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Revista Brasileira de Psicanálise

versión impresa ISSN 0486-641X

Rev. bras. psicanál vol.44 no.2 São Paulo  2010

 

ARTIGOS TEMÁTICOS - VARIAÇÕES E FUNDAMENTOS

 

Núcleos neuróticos e não neuróticos: constituição, repetição e manejo na situação analítica

 

Nucleos neuróticos y no-neuróticos: constitución, repetición y manejo en la situación analítica

 

Neurotic and non-neurotic nuclei: constitution, repetition and handling in analytic situation

 

 

Marion Minerbo,1 São Paulo

Endereço para Correspondência

 

 


RESUMO

Investiga-se a questão da constituição, repetição e manejo de núcleos neuróticos e não neuróticos em uma mesma analisanda. Considerou-se a perspectiva transgeracional para imaginar, a partir da situação transferencial-contratransferencial, que elementos inconscientes poderiam estar na origem desses núcleos. Propõe-se a hipótese de que elementos tanáticos não simbolizados pelas figuras parentais, evacuados e alojados pela psique em formação, estão na origem dos núcleos não neuróticos (do sofrimento narcísico-identitário); e elementos-beta eróticos, não simbolizados pelas figuras parentais, evacuados e alojados pela psique em formação, estão na origem dos núcleos neuróticos.

Palavras-chave: núcleos neuróticos e não neuróticos; repetição; manejo; elementos-beta tanáticos; elementos-beta eróticos.


RESUMEN

Se investiga la constitución, repetición y manejo de núcleos neuróticos y no-neuróticos en una misma paciente. La perspectiva transgeneracional es empleada para imaginar qué elementos inconscientes de la generación anterior podrían estar en su origen. La experiencia clínica de la autora la lleva a pensar que los elementos tanáticos no-simbolizados de las figuras parentales, evacuados y alojados por la psique en formación, estarían en el origen de núcleos no-neuróticos (del sufrimiento narcisístico-identificador), mientras que los elementos eróticos no-simbolizados estarían en el origen de los núcleos neuróticos.

Palabras clave: núcleos neuróticos y no-neuróticos, repetición, manejo, elementos-beta tanáticos, elementos- beta eróticos.


ABSTRACT

The author investigates the constitution, repetition and handling of neurotic and non-neurotic nuclei, all in the same patient. From a transgenerational perspective, she brainstorms the unconscious elements which could be in the origin of these nuclei. She proposes the hypothesis that thanatic non-symbolized elements, evacuated by parental figures and lodged by the psyche in formation, originate non-neurotic nuclei, while erotic non-symbolized elements originate neurotic nuclei.

Keywords: neurotic and non-neurotic nuclei; repetition; handling; thanatic beta-elements; erotic betaelements.


 

 

O principal meio de domar a compulsão à repetição do paciente e transformá-la num motivo para a recordação está no manejo da transferência.

(Freud, 1914/1969b)

 

Introdução

O texto em epígrafe sobre o "manejo da transferência" toca o coração do trabalho analítico. Para o Freud de 1914, "repete-se tudo o que já avançou a partir das fontes do reprimido para sua personalidade manifesta – suas inibições, suas atitudes inúteis e seus traços patológicos de caráter" (p. 198). Em 1920, fazendo referência ao texto de 1914, acrescenta: "Essas reproduções, que surgem com tal exatidão indesejada, sempre têm como tema alguma parte da vida sextual infantil, isto é, do complexo de Édipo e de seus derivativos...." (Freud, 1920/1669a, p. 32)

Ele está se referindo à neurose. Mas ainda em 1920 ele diz: "o fato novo e assombroso que agora devemos descrever é que a compulsão à repetição retorna também vivências passadas que não contém possibilidade alguma de prazer." (Freud, 1920/1669a, p. 34). Como se lê na parte IV de "Além do princípio do prazer", um fracasso em efetuar ligações provocaria um distúrbio análogo a uma neurose traumática, e somente após a ligação haver sido efetuada é que seria possível a dominância do princípio do prazer. Abre-se a possibilidade de pensar o funcionamento psíquico não neurótico nos distúrbios narcísico-identitários, em que é o próprio pulsional que se repete em busca de ligação.

Manejar a transferência é criar, no campo transferencial-contratransferencial, certas condições emocionais para "domá-la". Essas condições diferem se estamos diante da repetição de um núcleo neurótico ou não neurótico, como veremos através de um caso. Usarei três autores contemporâneos que abordam a questão da repetição, preparando o terreno para minhas proposições.

1. Donnet (2005). Quando Freud introduz a noção de instâncias, o eu e o superego se constituem a partir de identificações, enquanto o id é o próprio pulsional ligado ao corpo. O que se repete são identificações inconscientes ancoradas em moções pulsionais em busca de descarga. Distingue dois tipos de identificação: as histéricas, relacionadas ao desejo infantil recalcado; e as narcísicas, em que não é o desejo, mas modos de pensamento infantis que se repetem.

Como exemplo de repetição de uma identificação histérica traz uma situação de sua própria análise com Viderman. Sua sessão termina às 20 horas. Pressentindo seu término, silencia. Ouvem-se as primeiras badaladas de uma igreja próxima. Sua angústia cresce à medida que prosseguem sem que seu analista encerre a sessão. Exclama, então: "Mas eu não quero que você me dê mais do que o meu tempo!". O analista continua sentado mais um pouco. Por fim, encerra a sessão. Seu silêncio tem valor interpretativo porque, nesse intervalo, Donnet se dá conta de que atribuíra a Viderman o desejo de transgredir o enquadre para ficar com ele além do tempo; atribuíra ao analista o desejo incestuoso. Estamos no campo do princípio do prazer.

Como exemplo de repetição de uma identificação narcísica traz uma situação que se cristaliza em impasse. A analisanda fizera progressos em sua vida profissional. Pouco depois, começa a se queixar de dores e de não ter com quem deixar os filhos, pedindo para diminuir uma sessão. A analista tenta interpretar o pedido como reação ao progresso terapêutico, mas a analisanda, até então colaboradora, passa a se queixar insistente e tiranicamente da analista (é insensível etc.). A analista pensa que não é o momento de diminuir uma sessão; cria-se um impasse. Esta vai se sentindo impotente e irritada. A saída do impasse passará por uma atuação da analista, que funcionou como interpretação selvagem. A posteriori, a analista entende que a analisanda estava repetindo uma identificação narcísica com a mãe que "tiranizava" marido e filhos lamuriando-se e vitimizando-se por ter de cuidar deles. A mãe identifica a criança como um peso; a criança se identifica ao lugar designado; a analista se identifica com essa criança. Tudo isso acontece num momento em que a análise conduzia a analisanda a uma desidentificação com um aspecto da figura materna, o que levantou resistências e produziu a reação terapêutica negativa descrita.

2. Roussillon (1999). Parte da ideia conhecida de que a repetição diz respeito ao traumático não simbolizado. Acrescenta a distinção entre um não simbolizado primário e outro secundário. O primeiro resulta de um traumatismo ocorrido durante a constituição do narcisismo primário. O segundo, de um traumatismo durante a travessia edipiana.

a. O não simbolizado primário diz respeito a situações de agonia que obrigaram o psiquismo a clivar essa experiência. A simbolização primária, que daria uma primeira forma psíquica aos elementos afetivo/sensório/motores da agonia, criando um primeiro signo psíquico da coisa, não aconteceu. Esses elementos permaneceram como matéria bruta pré-psíquica, não simbolizada. O traço psíquico não simbolizado tende a fazer retorno de forma não subjetivada: como elementos sensoriais e como alucinação. O segundo exemplo de Donnet esclarece este ponto. A analisanda começa a se queixar de dores, de não ter com quem deixar os filhos e pede para diminuir uma sessão. Esses elementos não eram interpretáveis em termos clássicos porque ainda não haviam sido simbolizados em nível primário. Sem a simbolização primária, diz Roussillon, a interpretação roda em falso. O que se repete na situação transferencial é o que foi clivado do psiquismo.

b. O não simbolizado secundário diz respeito ao traumatismo ocorrido durante a travessia do Édipo; afeta a vida pulsional libidinal e agressiva, bem como o narcisismo secundário, mais do que o narcisismo primário. Um movimento pulsional da criança foi representado como perigoso, produziu angústia e teve de ser recalcado. No lugar do recalque ficou uma zona de infantilismo, que irá se repetir na esperança de produzir a descarga pulsional (libidinal ou agressiva) interrompida. A zona de infantilismo entra em ressonância com situações atuais – o sujeito faz transferência com objetos atuais – ativando a mesma angústia que motivou o primeiro recalque. Como as representações do desejo não estão integradas, o sujeito vai viver o atual como angustiante sem saber por que. O primeiro exemplo de Donnet mostra a fantasia angustiante de um adulto incestuoso que deseja retê-lo.

3. Figueiredo (2009). Em "A intersubjetividade e o mundo interno" o autor retoma o que Freud deixou de lado em "Além do princípio do prazer", a saber, o papel do objeto no trabalho de ligação da pulsão. Distingue duas situações que permitem pensar a questão da repetição.

a. Os objetos primários responderam mais bem do que mal aos ataques pulsionais do infans e são introjetados, tornando-se constitutivos do eu. Por isso não são repetidos ou transferidos.

b. Os objetos primários foram inadequados em maior ou menor medida. Serão internalizados, mas não integrados, e sim incorporados como "objetos maus" – os objetos traumatizantes. Constituirão o campo dos objetos superegoicos (ou o supraeu), comportando-se como corpos estranhos. A relação com eles será "barulhenta": serão constantemente reencontrados nos objetos de transferência, na vida como na análise. Ou seja, o que se repete, o que se transfere, são sempre esses corpos estranhos.

Sintetizando. Freud distingue o agieren, repetição do sexual infantil, e a compulsão à repetição, repetição do traumático, do pulsional não ligado. Donnet distingue a repetição de identificações histéricas e narcísicas. Roussillon fala da repetição do não simbolizado secundário e primário. Figueiredo aponta para a repetição dos objetos incorporados mediantes mecanismos distintos: o deslocamento e a identificação projetiva. Esses argumentos nos autorizam a falar em repetição de núcleos neuróticos e não neuróticos.

Minha hipótese diz respeito ao modo pelo qual se constituem cada um desses núcleos.

Um núcleo não neurótico se estrutura quando a psique em formação aloja em si elementos-beta tanáticos evacuados pelo objeto primário – o não simbolizado primário relativo às moções pulsionais de morte clivadas dirigidas ao infans ou à criança.

Um núcleo neurótico se estrutura quando a psique em formação aloja em si elementos- beta eróticos evacuados pelo objeto primário – o não simbolizado secundário relativo à sexualidade parental recalcada.

Cabe aqui uma ressalva. Em teoria é possível fazer uma distinção clara entre neurose e não neurose (Minerbo, 2009); já a clínica nos impõe uma visão necessariamente matizada. Tanto é assim que uma mesma analisanda – essencialmente normoneurótica – nos servirá para discutir as duas situações.

 

Constituição, repetição e manejo de um núcleo não neurótico

Trata-se de uma jovem estilista cuja mãe representa uma grife de luxo no Brasil. A analisanda, que complementou seus estudos no exterior e parece ser bastante talentosa, conseguiu um emprego num ateliê de moda. Muitas das sessões têm como tema a "luta de egos" dos fashionistas. Escolhi alguns recortes como eixo condutor de minhas ideias.

Situação 1. A analisanda conta que foi mostrar uma produção do seu ateliê à mãe, e esta retruca dizendo que a grife X (que ela representa) é mais chique; segue apontando outros defeitos. A analisanda associa com o filme Sonata de Outono, em que a mãe, pianista famosa, tinha de ser o centro das atenções.

Situação 2. Está preocupada com o ateliê. As duas sócias não param de brigar. Uma faz de tudo para pôr a outra para baixo. Desse jeito, diz a analisanda, ninguém vai para lugar nenhum e o ateliê vai afundar.

 

A evacuação de elementos-beta por parte do objeto primário

Classicamente, a filha inveja a mãe. Se o material traz representações em que a mãe inveja a filha, supõe-se que houve projeção por parte da filha. Mas é preciso reconhecer, e para isso é preciso adotar uma perspectiva transgeracional, que há mães que efetivamente invejam suas filhas. Dessa perspectiva, se a mãe não elaborou a rivalidade narcísica com sua própria imago materna, esses restos permanecem ativos como corpos estranhos incorporados, mas não integrados. Mais do que recalcados – caso em que teria havido alguma simbolização dessa rivalidade – tais restos estão clivados, inacessíveis, fora da corrente de sua vida psíquica. Ela (a mãe) poderá, então, atuar esses afetos não simbolizados em qualquer relação atual que entre em ressonância com essa imago, inclusive com a própria filha. Confundindo a filha com a imago materna odiada, poderá invejá-la e atacá-la. A mãe não tem condições de simbolizar o movimento pulsional que a leva a desqualificar a filha a cada vez que esta tenta exibir alguma potência narcísica ("a minha grife é mais chique do que a sua").

Parece-me fundamental lembrar que os filhos podem se tornar suporte da transferência negativa de seus pais (situação 1). Seu narcisismo será então atacado, sem que possam ser ajudados a fazer sentido dessa experiência – uma vez que o objeto que deveria fazer a função alfa é a própria fonte de elementos beta. Essa situação configura uma zona de traumatismo primário, que estará submetida ao regime da compulsão à repetição. A situação 2 ilustra a luta sem fim entre narcisismos, em prejuízo do crescimento de ambos ("ninguém vai para lugar nenhum e o ateliê vai afundar").

Ressalto que, mais do que indigesta, a carga de elemento-beta recebida pelo psiquismo em formação é traumática porque este não tem condições de simbolizar – ou simboliza parcialmente – que se trata de um ataque, que está sendo atacado no lugar de outro objeto, e que o motivo do ataque é a rivalidade narcísica. A analisanda descreve muitas situações cotidianas semelhantes às apresentadas na situação 1 e 2, o que entendo como repetição da zona de traumatismo em busca de elaboração.

 

Alojando elementos-beta tanáticos

Os elementos-beta podem ser aproximados dos "significantes enigmáticos" de Laplanche (1987). São elementos não simbolizados do psiquismo parental que terão de ser alojados pelo psiquismo em formação. Cardoso (2002) distingue, com Laplanche, duas situações: "intromissão" e "implantação" das mensagens enigmáticas do outro. A intromissão seria a vertente violenta da implantação. Essa autora questiona o que faz com que certas mensagens sejam intraduzíveis e acabem constituindo enclaves na tópica. As respostas que oferece me parecem elípticas. Penso que as mensagens enigmáticas violentas que produzirão o enclave psicótico dizem respeito a moções pulsionais tanáticas dirigidas à criança.

O termo "tanático" me parece apropriado porque o adulto defende o próprio narcisismo atacando o narcisismo da criança, como vemos na situação 1. Como o psiquismo materno não é capaz de conter/transformar sua inveja, caberá ao da filha se organizar/ desorganizar para alojar os elementos tanáticos nela evacuados. Em vez de funcionarem como o grão de areia que mobiliza o potencial criativo da pérola, as mensagens tanáticas funcionam como um corpo estranho que destrói a ostra, isto é, desorganiza um setor do narcisismo primário. O que foi clivado no objeto primário continuará clivado no psiquismo em formação (a menos que o terceiro objeto interceda interceptando ou significando os ataques tanáticos), originando um núcleo não neurótico.

Este pode ser mínimo e bem circunscrito em analisandos neuróticos, ou muito extenso, prejudicando setores importantes da função simbolizante, como na subjetividade predominantemente não neurótica. O importante é que um núcleo psicótico é sempre a resposta do psiquismo em formação aos elementos-beta tanáticos que o psiquismo parental não foi capaz de conter dentro de si.

 

Efeitos subjetivos

A psique em formação responde ao ataque ("minha grife é mais chique do que a sua") por meio de uma identificação primária com o não simbolizado materno. Se fosse possível traduzir uma identificação inconsciente em palavras seria algo como "sou aquela cuja potência ameaça o narcisismo de minha mãe". A analisanda "será agida" repetidamente por essa identificação narcísica, o que convoca a "mãe ameaçada" nos objetos atuais, que passam a boicotá-la efetivamente (a "luta de egos" descrita na situação 2 e que se repete em seu cotidiano). Corresponde a uma zona de indiferenciação sujeito-objeto, pois está identificada a uma imago tanática que faz parte do universo psíquico da figura materna. Ela faz isso porque não tem escolha, mas também por amor e como forma de preservar o vínculo inconsciente com ela. Em contrapartida, não ficará desamparada nem sofrerá retaliações.

A cada vez que o trabalho analítico se encaminha para a possibilidade de uma desidentificação o conflito se agudiza: de um lado, é imprescindível separar-se da figura materna para poder viver; de outro, há o medo de perder as vantagens garantidas pelo contrato narcísico e ainda ter de pagar uma multa. A desidentificação dependerá, inicialmente, mais do manejo da transferência do que da interpretação.

 

O manejo da transferência

Mannoni (1987) afirma que não se pode interpretar uma identificação; ela cai quando se torna consciente por outros caminhos. No exemplo que dá, o analisando se torna consciente de uma identificação quando se percebe fazendo os mesmos gestos que sua mãe. De acordo com o texto de 1914 em epígrafe, o caminho para interromper a repetição (produzida por uma identificação) é o manejo da transferência. O que se entende aqui por manejo?

Donnet (2005) faz uma crítica ao texto de 1914. A oposição recordar/repetir sugerida por Freud, que se traduz como oposição representar/agir, não corresponde ao que se vê na clínica. Agir e representar se apresentam num gradiente: há falas que "fazem" mais do que "dizem" e vice-versa. Quanto menos simbolizado aquilo que se repete na situação analítica, maior o valor de ação de sua fala. Nesse caso, não adianta o analista responder com uma fala que "diz", isto é, com uma interpretação clássica, pois o analisando a ouvirá como uma fala que "faz". Será preciso responder com uma fala cujo gradiente de ação é compatível com o da fala do analisando. É isso que entendo por manejo da transferência.

Roussillon (1995) se refere a esse tipo de trabalho analítico em termos de "jogo da simbolização". O jogo envolve uma ação que se repetirá até que a simbolização do que está em jogo tenha sido feita. Voltando à desidentificação, certo modo de ser deixa de se repetir pela via de levare; mas isso só pode acontecer quando se simboliza – pela via de porre – aquilo que o determinava. Posto isso, o manejo da transferência envolve "etapas".

Compulsão à repetição. Ao relatar a situação 2 (a "luta de egos"), a analisanda acrescenta que não entende por que as sócias preferem ver o barco afundar a colaborar para o bem de todos. Esse material tematiza, mas não atualiza, o núcleo não neurótico. Sua atualização, isto é, a repetição, se dá no nível não verbal da comunicação. Nele se expressam os aspectos tanáticos que originaram esse núcleo. O analista sofrerá, tal como a analisanda na relação com seu objeto primário, um ataque ao seu narcisismo. Este não precisa tomar a forma de uma violência explícita – há ataques sutis. O analista se verá desalojado de sua condição habitual de escuta e com uma dificuldade persistente para recuperá-la. No exemplo de Donnet, a interpretação sobre o pedido da analisanda para diminuir uma sessão, embora correta, não toca a analisanda, deixando a analista perdida e irritada.

Confusão sujeito-objeto. Perde-se (temporariamente e de forma circunscrita) a separação analista/analisando. Isso tem de acontecer, já que o núcleo não neurótico é precisamente um setor em que a separação sujeito-objeto não se deu: o psiquismo da criança ainda é um prolongamento do materno porque continua a serviço de seu narcisismo. A confusão sujeito-objeto se manifesta de duas maneiras. O analista se identifica com o aspecto traumatizante do objeto, dando voz ao corpo estranho incorporado; ou se identifica com a criança traumatizada, caso em que "o incorporado falará diretamente pela boca do analisando" (Roussillon, informação verbal, outubro de 2009). No exemplo de Donnet, a analisanda se torna a própria mãe queixosa-tirânica.

Cristalização de um campo transferencial-contratransferencial negativo. A identificação com o objeto traumatizante ou com o sujeito traumatizado cria um campo em que cada um terá de defender seu narcisismo da ameaça representada pelo outro (situações 1 e 2). Num primeiro momento o analista tentará defender seu narcisismo à custa do narcisismo do paciente, tal como fez o objeto primário. Pronto: está criado e cristalizado um campo transferencial-contratransferencial idêntico ao que está na origem do núcleo não neurótico. Haverá um impasse, tal como vimos no segundo exemplo de Donnet.

Elaboração da contratransferência. A saída do impasse acontece quando o analista consegue criar, na situação transferencial, a separação até então inexistente entre o sujeito e o corpo estranho (agora encarnado pelo analista), com o qual vem se debatendo ao longo da vida. O que se repete compulsivamente é a relação com esse corpo estranho que o sujeito não consegue nem eliminar, separando-se dele, nem integrar à sua estrutura egoica. Entendo que "elaborar a contratransferência" é encontrar os meios para "se separar do analisando" naquele setor em que ambos estavam misturados por efeito da repetição do núcleo não neurótico, isto é, do não simbolizado tanático. Quase sempre isso exige a intervenção de um terceiro. Quando isso acontece, o analista, que até então contribuía para a manutenção da repetição do núcleo não neurótico, passa a contribuir para transformar essa repetição no jogo da simbolização (Roussillon, 1995).

O jogo da simbolizaçãoo manejo propriamente dito. À medida que o analista elabora sua contratransferência, a repetição estéril pode ser manejada de forma a se transformar numa repetição criativa. Brincar com o analisando significa colocar à sua disposição um narcisismo suficientemente forte para que faça certo uso do objeto. O manejo cria condições de possibilidade para que ele faça a experiência que não pôde ser feita – rivalizar narcisicamente com o objeto primário sem sofrer retaliações. Só então conflito identificatório e resistência podem ser interpretados no sentido clássico, como veremos adiante.

 

Clinicando

Como tudo isso se deu nesta análise? A analista interpreta, a analisanda retruca apontando os "defeitos" na interpretação da analista. Isso é sistemático. Embora o conteúdo da fala da analisanda seja adequado para a eventual correção da interpretação, o clima emocional criado produz na analista a sensação de ser desqualificada; sente-se diminuída. Em resposta, sua tendência é reafirmar defensivamente seu ponto de vista, opondo-se à analisanda. O narcisismo da analista sofre por se ver envolvida num "bate-boca" não analítico. Agora é a analisanda que se sente diminuída. O campo transferencial-contratransferencial criado com a colaboração de paciente e analista adoece e se cristaliza: é a repetição do núcleo não neurótico.

É nesse plano de afetação mútua (Kupermann, 2008), no qual se experimentam sensações e afetos por meio da abolição momentânea das fronteiras estabelecidas entre sujeito e objeto, que se pode construir um conhecimento psicanalítico. O risco é menos o adoecimento do campo do que "[criarem-se] mecanismos de defesa para resistir ao encontro promovido pela clínica, recusando os modos como se é afetado e como se afeta o outro" (p. 179-180).

O embate entre dois narcisismos, o da analista e o da analisanda, reproduz os mecanismos que levaram à constituição do núcleo psicótico que agora se repete (ilustrados na situação 1 e 2). Com uma diferença: a analista acaba por se dar conta da dinâmica que se estabelece, procura identificar sua participação na criação desse campo transferencial-contratransferencial e se empenha em interromper a repetição.

A analista recorre à ajuda de colegas para elaborar a contratransferência negativa. Essa parte é sempre difícil e delicada. Assim como a condição traumática implicou sofrimento para o narcisismo em constituição, a repetição do trauma na transferência fará sofrer o narcisismo do analista. Além disso, é preciso alguma compreensão metapsicológica sobre o não simbolizado que está sendo repetido, o que possibilitará a separação sujeito-objeto. Recupera-se a condição de assimetria no campo transferencial-contratransferencial e, com ela, a escuta analítica e as reservas narcísicas da analista. Agora ela tem condições psíquicas para tentar transformar a situação de boicote recíproco em um jogo criativo. Sobrevive à tentativa de desqualificar a interpretação incorporando a fala da analisanda como "ajuda".

 

Entre o cru e o pré-cozido2

Situação 3. F. (marido) conta à analisanda que o chefe "pegou seu colega para cristo". Ele está tentando tirar férias junto com sua esposa. O chefe, que é um "homossexual mal resolvido", não autoriza, sendo que a ausência do rapaz não prejudicaria em nada o trabalho. F. defendeu o colega interpelando o chefe. A analisanda descreve a situação, mas é incapaz de nomear o afeto em jogo. E comenta: é impressionante como as pessoas podem ser "do mal" a troco de nada. A analista interpreta: "A troco de nada, não: aquilo se chama inveja".

Situação 4. A analisanda conta que sua mãe lhe emprestou o carro, ficando ela mesma a pé. Ficou muito surpresa, foi a primeira vez que... (e não encontra a palavra). Eu digo: "surpresa com a generosidade".

Na situação 3 falta apenas um "empurrãozinho" interpretativo para que a analisanda reconheça e possa nomear um ataque invejoso. A novidade é que surgiu um objeto (o marido) que defende a pessoa que está sendo atacada (o colega/ela) e faz o papel de terceiro entre ela e a figura materna (representada pelo chefe, figura onipotente como a mãe fálica). Já é possível interpretar no sentido clássico do termo, o que sugere que já contamos com um material pré-cozido – a simbolização primária já foi feita. Lembrando Roussillon (1999), para que a interpretação não rode em falso é preciso que tenha havido uma primeira simbolização do trauma primário.

É impossível dizer quando começa ou termina a simbolização primária do núcleo não neurótico. Tivemos notícia do material mais cru pela compulsão à repetição que se instalou durante um tempo na situação analítica; e pela contratransferência negativa que ainda era captada essencialmente no nível da corporeidade da analista (o sofrimento narcísico ainda sem representação). Nelson Coelho Jr. (2010) afirma que o trabalho analítico se dá num campo formado pela corporeidade de paciente e analista – cocorporeidade. Sugere que o trabalho de simbolização começa nesse nível visceral, subterrâneo, silencioso e inconsciente. Um analisando com recursos simbólicos mais crus do que esta não teria tido condições de trazer a imagem das duas sócias do ateliê engalfinhadas na "luta de egos". A inscrição dos traços afetivo/sensório/motores estaria num registro mais corporal do que psíquico da corporeidade. O analista estaria diante do irrepresentável. Essa imagem, ou algo equivalente, teria de surgir da corporeidade do analista em ressonância com a corporeidade do analisando.

A situação 2, que surge em algum momento do processo, já é uma imagem mais cozida da situação em que analista e paciente estavam enredadas. É interessante pensar em termos de gradiente no processo transformacional. Essa imagem bem poderia ser considerada um elemento "balfa", entre o cru e o cozido, evidência das transformações em curso. Por fim, a situação 4 traz uma nova representação da figura materna (generosa).

 

Constituição, repetição e manejo de um núcleo neurótico

Retomo algumas ideias, vistas na Introdução, a respeito da repetição do núcleo neurótico. Donnet mostra que a identificação histérica leva o sujeito a atribuir à figura parental e seus deslocamentos o desejo incestuoso, desconhecendo que é seu próprio desejo que o move. Roussillon afirma que o não simbolizado secundário corresponde ao recalcado, zona de infantilismo que determina a repetição em busca da gratificação pulsional interditada e a eclosão da angústia quando a situação atual entra em ressonância com o infantil. Para Figueiredo, o transferido corresponde ao campo dos objetos superegoicos que não puderam ser integrados ao eu porque decorrem de falhas mais ou menos importantes dos objetos parentais – nesse texto ele não distingue a natureza dessas falhas. Passo agora a elaborar a hipótese de que o núcleo neurótico se constitui a partir de elementos-beta eróticos evacuados pela figura parental.

Situação 5. A analisanda tem uma prima que se encaminhava para a carreira diplomática, como o pai, com quem tinha um relacionamento muito próximo. Durante o curso conheceu um rapaz. Apaixonaram-se e pretendiam se casar. De repente ele veio com uma condição: ela deveria abrir mão da carreira. Ela desistiu de casar. Atualmente está trabalhando numa embaixada na Europa.

Situação 6. Há vários relatos de como a analisanda se oferece para ser o braço direito de uma figura paterna admirada. Depois de aceitar a oferta, inesperada e incompreensivelmente essa figura passa a rejeitá-la de maneira brutal, deixando-a perplexa, frustrada e humilhada.

A estrutura histérica é evidente. A situação 5 mostra que a analisanda inicia a travessia edipiana, mas não consegue concluí-la, o que leva à regressão a uma posição fálica. O impasse se deve tanto a características da imago materna quanto paterna.

Figura materna. Embora esse material não ilustre a repetição do núcleo neurótico propriamente dito, vale a pena mostrar como se dá a superposição de núcleos não neuróticos e neuróticos na constituição da histeria. A saída normal do Édipo – casar-se com um rapaz que é como o pai, mas não é o pai – está bloqueada porque características tanáticas do objeto primário impregnam o objeto edipiano (situação 5). De repente o noivo exige que a prima abra mão de sua carreira. Ele, que poderia ajudá-la a realizar projetos relacionados ao seu ideal fálico, se transforma no objeto que ataca seu narcisismo como na situação 1, e que boicota seus projetos como na situação 2.

Figura paterna. A situação 6 traz uma figura paterna que se defende da sedução da menininha edipiana atacando-a repetidamente. Esse material será usado para desenvolver a hipótese de que o núcleo neurótico se constitui como resposta do psiquismo – em plena travessia edipiana – aos elementos-beta eróticos evacuados por essa figura.

 

A evacuação de elementos-beta eróticos pela figura paterna

Adotando novamente uma perspectiva transgeracional, a brutalidade inesperada e incompreensível que aparece na situação 6 pode ser compreendida como atuação de elementos recalcados e não elaborados do Édipo do pai. É o que estou chamando de elementos- beta eróticos: restos não simbolizados do amor do pai com relação a seus próprios objetos edipianos – e que determinam a repetição neurótica.

A situação atual com a filha sedutora (que se oferece para ser o braço direito da figura paterna) entra em ressonância com o desejo incestuoso recalcado, dirigido à imago materna do pai. A tentativa de sedução da filha desperta no presente a mesma angústia que motivou no passado o recalque de seu Édipo. A filha amada é confundida com a mãe sedutora da infância; angustiado, o pai atua o recalcado repudiando-a com violência.

Em outros termos, o pai faz uma transferência erótica sobre um objeto atual, a filha, que, por ser tão amada, torna-se um suporte perfeito para isso, bem como para a interdição/ angústia que a acompanha, determinando a atuação. Atravessado por seu próprio Édipo, o pai não consegue sustentar as tentativas de sedução da menininha; não consegue manter claramente em seu horizonte a diferença entre gerações; angustiado, não pode "brincar de namorar" com a filha; ao contrário, se defende repudiando-a.

A brutalidade com que a figura paterna repudia os avanços da filha nos dá notícias, tanto da intensidade de sua angústia de castração, quanto dos elementos recalcados e não completamente simbolizados da vida erótica da criança-nele. Neuroticamente, submetese a seu superego rígido que exige um distanciamento afetivo absoluto entre ele e a filha confundida com a mãe edipiana. Dá um "chega para lá" cuja origem ela não tem como compreender, configurando o que Roussillon chama de traumatismo secundário.

 

Alojando restos não simbolizados do Édipo paterno

Na travessia edipiana normal o pai sinaliza de maneira clara, mas afetuosa, que o incesto não é possível; a renúncia será dolorosa, mas não traumática. Torna-se traumática quando o psiquismo infantil tem de alojar, sem possibilidade de simbolizá-los, elementosbeta eróticos evacuados pelo pai. Esses elementos não serão integrados ao eu; permanecerão na condição de corpos estranhos incorporados na tópica na condição de superego neurótico.

O fracasso na travessia edipiana se transforma em identificação histérica. A criança desejará ser o objeto de desejo do outro. Mas qual é o desejo do outro? É um desejo que se refere à geração anterior, ao Édipo do pai. Sem perceber que foi a sombra do objeto incestuoso do pai que caiu sobre ela, identifica-se a ele. A resposta que a psique em formação pode dar ao elemento-beta erótico paterno que lhe cabe acolher origina a teoria sexual infantil. Neste caso, a relação incestuosa é figurada como "ser o braço direito da figura paterna", já que o pai a rechaça com tamanha intensidade. A analisanda, por sua vez, será agida por essa identificação histérica, o que convocará o "pai assustado" nas figuras paternas a quem propõe essa forma de relação. Com a inevitável repetição, como mostra a situação 6.

 

Repetição e manejo transferencial

Na situação analítica, o desejo infantil se atualiza como um agieren (Freud, 1914/1969b). A analisanda propõe à analista um tipo de diálogo cujo objetivo é abolir a assimetria analítica. A demanda incestuosa, que toma a forma de um estimulante diálogo "de igual para igual", convoca os aspectos superegoicos da analista. O manejo é delicado porque a analista não pode recusar, defensivamente, as tentativas de sedução, mas também não pode gratificá-las indiscriminadamente. Para conseguir navegar entre o risco de seduzir e o de repudiar, o essencial é não perder de vista a assimetria analítica. Se isso for possível, a analisanda receberá uma resposta diferente às suas tentativas de sedução.

Em outros termos, antes de interpretar nos moldes clássicos é preciso criar, por um manejo adequado, condições emocionais para que a interpretação daquilo que se repete não seja vivida como repúdio brutal. Um manejo bem temperado tentará equilibrar um tanto de gratificação e outro tanto de frustração, conduzindo com cuidado a analisanda à necessária desilusão amorosa.

 

Entre o pré-cozido e o cozido

Roussillon denomina simbolização secundária o processo de ligar representaçõescoisa (o pré-cozido) a representações-palavra (o cozido). Temos notícia do andamento desse processo quando a analisanda relata uma conversa com a prima. Esta lhe descreve várias cenas da relação terna entre ela e seu pai. Estamos diante de uma nova representação da figura paterna que não se deixa intimidar por seu superego e que mantém um bom relacionamento com a filha.

Esse material alude também à situação transferencial e indica que o processo de simbolização secundária está em curso. É o manejo que vai criando a possibilidade de haver uma nova experiência emocional – uma conversa terna entre a analista/figura paterna e a filha/analisanda que não seja "de igual para igual", isto é, que tome em consideração a assimetria analítica.

Algum tempo depois há um material em que ela fala da reestruturação do ateliê. Ela foi efetivada. Uma das sócias saiu e em seu lugar entrou um novo estilista. Ela se oferece para ser seu braço direito, mas ele lhe designa uma função que ela julga "aquém de sua capacidade". Sua colega de trabalho, a quem foi se queixar, diz que ela ainda está no começo da carreira, que não dá para ela querer queimar etapas. A analisanda comenta que mesmo não sendo "aquele" cargo, tem muitos desafios e muita coisa para fazer. Entendo esse material como possibilidade (nova) de tolerar a renúncia e a exclusão edipianas.

 

Finalizando

A proposta deste texto foi trabalhar a questão da constituição, repetição e manejo de núcleos neuróticos e não neuróticos. Considerei de interesse poder identificar modos de funcionamento psíquicos distintos numa mesma analisanda, reconhecendo, contudo, a artificialidade desse procedimento – na clínica as coisas se apresentam em matizes cinzentos. Tomando radicalmente em consideração a perspectiva transgeracional, ousamos imaginar, a partir da situação transferencial-contratransferencial, quais elementos inconscientes da geração anterior poderiam estar na origem desses núcleos. A experiência clínica levou a pensar que o não simbolizado tanático das figuras parentais, evacuado e alojado pela psique em formação, está na origem de núcleos não neuróticos (do sofrimento narcísicoidentitário), enquanto o não simbolizado erótico está na origem de núcleos neuróticos. Essa ideia corrobora a observação corriqueira de que a repetição dos primeiros ameaça o narcisismo do analista, enquanto a repetição do segundo coloca em jogo sua sexualidade. Por isso, o manejo da transferência terá características diferentes em cada caso. Contudo, é sempre o manejo que cria condições emocionais para que o analisando possa passar da repetição à elaboração.

 

Referências

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Endereço para correspondência

Marion Minerbo
[Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo SBPSP]
Rua Alcides Pertiga, 78 – Cerqueira Cesar
05413-100 São Paulo, SP
e-mail: marion.minerbo@terra.com.br

 

[Recebido em 20.4.2010, aceito em 19.5.2010]

 

 

1 Membro efetivo da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo SBPSP.
2 Expressão de Ferro (2005). Também é dele a expressão "elementos balfa" (beta a caminho de alfa) que aparecerá adiante.