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Revista Brasileira de Psicanálise

versión impresa ISSN 0486-641Xversión On-line ISSN 2175-3601

Rev. bras. psicanál v.43 n.3 São Paulo sep. 2009

 

ARTIGOS

 

A questão da Psicanálise em Fabio Herrmann. Crise em crise?

 

La cuestión del Psicoanálisis en Fabio Herrmann. ¿Crisis en crisis?

 

The question of Psychoanalysis in Fabio Herrmann. Crisis in Crisis?

 

 

Leda Herrmann1

Socidedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo - São Paulo
Centro de Estudos da Teoria dos Campos

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O artigo expõe a ideia de Fabio Herrmann sobre a história da psicanálise como resistência à Psicanálise. Atribui a crise atual da Psicanálise à sua redução, depois de Freud, à clínica padrão de consultório, sustentada por uma teoria padrão.

Palavras-chave: Fabio Herrmann; Teoria dos Campos; Clínica padrão; Alta teoria.


RESUMEN

El artículo expone la idea de Fabio Herrmann sobre la historia del psicoanálisis como resistencia al Psicoanálisis. Atribuye la actual crisis del Psicoanálisis a su reducción, después de Freud, a la clínica padrón de consultorio, la cual está soportada por una teoría padrón.

Palabras clave: Fabio Herrmann; Teoría de los Campos; Clínica padrón; Alta teoría.


ABSTRACT

The paper deals with Fabio Herrmann’s idea on the history of psychoanalysis as resistance to Psychoanalysis.
Herrmann attributes the contemporary crisis in Psychoanalysis to its reduction, after Freud, to the practice of a standard technique in the consulting room that is supported by a standard theory.

Keywords: Fabio Herrmann; Multiple Fields Theory; Standard technique; High theory.


 

 

Introdução: questão ou crise?

A Psicanálise tomada como objeto em questão, tema deste número da Revista Brasileira de Psicanálise, deriva-se, a meu ver, de outra temática prevalente no ambiente psicanalítico e intelectual a partir de meados dos anos 80 - a crise da Psicanálise.

No hemisfério norte, depois de se ter vivido o boom da terapia analítica que tomou várias décadas do século passado, desde os anos 30, foi-se instalando uma crise de mercado. Os sistemas de saúde - públicos ou privados - passaram a abranger cada vez mais os custos dos tratamentos médicos, mesmo nas áreas das psicoterapias. A relação direta paciente analista, no que diz respeito ao pagamento dos honorários profissionais, passou a ser intermediada por tais agências financiadoras que passaram, também, a estabelecer condições de reconhecimento para os tratamentos financiados. Some-se a isso a proliferação de psicoterapias derivadas da Psicanálise que não se prendiam aos padrões, ou standards da IPA preconizados tanto para a clínica como para a formação dos profissionais. Uma oferta maior e mais flexível de atendimento psicoterapêutico já é, por si, suficiente para o encolhimento do mercado no âmbito da Psicanálise. N ão é, pois, de se admirar que uma das matérias de capa da revista Time, na última década, tivesse sido o anúncio da morte da Psicanálise.

No hemisfério sul, principalmente na América Latina, a crise de mercado chega mais tarde. Menos devida ao aprimoramento do sistema de saúde mental oferecido à população, mas mais à diversificação de recursos psicoterápicos de padrões menos exigentes que os das sociedades de psicanálise filiadas à IPA e ao empobrecimento da classe média, consumidora maior do tratamento psicanalítico.

Desde que instalada, e não mais podendo ser negada, uma vez que os consultórios de fato se esvaziam, bem como diminui a procura por formação no movimento psicanalítico dito oficial, o ipiano, a crise de mercado torna-se um evidente sinal de alerta. É possível afirmar que, tomada como sintoma, em princípio, mobiliza no movimento psicanalítico a busca de soluções para aumentar a demanda por tratamento psicanalítico, para, em seguida, em um compreensível movimento defensivo deixar o tema crise de lado, mudando o rumo na direção de pensar a própria Psicanálise. Ou colocá-la em questão.

 

Desdobramentos: a resposta da Teoria dos Campos

O pensamento de Fabio Herrmann, a Teoria dos Campos, nasce de uma crítica à crise diagnosticada na Psicanálise, não a crise de mercado, outra, mas, de certa forma, antecipando-a.

Nos finais da década de 60, terminando o curso de medicina, mas já enfronhado no estudo da obra freudiana e iniciando-se no atendimento clínico, Fabio Herrmann dá-se conta que a produção psicanalítica estava na contra mão do projeto freudiano, pois, dividida em escolas, nada mais descobria, apenas repetia-se no esmiuçamento dos conceitos que essas escolas consagravam. Seu campo de pesquisa mais próximo era a psicanálise paulista onde predominava a escola kleiniana e iniciava-se a propagação das ideias bionianas. Dessa crítica inicial, Fabio constrói uma vasta obra escrita, desenvolvendo-se em um sistema de pensamento psicanalítico que considero original e qualifico como crítico heurístico (Herrmann, L., 2007).

Um dos aspectos da crise que o pensamento crítico de Fabio aponta diz respeito à história da psicanálise como resistência à Psicanálise2. E é este o ponto que procurarei desenvolver nestas minhas reflexões.

A obra escrita de Fabio está embebida por tal ideia, mas só em seus últimos escritos ela aparece como tema principal. Trata-se de um texto preparado como aulas do seu último curso ministrado de 2002 a 2006 no Instituto de Psicanálise da SBPSP e no Programa de Pós-Graduação da PUCSP (Herrmann, F., inédito). O texto completo, que ainda se constituirá em livro, é inédito, embora algumas dessas aulas tenham sido publicadas em revistas psicanalíticas.

Encontrei em um dos arquivos preparatórios dessas aulas, e que não foi deletado do computador por Fabio, um escrito em forma de epígrafe que condensa a ideia que quero transmitir neste artigo, a da história da psicanálise como a resistência à Psicanálise. Comecemos por ele:

Em Freud, a Psicanálise ocupava uma área muito maior que a terapia de consultório; depois, dentro do movimento psicanalítico, não se expandiu, encolheu. A teoria psicanalítica, por seu lado, adaptou-se à prática, transformando-se em psicologia individual, e à formação, dividindose em sistemas doutrinários escolásticos. (…) Os mesmos acordos políticos que determinaram os centros do poder psicanalítico convencionaram a extensão permissível da clínica e, por tabela, o nível de sua teorização, definindo assim a clínica padrão e a teoria padrão.(…) Hoje, a crise da clínica padrão força mesmo os grupos mais recalcitrantes a praticarem uma clínica extensa, que se assenta, porém, equivocadamente, nas teorias padrão das escolas, ou, com certa frequência, numa versão destas, ainda mais simplificada; quando, ao contrário, a clínica extensa exige um grau mais elevado de teorização: a “alta teoria” - a região que, da metapsicologia, se estende para cima até o método psicanalítico.

Encontro na citação acima a forma como se armou o pensamento de Fabio sobre a crise que assaltou a Psicanálise e a desviou do rumo que Freud lhe vislumbrou, o de se constituir em uma ciência geral da psique que conjuga saber e cura. Destaco esquematicamente os seguintes pontos: 1) o encolhimento em uma terapia de consultório, 2) as consequências de tal restrição no âmbito da própria teoria psicanalítica, 3) o projeto freudiano de constituição de um movimento profissional de âmbito internacional, que procurava privilegiar principalmente o tratamento psicanalítico e as doutrinas sobre a constituição do sujeito psíquico.

É por essa história que, segundo Fabio, arma-se a crise da Psicanálise de nossos dias. Foi por via dos três pontos destacados que, paulatinamente, se instala uma clínica padrão definida pelo apego exagerado às regras do setting estabelecidas na época do apogeu do tratamento psicanalítico de consultório. A crise que a epígrafe diagnostica é da clínica padrão e o seu complemento, a teoria padrão. A superação implica uma clínica extensa estabelecida através do que Fabio chamou de alta teoria, ou seja, uma teorização em grau mais elevado que se estende da metapsicologia para e exploração do método psicanalítico não confundido com a técnica dele derivada. N a Teoria dos Campos, ele é concebido como ruptura de campo, vórtice, expectativa de trânsito etc. e cuja operacionalização está para lá do psiquismo individual, implicando todo âmbito de abrangência do sentido humano, isto é, o homem e seu mundo (Herrmann, 2005).

As grandes análises freudianas da cultura, dos mitos, da literatura não frutificaram na produção analítica posterior. Esta foi dirigida ao estabelecimento de uma prática clínica que foi se estreitando em interpretações semelhantes, cuja variação só obedecia à ênfase da escola a que o analista se filiava e emolduradas por um setting ritualístico. Segundo Fabio: “…a teoria psicanalítica adaptou-se à prática terapêutica, reduzindo-se a psicologia individual, e adaptou-se aos grupos de formação, fragmentando-se em sistemas doutrinários escolásticos.” (Herrmann, 2005, p. 20).

Ao mesmo tempo em que surgiram escolas fundadas por grandes mestres como Melanie Klein e Lacan, as teorias psicanalíticas por eles desenvolvidas, a partir do que consideravam ser o ponto fundante do pensamento freudiano, relativo à psicologia individual, foi moldando a prática terapêutica - guardando sempre relação à moldura ou setting - e à formação que essas escolas propiciavam. Assim definiu-se a clínica padrão e a teoria padrão.

Para a Teoria dos Campos o que ameaça a Psicanálise não são as psicoterapias na sua maioria derivadas da própria prática analítica, nem a psiquiatria e suas drogas cada vez mais eficazes, mas nosso procedimento padrão, para lá do número de sessões. O que nos ameaça é o apego ao padrão, ou seja, a uma lei que dispensa crítica e pensamento, reduzindo-se a uma forma morta.

Para pensar a história da psicanálise como resistência à Psicanálise, usa como guia o poema de Mallarmé (1998, p. 251) “Um lance de dados jamais abolirá o acaso” (Herrmann, 2002). No poema é um guia, o Mestre - sentido antigo em português para capitão - que conduz, na travessia da incerteza, o padrão do verso alexandrino consagrado na poesia francesa do século XIX para um naufrágio, “sem dispor de maiores garantias do destino, senão da forçosa ousadia de lançar os dados.” (Herrmann, 2002, p. 16)

O alexandrino, o verso de doze sílabas em que se combinam vários timbres, perde, nos fins do século XIX, o poder expressivo por seu uso tão constante, que automatiza a escuta e impede outras formas poéticas. O naufrágio da nave literária, figurado no poema de Mallarmé, alerta para uma específica situação: na circunstância de mastro e pena que caem, quando o tempo se esgota, impõe-se o apelo a um rumo. N ão os dos instrumentos costumeiros que já não mais valem. Torna-se necessário apostar, jogar os dados. “A recalcitrância antiga em abrir mão do processo costumeiro impede que os dados rolem, a mão está crispada, diz o poeta, pela usura atávica do gesto.” (Herrmann, 2005, p. 21).

Comparando a crise do alexandrino com a psicanalítica, escreve Fabio Herrmann:

Pois bem, a clínica psicanalítica vem sucumbindo a seu próprio alexandrino, o padrão das sessões, das interpretações, da atitude convencional. A psicanálise de quatro vezes por semana, com o desamparo da sexta interpretado pontualmente na segunda; o silêncio reticente e o meio sorriso acolhedor que, juntos, prometem suspensão de juízo; a heráldica escolástica que se apresenta já no contrato, com orgulhosa discrição (eu trabalho dessa maneira, se lhe convier…); tudo isto, com seus encantos, com seus defeitos, foi indo por água abaixo nos últimos anos, deixando certa nostalgia, só de leve maculada por um grão de má consciência. Que fizemos de errado? Hoje, os pacientes não vêm quatro vezes por semana - por que quatro, a propósito? E não é só por dinheiro. O tráfego, a violência urbana, a correria desenfreada, mas, também, certa claudicação do valor emblemático do estar em análise, fazem parte do motivo. As sessões não têm necessariamente quarenta e cinco minutos - que já foram cinquenta, que nasceram sessenta. Os pretendentes à formação diminuíram na maioria dos lugares, entre nós um pouco menos, à medida que escasseavam os pacientes de análise padrão. (De minhas borradas memórias daquele já distante - e último, creio - Encontro da IPA de 1988, em N ewcastle, consta uma conversa instrutiva com certo colega americano que se orgulhava de só atender pacientes em análise quatro vezes por semana. E quantos você tem? Três. E o resto do tempo? Bom, faço psicoterapia, contestou imperturbável.) Acima de tudo, a magia dos rituais psicanalíticos foi perdendo seu encanto. Ser analista já não equivale a um título de nobreza, embora sempre infunda respeitoso temor. (Herrmann, 2005, p. 21).

Do ponto de vista da Teoria dos Campos, clínica padrão e teoria padrão compõem os dados da circunstância da crise psicanalítica instalada nos finais do século passado. Certa peculiaridade do movimento psicanalítico oficial que é compartida pela maioria dos demais grupos de formação propicia não só a crise, como sua exportação. Isto é, a expansão da Psicanálise deu-se pelo sistema de colonização dos centros produtores para a periferia consumidora. O sistema colonizador, assentado em formas e relação um tanto arcaicas promove a dependência ao centro, inibe modos de produção que por ventura venham a se constituir nas periferias e é impeditivo de vínculos mais complexos e melhor enraizados entre as organizações psicanalíticas autóctones e o tecido social dessa periferia. Avaliar o risco de desaparecimento da instituição psicanalítica diante do naufrágio da clínica padrão é a tentativa que nos resta, na opção pela dependência a que fomos empurrados em tal sistema de expansão.

A internacionalização do movimento psicanalítico inicia-se pela necessidade de incluir a América do Norte como novo polo de poder. Dentro do espírito corporativo, a IPA assume nesse episódio um aspecto ligeiramente comparável ao da Liga Hanseática. Diante da ameaça da delegação americana a Jones - ou nos deixam fazer de nosso jeito, ou deixamos de pagar -, resultando na criação da Associação Americana de Psicanálise que restringiu aos médicos a possibilidade de formação analítica, preserva-se o centro teórico europeu fazendo vistas grossas ao que se passava na América, dando ao novo parceiro certa independência prática. Aos europeus que para lá se dirigiram, por força da segunda guerra, era facilitada a condição de naturalizar-se e de fixar residência nos EUA.

Rigorosamente no sentido de expansão colonizadora, a Psicanálise só se internacionalizaria pela descoberta psicanalítica da América Latina e bem depois, a do resto do mundo. Nas nossas paragens essa colonização pode ser comparada ao modelo das Companhias das Índias, um empreendimento de exploração do comércio de além-mar muito mais ambicioso que o da Liga Hanseática. É na América Latina que surge a figura do residente estrangeiro, diretamente subordinado à potência colonizadora. Mas, com a figura dos representantes locais - formados nos centros europeus ou que para lá se dirigiram para um treinamento complementar com a incumbência de exercer tal função na volta à colônia -, que segue, na geração seguinte, à dos residentes, chegamos quase ao nível das empresas de desenvolvimento e colonização do tipo das companhias bananeiras. No entanto, nos alerta Fabio, esse estágio não foi possível de ser atingido por falta de capital circulante, já que a IPA nunca contou com grandes recursos, o que permitia que nos centros mais avançados prevalecesse o “sistema mutualista de guilda na organização interna” (Herrmann, inédito). Reflete Fabio nesse texto inédito:

…sobressaiu largamente a dimensão religiosa, secundária nos empreendimentos congêneres, ou seja, as missões, mais empenhadas em conseguir vocações e áreas de prestígio para cada escola, que em obter lucro direto. Testemunho do caráter sobretudo religioso da propagação da psicanálise europeia às regiões dependentes é dado pela instituição de uma terceira figura, responsável pelo controle dos próprios residentes - quando se deixavam seduzir pelas facilidades da vida na colônia, cometendo desmandos inescusáveis - e daqueles representantes que passavam às vezes a abusar da investidura em vantagem própria: criaram-se os visitadores. Os relatórios das comissões de visitadores (visiting committees) e os autos dos processos instaurados a partir deles ofereceriam peças altamente instrutivas na reconstituição da história missionária da IPA, não fora, como sempre constituiu praxe em semelhantes procedimentos, seu caráter sigiloso.

E mais adiante:

É evidente que a questão mais contemporânea, e na realidade dominante em todo o mundo psicanalítico, no desenvolvido ou no dependente, reside no naufrágio da clínica padrão. Mesmo a disputa anglo-francesa pela supremacia, refere-se em essência à psicanálise de consultório conduzida segundo os standards técnicos dominantes e, mais especificamente, ao recrutamento e formação de analistas nela especializados. Vem daí certo desânimo que se generaliza, pois, se é possível manter por certo tempo os escalões mais altos da psicanálise à custa da formação e do clientelismo estrangeiro, uma seca prolongada pode pôr a nave a pique - contradição tão-somente metafórica.

Voltando ao poema de Mallarmé para considerar e enfrentar a crise da clínica padrão, convém lembrar que Mestre não é uma profeta ou general, mas o homem hábil em seu ofício, ou seja, aquele que conduz a travessia da incerteza. Na travessia psicanalítica atual é a clínica que deve estender-se em uma elevação teórica. Ao Mestre analista é dada a função de, levantando sua tocha, iluminar uma área muito mais ampla que compreende a generalização de conceitos psicanalíticos como o de inconsciente, o esclarecimento das condições do homem do mundo e não só da psicanálise de consultório, tendo como pilar central a interação entre teoria psicanalítica e epistemologia.

 

Conclusão antecipatória

Em 1983, no encarte Folhetim, do jornal Folha de S. Paulo (p. 8-9), Fabio publicou um artigo, Horkos ou “Pelos charutos de Freud”, que contem, para mim, uma conclusão antecipatória das reflexões aqui exposta, sobre as condições do surgimento da crise da clínica padrão e da teoria padrão, bem como dos caminhos possíveis à sua superação. Nada melhor que com sua reprodução, terminar este artigo:

A história da Psicanálise, segmento da história das ideias, adoece do mesmo mal de orgulho do resto da parentela. Consiste ele em que as correntes do saber não reconhecem a supremacia de um juízo externo - com boa razão -, mas, ao se avaliarem por critérios próprios, não conseguem abarcar criticamente sua própria totalidade: miram-se no espelho de peculiaridades circunstanciais.

Em nosso caso, história confunde-se às vezes com o prolongamento da autoanálise de Freud, empreendida pelos seguidores sem a presença do paciente ilustre, às vezes com o desenvolvimento das ideias que conduzem ao ponto ômega, à escola a que se filia o historiador. Ora, conquanto compreensível, tal história, construída sob o signo do biografismo inconsciente e da gratuita predileção, falha lamentavelmente, de um lado, por não saber apropriar-se da essência do método psicanalítico, único juiz do desenvolvimento, de outro, por praticar uma autêntica carnagem das grandes e médias figuras irreconciliadas que construíram a Psicanálise ao longo deste século.

Reunir seletivamente todas as contribuições é difícil, além de antipático aos próprios interesses; promover a exegese do método psicanalítico, em meio à confusão entre essência da disciplina e técnica de consultório, é dificílimo; contudo, partir do método essencial e organizar o cipoal de trabalhos teóricos de desigual valor é urgente, indispensável e, hoje, impossível. Trata-se apenas de um programa para a terceira geração de psicanalistas, ou seja, para nós mesmos.

A primeira geração psicanalítica foi a de Freud; ou melhor, foi Freud… e colaboradores. N ão só a superioridade de Freud é flagrante - o que ninguém discute -, como também o princípio de superioridade e prestígio funda, no período clássico da Psicanálise, o critério veritativo mais conspícuo, embora o menos elogiável, de nossa disciplina. Como não seria possível equipará-la às outras ciências, por sua gritante singularidade, Freud, de caso pensado, optou por sobrepujá-las radicalmente, para o que lhe serviu magnificamente o movimento psicanalítico recém-instituído.

Vitória confundiu-se um pouco com verdade, seja a vitória da Psicanálise sobre a psicologia clássica, a de Freud sobre os discípulos e dissidentes, ou a vitória de uma teoria sobre as demais. Até no estilo do texto freudiano ressalta esta preocupação. É ele montado na vitória contínua sobre o leitor, que Freud convida a refutá-lo com argumentos sensatíssimos, para que estes, desancados sem dó nem piedade, produzam o efeito de convicção necessário a uma teoria revoltantemente íntima. Uma retórica da superioridade criou-se assim. O mestre, porém, conhecia as próprias manhas, e se arrasava uma teoria para valorizar outra, guardava-se bem de acreditar nesse recurso fácil e mantinha as duas com frequência. (Leia-se, a propósito, a bela tese de Monzani (1982) acerca da relação complexa entre as teorias “vitoriosas” e “superadas” de Freud: a teoria da sedução, a primeira tópica etc.)

Acima, referindo-me à psicanálise freudiana, empreguei a expressão “período clássico”, que de nenhum modo é gratuita. Como no classicismo arquitetônico ou pictórico, trata-se de estágio onde a forma geral das teorias reflete, sem qualquer esforço, o método essencial da Psicanálise e comparece, por igual, em quaisquer produções concretas, teóricas ou clínicas. Não faz falta o esforço de recuperação - ou ao menos pouquíssimo esforço, consistente em separar o que é produção legítima e central de umas quantas intrusões circunstanciais. Desde o “Projeto” e a “Interpretação dos sonhos”, até a “Análise interminável”, o método psicanalítico encarna-se constantemente com a naturalidade que reveste um templo grego ou uma igreja mineira de barroco classicismo. Lá está e pronto.

Vem, no entanto, a segunda geração ou período das escolas, e o clássico se torna de chofre amaneirado. Uma análise do fenômeno seria longa; todavia, em duas pinceladas podemos debuxálo. O critério veritativo de superioridade permanece implícito e atuante; daí, não sendo factível continuar, cada escola tem de começar de novo. Os kleinianos, ou a psicologia do ego, lacanianos, bionianos, ou adeptos de escolas mais locais sofrem o efeito do ritmo violento e breve da produção de suas escolas, o viço dos mestres e o rápido declínio dos seguidores. Demais, o critério de superioridade é implacável. Só uma forma pode sobreviver, pois o que não vence já era falso desde o início. A dificuldade em usar lidimamente o método psicanalítico (como o método dialético, por exemplo) impede que se ponha tijolo sobre tijolo na construção das teorias: cada mestre e cada grupo para dispor de alguma verdade, no regime veritativo da superioridade, deve imitar a Freud - no sentido em que se fala de “Imitação de Cristo”, por exemplo. Isto é, há de ser um com Freud, ou sê-lo pura e simplesmente, pois a verdade é como a túnica, inconsútil. Assim, cada escola psicanalítica passa a ser a Psicanálise toda, fazendo com que a obsessão freudiana de unidade (lembrem-se os dogmas fundamentais e o comitê secreto) dê nascedouro, por herança direta, ao esfacelamento presente.

Como se vê, há lógica e justiça irretorquíveis em tal sequência. Se a fonte de validação das escolas psicanalíticas é a herança freudiana - e não o método, que em si independe de sua pessoa -, nada mais natural que todas elas mimetizem o fundador; vale dizer: criem de novo a Psicanálise, ainda que só metonimicamente, pars pro toto, já que a disciplina não se pode inaugurar uma segunda vez. É claro que nenhuma escola o admite. Ao contrário, proclamam todas sincera ortodoxia, sem perceber que ortodoxia, em nosso caso, significa exatamente isto: a opinião justa consiste em reproduzir o ato essencial do fundador, a fundação autóctone da psicanálise.

Como fica, pois, a relação com as origens? Será a psicanálise uma hóstia, que, dividida, mantém em cada parte a totalidade do corpo divino? De certo modo. Existe, com efeito, um vínculo sólido entre cada escola e a obra matriz. Há em grego uma palavra que o designa bem: horkos. Horkos significa o objeto pelo qual se jura. Informa-nos Hesíodo (1979) que, quando os deuses entram em litígio, Zeus envia a lesta Íris a colher um pouco da água sagrada do Estige, que corre nas escuras paragens do mundo infernal. Proferindo um juramento enquanto a bebem, os deuses não devem mentir, do contrário este horkos os punirá exemplarmente: um ano estará o faltoso imortal como morto, em letargia cataléptica, depois mais nove anos proscrito do Olimpo, privado dos banquetes de néctar e ambrósia. Dura e temida pena! Pois não menos dura e temida será a sentença imaginária que pesa sobre os desviantes psicanalíticos, uma vez que a mais forte conexão com a obra de Freud não é a mera continuidade, passível de correção e aprimoramento, mas uma espécie de relação entre totalidades, uma validação em bloco ou juramento, da qual aquela é o horkos, a garantia. Destarte, cada corrente se beneficia da inteira herança freudiana, apesar de contradizer suas coirmãs, igualmente garantidas. Como, porém, a obra freudiana é densa e penumbrosos são seus pressupostos profundos, não é de se estranhar que, de vez em quando se confunda a apressada Íris, que a essas missões vai algo contrafeita, e colha a água no outro rio infernal, no Letes, ou rio do esquecimento. Então, feito o juramento, a natureza exata da concepção freudiana é olvidada, mas, como a escola inteira bebeu da mesma água, isso não importa demais: o juramento permanece seja pelo horkos das águas estígias ou pelo horkos do rio Letes.

Enfim, os mestres fundadores das escolas psicanalíticas parecem compartir a visão trágica de Freud acerca da natureza humana. A inveja primitiva de Melanie Klein, a lei de Lacan, as pré-concepções de Bion ecoam a inexorabilidade do conflito entre Eros e Tânatos, a primazia do fator quantitativo e a ditadura de Ananke. Há, por outra, certo ceticismo ou pessimismo com respeito à ação, uma crença vaga na inelutabilidade do destino inconsciente. Diz Nietzsche, no Nascimento da Tragédia (1976): “Apreenderam a essência das coisas com um olhar lúcido; viram o que é e desde então aborrecem a ação; porque sua atividade em nada pode mudar o ser eterno das coisas”… “O conhecimento mata a ação” (p. 56). Ora, o que os grandes viram, os pequenos entenderam ver também, imitando os discípulos o grande letargo dionisíaco dos mestres. N ós, porém, já somos o começo da terceira geração psicanalítica e podemos constatar um fato assaz curioso. A saber: cada um dos olhares que os mestres das escolas lançaram ao fundo do homem e à essência das coisas, percucientes, tocou fundo a essência, pondo no entanto à mostra elementos bastante diferentes.

Pode ser que fosse um melhor vidente do que o outro, ou talvez tenha o homem vários fundos e as coisas essências múltiplas - inclino-me pessoalmente pela segunda hipótese -, o certo é que, para a Psicanálise, seria preciso emendar a fórmula nietzscheana, passando a falar no eterno retorno de vários mesmos a lugares diversos… Por causa disso, da consciência que se impõe, a terceira geração dos psicanalistas nasce sob o signo zodiacal da crítica. O período clássico é naturalmente sistemático, suas conclusões conduzem a uma visão trágica do homem; já as escolas partem dessa visão e se fazem aforísticas: “nada sabemos”, “o homem sempre será o mesmo”, “o pensar é raro” etc. Reconhecendo o imenso valor da produção escolástica, devemos entretanto cotejá-la, selecionar e cruzar as formulações, submetêlas ao crivo que nos proporcionará a recuperação do método essencial, borrado pelo maneirismo prevalente no período das escolas. Afinal, é muito mais radical e impressionante admitir que sabemos alguma coisa, portanto que reconhecemos a infinitude do ignorado, que aderir a uma ignorância empasteladora e difusa. Que o homem seja sempre o mesmo é possível. Mas que homem e que mesmo? Além disso, só pode concluir que o pensar é raro quem se tiver esforçado a vida inteira por pensar, constatando ao fim o pouco que conseguiu: tais palavras sábias se devem reservar para o posfácio da vida intelectual, soam pretensiosas no prólogo e embaraçosas no miolo.

Nascem, dessas considerações históricas, algumas diretrizes programáticas para a terceira geração psicanalítica, esta que sucede o período das escolas.

1. Em primeiríssimo lugar, urge isolar o método psicanalítico, a partir da confusão entre método e técnica de consultório - não se trata de recuperar o classicismo freudiano, mas de adquirir um instrumento crítico confiável.

2. O caráter critico, único que o tempo atual permite, há de expressar-se menos na superação negativa das escolas, do que no reaproveitamento comparativo de sua produção. Sem sermos dogmáticos ou enturmados, é preciso que evitemos também o vício simétrico, o ecletismo, novo e tolerante nome da ignorância. Como, porém, a produção concentrada, mas de rápida curva descensional, que caracterizou as escolas, é praticamente incomunicável entre elas (que são, na expressão feliz do grupo psicanalítico uruguaio3, “incomensuráveis”), somente a generalização correta, metodologicamente correta, de nossas teorias é capaz de gerar um sistema racional e crítico para aquilatar suas discrepâncias reais. Um exemplo de generalização necessária, sem entrar no problema de sua factibilidade, seria a operacionalização do conceito de inconsciente, que presentemente oscila entre a formalização metafísica e uma ontologia reificada.

3. Sob o prisma terapêutico, creio que é hora de calar a inócua discussão sobre a finalidade psicoterápica ou não da análise, assim como as querelas com as terapias diversas, e passar a estudá-las,em busca da essência da função terapêutica que compartilham todas. As terapias, compreendida aí a psicanálise e todas suas linhas, fazem da moldura ou setting um rito e da técnica um fetiche: acreditam que são esses componentes os responsáveis pelo efeito geral que proporcionam aos pacientes. Mas serão? Como se explicam as semelhanças notáveis da ação de terapias tão diversas? Não residirá o efeito numa ação comum insuspeitada, na “função terapêutica”? Se assim for, há que tomar seriamente o conjunto das terapias como objeto de estudo psicanalítico, talvez para elucidar a presença do campo transferencial oculto, porém eficiente, em cada uma delas.

4. Por fim, quanto ao objeto mesmo da Psicanálise, uma generalização crítica fica sugerida. Toda contradição mal aceita gera fintas. O analista, sabemos e aceitemos, está hoje preso a seu consultório por sólidos laços econômicos. Daí provém, quem sabe, sua aversão contra a psiquiatria, pois exerce uma função que se poderia chamar “psiquiatria da normalidade”. Nega em tese a patologia, mas a atribui, na prática, como forma de justificação do próprio trabalho - embora sob eufemismos, tais como falta de desenvolvimento mental, desadaptação, má relação de objeto etc. (Da universalização da neurose freudiana à atribuição local e atual de incapacidade generalizada de pensar, há margem para um interessante estudo de história da banalização). Se, contudo, fosse a Psicanálise, enquanto disciplina, reorientada para o estudo da psique do real, vale dizer, das condições concretas supra-individuais do universo do sentido, é provável que tanto a teoria recuperasse seu campo de direito, como a clínica, por força de melhor consciência, deixasse de se definir por oposição à psiquiatria: quem sabe como, quando e por que usa alguma coisa não necessita negar o emprego.

A contrapartida desse esboço de proposta teórica consiste em alguns princípios de política científica:

1. O psicanalista da terceira geração não se pode furtar a ser teórico. Se rejeita a filiação às escolas disponíveis e não pretende fazer a sua, tem de assumir os fardos da crítica e da modesta, mas constante, produção pessoal; recusando também a importação indiscriminada de produtos e utensílios teóricos estrangeiros, cujo prestígio os isenta da taxação alfandegária intelectual. Em particular, o analista que vive num país subdesenvolvido tem duplicado o dever e o ônus de cumpri-lo: no máximo é preciso teorizar responsavelmente e com coragem, no mínimo ser um divulgador crítico das criações escolásticas importadas. O psicanalista da terceira geração será um teórico crítico por necessidade, mas o latino-americano o será também por dever social.

2. Opondo-se ao deperecido critério veritativo da superioridade, cujo enfraquecimento progressivo as discordâncias entre as escolas incumbem-se de denunciar, a terceira geração analítica terá por norma a produção e o convívio das diferenças. O critério da superioridade teórica pragmatizou- se, com o tempo, em superioridade institucional. Pois bem, recusá-lo significa assumir os títulos das instituições psicanalíticas ou aboli-los, tendo-os, em qualquer dos casos, como meros epifenômenos dispensáveis da produção teórico-clínica, que se vaze em obra pública, publicada e livremente discutida: é urgente voltar a escrever.

3. E como o analista da terceira geração há de ser leitor, autor e experimentador clínico em próprio nome, sua formação não pode depender exclusivamente das instituições especializadas - que, no entanto, mantêm sua validade -, mas da fermentação a céu aberto das ideias mais discrepantes, da complementação através do juízo crítico acerca de obras publicadas. O poder das escolas, sustentáculo do princípio veritativo da superioridade, manifesta-se pelo caminho da transferência institucional, hoje tão discutida. Mas esta só prolifera em ambiente anaeróbio; a obra pública é seu melhor antídoto: vale dizer, institui o sadio princípio do “vale quem tem”, seja através de livro ou artigo, seja através de supervisão, seminário ou análise livremente oferecidos.

4. Por último, o temperamento trágico da Psicanálise deve ser revisto. As grandes afirmações sobre o cerne do homem são no mínimo passíveis de um reparo. Trágico, por direito, é o pensador que se alça a sê-lo, por um laborioso trabalho de superfície. Os aforismos a respeito da essência da natureza humana coadunam-se mal com a confusa obscuridade do ser contemporâneo; demais, quem parte deles e neles fica, como oráculo do inconsciente, tende a escamotear a crítica e refugiar-se na impostura. Freud ganhou o direito de ser o trágico do “Mais além do Principio do Prazer…”, pela via da “Interpretação dos Sonhos”, pelos “Três ensaios”, pela “Metapsicologia”, pelos “Historiais Clínicos”. Melanie Klein ou Lacan são talvez dignos aspirantes ao ingresso na tragédia, Nós, se os imitamos, escorregaremos inexoravelmente para a pantomima.

Portanto, é indispensável ganhar o direito a ser psicanalista por um labor minucioso na superfície da vida mental, que não busque apressadamente enxergar o fundo, furando a especificidade manifesta. É preciso ler e reler a teoria, corrigir pacientemente a prática clínica, escrever e publicar, criticar e ser criticado, sintetizar as escolas sob o crivo do método essencial, aproximar-se das disciplinas correlatas, conhecê-las e fazer-se conhecido. N isso consistirá a validação da Psicanálise praticada pela terceira geração, ao recusar a submeter-se à autoridade das escolas. Jurar por Freud ainda é possível, desde que não se apóie nisso a confiança de nossa prática teórica, mas que seja tão-somente sinal de referência e reverência que o primeiro e melhor dos psicanalistas nos merece. Todavia, há que fazê-lo com crítica e uma pitada de humor. Que meu horkos seja Freud, aceito; mas não jurarei por suas teorias ou pelo seu divã, pois divãs devem ser móveis e teorias idem: jurarei antes minha produção psicanalítica pelos charutos de Freud, que o ajudaram a pensar e desfizeram-se em fumaça.

 

Referências

Herrmann, F. (Inédito). Da Clínica Extensa à Alta Teoria. Meditações Clínicas. (Curso ministrado no Instituto de Psicanálise da SBPSP e no Programa de Pós-Graduação da PUCSP, de 2002 a 2006.)        [ Links ]

_____ (1983). Horhos ou “Pelos charutos de Freud”. Folha de S. Paulo. São Paulo, 12 de junho Folhetim, p.8-9.

_____ (2002). Da clínica extensa à alta teoria: a história da psicanálise como resistência à Psicanálise. Percurso. Revista de Psicanálise, XV (29), 15-20.        [ Links ]

_____ (2005) Clínica extensa. In Leda M. C. Barone et. alt. (org.) A psicanálise e a clínica extensa. São Paulo: Casa do Psicólogo, p. 17-31.        [ Links ]

Herrmann, L. (2007). Andaimes do real: a construção de um pensamento. São Paulo: Casa do Psicólogo.        [ Links ]

Hesiod (1979). Theogony. In Hesiod and Theogonis, trad. D. S. Wender. Great Britain: Penguin Classics.        [ Links ]

Mallarmé, S. (1998). Un coup de dès jamais n’abolira le hasrad. In Poésis et autres textes. Paris: Le Livre de Poche, Librairie Générale Française, p. 251-279.

Monzani, L. R. (1982). Freud, o movimento de um pensamento. Tese de doutorado, Universidade de São Paulo, São Paulo.        [ Links ]

Nietzche, F. (1976). La Naissance de la Tragedie, trad. G. Branquis. France: Gallimard.        [ Links ]

 

 

Endereço para correspondência
Leda Herrmann
[Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo SBPSP]
R. Girassol, 34/102
05433-000 São Paulo, SP
Tel: (11) 3088-8123
E-mail:herrmannfl@globo.com

Recebido em 14.8.2009
Aceito em 17.8.2009

 

 

1 Psicanalista. Membro efetivo da Socidedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo SBPSP. Presidente do CETEC (Centro de Estudos da Teoria dos Campos). Doutora em Psicologia Clínica pela PUCSP.
2 É intencional em Fabio o uso de duas grafias para psicanálise: com “P” maiúsculo, Psicanálise, refere-se à ciência psicanalítica, com “p” minúsculo, às suas adjetivações, como por exemplo, história da psicanálise.
3 O grupo de psicanalistas de Montevidéu estudou a possibilidade de cruzar as contribuições de diferentes escolas, concluindo que estas não admitem medida comum, sendo, pois, incomensuráveis. Esse trabalho foi apresentado no Congresso Latino Americano de Psicanálise de Buenos Aires, 1982.

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