Servicios Personalizados
Revista
Articulo
Indicadores
Compartir
Revista Brasileira de Psicanálise
versión impresa ISSN 0486-641X
Rev. bras. psicanál vol.49 no.1 São Paulo ene./mar. 2015
EM PAUTA
Skype analysis
Skype análisis
Plinio Montagna
Analista didata e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP)
RESUMO
O autor discute a necessidade de utilizar, na prática clínica, a análise a distância em circunstâncias determinadas.
Comenta a bibliografia sobre análise por telefone e relata aspectos de sua experiência no uso do Skype, que conta com exíguas publicações a respeito. Vê inúmeros pontos positivos que validam sua aplicação, ainda que a sensorialidade do encontro analítico esteja diminuída. Propõe que deve ser vista como uma modalidade específica: a Skype análise.
Palavras-chave: Skype análise; análise a distância; análise por telefone; análise concentrada; setting; elementos psicanalíticos; divã; jogo; suspensão da descrença; interação não verbal.
ABSTRACT
This paper discusses the need for distance analysis in clinical practice in certain circumstances. The author comments on the bibliography of telephone analysis and describes aspects of his experience with Skype analysis, about which there are few published works. He argues that positive aspects validate its use, even though sensoriality of the analytic encounter is diminished. He suggests Skype analysis as a specific form of analysis.
Keywords: Skype analysis; distance analysis; telephone analysis; pure psychoanalysis; psychoanalytic elements; nonverbal interaction; couch; play; suspension of disbelief; nonverbal interaction.
RESUMEN
El autor discute la necesidad del uso, en la práctica clínica, del análisis a distancia, en determinadas circunstancias. Comenta la bibliografía sobre el análisis por teléfono y relata aspectos de su experiencia con el uso del Skype, que cuenta con escasas publicaciones al respecto. Observa inúmeros aspectos positivos que validan su aplicación, aunque la sensorialidad del encuentro analítico esté disminuida. Propone que debe verse como una modalidad específica, la Skype análisis.
Palabras clave: Skype análisis; análisis a distancia; análisis por teléfono; análisis concentrada; setting; elementos psicoanalíticos; diván; juego; suspensión de la incredulidad; interacción no verbal.
Introdução
Na década de 1990, apresentei no 37° Congresso da IPA um trabalho, fundado na clínica, em que discuto minha interação com uma paciente portadora de câncer em estado avançado, caminhando para o processo terminal de sua vida, a quem acompanhei passo a passo.
Denominei-o “Interação psicanalítica com paciente terminal”, evitando o título de “Análise com paciente terminal”, pois, apesar da convicção de tratar-se de puro trabalho psicanalítico, quis atalhar uma discussão espinhosa e me esquivar de colocações caturras - ou, sob certo ângulo, não caturras, já que é legítima a questão de se um atendimento fora do consultório, num hospital ou numa residência, poderia ou não configurar pura psicanálise.
Vi-me, senti-me e trabalhei como psicanalista, tal qual em meu consultório, durante todo o acompanhamento daquela paciente. Na apresentação do trabalho no congresso, a discussão girou em torno do que parecia mais relevante, poupando-nos do que soaria pouco natural e não central: se a mudança de enquadre preservaria o estatuto de psicanálise ou não.
Nenhum comentário houve, em apresentações a plateias de colegas de países diversos, hispano e anglofalantes, que colocasse em questão a pureza psicanalítica daquele atendimento.
Aprendizado valioso, incorporado a partir daquela vivência, foi o de que o setting psicanalítico é fundamentalmente um setting interno.
Assim o descrevi. Nossa escuta psicanalítica e a atenção flutuante abstraindo outros elementos perturbadores são ferramentas que nos auxiliam a continuar a ser psicanalistas em condições como aquela. A meu ver, representam o sustentáculo da prática analítica, associadas à “força da curiosidade do analista, domesticada a serviço do paciente” (Poland, comunicação pessoal, 2010).
Aquele proceder não estandardizado partiu da necessidade de prosseguir o atendimento da paciente, que, sem condição física de ir ao consultório, continuava demandando, e muito, minha presença.
Todos sabemos que, muitas vezes, não é sempre que se viabiliza um atendimento de alta frequência na clínica cotidiana, a não ser para o que Tannus sugeriu a denominação de “grupo interno”.1 Mas pode ocorrer de nem mesmo ser exequível a presença do paciente no consultório, por circunstâncias variadas, para uma análise regular ou um atendimento em base psicanalítica. Distâncias geográficas intransponíveis até para análises concentradas, difícil mobilidade pessoal por condições profissionais peremptórias ou outras, deslocamentos por motivos vários, conjunções diversas do cotidiano, situações pontuais de saúde são contingências que podem inviabilizar o atendimento clínico numa sala de psicanálise. Há pacientes nossos que se mudam para lugares onde não há psicanalistas.
O que fazer? Privar aquela pessoa de cuidados psicanalíticos? Interromper prematuramente um trabalho frutífero em andamento? Ou buscar auxílio da tecnologia para atender à nova situação?
Se colocamos nossos conhecimentos e nossa experiência a serviço do paciente, em benefício deste, ou se assumimos uma postura investigativa, vale a pena buscar a resposta na prática, observando e julgando se e como a tecnologia atual pode nos socorrer - vale a pena opinar a partir da experiência pessoal. É o que busco fazer neste trabalho, considerando também literatura concernente.
O uso do telefone ou do Skype não é a primeira escolha; adquire sentido e relevância nas condições antes mencionadas. Não seria a primeira vez que soluções criativas são encontradas no âmbito do fazer psicanalítico por necessidades práticas. Por exemplo, para viabilizar a formação de muitos psicanalistas, foi aprovada pela ipa, em 1998, a partir de proposta brasileira, a análise concentrada como legítima na formação analítica.2
O inicio: análise por telefone
O atendimento psicanalítico por telefone, ou análise por telefone, está presente na literatura analítica há mais de sessenta anos. A primeira publicação a respeito deu-se no Psychoanalytic Quarterly (Saul, 1951), ainda distante do advento da internet. Em São Paulo, Szterling (comunicação pessoal, 1985), a partir de sua experiência com hospitais psiquiátricos, via utilidade no recurso não para uso sistemático, mas para lidar com situações de crise em pacientes graves.
O uso do telefone e de outros recursos cresceu ao longo das décadas e ocupa espaço na clínica de alguns colegas. Para se ter uma ideia de sua abrangência atual, uma enquete preliminar levada a efeito na British Psychoanalytical Society (Fornari-Spotto, 2011, citada por Lemma & Caparotta, 2014) mostrou que 31% dos que responderam já conduziram análise por Skype ou telefone, número nada desprezível.3
Outro estudo a ser destacado é o de Leffert (2003), que descreve sua experiência de mais de vinte anos, tendo conduzido doze psicanálises e onze atendimentos que considerou psicoterápicos. Uma análise foi inteiramente realizada por essa via, com duração de dois anos; uma das análises presenciais que prosseguiu por telefone teve a duração de dezoito anos. Ele percebe as similaridades entre o trabalho por telefone e o presencial como muito maiores do que as diferenças. Para ele, as sessões de modo geral não eram distintas das sessões em pessoa. Ele observa que analista e paciente logo deixam de ter uma consciência especial sobre a maneira pela qual a análise é conduzida e que, quando essa consciência periodicamente emerge, isto ocorre como ocorreria qualquer percepção consciente da situação analítica habitual,4 o que, importa mencionar, também tem ocorrido em meus atendimentos via Skype.
Trabalhos frequentemente citados são os de Lindon (1998), Zalusky (1998) e Aronson (2000). A escassez do número de publicações comparada ao interesse que vem despertando a análise por Skype pode se ligar também ao fato de que a prática coloca em pauta a discussão de ser ou não puramente psicanalítica e, assim, a desconfortável questão de o que vem a ser uma psicanálise pura.
Em 2003, a IPA publicou um boletim intitulado Análise por telefone, com artigo de fundo de Zalusky (2003). Com experiência razoável nessa prática, ela enfatiza nunca ser este o tratamento de eleição inicial, só ocorrendo pela impossibilidade de realização daquilo que seria desejável, o que pode originar fantasias de ser esta uma escolha de segunda linha. Mas que isto é algo a ser analisado, conduzindo ao mundo interno dos pacientes.
O analista necessitaria lidar com eventual sentimento de culpa, seja pelo que deixaria de oferecer ao paciente, seja por sentir-se transgredindo normas tradicionais; mesmo quando crê que está oferecendo o melhor ao paciente, pode ser desaprovado por colegas. Para ela, este é um poderoso elemento de dissuasão à prática. Ela considera que o telefone leva as razões de Freud para o uso do divã a seu limite extremo (Freud, 1913/1966). Mesmo com todas as dificuldades apontadas, a autora é francamente favorável a essa prática, que vê como analítica.
Argentieri e Amati-Mahler (2003) admitem a possibilidade de a análise telefônica ser um instrumento terapêutico útil, mas mostram-se críticas a ela, pois não a consideram compatível com um processo analítico, afirmando que a privação da presença do analista cria um sentimento de perda e, ao mesmo tempo, nega a separação. Essas autoras não creem que o telefone reúna condições para o desenvolvimento e a continuação de um processo analítico. Argumentam que a psicanálise não deve correr atrás da sociedade e dos tempos cambiantes, mas que sua função é a de interpretar as mudanças.
De la Sierra (2003) mostra-se, qual Zalusky, propenso a adaptar a psicanálise às necessidades especiais e contrário à ideia de forçar esses pacientes a aceitarem as restrições da técnica clássica. Concorda com a prática por telefone. Com relação a esta ser ou não psicanálise pura, afirma:
a controvérsia sobre se esta é uma verdadeira análise ou não é antiga, sendo muito necessária uma reavaliação se queremos sobreviver como criaturas vivas e não como objetos em exposição de uma era passada (De la Sierra, 2003, p. 20).
Habib (2003) aponta que a complexa interação analítica se reduz a uma só, oral, com a presença de um terceiro permanente, o aparelho.
Contexto
Ainda que não sejam a maioria, em minha vida profissional, tive experiência com alguns pacientes de manejo muito difícil. Drogadictos, alcoólatras e alguns tipos de pessoas que também psiquiatricamente se denominariam borderline, casos específicos de psicóticos, que não fazem o dia a dia de nossas clínicas. Quando necessário, minha tendência sempre foi a de adaptar a psicanálise para torná-la possível para aquela pessoa, e não tentar enquadrar o paciente procustianamente em restrições advindas de uma técnica clássica, qualquer que seja ela. Não são os diagnósticos que por si ditam a prática, mas é a prática clínica, por seus meandros investigativos e terapêuticos, que demanda uma certa moldura.
Como exemplo, volto ao caso antes mencionado, de atendimento na residência da paciente e, posteriormente, no hospital. Nos cursos que ministrei nos últimos anos sobre teoria da técnica, tenho procurado enfatizar a necessidade de não se perder de vista o manejo mais apropriado a cada paciente, ainda que sabedor de que este termo nem sempre é bem recebido. É um conceito caro a Winnicott. Em relação a sua postura com os pacientes, dizia ele:
A única companhia que tenho ao explorar o território desconhecido de um novo caso é a teoria que levo comigo e que tem se tornado parte de mim e em relação à qual sequer tenho que pensar de maneira deliberada. (Winnicott, 1971/1984, p. 14)
Referia-se à teoria do desenvolvimento emocional do indivíduo.
Esse posicionamento casa-se bem com o modo pelo qual tenho buscado estar numa sessão de análise. As teorias internalizadas são parte de cada um, ainda que possam se modificar ao longo do tempo. Trata-se de estar inteiro sem outros pressupostos. Busco abster-me de qualquer opinião prévia. Não contamos com nenhuma teoria de atendimento analítico por dispositivos a distância, de modo que nenhuma delas entrará conosco numa sessão.
Questões dessa natureza ressurgiram para mim quando, por conta de circunstâncias profissionais, me vi na contingência e aceitei o desafio de atender alguns pacientes a distância, tendo optado pelo Skype.
A primeira vez que esta questão se colocou foi quando, há alguns anos, convidado a palestra e seminários clínicos em uma capital latino-americana, fui surpreendido no fim do trabalho por uma pessoa daquela Sociedade me indagando se eu me disporia a oferecer-lhe supervisão por Skype.
Antes, apenas discussões no Board da IPA, quando de minha participação como um dos representantes da América Latina, me haviam posto em contato com a problemática. Após prolongadas conversas, decidiu-se que a ipa aceitaria experimentalmente análises a distância com finalidades didáticas, para formação dos candidatos na China, já que de outro modo seria impossível levar nosso saber e fazer até aquele país de um bilhão de habitantes, um sexto da população do planeta. Alguns períodos presenciais durante o ano seriam necessários. Tratava-se de absoluta exceção como análise didática. Alguns candidatos já vinham se submetendo a elas, na China, com analistas americanos e alemães. E a aceitação do modelo na China foi uma exceção.
Além disso, uma vivência me marcara muito, na minha clínica diária, aproximadamente vinte anos atrás. Foi uma conversa-sessão, por telefone, de mais de uma hora de duração, atendendo de madrugada a chamada de urgência de um paciente então deliberadamente suicida. Foi uma vivência muito intensa, marcante, vital para a pessoa, e felizmente bem-sucedida. Não tenho dúvidas de que evitou um desenlace sinistro.5
Duas condições tornaram necessário decidir sobre assistência a distância mais prolongada. Um analisando em mudança para outro estado, e outro mudando de país. Além disso, em sessões de supervisão, vez ou outra supervisandos trazem seus atendimentos por Skype, sessões pontuais em situações específicas de viagem, e também análises iniciadas já a distância. Esta é, até agora, minha experiência com Skype.
Algumas conclusões iniciais
Para mim, o uso do Skype - a Skype análise - vem a ser um formidável avanço em relação aos atendimentos psicanalíticos por telefone, pelos recursos visuais que ele propicia, agora aliados à nitidez do som. Além disso, como aponta Brainski (2003),
a psicanálise planteia, ao menos como tendência, relação com objeto total, enquanto a análise telefônica propõe uma relação total com um objeto parcial - a voz do analista (p. 22).
Também Hanly (2007) sustenta que é possível manter-se o holding e a função interpretativa, ocorrendo as associações livres e surgindo também transferências (como materna e paterna), no atendimento por telefone.
Na América Latina, Lutenberg (2010) tem boa experiência com esse tipo de atendimento, considerando a análise por telefone similar à análise em pessoa no que diz respeito a atenção flutuante e associações livres.
Mas, no fundo, minha eleição do Skype, dentre os recursos possíveis para análise a distância, tem a ver mais com minha personalidade e meu modo usual de trabalhar. Costumo estar atento a elementos não verbais da comunicação, não somente prosódicos vocais - como tom, ritmo, qualidade da fala -, que também podem ser captados pelo telefone, como ainda mímica, gestos, posturas, expressões faciais.
Vale considerar a proposição de Sachs (2003, p. 28), para quem analistas mais humanos e valentes introduziram a maioria das inovações no enquadre analítico porque se atreveram a antepor o bem-estar dos analisandos à exigência de se submeter a normas.
Particularidades
O computador, ou outro dispositivo que permita a transmissão via Skype, fará parte do “mobiliário” da situação analítica total, assim como definida por Bleger (1967, 1999): a totalidade dos fenômenos incluídos na relação entre o analista e o analisando, o que compreende uma “moldura”, parte do “não processo”, as constantes dentro das quais o processo analítico acontece.
Em minha experiência, se a sessão está “correndo”, com associações livres, relatos de sonhos, expressões transferenciais, sensações contratransferenciais (latu sensu), a existência da tela e da distância é deixada de lado, absorvida, esquecida, tida como inexistente ou como parte tão íntima da situação que se incorpora ao conjunto. Sua presença, quando percebida, é tênue, leve.
O fato de estarmos a distância física é algo que pode ou não estar “na mesa”. Neste sentido, o meio (mídia) é efêmero dentro daquilo que permanece e, uma vez estabelecida a relação analítica, a disposição de ambos de mergulhar no desconhecido mundo mental do analisando se dá no terreno da confiança básica. A dupla está ligada de modo complementar e não se pode compreender um sem o outro. Alguns pactos são estabelecidos em qualquer situação psicanalítica presencial; a análise via Skype implica apenas um grau a mais de complexidade, compromisso e adesão ficcional do que a presencial.
Aliança terapêutica
Um pacto básico é a disposição de ambos os membros da dupla analítica de mergulhar no mundo mental do paciente e trazer não somente conhecimento mas, com ele, movimento e mudanças, particularmente relacionados a problemas que têm dificultado sua vida. Nunca vi ou soube de alguém que buscasse uma análise apenas para se conhecer a si próprio, ainda que possa ser esse um marcador de maior compatibilidade com o método analítico. Espera-se que o percurso analítico, ao progredir por trilhas inusitadas, enseje ao paciente melhor uso de seus recursos pessoais. O projeto compromissado pelos dois participantes em levar adiante, num espírito de cooperação mútua, pode ser descrito com o termo aliança terapêutica (Jacobs, 2000).
Ocorre que a aliança terapêutica, como lembra Bollas (1998), se dá não somente com a pessoa do analista e sua expertise, mas também com o descerramento de um mundo novo para si. A meu ver, a aliança inclui parte do mundo do analista, o consultório e seus arredores, o mobiliário e sua disposição, a decoração etc. Estes participam do intangível que Wallon (1934/1973) denominou de ultracoisas, que seriam coisas na experiência da criança que, para o adulto, não contam como tal porque não aderem a leis espaciais ou temporais, mas permanecem no horizonte dos adultos como um amigo ausente, o nascimento. Assim, o setting e a aliança terapêutica albergarão aspectos do mundo físico e não físico para estruturá-los.
Faz parte dessa aliança a relação com os objetos que possibilitam o contato, o computador ou o telefone, e o meio pelo qual esse contato se dá, o Skype, através da internet. Estão na área do holding, da continência.
Quando o analisando também cuida do setting, no caso da Skype análise, ele também cuidará do meio utilizado, de sua permanência, pontualidade, nitidez de voz, de imagem; cuidará de possibilitar o contato em sua maior dimensão, até o ponto em que o espaço pessoal não penetrável se imponha.
É claro que resistências e ataques ao vínculo poderão se utilizar de particularidades da transmissão. Por exemplo, se eventualmente cair o sinal da internet, havendo necessidade de religação, é possível que uma demora de contato se deva à própria dificuldade da rede ou a manobra protelatória por parte do paciente, em momentos de dificuldades diversas da sessão ou do processo. É preciso atenção para não se interpretar precipitadamente resistências e, ao mesmo tempo, não perder o momento emocional, deixando de entrar no tema emergente de então.
Em minha experiência, a interferência do Skype é bem menor do que a que ocorre numa análise realizada em instituição. Neste caso, trata-se de colocar a instituição, um terceiro, “entre parêntesis”. Isto via de regra acontece. Também o Skype pode ser (e é) colocado entre parêntesis.
Suspension of disbelief, suspensão da descrença
O pacto de confiança que pavimenta o solo no qual a análise se desenvolve necessita de um outro elemento, cuja descrição podemos emprestar da literatura. Refiro-me ao conceito de suspension of disbelief, “suspensão da descrença”, termo cunhado pelo poeta e filósofo inglês Samuel Taylor Coleridge em 1817. Ele sugeriu que, se um escritor consegue infundir interesse humano e parecença ou ilusão de verdade num conto fantástico, o leitor suspenderá seu julgamento sobre a implausibilidade da narrativa. Um estranhamento cognitivo trará à narrativa “ares de verdade”.
Utilizado num contexto ligado ao play, ao jogo, ao lúdico, em que as coisas são e não são próprias do espaço transitional, penso que se configura como um dos recursos intrínsecos que alicerçam e tornam possível a existência da própria situação analítica. E que na Skype análise necessitará estar presente, digamos, num “grau a mais” do que na análise presencial.
No início da era cinematográfica, pessoas saíam correndo do cinema quando um trem descarrilava na tela ou outra imagem sugeria perigo, com grande veracidade. Com a tecnologia 3D, nos seguramos na cadeira em circunstâncias semelhantes. As cenas (ou as produções literárias) nos comovem, nos divertem, nos provocam medo, ódio e toda a gama de emoções humanas, com intensidade, como uma cena da vida real. Isto tem correspondência neurofisiológica, como mostra Pally (1998), por conta dos neurônios-espelho, base neural da empatia humana.6 Entramos e saímos da cena, fundimo-nos com ela e dela nos afastamos conforme as circunstâncias, dependendo delas e de nós.
Uma película que lida magistralmente com essa questão é o filme de Woody Allen A Rosa Púrpura do Cairo, em que literalmente o personagem sai da tela e interage com a moça da plateia, que assiste ao filme e se apaixona por ele. Vivenciamos realidade na ficção em nosso mundo emocional, particularmente nos aspectos menos compromissados com a realidade externa propriamente dita, ou mente primitiva, como muitos nomeiam. O ator de Otelo pode literalmente matar Desdêmona.
Esse jogo de virtualidades composto por identificações projetivas e introjetivas, entre outros mecanismos com implicações biofísicas, dá-se na psicanálise. Aqui, existe a diferença entre a transferência “como se fosse”, neurótica, e a transferência com convicção de realidade, psicótica. Por seu turno, como a figura do narrador de uma história, conto ou romance, o analista poderá ter um estilo de maior ou menor proximidade em relação ao paciente, poderá imprimir maior ou menor subjetividade ao que fala etc. Estilos de narração são discutidos por Arrigucci Jr. (1998) no Jornal de Psicanálise.
No interjogo transferência-contratransferência, as coisas são e não são. Todo o desvelamento do mundo mais psicótico, por exemplo, no qual as coisas simplesmente são e onde a metáfora é suprimida, costuma conviver com o nível da simbolização, neurótico. O analisando na órbita da transferência neurótica fará a imersão e sairá do mundo de suas fantasias, necessariamente lidando, na relação, com uma suspension of disbelief. O psicótico deixa essa configuração, embora, como diz Ogden, todo psicótico tenha algum resquício de posição depressiva, ou não suportaria a existência do analista, ainda que não suporte a existência do analista enquanto tal.
Em minha experiência, a tela, o Skype, forma um elemento neutro. Uma vez aceito, torna-se bastante natural o seu uso, ainda que a restrição sensorial e extrassensorial pela não presença física seja permanente. O não verbal pode ser prejudicado.
O desafio da dupla é transcender essa dificuldade, servindo-se da tecnologia para o pleno exercício do método psicanalítico. De certo modo, isto pode ser um repto à aproximação de ambos. Trata-se de “um mau negócio tentar fazer um bom”.
Perdas e ganhos
O paradoxo da presença virtual é que, ao mesmo tempo que escancara a ausência, traz elementos de negação desta. A presença virtual contém o germe da presença real desde sua etimologia: com origem latina, virtualis deriva de virtus, força, potência. É o que existe em potencialidade e não em ato. Tende a atualizar-se, sem todavia ter passado a uma concretização efetiva e formal. A árvore é virtualmente presente na semente.
Não se contrapõe ao real, mas ao atual (Virilio, 1984/1993). O estatuto da psicanálise, lembremos, contempla a atualização do virtual de cada um.
A instantaneidade da conexão a distância estampa hoje uma nova dimensão de espaço-tempo, com consequências nas modalidades da subjetivação humana (Montagna, 2001).
Se não concebemos uma maternagem regular por Skype, sem presença e contato físicos, com todos os sentidos presentes, por outro lado a psicanálise prescinde do contato físico; seria possível arguir, numa ginástica mental, que a rigor a análise a distância leva a extremos as condições que conduziram Freud ao uso do divã. Quanto menos o paciente era observado, mais à vontade ficava. Zalusky (2003) menciona isso em relação à análise por telefone.
Na análise a distância, há perdas em relação à presença física, não se pode negar. Perde-se a corporeidade, que torna as relações humanas mais carregadas de materialidade. As captações inconscientes, numa sessão, dão-se por elementos sensoriais e extrassensoriais, decorrem de ruídos, respiração, odores, elementos indizíveis de extrassensorialidade que dificilmente se materializam na análise via Skype. Mantém-se a prosódia vocal, mas alguns desses elementos não verbais se ocultam, há maior dificuldade para captá-los. A vertente informacional do discurso pode se sobressair, embora nem sempre isto ocorra.
Uma questão não desprezível é a disposição do mobiliário, dos campos visual e acústico no ambiente (extenso) de análise. Afinal, há dois ambientes a serem organizados. Via de regra, o paciente escolhe, dispõe sua cadeira ou sofá a seu modo. Mas tenho uma preferência, que inclusive traz algum benefício para a observação das expressões não verbais do analisando. Se o analisando tem um divã ou um sofá num ambiente a ele apropriado, tanto melhor. A câmera, de preferência, estará colocada em alguma mesinha ou outro móvel em que se possa observar seu corpo, em particular seu rosto. Em minha sala de análise, usualmente a disposição de minha cadeira é lateralizada em relação ao divã de modo a permitir a visualização das expressões faciais do analisando. Deixando a câmera, na Skype análise, ao lado do corpo do analisando, à altura de sua cabeça, pode-se efetivamente observar seu tórax e face, o que traz subsídios muitas vezes relevantes de comunicação não verbal - mímica, gesticulação, respiração etc. São elementos apreendidos sensorialmente que ajudam a compor um quadro além da sensorialidade.
É a tentativa de minorar a perda de acuidade de elementos não verbais essenciais na comunicação interpessoal e na analítica, quando nos valemos de modalidades tecnológicas, que limitam as informações via corpo. Quem sabe por vicariância, a atenção à prosódia e às palavras, propriamente, se acentua.
A câmera/visor deve localizar-se lateralmente e distante o suficiente para uma tomada de imagem ao lado da cabeça - de modo que, se o analisando quiser, um leve meneio de cabeça lhe permite ver o analista. Em minha sala, coloco a câmera de modo a sempre permitir o acesso do analisando à minha imagem, caso seja sua vontade. Parece-me muito melhor, e mais vivo, do que a câmera colocada atrás da cabeça do analisando, que estimula fantasias de “proibição do olhar”, tal qual na lenda de Orfeu e Eurídice, na lenda japonesa “Prohibition of Don't Look”, de Izanaki e Izanami (Kitayama, 2010) e na lenda de Rani de Chittor (Herrmann, 1992/2001). Na primeira, pela transgressão da proibição (não olhar), Orfeu perde Eurídice para sempre; na segunda, a mulher, Izanami, furiosa com a mesma transgressão, passa a perseguir e punir o homem, Izanaki; já Rani de Chittor só podia ser observada obliquamente.
Bayles (2012) discute ser ou não essencial a presença física para o processo psicanalítico.
Argumenta que, ainda que haja o contato visual no Skype, nós usamos o corpo inteiro para “ver” a pessoa com quem dialogamos, e, como a ação terapêutica é fundamentada em comunicação implícita, explícita, procedural e não verbal, a qualidade da comunicação não verbal estará “amortecida” na transmissão pela web.
De fato, a riqueza dos complexos componentes presenciais se esmaece um pouco via Skype, ou seja, as condições do setting não são as ideais, mas é preciso lembrar que as condições nunca são ideais - sempre há obstáculos a serem vencidos para levarmos adiante o percurso analítico.
E, frequentemente, situações humanas comuns, que fazem parte da vida mas que não estão previstas no setting, podem ser aproveitadas para crescimento da dupla e fortalecimento da relação. De eventuais “erros” podem surgir elementos propiciadores de crescimento e fortalecimento do vínculo. Ou seja, “com uma má isca pode-se pegar uma boa truta”.
A situação mais inusitada de que tive notícia, como perturbação do setting, foi relatada anos atrás por um colega cujo consultório ficava numa casa ao lado de um restaurante, no qual havia um minizoológico. De repente, o colega vê sua sala ser concretamente invadida por um pequeno macaco, um sagui, que entrou pela janela após fugir de sua jaula no zoo.
Voltando ao Skype. É certo que perdemos alguns elementos por vezes preciosos, como sensações, impressões, cogitação sobre como o paciente chega à sala, seu caminhar e ruídos, o cumprimento de mão, às vezes mesmo um olhar revelador, uma impressão sem se saber por quê. Todo um mundo se descortina em nossas fantasias a partir dessas impressões iniciais.
Com o Skype, a presentificação se dá, usualmente, já com a pessoa no lugar em que estará durante a sessão. Um clique automático anuncia sua presença, que já havia na sala em que se dará a sessão, antes de nós. Os elementos que teremos, neste âmbito, serão ligados a: como está quando liga o Skype, sua expressão facial, como lida com eventuais falhas na ligação ou perda de sinal etc. Reduz-se o caudal interativo não verbal. Sombra e luz eletrônica delimitam o sine qua non da existência do processo.
Sobre a análise por telefone, Habib (2003) propõe que se desliga da interação humana total, da relação mente-corpo entre seres vivos, em que se baseia a análise e que constitui sua razão de ser, o que equivale a aceitar a primazia da tecnologia moderna, que a todo custo tende a substituir o ser humano. Para ela, dá-se uma dissociação entre o nível verbal e o não verbal que sacrifica a parte boa da comunicação inconsciente. Ela acha que o processo fica mais distante em autenticidade, neutralidade, imparcialidade, em relação à psicanálise tradicional. A autora não deixa claro qual sua experiência a respeito. Plausíveis que sejam as questões para a análise telefônica, há que se diferenciar a análise por Skype, em que uma interface transpassa as imagens de cada um. Como na análise tradicional, a relação não é só uma voz, mas com o analista, para o qual o analisando pode dirigir o olhar, no início, no fim ou a qualquer momento da sessão, quando for o caso. Não sei se ela teria a mesma ênfase ao considerar a Skype análise.
No Skype, elementos não interpretativos observáveis se mantêm, como o setting, o espaço, talvez uma benevolente neutralidade e a tolerância, relevantes à sobrevivência e evolução da dupla. E há o desafio de sobrepujar em conjunto as mazelas da distância física, num movimento que testa e eventualmente incita a resiliência da dupla. A bibliografia que trago é mais sobre análise por telefone do que por Skype. A literatura sobre esta última é tão exígua que mal pode ser citada. A base de dados do PEP, por exemplo, menciona quatro trabalhos: um em alemão, idioma em que não consigo ler; um de 2012, sobre Skype e privacidade; um terceiro que comenta o segundo; e o de Bayles (2012), citado antes.
Em minha experiência, nos momentos mais próximos e mais intensos das sessões, a última coisa em que pensamos são os meios. Em situações de silêncio, o inanimado pode se interpor ou não. Talvez o meio provoque uma postura mais ativa do analista. Costumo deixar menos silêncio na análise por Skype. Não vejo como problema, desde que tenha consciência daquilo que estou fazendo. Há analisandos presenciais com quem o analista pode ser mais ativo ou mais silencioso. Não há regra - cada interação é única.
Skype análise é análise?
Certamente, associações livres de ideias, atenção flutuante e, concordando com Poland (2013), também a força da curiosidade do analista domesticada em desejo de utilizá-la a favor do paciente se fazem presentes. Estes são os pilares, a meu ver, de nosso fazer psicanalítico. Diante de tantas variáveis, trata-se de se ater ao fundamental.
O saber psicanalítico transcende a capacidade continente de uma mente individual, pondera Poland (2013), o que torna compreensível, para ele, as disputas paroquialistas e brigas dogmáticas com as quais nos deparamos. A consequência é que muitas disputas, diz ele, se vinculam a manifestações mais exteriores do trabalho analítico, como se a mecânica de nosso instrumento fosse mais nevrálgica do que as metas subjacentes para as quais aquela mecânica existe.
Frequência das sessões, uso do divã, uso do telefone ou outros novos meios de comunicação, manejo da autoexposição do analista, abstinência e neutralidade relativas - todas estas e muitas mais tornam-se áreas de contenda nas quais os princípios subjacentes se obscurecem facilmente por batalhas sobre regras. (Poland, 2013, pp. 835-836)
Ele não sugere que questões de estrutura não tenham implicações profundas para o processo analítico, mas pensa que o trabalho analítico é determinado essencialmente pela natureza da relação entre os parceiros clínicos, em seus espaços psíquicos e pelas metas da colaboração entre eles.
Concordando, penso que, sob essa ótica, a discussão daquilo que vem a ser psicanalítico passa pela dupla, por cada dupla parceira na investigação do mundo interno de um dos componentes. Ela diz respeito à receptividade ao outro, à atitude lúdica das associações livres e da atenção flutuante, fundamentais para a escuta analítica, pilares do encontro analítico.
A questão é: são possíveis esses elementos na Skype análise? Pela minha experiência, a resposta é: sim, é possível a ocorrência desses elementos na Skype análise.
Segue a indagação: a não presença física impossibilita a relação nos moldes descritos anteriormente? A resposta é: não. O grau menor pode embaraçar o componente não verbal da relação, o indefinível que se apresenta através da corporeidade, mas sem impedir o desenvolvimento de uma relação verdadeira e intensa entre os componentes.
Assim, é claro que a Skype análise apresenta algumas particularidades em relação à análise usual. Mas há condição, a meu ver, para a preservação de elementos psicanalíticos fundamentais em sua prática.
Desde que me interessei pelo assunto, tenho ouvido colegas sobre suas experiências com Skype, nas condições descritas no início - deslocamento de alguém já em análise, questões de distância pontual, crises, início de atendimento já por Skype. Em um futuro próximo, acho que inevitavelmente fará parte da prática de mais colegas analistas.7
À pergunta: “Skype análise é análise?”, minha resposta é: “Sim, é Skype análise”.
NOTAS
1 Pesquisa que realizamos pela Associação Brasileira de Psicanálise (hoje Febrapsi), com o colega Ignacio Gerber (abp, 1998), apurada por Julio Tannus, com grau de confiabilidade de 95%. Ela mostrou que a média de sessões por semana, naquele tempo, praticada pelos analistas brasileiros era de 2,3. Ou seja, a média do número de sessões encontrava-se entre duas e três por semana. Por cruzamentos de dados, Gerber cogitou a hipótese de que a maioria dos atendimentos de uma e duas sessões por semana se concentrava no público “externo”, e os de três, quatro e cinco sessões por semana, no público “interno”, definido com ana-lisandos ligados às Sociedades, da área psi e parentes dos analistas. De lá para cá, é improvável que a média do número de sessões semanais nos atendimentos tenha aumentado.
2 Os brasileiros, a partir da abp, por iniciativa da sbpsp, levaram a solicitação à ipa a partir da boa experiência que tinham e da necessidade de sua utilização para formar analistas de fora dos centros usuais. Foi aprovada por unanimidade em reunião do Board, em Londres, na qual tive a satisfação de apresentar e defender a proposta, então como presidente da abp (1998).
3 Atualmente, a ipa realiza uma ampla consulta a respeito.
4 Esta observação lembra também as pesquisas com filmagens da vida familiar, no domicílio, por terapeutas que se instalam nas situações ao vivo do grupo. Este, se no início se constrange com a presença da câmera, logo passa a se comportar como se esta não existisse.
5 Há pouco tempo, soube que Millan (comunicação pessoal, 2014), diretor por muitos anos do grupo de atendimento psicológico dos alunos da Faculdade de Medicina da usp, conseguiu com seu trabalho reduzir em nada menos do que dez vezes a taxa de tentativas de suicídio entre os alunos da instituição. Ou seja, mil por cento. Um dos recursos mais úteis foi deixar a esses pacientes a possibilidade de telefonar aos profissionais quando julgassem necessário.
6 Beebe e Lichman propõem que quando alguém sintoniza na mesma onda sinais da emoção do outro, como gestos, postura, expressão facial, isto recria dentro dele as mudanças autonómicas e sensações corporais associadas com o estado emocional do outro. Nós podemos literalmente sentir o que o outro sente (Pally, 1998).
7 A presença holográfica do analista no espaço em que se encontra o paciente será outra variável a ser considerada.
Referências
Associação Brasileira de Psicanálise [hoje Febrapsi] (1998). Executive Council da ipa aprova projeto brasileiro de análise concentrada. ABP Notícias, ano 1, n. 2, p. 1. [ Links ]
Associação Brasileira de Psicanálise [hoje Febrapsi] (1999). Clínica psicanalítica no Brasil. ABP Notícias, ano 2, n. 1, pp. 1 e 5. [ Links ]
Argentieri, S. & Amati-Mahler, J. (2003). Análisis por teléfono: Hola, ¿quién habla? Boletín IPA, pp. 18-20. [ Links ]
Arrigucci Jr., D. (1998). Teoria da narrativa: posições do narrador. Jornal de Psicanálise, 31(57),9-43. [ Links ]
Bayles, M. (2012). Is physical proximity essential to psychoanalytic process? An exploration through the lens of Skype. Psychoanalytic Dialogues, 22,569-585. [ Links ]
Bleger, J. (1967). Psychoanalysis of the psychoanalytic frame. The International Journal of Psychoanalysis, 48,511-519. [ Links ]
Bleger, J. (1999). Psicoanálisis del encuadre psicoanalítico. Revista de Psicoanálisis de la Asociación Psicoanalítica de Madrid, 31,21-36. [ Links ]
Bollas, C. (1998). Origins of the therapeutic alliance. Scandinavian Psychoanalytic Review, 21,24-36. [ Links ]
Brainski, S. (2003). ¿Adaptarse a la tecnología o idealizarla? Boletín IPA, pp. 22-24. [ Links ]
De la Sierra, L. R. (2003). Análisis por teléfono. Boletín IPA, pp. 20-21. [ Links ]
Freud, S. (1966). On beginning the treatment. In S. Freud, The standard edition of the complete psychological works of Sigmund Freud (J. Strachey, Trad., Vol. 12, pp. 121-144). (Trabalho original publicado em 1913) [ Links ]
Habib, L. E. Y. (2003). ¿La presencia física es un sine qua non del análisis? Boletín IPA, pp. 25-27. [ Links ]
Hanly, C. (2007). Case material from a telephone analysis. Trabalho apresentado no Spring Meeting, American Psychoanalytic Association, Seattle. [ Links ]
Herrmann, F (2001). A Rani de Chittor. In F Herrmann, O divã a passeio (pp. 77-112). São Paulo: Casa do Psicólogo. (Trabalho original publicado em 1992) [ Links ]
Jacobs, T. (2000). On beginnings: the concept of therapeutic alliance and the interplay of transferences in opening phase. In S. T. Levy (Ed.), The therapeutic alliance (pp. 17-34). Madison: International Universities Press. [ Links ]
Kitayama, O. (2010). Prohibition of Don't Look. Tokyo: Iwasaki Gakujutsu Shuppansha. [ Links ]
Leffert, M. (2003). Analysis and psychotherapy by telephone: twenty years of clinical experience. Journal of the American Psychoanalytical Association, 51,101-130. [ Links ]
Lemma, A. & Caparotta, L. (2014). Introduction. In A. Lemma & L. Caparotta (Eds.), Psychoanalysis in the technoculture era (pp. 1-22). Routledge: London; New York. [ Links ]
Lutenberg, J. (2010). Tratamiento psicoanalítico telefónico. Lima: Siklos. [ Links ]
Montagna, P. (1991). Interação psicanalítica com paciente terminal. Ide, 21,58-63. [ Links ]
Montagna, P. (2001). Subjetivação contemporânea na metrópole. In E. Tassari (Ed.), Panoramas interdisciplinares para uma psicologia ambiental do urbano (pp. 71-86). São Paulo: Educ. [ Links ]
Pally, R. (1998). Emotional processing: the mind body connection. The International Journal of Psychoanalysis, 79,349-362. [ Links ]
Poland, W. (2013). The analyst's approach and the patient's psychic growth. The Psychoanalytic Quarterly, 82(4),829-847. [ Links ]
Sachs, D. (2003). Análisis telefónico, ¿a veces la mejor opción? Boletín IPA, pp. 28-29. [ Links ]
Saul, L. (1951). A note on the telephone as a technical aid. Psychoanalytic Quarterly, 20,287-290. [ Links ]
Virilio, P. (1993). O espaço crítico (P. R. Pires, Trad.). São Paulo: Editora 34. (Trabalho original publicado em 1984) [ Links ]
Wallon, H. (1973). Les origines du caractère chez l'enfant: les préludes du sentiment de personnalité. Paris: PUF. (Trabalho original publicado em 1934) [ Links ]
Winnicott, D. W. (1984). Consultas terapêuticas em psiquiatria infantil (J. M. X. Cunha, Trad.). Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1971) [ Links ]
Zalusky, S. (1998). Telephone analysis: out of sight but not out of mind. Journal of the American Psychoanalytical Association, 46,1221-1242. [ Links ]
Zalusky, S. (2003). Análisis por teléfono. Boletín IPA, pp. 14-17. [ Links ]
Correspondência:
Plinio Montagna
Rua Gracindo de Sá, 71
01443-080 São Paulo, SP
Tel: 11 3368-3364
pkmontagna@gmail.com
Recebido em 11.02.2015
Aceito em 25.02.2015