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Jornal de Psicanálise

versión impresa ISSN 0103-5835

J. psicanal. vol.53 no.99 São Paulo jul./dic. 2020

 

OS VEIOS DE OURO DA FORMAÇÃO PSICANALÍTICA

 

Como se cria uma casa? Reflexões sobre a formação no Instituto Durval Marcondes

 

How do you create a home? Reflections on formation at the Durval Marcondes Institute

 

¿Cómo se crea una casa? Reflexiones sobre la formación en el Instituto Durval Marcondes

 

Comment créer une maison? Réflexions sur la formation à l'Institut Durval Marcondes

 

 

Vera Regina J. R. M. Fonseca

Psicanalista e psiquiatra. Membro efetivo e didata da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP), São Paulo / veraregina.fonseca@gmail.com

 

 


RESUMO

A partir de um depoimento pessoal introdutório, a autora faz um apanhado dos princípios que nortearam sua gestão como Diretora do Instituto de Psicanálise Durval Marcondes, particularmente a ênfase na responsabilidade do Instituto em propor mudanças que se fazem necessárias e em supervisionar o processo formativo dos filiados, incluindo a disposição de não negligenciar problemas que se anunciam de modo mais ou menos explícito. São listados os temas centrais da formação e as respectivas discussões na Diretoria e na Comissão de Ensino: a ideia de seminários complementares que pudessem preencher lacunas na formação, a formação continuada, avaliação e acompanhamento, análise pessoal, supervisão e seminários clínicos e teóricos, elitismo na formação e ética. Finaliza destacando a importância de se buscar modos de avaliar e seguir a qualidade e as características de nossa formação; uma opção, que pode e deve ser complementada por outras, foi uma pesquisa sobre o segundo relatório, que é a produção final dos membros filiados, realizada entre 2017 e 2020.

Palavras-chave: formação psicanalítica, ética, análise didática, supervisão, seminários


ABSTRACT

Parting from an introductory personal statement, the author gives an overview of the principles that guided her work as Director of the Institute of Psychoanalysis Durval Marcondes, stressing the Institute's responsibility in proposing changes that are necessary and in supervising the training process of the candidates. She also emphasizes the importance of facing problems that are announced more or less explicitly because there is always a risk of neglecting what is potentially disturbing. The most central themes of training are listed and the respective discussions in the Teaching Committee are highlighted, such as the idea of complementary seminars that could fill gaps in training, continuing training, evaluation, and monitoring, personal analysis, supervision, and clinical and theoretical seminars, elitism in training, and ethics. It ends by highlighting the importance of looking for ways to evaluate and follow the quality and characteristics of our training; one option, which can and should be complemented by others, was a qualitative investigation about the second case report by candidates finishing their training carried out between 2017 and 2020.

Keywords: psychoanalytic training, ethics, training analysis, supervision, seminars


RESUMEN

A partir de una declaración personal introductoria, la autora ofrece un panorama de los principios que guiaron su gestión como Directora del Instituto de Psicoanálisis Durval Marcondes, en particular el énfasis en la res- ponsabilidad del Instituto en proponer los cambios necesarios y en la supervisión del proceso de formación de los miembros, incluida la voluntad de no descuidar los problemas que se anuncian más o menos explícitamente. Se enumeran los temas centrales de la formación y las respectivas discusiones en el Patronato y el Comité de Docencia: la idea de seminarios complementarios que puedan llenar vacíos en la formación, formación continua, evaluación y seguimiento, análisis personal, supervisión y seminarios clínicos y teóricos, elitismo en formación y ética. Finaliza resaltando la importancia de buscar formas de evaluar y seguir la calidad y características de nuestra formación; una opción, que puede y debe ser complementada con otras, fue una encuesta sobre el segundo informe, que es la producción final de afiliados, realizada entre 2017 y 2020.

Palabras clave: formación psicoanalítica, ética, análisis didáctico, supervisión, seminarios


RÉSUMÉ

Sur la base d'un exposé personnel introductif, l'auteur donne un aperçu des principes qui ont guidé sa gestion en tant que Directrice de l'Institut de Psychanalyse Durval Marcondes, en particulier l'accent mis sur la responsabilité de l'Institut dans la proposition des changements nécessaires et dans l'encadrement du processus de formation des membres, y compris une volonté de ne pas négliger les problèmes annoncés plus ou moins explicitement. Les thèmes centraux de la formation et les discussions respectives au sein du Conseil d'Administration et du Comité Pédagogique sont listés : l'idée de séminaires complémentaires qui pourraient combler les lacunes de formation, formation continue, évaluation et suivi, analyse personnelle, supervision et séminaires cliniques et théoriques, élitisme dans la formation et éthique. Le texte termine en soulignant l'importance de rechercher des moyens d'évaluer et de suivre la qualité et les caractéristiques de notre formation; une option, qui peut et devrait être complétée par d'autres, était une enquête sur le deuxième rapport, qui est la production finale des membres affiliés, réalisée entre 2017 et 2020.

Mots-clés: formation psychanalytique, éthique, analyse didactique, supervision, séminaires


 

 

Começo este texto com algumas anotações feitas numa manhã de terça-feira, poucas semanas antes da pandemia:

Ao longo das últimas horas de trabalho, posso identificar certas lembranças:

i. Já no fim de uma sessão - Estou na minha poltrona, defronte à janela. Nela se projetam imagens fluidas que, ainda que imprecisas, trazem a sensação de peças que se aproximam, não por meio de encaixe, mas para formar uma imagem mais larga no horizonte mental reservado para meus pacientes. Essa ampliação vem da confluência de outras imagens que foram surgindo, dia após dia, do meu contato frequente com o analisando, como luzes que se projetam naquele horizonte, e permitem que eu "veja" novas configurações. Posso ter novos insights, que não são tremendos, mas desenham uma faixa próxima à "verdade". Em palavras mais simples, as peças vão se justapondo e resultando em uma formulação que pode, enfim, ser posta em palavras, mesmo que elas ainda não sejam ditas, mesmo que sejam incompletas. E, por fim reconheço, nas bordas dessas imagens, os traços de algumas teorias.

ii. Outra sessão - Tive hoje a certeza de que os eventos mentais se encadeiam numa sequência perceptível até mesmo para aqueles não comprometidos com a psicanálise: nos últimos três minutos da sessão passada, uma paciente traz um sonho surpreendentemente revelador. Hoje, ela usava frases "cognitivistas", com o termo "aprendizado" ("como eu aprendi que o comportamento de fugir das situações difíceis é o mais vantajoso? Acho que este aprender começou quando eu, ainda muito criança, resolvi ir para longe do meu pai"). Faço um comentário final de que na verdade, mais que aprendendo, talvez ela estivesse fugindo porque era desesperador ficar; ela se levanta do divã e tem uma forte tontura, ficando profundamente pálida, o que me deixou bastante preocupada. Pensei depois no quanto a terminologia cognitivista era usada para achar que "conhecia" racionalmente algo que era puro desamparo.

iii. O próximo paciente se engaja em uma discussão irada, bravo por alguma razão que eu ainda não conseguia discriminar. Mesmo que a argumentação fosse compreensível, eu não atinava o que tinha causado a reação negativa. Até que, ao fim da sessão, percebi que ele falava de um terror visceral de ser forçado, por um objeto malévolo e doente, a viver uma espécie de filme de terror. Quando no final essa percepção pôde ser assim descrita, como um temor, e não como um projeto (meu ou de outrem) de lesá-lo, algum alívio surgiu, abrindo a possibilidade de expansão para as próximas sessões. Lembrei-me de um comentário de meu analista, muitos anos atrás, sobre a fobia frente à análise. É o medo de ser obrigada a tolerar invasões do estranho, do assustador, que só pode ser neutralizado pelas experiências contínuas de reparação, de "desorrorização", em um movimento oscilatório. As medidas contrafóbicas podem então ser atenuadas e a análise se transforma em possibilidade de nutrição.

iv. No meio disso, entre ii e iii, uma sessão por FaceTime, a paciente que não mais suporta ficar sozinha em casa e tem que se refugiar junto à família de origem, no interior. A imagem é desfocada às vezes, os silêncios duros de aguentar, um estímulo para a palavra-ação, para o senso comum, para as preocupações físicas e concretas. A ligação que foi possível.

v. A última do dia é a mais pungente, e é a paciente que menos recebe, desde sempre. Abusada pelos pais quando bebê, fala de sua orfandade nunca atenuada, sempre atualizada das mais diversas formas ao longo de sua vida, que corre como a história do filme O quarto de Jack (Abrahanson, 2015). Conta um sonho que expressa o que sua resignação religiosa não lhe permite aceitar: ela tem sua casa invadida pela família do pai de seus filhos - que nunca lhe deu seu nome nem um status de esposa -, e ela fica muito brava, indignada, com tal intensidade que se espanta. De repente um bando de índios americanos invade sua casa com machadinhas e querem atacar sua filha. Ela a defende, matando um deles com um gancho que ela identifica como semelhante ao gancho da janela que fica ao lado do divã. O sonho faz a conversa sair da teoria e entrar na ferida, no ódio reativo e na explicitação da tragédia que povoava sua infância e seus sentimentos de não ter lar nem lugar. "Não faço diferença, estou sempre a mais, acho isto mesmo...", é sua afirmação em tom sério, definitivo. O gancho da sala de análise é uma arma que agora ela pode usar.

O que eu faço com todas essas lembranças na minha mala mental, latejando? Vou para a vida, comprar peixe, fazer exercício, olhar de relance o dia que ficou azul. Mas fica uma noção de ter um espaço precioso onde a dor e a esperança dos outros e de mim mesma ficam guardadas e se fertilizam, apuram, fermentam. Não se trata apenas de curiosidade científica, apesar de também contê-la. É curiosidade sobre a vida, e "amor" por ela, ao fim.

Não acho que este relato seja especial, particular a mim, como analista. Acredito que todos têm um espaço semelhante, e que desejam investir em sua ampliação e conservação - porque esses espaços também podem murchar.

O ponto específico é que algumas das oportunidades para tal espaço se formar e se manter são propiciadas pela instituição. Como se cria um lar? Não num curso de arquitetura, mas a distribuição dos espaços e sua delimitação concreta, sim. Não num curso de decoração, mas a experiência direta com as formas de organizar um lar pode ser transmitida. E como se encontra a alma do lar? As janelas para as ruas e as portas por onde entram e saem os visitantes e moradores? Como se faz para caber muita gente nesse lar? Como se deixa entrar o ar e a luz? Como se ventila? Como se forma um bairro de vários lares, e como as famílias convivem entre si?

Aqui quero fazer uma pausa confessional. Entrei nesta Instituição achando, do alto da arrogância juvenil, que vinha apenas dar os retoques finais ao que já sabia. E levei quase uma vida inteira para me inteirar do tama- nho do engano, para me lamentar das oportunidades perdidas, do ouvido fechado, da rigidez "ideológica". Não me lamento de ter tomado partido, pois tenho a convicção de que há afinidades constitutivas.

Mas me lamento de ter sido pouco gentil com as diferenças, de ter sido crítica por "default". Não me lamento da atividade crítica; como sempre digo, pensar podendo questionar é uma benção. Mas a divisão radical das relações sociais e a má vontade para com os grupos distintos são um obstáculo, com características de adição.

Um antigo ministro sueco, nos idos anos 1960, contou a sua filha que o que mais apreciava era escrever cartas e falar mal dos outros. Como eu conhecia a filha e tinha seu pai em alta conta, achava que essa tendência, que eu já percebia em todos nós nos bancos do jardim da faculdade, era justificável, puro divertimento. Foi muitos e muitos anos depois, quando acabei me envolvendo de fato com o trabalho institucional, que percebi o lado negativo dessa disposição de "descargas" sistemáticas. Um dos efeitos era criar um clima interno e externo prejudicial a alianças, algo fundamental na política (institucional ou pública). Mas também aprendi a não idealizar as mesmas alianças, considerando-as em sua relativa instabilidade.

O trabalho institucional, em seu aspecto político, inclui composições. Se, em princípio, é fácil trabalhar com amigos, trabalhar com um grupo do qual não fazemos parte é algo que intimida. Ainda assim, as alianças são muito importantes e as ligações que delas advêm podem ser surpreendentemente gratificantes quando há uma tarefa conjunta. Mesmo que algumas suscetibilidades (irritativas) possam se manter, a disposição crítica passa para um segundo plano e vai se desfazendo, ficando mais esparsa, porque a tarefa é árdua e demanda atenção constante. Estar engajada em um trabalho grupal é um dos melhores antídotos para a propensão crítica.

O afastamento, por outro lado, favorece que a má disposição seja mantida. Daí a importância de se trabalhar dentro de grupos heterogêneos, o que me faz concluir que uma Sociedade que trabalhe junto terá necessariamente uma tolerância maior às diferenças individuais e grupais. Este foi talvez o aprendizado mais importante que tive nesses quatro anos.

Outra questão, que eu já usava como princípio desde a época em que fui Diretora Científica, no mandato de Nilde Parada Franch, e que ficou completamente comprovada para mim, é a importância de convocar a participação de membros dos mais variados grupos, de envolvê-los no trabalho e na organização/publicação de suas ideias. Ter a experiência de que a Sociedade e o Instituto lhes pertencem e deles precisam é não só necessário como revela uma verdade. Nem todos ocupam seus espaços à vontade - alguns têm que ser estimulados e convidados para tal, podendo a partir daí criar uma tradição de participação. E é assim também que se convocam as pessoas a pensar, pensar a sério.

Por todas essas considerações, posso afirmar que a qualidade da formação deve estar acima das questões ideológicas. E note que tenho respeito e apreço pelas posições ideológicas (desde que possam coexistir com as minhas).

Outro aprendizado, outra obviedade: nem sempre o caminho mais fácil é o melhor... ainda que a tentação de evitar situações espinhosas seja grande. Há um risco enorme em fazer ouvidos moucos ou deixar passar os "ruídos", sem prestar atenção devida a eles, o que alimenta a cultura de "jogar para baixo do tapete". Assim como ser um analista, estar na vida institucional demanda tolerância a não ser gostado, a ser criticado, a ser ameaçado - a ser chamado de duro, de antiético (ainda que você esteja procurando justamente a ética), de rígido.

Entramos assim no papel do regulamento, e na armadilha da adjetivação, tão repetida, de que algo é "burocrático": o que é o regulamento, senão um acordo entre as pessoas e os seus grupos?

Depois desta introdução sobre as grandes lições que tive nos meus anos como Diretora do Instituto (e antes, como Diretora Científica), quero me deter nos princípios que nortearam o mandato e em alguns fatores que se interpuseram à implementação de tais princípios.

Em 2015, a partir da constatação de alguns coordenadores de que o curso obrigatório de Melanie Klein era demasiado curto, instalou-se uma discussão informal, mas com certo tom polêmico, sobre tal ideia, com defensores e críticos dela. Como uma forma de trazer a discussão para um fórum aberto e que pudesse ser compartilhado por todos, a então Presidente da Sociedade, Nilde Parada Franch, organizou em 2016 um Congresso Interno que tratasse de vários temas referentes à formação. Tal ocasião fez circular ideias provenientes de muitos segmentos da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP), o que nos permitiu ampliar as reflexões, gerar novas ideias e transformá-las em propostas práticas que levassem às mudanças almejadas pelos membros, sem descuidar da manutenção do que já funcionava de modo satisfatório. Assim "alimentados" pelas discussões ocorridas durante o Congresso Interno, começamos a delinear alguns princípios norteadores para nossa gestão.

 

1. Currículo

Ao lado da garantia de ampla liberdade de escolha dos membros filiados durante sua formação, partimos do princípio de que o Instituto tem também uma grande responsabilidade em propiciar o que considera fundamental para uma formação. Isso implica o reconhecimento de que deveríamos cobrir eventuais falhas de oferta de cursos. Além dos obrigatórios, que tópicos não poderiam ser negligenciados durante uma formação? E mais, como faríamos para cobrir tais falhas? Essa discussão tomou um certo tempo das reuniões da Comissão de Ensino: havia muita preocupação de que o Instituto estivesse extrapolando suas funções ao propor temas que achava centrais por meio de "seminários complementares" (nome sugerido por membros filiados durante o Congresso Interno). Ainda que a proposta fosse voto vencido, instituímos um curso de três aulas de História da Psicanálise, assunto que pouco figurava nas ofertas. Também usamos o recurso de propor seminários com vários coordenadores para cobrir temas que não estavam sendo suficientemente contemplados. Não posso dizer que o curso de História foi um sucesso, pois havia mais membros efetivos e associados que filiados, que compareceram em pequeno número. Mas acredito que esse fato não invalida a ideia em si, apenas apontando que se deve reavaliar como colocá-la em prática.

 

2. Avaliação e acompanhamento

Outro princípio tratava da responsabilidade do Instituto em avaliar e acompanhar os membros filiados durante sua formação. Entretanto, nas discussões para pôr em prática tais princípios, encontramos certa resistência: o fantasma do "autoritarismo" se fez presente, assim como o argumento da "infantilização" dos membros filiados. Ainda que não tivéssemos conseguido estabelecer dispositivos adequados para acompanhar aqueles, particularmente necessários para os com menos experiência clínica, fica minha convicção de que esta é uma importante função do Instituto, e que não pode ser negligenciada. Inúmeros Institutos pelo mundo têm a figura de um membro docente (ou grupo de docentes) que acompanha a formação dos filiados, não de modo intrusivo, mas se propondo a pensar com aqueles as escolhas e propiciar-lhes as informações necessárias. Nosso corpo de filiados está longe de ser homogêneo, sendo composto por pessoas em diversos momentos da vida profissional e pessoal. Não podemos adotar uma postura fóbica quanto aos recursos de acompanhamento e avaliação:

entendemos aqui a avaliação não só como aprovação ou desaprovação, mas como diálogo e desenvolvimento. Qualquer que seja o momento em que se dê uma avaliação, a tomada de consciência e o contato com a realidade podem proporcionar reestruturação e transformação... Avaliar é algo muito difícil de ser feito, mas que pode ser "desenvolvido", oferecendo assim contribuições aos membros filiados que não sejam mero cumprimento de regras burocráticas. Cada coordenador realizará esta tarefa a seu modo.1

Vale citar o estudo do casal Erlich, que questiona: "Quem tem medo da avaliação?" (Erlich e Erlich-Ginor, 2018).

 

3. Formação continuada

Na mesma linha de não negligenciarmos a função "supervisora" do Instituto, percebemos haver um prolongamento excessivo do tempo de formação para alguns, sob a designação de "formação continuada". Ela foi criada em 2001 para resolver o problema dos egressos, mas 18 anos depois trazia outras questões. Com a ajuda decisiva da Secretaria de Acompanhamento, fez-se uma investigação sobre a situação daqueles membros. Concluímos que se tratava de um grupo bastante heterogêneo, que demandaria soluções individuais. Como Diretoria, poderíamos nesse momento apenas sugerir algumas estratégias e mudanças, ficando para a próxima gestão a implementação das propostas.

 

4. Formação de elite?

Um quarto princípio diz respeito à necessidade de evitar que a formação fosse acessível apenas para os pretendentes com mais recursos econômicos e/ou já bem estabelecidos na carreira. Acreditávamos que o Instituto (e a Sociedade) precisa de jovens e pessoas com talento para a prática da psicanálise, e não poderíamos nos conformar com critérios que restringissem o acesso de pretendentes com esse perfil apenas por motivos econômicos. Em uma revisão da literatura, na base do Psychoanalytic Electronic Publishing Web (pep-Web), sobre o tema da desigualdade social e econômica na formação, encontrei reflexões muito pertinentes e válidas para nosso contexto. Em um dos artigos, a autora se propõe a

explorar a relevância da classe social como um aspecto dinâmico da experiência subjetiva e relacional. Quando paciente, analista e a própria profissão recusam as complexidades de classe social, conflitos e preconceitos importantes acabam por ser negligenciados e, desta forma, ficam indisponíveis para compreensão analítica. (Corpt, 2013, p. 66)

Como resposta ao texto de Corpt, Orange diz:

quero sugerir que, ainda que não nos demos conta, nossa presença como pessoas de classe mais baixa nesta profissão privilegiada pode também ser um presente para a mesma... E se nós, intrusos, estivermos em uma posição única para convocar a psicanálise para sua colocação ética? ... Talvez a vergonha de classe ... nos roube algumas riquezas devido a uma dissociação forçada, não apenas pessoal, mas da sociedade... Similarmente, a psicanálise da alta classe mé- dia apagou a história traumática da escravidão... Entre vergonha de classe e a vergonha como um todo, trabalhamos a serviço de restaurar a dignidade humana, do modo como será possível para cada um de nós... (2013, p. 72)

Com base nessas ideias e na colaboração de vários colegas didatas que antes já as acalentavam, foi iniciado o Projeto Piloto de Análise Didática, que agora está em seu terceiro ano e passou a se chamar apenas Projeto Análise Didática. Mesmo que a formação se mantenha ainda inacessível para uma grande parte, foi um passo bastante importante para impedir a elitização excessiva dela. Mas há também outros caminhos para atingir esse objetivo, por exemplo, seguindo o modelo de outras Sociedades componentes da International Psychoanalytical Association (ipa), criar bolsas para formação com recursos captados de fontes externas.

Usando tais expedientes, um novo conjunto de pretendentes poderia se apresentar para o processo seletivo, "que se concentraria em identificar os bons futuros analistas", como disse Liana P. Chaves (informação verbal), secretária de Seleção. Da mesma forma, seria facilitado para o membro filiado seguir sua formação de acordo com o modelo da imersão nos seminários, na supervisão e na análise pessoal.

Assim, acredito que é a possibilidade de nos abrirmos para os contingentes humanos mais amplos, sem cedermos na nossa essência, que possibilitará que o vigor da psicanálise se mantenha nos tempos futuros.

 

5. Análise pessoal

Muito já foi escrito e falado sobre o papel central da análise na formação. Mas quero abordar um ponto específico: a análise pretende propiciar um estado de profunda intimidade entre os dois elementos da dupla, criando as condições para se tocar os estratos mais profundos da mente, incluindo os registros somáticos e ansiedades primitivas. Tal estado é favorecido no contexto de sessões quase diárias.

Quando há uma continuidade (dos encontros e) do contato emocional, é maior a possibilidade de se mover entre tais estados arcaicos, da contenção da ansiedade de aniquilação às ansiedades paranoides e culpa, atingindo uma integração maior devido aos movimentos reparatórios da posição depressiva... Se considerarmos o padrão mínimo atual de quatro sessões semanais exigido na formação em nosso Instituto, o analista terá tido pelo menos duas experiências de alta frequência: análise e segunda supervisão. Espera-se que isto marque sua escuta analítica e ajude a manter vivo o objeto analítico interno, de modo tal que o analista consiga sustentar sua (escuta e) função, mesmo em contextos diferentes. (Fonseca, 2019, p. 13)

 

6. Seminários: vários estilos

Ao abrirmos a discussão sobre os seminários clínicos, constatamos a existência de uma grande heterogeneidade quanto aos objetivos e modelos entre o corpo de didatas. Alguns mantêm o formato de uma supervisão em grupo, outros de um exercício clínico mais ou menos estruturado. É indiscutível, entretanto, que eles oferecem uma oportunidade ímpar de apreender estilos diversos de lidar com o fenômeno clínico. Minha posição particular é de que o seminário traz a possibilidade de o membro filiado construir um raciocínio clínico em grupo, afirmando sua confiança em sua própria capacidade de atravessar o material, e produzir impressões iniciais individuais que vão se integrando até chegar a um conjunto de hipóteses articuladas pelo próprio grupo.

A diversidade de estilos dos seminários teóricos também foi destacada no Congresso Interno de 2016, junto com a variação de aproveitamento. Alguns coordenadores pareciam ter estabelecido uma didática que funcionava bem, permitindo aos membros se aventurarem no pensamento crítico sem se perder da rota. Outros não, seja pela rigidez do projeto didático, seja pela inconsistência dele.

Em vários Institutos o tema da didática nos seminários é visto como de muita importância (Körner, 2002; Skorczewski, 2004, 2008), havendo algumas sugestões para contorná-los, como a proposta de oficinas didáticas opcionais, com ou sem profissionais de fora.

O que merece destaque, a meu ver, é a disposição de outros grupos para lidar com os problemas quando estes são identificados.

 

7. Supervisão oficial

O que a distingue de outras supervisões?2

É sempre instigante conhecer mais a fundo e com regularidade o trabalho de alguém, seus pacientes, os pequenos e grandes dramas que se desenrolam e como cada membro da dupla lida com eles.

Paralelamente, vamos apurando nosso foco: o que acontece na sala de análise entre essas duas pessoas, quais fluxos imperiosos avançam de um para outro (e do outro para um)? Como o supervisionando usa esses movimentos? Quando ele cede à pressão sem poder pensar, e quando pensa?

Talvez pudéssemos resumir o foco da supervisão em uma frase: a busca da construção da atitude analítica, ou melhor, de uma base para ela, já que não se trata de uma estrutura estável e concreta. Sendo uma proposta não reativa, mas reflexiva, a atitude analítica tem que se atualizar momento a momento frente às forças em ação. Até mesmo a atitude analítica do supervisor sofre abalos e necessita de reajustes durante o processo, já que recebe o impacto (indireto?) da turbulência do campo analítico do caso. Uma atitude analítica pré-formatada em todos os seus aspectos seria um código, uma cartilha; por outro lado, há os elementos centrais do setting que enquadram e sustentam a situação analítica para que as emoções em jogo não escorram por baixo da porta. E a preservação do setting também faz parte da supervisão.

Pensar psicanaliticamente não é intuitivo apenas. A supervisão ajuda nessa empreitada, quando é trazido ao vivo o que acontece entre a dupla. Não se trata de apontar acertos e erros, mas de estimular a disposição para perguntas. Por exemplo: por que eu fiz isto? Por que deixei de fazer aquilo? Por que me encantei tanto? Por que me irritei tanto? É muito importante para mim ser o bom objeto?

E como nem sempre a irritação, o encantamento, a ação ou a palavra podem ser detectados pelo supervisionando, a supervisão e o supervisor também funcionam como uma lanterna que irá buscar iluminar os cantos mais na sombra e, ao mesmo tempo, trazer os vários níveis de compreensão concomitantes. Isso é possível porque o supervisor é mais experiente, mas não só. Ele é um terceiro olho, o que está vendo a situação, mas não está dentro dela, sob efeito das "identificações projetivas cruzadas", no dizer dos Baranger. E, assim, esse terceiro olho poderá ser depois internalizado pelo supervisionando, para ajudá-lo no distanciamento necessário ao longo de sua vida profissional.

A meu ver, essa tarefa não depende basicamente de experiência clínica. Há pessoas que têm muita dificuldade em desenvolver esse terceiro olho, que também pode ser chamado de objeto psicanalítico interno, como se estivessem envoltas em outro modo de funcionar e apreender o outro. Nessas circunstâncias, a supervisão pode ficar travada. Em outras, pode-se ver o desabrochar de um analista, manifesto na possibilidade de se perceber em ação, de dar lugar à dúvida frente a seus próprios motivos e, portanto, aos do outro, implicando uma abertura progressiva para a aceitação do inconsciente.

De fato, talvez o grande divisor de águas que determina o grau de capacidade para a prática da psicanálise seja exatamente essa aceitação do inconsciente, não apenas cognitiva ou intelectual, mas "entranhada". Citando Rustin: "Os objetos singulares de estudo da psicanálise são, quase por definição teórica, estados de mente que são inconscientes" (2010, p. 473).

Uma última palavra, agora a respeito dos relatórios: tenho para mim que a escrita do relatório faz parte do processo de supervisão, como seu coroamento. Ainda que não seja um consenso entre os colegas, considero tratar-se de uma etapa de extrema importância. É no relatório que se faz o grande exercício de trânsito entre o privado da supervisão e o que será publicado para a instituição e para os pares. E isso ocorre desde o aspecto mais formal (a importância da apresentação, por exemplo) até o conteúdo e a capacidade de fazer uma correlação teórico-clínica.

Já tive supervisionandos que me pareceram muito sensíveis a seus pacientes e cuja análise mostrou sinais inequívocos de avanço, mas que não conseguiram escrever seus relatórios. Outros, a maioria, o fizeram concomitantemente à supervisão, com maior ou menor facilidade, mas tendo a oportunidade de acrescentar essa etapa ao trabalho conjunto e não estarem sozinhos na empreitada.

Sempre aprendo com as supervisões em que me envolvo. Mas, mais que tudo, há um sentimento de deslumbramento quando podemos acompanhar, junto com o supervisionando, um processo que se desenrola à nossa frente, em que o paciente vai se revelando, mostrando suas várias e por vezes contraditórias faces, suas defesas e recursos, seu arranjo inconsciente enfim, dando provas da grande aventura em busca do sentido de uma vida que é o trabalho psicanalítico.

A clínica vazia

Como um derivado do tema acima surgiu o da dificuldade dos membros filiados em encontrar pacientes para a supervisão e como o Instituto poderia contribuir. Na minha busca constante de dados de outras Sociedades sobre os problemas que nos afligem, cheguei a um autor que desenvolve ideias interessantes sobre como criar uma clínica psicanalítica (Rothstein, 2010). Não concordo com todas as suas colocações, mas o ponto central que ele desenvolve é que a ideia de analisabilidade a priori é um construto falho, sendo necessário propor uma análise clássica para mais pacientes: somente o desenrolar do processo poderá dizer se ele funcionou. Ele traz vários argumentos para sustentar sua tese, e merece uma leitura crítica.

Mas o que considero fundamental é que nos arriscamos a ficar numa situação circular: os membros não têm pacientes que estejam interessados em uma frequência mais alta, e quanto menos pacientes forem convencidos da importância dela, menos a nossa clínica será propriamente psicanalítica e mais a psicanálise se diluirá. Será que os filiados estão suficientemente convencidos do valor do processo analítico para motivarem seus pacientes?

Apresento as seguintes perguntas para explorar o fenômeno da clínica vazia:

Haverá apenas falta de interesse pela psicanálise por parte das pessoas, ou falta de divulgação dos objetivos da psicanálise, implícitos aí sua natureza e modus operandi?

Há falta de crença no método analítico, ou resistência a ele?

Há falta de estímulo à discussão sobre como formar uma clínica? Falta de apoio da Instituição? Qual o grau de confiança da própria Instituição no método analítico?

Não há preparo para lidar com o paciente que reluta em começar análise, a não ser ceder?

Noto que muitos membros filiados têm uma clínica composta em grande parte por pacientes atendidos uma vez por semana... qual a linha divisória entre a demanda do "mercado" e a falta de convicção?

Se há uma necessidade de a psicanálise ir para outros contextos em que é urgente que ela se faça presente, há também o risco de a desfigurarmos de tal modo que ela deixe de existir como uma forma de conhecer e explorar o inconsciente reprimido e o inconsciente não figurado, e passe a se resumir a mapear o consciente e modificar caminhos, mas não estruturas. Esse risco tem que ser evitado, sem comprometer a aplicação da psicanálise ao atendimento da comunidade; não há contradição aqui, exceto conscientizar-nos do fato de que a formação (enfatizo aqui a análise e supervisão) é uma experiência fundante, que merece ser a melhor e mais intensa possível.

Por fim, fica a minha sugestão de que se aplique à supervisão o mesmo critério da análise didática, de flexibilizar os valores para aqueles membros que estejam com menos recursos materiais.

 

8. Ética

Tem-se dado ênfase à implicação da ética na aceitação da alteridade e singularidade, perspectiva que pode ser expandida com desdobramentos bastante interessantes no campo interdisciplinar da psicanálise, política, antropologia etc.

Mas para nós, como instituição psicanalítica, o passo mais urgente é distinguir entre o julgamento moral e a reflexão ética (Levin, 2010). Vemos, por exemplo, que confundimos muitas vezes confidencialidade, privacidade e segredo (Burka et al., 2019). Como podemos iluminar esses conceitos tão centrais para nossa prática e vida institucional?

E no trabalho clínico, qual a área entre o desejo de tratar o outro e a satisfação narcísica que tal posição nos oferece? Qual o ponto de virada, quando uma relação analítica passa a se basear mais na segunda que na primeira?

Sendo um tema tão difícil, que rapidamente pode resvalar para a moralidade ou para a complacência e/ou negação, não existe outro caminho a não ser nos acostumarmos a discutir, a refletir, a exercitarmos a capacidade de lançar um olhar investigativo e reflexivo sobre as questões éticas, para nos preparar para atitudes e condutas institucionais.

No texto3 de Burka acima citado os autores pesquisaram os efeitos de duas graves infrações éticas, ocorridas em um intervalo de poucos anos, sobre os membros de uma determinada Sociedade (Burka et al., 2019). Concluíram que os eventos foram vazados e transpirados a todos, mas não foram oficialmente tratados, o que teve um marcante efeito deletério. O texto nos mostra como as questões de violação ética importante têm o potencial de afetar todo o grupo, por várias vias.

De fato, como teremos uma posição que não seja de caça às bruxas, mas que leve a sério os efeitos que as violações dos limites têm sobre o grupo, para que não se favoreça uma cultura em que as regras existem, mas não precisam ser cumpridas?

Partindo do princípio de que é o hábito de discutir institucional e regularmente o tema que nos permite evitar o moralismo e abraçar a reflexão ética, é preciso iniciar uma prática de encontros sobre ética, tão fundamental para nossa profissão e para nossa vida em comunidade.

 

9. Reunião com os membros filiados

Também percebemos que ainda que a Associação dos Membros Filiados (AMF) tenha sua função precípua de representação deles, seria fundamental ter um contato direto com os membros. A partir dessa constatação, criamos reuniões mensais para conversarmos pelo menos uma vez com a maioria dos membros filiados. Estas nos trouxeram elementos bastante importantes e nos permitiram ouvir tanto os problemas da formação quanto elogios e sugestões. No fim, ficamos com uma imagem mais "total" dos membros, em toda sua diversidade e heterogeneidade. O apreço pela formação, entretanto, foi uma constante, assim como a valorização do vértice clínico que caracteriza nossa Sociedade.

 

10. Pesquisa sobre a nossa produção

Ao se coordenar a formação no papel de Diretora do Instituto, junto das Secretárias que compunham a Diretoria, além de se refletir sobre o tripé da análise, supervisão e seminários, tínhamos que buscar formas de conhecer o resultado final e criar caminhos de reflexão sobre a qualidade e estilo da formação aqui oferecida.4 Um caminho que encontramos foi o estudo qualitativo da última produção do membro filiado antes de passar a membro da Sociedade, ou seja, o segundo relatório. Para isso, foi constituído um grupo de pesquisadoras5 que analisou os pressupostos e tendências explicitados em uma amostra de 12 relatórios selecionada randomicamente do conjunto total apresentado entre 2015 e 2018 (Fonoff et al., 2020). A pesquisa estabeleceu categorias provisórias para as vinhetas clínicas que figuravam nos textos. Tanto tais categorias quanto a própria categorização podem, numa etapa posterior, ser discutidas e validadas mais amplamente por outros membros e grupos da Sociedade.

 

Conclusões

Nossa Sociedade e o Instituto a ela ligado têm uma vida científica pujante que representa várias tendências da psicanálise contemporânea, sendo a perspectiva clínica a sua marca mais característica. A formação é tida em alta conta pela maior parte dos membros filiados e pelos docentes, havendo um número expressivo de ofertas de cursos e de seminários que são formados.

Ou seja, há um envolvimento intenso e criativo entre Instituto e Sociedade. Por outro lado, como em toda instituição, há fantasmas que voltam a aparecer quando algumas inovações são propostas: no caso do Instituto, os fantasmas que encontrei eram os da burocratização, do autoritarismo e da infantilização dos filiados, nas ocasiões em que o papel moderador e propositivo da Diretoria se fazia presente. Deve haver outros; todos são fantasmas ligados à nossa história e à composição dos diversos grupos políticos dentro da Sociedade. Mas seria interessante conhecê-los mais, em sua essência fantasmática; como os preconceitos, os fantasmas ficam menos patogênicos quando vêm à luz...

 

Referências

Abrahanson, L. (2015). O quarto de Jack. Universal.         [ Links ]

Burka, J., Sowa, A., Baer, B. A., Brandes, C. E., Gallup, J. Karp-Lewis, S., Leavitt, J. & Rosbrow, P. (2019). From the talking cure to a disease of silence: effects of ethical violations in a psychoanalytic institute. The International Journal of Psychoanalysis, 100(2),247-271.         [ Links ]

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Recebido em: 2/12/2020
Aceito em: 4/12/2020

 

 

1 Extraído da circular para a Reunião Regulamentar de Docentes, de 13 de novembro de 2017.
2 Estímulo enviado para discussão sobre Supervisão em junho de 2018.
3 O texto "From the talking cure to a disease of silence: effects of ethical violations in a psychoanalytic institute" (Burka et al., 2019) será publicado em breve no Livro Anual de Psicanálise.
4 Um recente artigo de Tuckett et al. (2020) discute a importância de tais processos de diagnóstico e reflexão sobre a formação em diversos institutos da IPA.
5 Fernanda M. C. Fonoff, Norma L. Semer, Thais Rosenthal e Vera Regina Fonseca.

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