de uma casa de apoio a crianças com câncer; estagiários de Psicologia e estudantes universitários de outros cursos. Os anos de publicação dos artigos analisados ficaram compreendidos entre 2004 e 2012. E, notou-se também, que as iniciativas documentadas se concentraram, predominantemente, na região centro-sul do país, havendo uma publicação da região Norte e nenhuma do Nordeste brasileiro.
Verificou-se, ainda, que as canções aparecem associadas a outras formas de expressão – como a dança, o teatro, o cinema e rodas de discussões –, proporcionando, assim, efeitos terapêuticos aos participantes. A análise dos artigos apurados evidenciou que o uso de canções auxiliou os psicólogos a abrirem canais de comunicação com os envolvidos nas atividades. Dessa maneira, foram favorecidos a criação e o fortalecimento de vínculos afetivos, à medida que a música evocou memórias, suscitando reflexões e compartilhamento de histórias e experiências de vida. Letras de canções mostraram terem potencial influenciador nos comportamentos, a partir das quais também podem ocorrer identificações e momentos de catarse, favorecendo processos de resiliência. A partir do fazer musical, ainda, puderam ser trabalhadas potencialidades e autonomia, permitindo novas identificações aos sujeitos, propiciando empoderamento e reabilitação psicossocial.
O estudo permitiu verificar algumas maneiras de como a canção, utilizada como uma ferramenta auxiliar de trabalho para psicólogos frente a determinadas populações, provocou efeitos nos sujeitos envolvidos nessas iniciativas analisadas. Efeitos esses nem sempre necessariamente positivos, visto que a música pode influenciar comportamentos antissociais ou desagrado, caso, por exemplo, a canção não seja do estilo que determinado sujeito goste. Apontamos para a importância e a necessidade de maiores estudos acerca do tema, de forma a difundi-lo e obter maiores subsídios sobre os benefícios dessa prática.
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Recebido em 08/05/17
Revisto em 08/07/17
Aceito em 09/07/17
* Endereço para correspondência: Marcos: - Rua Bom Pastor, 545, ap. 14. São Caetano do Sul – SP. CEP: 09570-500. E-mail: matcipullo@gmail.com; Karen: - E-mail: karen.nagaishi@gmail.com.
1 Psicóloga e musicista.
2 Psicólogo, professor e músico.