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Revista Psicopedagogia

versión impresa ISSN 0103-8486

Rev. psicopedag. vol.39 no.118 São Paulo ene./abr. 2022

https://doi.org/10.51207/2179-4057.20220012 

EDITORIAL

 

De frente para o futuroFacing the future

 

 

Luciana Barros de AlmeidaI; Maria Irene MalufII

IEditora da Revista Psicopedagogia, 2020 - 2022
IIEditora da Revista Psicopedagogia, 2003 - 2016

 

 

Em 1982 aconteceu a publicação da primeira edição, à época intitulado 'Boletim', ali tínhamos na Direção e no Conselho Editorial nossas nobres colegas Edith Rubinstein e Matilde Arancibia L. O. de Castro, juntamente com Leda Maria Codeço Barone, Nádia Dumara Ruiz Silveira e Beatriz Scoz, que ao apresentarem a publicação realçaram que dentre as finalidades de se ter uma publicação da Psicopedagogia estava "veicular o debate tão necessário entre nós". Cumprimentamos-lhes pela ousadia, coragem e bravura de inaugurar um tempo de valorização do conhecimento como registro da trajetória construída em meio a inúmeras colaborações acumuladas nesse período.

Atravessando todo esse tempo... aqui se vão 40 anos ininterruptos de publicações na área, todos eles permeados de entusiasmo e de esperança para todos os envolvidos nesse importante veículo de comunicação entre os psicopedagogos e pesquisadores envolvidos ao longo desse tempo.

Importante se faz agradecer aos leitores e aos autores que juntamente à nós fizeram da Revista Psicopedagogia uma ferramenta de pesquisa, de leitura, de referência e de publicação do conhecimento a ser difundido em nossa comunidade de aprendizagem.

Muitas e variadas mudanças aconteceram e seguem acontecendo em nossa sociedade desde esse momento. Com a Revista Psicopedagogia não foi diferente. E é sobre essa Linha de Tempo que trataremos aqui neste Editorial no decorrer desse ano de 2022.

Para dialogar sobre esse tempo e sua história em cada uma das três edições desse ano de 2022, teremos um Editorial compartilhado, sendo escrito a quatro mãos, participando dele a atual Editora da Revista, eu, Luciana Barros de Almeida, e cada um dos membros do atual Conselho Executivo da Revista Psicopedagogia, segundo sua cronologia. Também uma forma de reconhecer a importante contribuição do trabalho cedido à Associação Brasileira de Psicopedagogia.

Nessa Edição 118 convidamos a escrever conosco a Psicopedagoga, Conselheira Vitalícia da Associação Brasileira de Psicopedagogia e Editora da Revista Psicopedagogia no período de 2003-2016, Maria Irene Maluf, que nos fará suas memórias enquanto esteve à frente da Revista Psicopedagogia.

Escrever um Editorial, ou parte dele, é como prefaciar um livro: exige vínculo com o autor ou com o veículo de comunicação. Não se escrevem prefácios e nem editoriais para os inimigos e daí decorre que, por mais que se queira manter o correto alinhamento metodológico científico, esta é uma escrita que se realiza na trama da emoção.

Assumir o compromisso de levar a Revista Psicopedagogia ao patamar de visibilidade no meio acadêmico e científico, o qual se alcançou a partir do momento em que foi indexada a diferentes Bases de Dados nacionais e internacionais de renome e confiabilidade, foi uma desafio que exigiu um bom espaço na minha vida pessoal e profissional. Por isso, afirmo muitas vezes que a Revista, os autores que tanto contribuíram, os colaboradores, as pessoas que nos deram seu apoio, levaram um pouquinho de mim, mas deixaram muito (aprendizado) comigo. Permanecem. Permaneceremos!

Devo afirmar, aqui, que sou grata pelas orientações generosas de muitos e pelo apoio incondicional de outras pessoas. Jamais teria conseguido sozinha, realizar tal empreitada. Uma das presenças que marcaram esse caminho, coincidentemente é hoje presidente da ABPp, Marisa Irene Castanho, cuja amizade e especialmente conhecimento me deram o sustentáculo e o ânimo que eu precisava.

Agradeço e muito a Maria Cecília Gasparian, a Quézia Bombonatto e a Luciana Barros de Almeida: não fosse a confiança dessas ex-presidentes que me conferiram sucessivamente o convite ao cargo, eu não teria concluído com êxito meu ciclo de participação como Editora da Revista Psicopedagogia.

Acredito, e quem convive comigo sabe disso, que respeito o passado, mas confio sempre que o melhor está no futuro: essa é a certeza que nos faz caminhar, persistir, amar algo como se nosso fosse, embora consciente de que estamos só de passagem.

Não posso deixar de ser grata às queridas Débora de Castro Pereira, (que abraçou a revista em 2017) e a Luciana Barros de Almeida: sem elas, sem sua dedicação e desprendimento, com certeza eu não teria hoje esta oportunidade de comemorar junto aos leitores os 40 anos da revista Psicopedagogia, o meio de comunicação científica da ABPp cujo reconhecimento ultrapassou as fronteiras do nosso país como fonte de referência a inúmeros trabalhos acadêmicos de relevância.

E que se sucedam mudanças produtivas, novas conquistas e belíssimas edições da nossa Revista: que continuemos o caminhar, sempre de frente para o futuro.

Lá certamente vivem meus melhores votos para esta publicação.

Prosseguimos apresentando ao leitor os textos que compõem essa edição, mas antes igualmente agradecemos aos autores dessa edição:

Temos na Edição 118, as autoras Andréa Dulor Finkler, Marion Cristine de Barba, Taís da Silva Matos, com um Artigo de Revisão, intitulado 'Habilidades auditivas e dificuldade de aprendizagem: uma revisão integrativa da literatura', cujo estudo buscou revisar a literatura nacional relacionando as habilidades auditivas e as dificuldades de aprendizagem, utilizaram artigos indexados nas bases de dados Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde, Scientific Electronic Library Online e Portal da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Concluíram que é comum encontrar alterações na avaliação das habilidades auditivas de indivíduos com dificuldades escolares, principalmente quando comparados a escolares com bom desempenho acadêmico.

Como Artigo Original, Lariana Paula Pinto junto com Sendy Christine Pinheiro Martins trazem 'Competências acadêmicas e habilidades sociais: estudo correlacional em crianças', no qual apresentam correlações entre competências acadêmicas e habilidades sociais evidenciadas em 50 escolares da rede pública de 6 a 13 anos moradores do interior de Minas Gerais. Os resultados e estudos mostram que o repertório de habilidades sociais em crianças pode estar atenuado no processo de aprendizagem e programas de desenvolvimento de habilidades sociais na infância podendo ser realizados como preventivos de problemas de aprendizagem e comportamento.

Num outro Artigo de Revisão, as autoras Carolina Baptista Menezes, Ilana Andretta, Fernanda Machado Lopes, Gabriela Rodrigues, Jéssica Limberger, Julya Kronbauer, Mariana de Oliveira Bortolatto, trazem 'Avaliação de habilidades sociais em universitários', cujo objetivo desta revisão crítica da literatura foi analisar os resultados de estudos empíricos sobre avaliação das habilidades sociais em universitários, verificando instrumentos utilizados, temáticas recorrentes e resultados alcançados. Os resultados mostraram correlação positiva entre um bom repertório de habilidades sociais e assertividade, senso de autoeficácia, interações sociais satisfatórias e adaptação acadêmica; mas não entre habilidades sociais e habilidades de raciocínio intelectual, tipo de curso ou universidade.

Escreve um Relato de Experiência Maria Irene Miranda. Trata-se de 'Convivendo e aprendendo com o TDAH: um estudo de caso', a autora aborda o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) de origem neurobiológica, ocorre pelos recorrentes comportamentos dispersivos, impulsivos e hiperativos que comprometem as relações humanas em diferentes espaços. Desta forma, é um desafio a pais e professores que buscam ressaltar as possibilidades em detrimento das supostas limitações. Desprovida da intenção de oferecer respostas definitivas, é possível inferir sobre a necessidade de ação conjunta que envolva a família e a escola, conforme as demandas de cada caso, buscando superar as concepções conservadoras e patologizantes de atenção e preconizar a existência de diferentes modalidades atencionais.

A autora Sabrina Cardoso Tavares escreve um Artigo de Revisão, que aborda 'Estudos sobre discalculia e instrumentos de avaliação psicopedagógica', com o objetivo de investigar a produção literária acadêmica dos últimos dez anos sobre os instrumentos psicopedagógicos de avaliação da discalculia do desenvolvimento em crianças.

Mais um Artigo Original é escrito por Ana Aparecida de Oliveira Machado Barby, Carla Luciane Blum Vestena e Janaína Schell dos Santos. Tem o título 'Consciência fonológica no ensino da leitura a estudantes com dificuldade de aprendizagem nos anos iniciais', aqui o objetivo deste estudo foi investigar a eficácia da aplicação de um programa de intervenção em consciência fonológica a cinco estudantes com queixa de dificuldades de aprendizagem da leitura nos anos iniciais do ensino fundamental em uma escola particular da cidade de Guarapuava, PR. Concluíram que o ensino fonológico com ênfase nas relações entre os fonemas e grafemas pode ser eficiente na superação das dificuldades de aprendizagem da leitura e escrita.

As autoras Alessandra Gotuzo Seabra, Aline Barbam e Juliana Belomo Correia escrevem um Artigo Original, intitulado 'Diferença no desempenho receptivo-expressivo em crianças bilíngues e fatores relacionados'. Neste estudo investigam a diferença entre vocabulário receptivo e expressivo em crianças alunas de escolas bilíngues com a intenção de verificar se há uma lacuna entre os vocabulários e identificar aspectos relacionados a esse possível distanciamento. Adicionalmente, observou-se que a diferença entre vocabulários no inglês variou de acordo com algumas características da exposição à língua. Por esse motivo, estratégias e intervenções podem ser pensadas e desenvolvidas, especialmente em escolas bilíngues, para facilitar o desenvolvimento da linguagem das crianças bilíngues e promover estimulação não apenas do vocabulário receptivo, mas também do expressivo.

Outro grupo de estudiosas, Cristiane Corina Antunes, Eugênia Chaves de Souza Pelogia, Laura Monte Serrat Barbosa e Simone Carlberg, escreve um Relato de Experiência intitulado 'Um instrumento de análise do processo de aprender - imagens e representações na leitura do desenho'. Neste estudo cruza-se o conceito que o aprendiz possui do que seja desenho com o nível de estruturação cognitiva, os mecanismos de produção de imagem e os códigos utilizados na produção desenhada. Os elementos são descritos com o objetivo de fazer uma análise do desenho apresentado por um aprendiz. Trata-se de uma proposta de análise fundamentada na Complexidade e na Epistemologia Convergente, a qual busca superar marcos classificatórios e patologizantes, e também colocar o foco nas possibilidades do aprendiz.

Tem-se também como Relato de Experiência as autoras Jéssica Luchi Ferreira, Luziene Dalmaschio Biasutti Oliveira e Mônica Cola Cariello Brotas Corrêa que trazem 'Avaliação neuropsicológica e orientação profissional: Estudo de caso sobre síndrome de Rasmussen', abordando que uma das contribuições ainda pouco exploradas é o uso da avaliação neuropsicológica para a orientação profissional. Apresentam um caso de uma paciente acometida pela síndrome de Rasmussen, encefalopatia crônica rara, que causa epilepsia refratária e progressiva deterioração neurológica e cognitiva, resultando na necessidade de realização de hemisferectomia. Concluem que a realização conjunta da avaliação neuropsicológica e da orientação profissional pode favorecer a identificação da escolha profissional, beneficiando especialmente pessoas portadoras de necessidades especiais, contribuindo para seu processo de inclusão social.

O Relato de Experiência 'Aprendizagem criativa: uso do Scratch a partir dos 3 anos', é escrito por Eduardo Fernandes da Silva e enfatiza a importância do ser humano ter contato com um ambiente de aprendizagem criativa desde cedo, contemplando-se a ideia do jardim de infância para toda a vida. Esta intervenção psicopedagógica possibilitou o desenvolvimento criativo da criança em meio digital, sendo um movimento indispensável para o desenvolvimento da aprendizagem espontânea que dará suporte para a compreensão dos conteúdos escolares posteriores, assim como ao processo de inclusão social e digital.

Fechando essa edição, temos um Artigo de Revisão, feito por Adriana Zilly, Marines Andreazza de Oliveira e Rosane Meire Munhak da Silva, com o título 'Plano educacional individualizado para a inclusão da criança autista na Educação Infantil', trazendo o quanto a inclusão de crianças com Transtorno do Espectro Autista tem se apresentado como um desafio desde a Educação Infantil, e o Plano Educacional Individualizado tem se mostrado um instrumento norteador no processo de inclusão destas crianças. Elaborado de forma colaborativa com a participação dos envolvidos nos contextos escolar, familiar e clínico, busca atender às especificidades que abarcam esta deficiência. Consideram que as informações e conhecimentos sobre as especificidades que envolvem o transtorno precisam ser considerados na realização da inclusão escolar e, organizados de forma colaborativa, contribuindo para a área da saúde e para os profissionais da educação, que juntos, poderão desenvolver um Plano Educacional Individualizado com embasamento científico e atuar de forma a contribuir tanto para o processo ensino-aprendizagem como para o desenvolvimento integral destas crianças.

Com o devido trabalho rodeado pelo entusiasmo, entregamos a primeira Edição Comemorativa destes 40 anos de publicação da Revista Psicopedagogia.

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