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Revista Brasileira de Psicanálise
versión impresa ISSN 0486-641X
Rev. bras. psicanál vol.53 no.4 São Paulo out./dic. 2019
OUTRAS PALAVRAS
Decifro-me ou me devoro: dor psíquica e autodestrutividade
I decipher or devour myself: psychic pain and self-destructiveness
Me descifro o me devoro: dolor psíquico y autodestrucción
Je me déchiffre ou je me dévore: douleur psychique et autodestruction
Mônica Medeiros Kother Macedo
Psicanalista. Doutora em psicologia. Professora no programa de pós-graduação Psicanálise: Clínica e Cultura, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
RESUMO
Neste artigo, a partir de aportes psicanalíticos sobre trauma, ato e dor psíquica, explora-se a vinheta clínica de Aurélio, que aos 60 anos tenta o suicídio ingerindo soda cáustica. Compreende-se que a modalidade de passagem ao ato, que caracteriza a tentativa de suicídio, denuncia uma extrema situação de dor psíquica, na qual o eu é atacado por intensidades traumáticas que põem em risco sua existência. Considera-se que a escuta psicanalítica pode vir a promover, diante da dramaticidade e do risco à vida inerente aos atos autodestrutivos, a construção de alternativas no enfrentamento da dor psíquica.
Palavras-chave: tentativa de suicídio, dor psíquica, destrutividade, psicanálise
ABSTRACT
This paper explores, from psychoanalytical concepts of trauma, act and psych pain, the clinical case of Aurélio, who at 60 years old, attempted suicide by swallowing caustic soda. It is understandable that the modality of passage to the act, which characterizes the suicide attempt, denounces an extreme situation of psych pain where the Self sees itself attacked by traumatic intensities that place its existence in risk. The psychoanalytic listening is considered able to promote, before the drama and the risk of life inherent to self-destructive acts, the construction of alternatives in facing psych pain.
Keywords: suicide attempt, psych pain, self-destructive, psychoanalysis
RESUMEN
El artículo explora, a partir de los aportes psicoanalíticos sobre trauma, acto y dolor psíquico, la viñeta clínica de Aurélio, que a los 60 años intenta suicidarse ingiriendo soda cáustica. Se comprende que la modalidad de pasaje en el acto que caracteriza el intento de suicidio, denuncia una extremada situación de dolor psíquico en el cual el Yo se ve atacado por intensidades traumáticas que colocan en riesgo su existencia. Se considera que la escucha psicoanalítica puede promover, ante el dramatismo y el riesgo a la vida inherente a los actos autodestructivos, la construcción de alternativas de enfrentamiento del dolor psíquico.
Palabras clave: intento de suicidio, dolor psíquico, destructividad, psicoanálisis
RÉSUMÉ
Cet article, fondé sur des contributions psychanalytiques concernant le trauma, l'acte et la douleur psychique, explore la vignette clinique d'Aurélio qui à 60 ans tente de se suicider en ingérant de la soude caustique. On comprend que la modalité de passage à l'acte qui caractérise la tentative de se suicider dénonce une situation extrême de douleur psychique dans laquelle le "Je" est attaqué par des intensités traumatiques qui mettent en risque leur existence. On considère que l'écoute psychanalytique peut promouvoir la construction d'alternatives dans l'affrontement de la douleur psychique, face à la dramatisation et au risque menaçant la vie, inhérent aux actes autodestructifs.
Mots-clés: tentative de suicide, douleur psychique, destructivité, psychanalyse
Foi a gangrena que devorou você até o osso, Disse minha mãe; você morreu como qualquer homem. Como posso envelhecer nesse estado de espírito? Sou o fantasma de um infame suicídio.
SYLVIA PLATH
O reconhecimento da complexidade, aspecto imprescindível à compreensão de um ato com o qual o sujeito visa à própria morte, encontra-se contemplado na consistência dos aportes teóricos e técnicos da psicanálise. O tema da dor psíquica e seus impactantes efeitos para o sujeito estão presentes desde o início da história da psicanálise. Segundo Rocha, "o enigma da dor, tanto na sua dimensão física quanto no seu registro psíquico, ocupou um lugar de destaque nas preocupações teóricas e clínicas do pai da psicanálise" (2011, p. 595). Ao explorar o tema da dor e criticar o pouco respeito atribuído às dores de etiología psíquica, Freud afirma que "como quer que as dores sejam causadas - mesmo pela imaginação - elas próprias não são menos reais nem menos violentas por isso" (1905/1976b, p. 302).
No espaço de escuta ofertado pela psicanálise, a morte buscada pelo próprio sujeito pode vir a se apresentar mediante a ocorrência de uma tentativa de suicídio, manifestando-se ao sujeito como um segundo tempo. Nesse a posteriori, o desejo de morrer já se fez ato pelo sujeito, resultando muitas vezes no acréscimo do enfrentamento com o "fracasso" da intenção de provocar a própria morte. Esse segundo tempo pode levar ao circuito de reprodução de atos autodestrutivos, mas também pode inaugurar condições que rompam a concepção do suicídio como único recurso de apaziguamento da dor psíquica.
Os argumentos apresentados neste artigo alinham-se à proposição de Brunhari e Darriba sobre ser o suicídio a única alternativa quando o sujeito não afigura outra saída para sua dor ou infelicidade. Questionam os autores a perspectiva de "prevenir" suicídios, afirmando que "a possibilidade de avançar nessa via, no entanto, supõe um desejo de saber mais, não um desejo de saber mais sobre como evitar, mas um desejo de saber que visa à causa" (2010, p. 66).
Numa reflexão a respeito do suicídio, Bleichmar afirma:
A vida humana tem, do ponto de vista da continuidade biológica, algo que está inscrito desde a natureza. Mas do ponto de vista da vida de representação, da forma como os seres humanos pensam a vida, entra em contradição com a natureza. Quero dizer que a vida cobra um sentido a partir de elementos que não são sua própria persistência biológica, mas sim sua persistência como representação, como sentido. (2009, p. 52)
Logo, uma direção possível a ser empreendida no estudo sobre a ocorrência de uma tentativa de suicídio é considerá-la a partir da força e vigência de elementos psíquicos que escapam à condição de representação e atribuição de sentido por parte do sujeito.
O caráter singular e enigmático da dor é destacado por Rocha na analogia com a figura mítica da Esfinge de Tebas. Para o autor, o deciframento do enigma da dor permite que essa experiência seja "introduzida, pela mediação criativa da linguagem, no mundo da representação e dos símbolos", viabilizando a atribuição de sentido àquilo que parece não ter sentido, como as angústias, as perdas e os fracassos. Rocha diz que, se a dor "for congelada na carne de nosso corpo e, na sua mudez, não puder ser representada nem simbolizada, ela tornar-se-á mortífera e nos devorará, como fazia a Esfinge de Tebas a quantos não eram capazes de decifrar o seu enigma" (2011, p. 596).
Na torção do imperativo "Decifra-me ou te devoro", enunciado pela Esfinge no mito narrado por Sófocles, pode-se propor a enunciação "Decifro-me ou me devoro" como alusiva à demanda de escuta clínica diante de um ato autodestrutivo. A tentativa de suicídio, como ato de devorar a si mesmo, ilustra a força autodestrutiva em face da intensa dor psíquica. No que se refere ao "decifro-me", acredita-se ser a narrativa do sujeito e sua implicação no enfrentamento de seus enigmas o que sustenta o árduo trabalho psíquico de atribuição de sentido àquilo que ameaça sua existência.
Parte-se, portanto, da história de Aurélio como paradigma de resposta à convocatória de Hornstein de que não basta dizer que o processo analítico é hipercomplexo. Segundo o autor, "deve-se mostrar e demonstrar o emaranhado de ações, de interações, de retroações" (2008, p. 148). Não se trata, portanto, de apresentar um modelo causal de leitura de uma tentativa de suicídio; tampouco de, por meio dela, propor diretrizes de "prevenção" à sua ocorrência. Ao contrário, pretende-se, com a riqueza do material clínico, reafirmar a imperiosa complexidade do vivido pelo sujeito e a relevância de uma escuta clínica orientada para a singularidade da dor psíquica.
Desde a escuta freudiana da histeria, a construção do conhecimento em psicanálise se dá pelo vértice da clínica à teoria. Esse direcionamento do caminho investigativo a ser trilhado reconhece o protagonismo do sujeito na investigação de seus padecimentos e mantém a psicanálise situada de forma diferenciada diante da escuta do sofrimento psíquico. A apresentação de Aurélio se dá por meio da narrativa de sua tentativa de suicídio:
Já estava na minha cabeça, só que eu estava estudando uma forma. Perdi esses dias um grande amigo meu. Ele se enforcou. Até na época eu mesmo o critiquei. Disse: "É muita loucura. Eu não faria isso de me suicidar". Mas talvez aquilo já estivesse predestinado para que eu fosse fazer isso aí. Saí e fui ao mercado, comprei um pacote de soda, tomei o ônibus e fui para a beira do rio. Minha intenção era me suicidar, não era outra coisa. Era isto: chego lá, tomo a soda, 20 minutos e estou morto. Não tinha a intenção de ficar sofrendo nem de fazer os outros sofrer. Era tomar e deu. ... Se perdi tudo o que tinha e não vai ser recuperado, não tem sentido. Foi isto que comecei a pensar: "Não tem sentido. Não vou conseguir recuperar". ... Na minha vida pessoal, já estava me sentindo uma pessoa que não tinha nada, estava perdendo o controle. ... Sei lá. Aquilo é uma coisa gozada, é uma brutalidade contra si mesmo, uma coisa sem explicação. ... Foi uns dois minutos, por aí, um minuto e meio. Passei a me sentir mal, queimava, parecia que tinha uma fogueira dentro do meu estômago. Eu quis falar, mas não consegui. Veio uma ânsia de vômito, veio uns pedaços de carne, da barriga, do esôfago, pois não tinha comido nada. Já estava vomitando sangue.
Aurélio foi salvo por uma senhora que o viu passando mal e chamou uma ambulância. A ingestão de soda cáustica destruiu parte de seus órgãos internos e o deixou à mercê de importantes e inevitáveis riscos à saúde. Aurélio sobreviveu, mas com indeléveis marcas das vicissitudes tanáticas presentes ao longo de sua história.
A história de golpes nos investimentos
Aurélio, filho mais velho da família, tem três irmãos e uma irmã. Ele divide sua vida em três partes: infância, adolescência e maturidade. Sobre a infância, fala inicialmente do quanto seu pai era um homem bom. Na adolescência, diz que
ocorreu a fatalidade de meu pai perder tudo. Perdeu casa, perdeu tudo. Saiu com a roupa do corpo de dentro de casa e os filhos e a mulher. Lembro-me como se fosse hoje. Caminhamos mais ou menos uma semana a pé. A gente passou fome. A última coisa que lembro que o meu pai fez para não morrermos de fome foi vender umas panelas de ferro.
Aurélio "conta-se" na referência ao pai. Sua infância e sua adolescência têm como marcadores as duas imagens que faz do pai: um homem bom e um homem perdedor. Essa confusão se repete posteriormente, quando sua narrativa dá a entender que considera sua adolescência o que foi vivido próximo aos 8 anos de idade. A partir daí, anuncia-se um singular movimento identificatório, por meio do qual a história dos investimentos de Aurélio está condenada a reproduzir essa forma cindida de perceber a figura paterna e de fomentar alterações em relação à percepção de si mesmo. O "homem bom" vende até as panelas para os filhos não morrerem de fome. Nessa divisão, parecem esconder-se sentimentos relativos ao "homem perdedor", que na prática compulsiva de jogos de azar perde tudo e põe a família em situação de penúria.
Depois do ocorrido, o pai conseguiu o emprego de capataz em uma fazenda. Aurélio considera que até viveram bem nessa época, apesar de acrescentar a evidente contrariedade do pai em ter que trabalhar como empregado. Em uma manhã de inverno, ao iniciar o fogo para a mãe fazer o café, Aurélio viu o pai ao longe:
Olhei e o meu pai estava virado assim. Era no alto, e tinha uma baixada. Eram as lavouras de arroz e de milho. Ele estava com as duas mãos bem na cintura. Eu adorava o meu pai, era um dos melhores amigos que tive. Onde ele estava, eu estava. Quando cheguei perto dele, os pés estavam uns 50, 60 centímetros do chão. Olhei para cima, vi a corda e que o pescoço dele estava tombado para o lado. Aí me apavorei e comecei a gritar.
A vida de Aurélio mudou muito a partir do suicídio paterno. Poder-se-ia pensar, inicialmente, que sua insistente menção ao fato de adorar o pai decorra de um processo identificatório no qual predominem registros do amor e do cuidado. Sabe-se, porém, considerando-se a prática analítica, que o relato "oficial" da história por um sujeito por vezes esconde a difícil menção ao desamor e ao descuido, elementos que fomentam a hostilidade, nem sempre passível de ser reconhecida como constituinte do sujeito. Serão os desdobramentos psíquicos do experienciado que darão testemunho daquilo que também é desconhecido pelo sujeito em si mesmo. Como escreve Green, "quando o luto é interminável, não é na conta do amor que deve ser posta essa perda inconsolável, mas pelo contrário na de um ressentimento, nascido do abandono do objeto, que não diz seu nome" (1988, p. 297).
Marcadores fundamentais dos tempos de vida de Aurélio aludem à figura paterna: "Onde ele estava, eu estava" Diante da ausência do pai devido ao suicídio, Aurélio está condenado a "ausentar-se" também? O impacto do vivido com o pai permite a Aurélio dispor de recursos psíquicos para enfrentar as intensidades que dele decorrem? Qual a extensão da dimensão identifi-catória na problemática relativa aos seus investimentos psíquicos?
Sua mãe estava grávida quando o marido se suicidou e, para que ela não desse a filha à adoção, o que se propunha a fazer alegando dificuldades financeiras para o sustento familiar, Aurélio implorou para ficar responsável pela irmã que iria nascer. Segundo ele, o fato de a mãe aceitar o que lhe pedira fez com que passasse a buscar, com afinco, um trabalho para ajudar no sustento da família e assumir a "paternidade" da irmã. Assim, onde não estava mais o pai, imperiosamente precisava estar Aurélio, desconsiderado em suas reais condições de sujeito, aos 8 anos de idade. Na esteira do parco investimento recebido em sua condição de ser, conta que, como não havia sido registrado pelo pai ao nascer, aos 14 anos precisou alterar sua idade nos documentos de identidade para não ter problemas com o Exército. Alterações em sua condição de ser, duplicadas na assunção de um lugar adulto, e no tempo de sua vida, que "encurta" para não ter problemas com a lei, produzem mais tarde importantes efeitos.
No período que descreve como sua maturidade, iniciado aos 8 anos de idade, Aurélio trabalhou como auxiliar numa fazenda e, anos depois, passou a trabalhar com explosivos em uma pedreira. Aconteceu então, nesse local, um "acidente" no qual ele ficou gravemente ferido. Conseguiu sobreviver, mas perdeu parte dos dedos, sendo aposentado, muito jovem, por invalidez. Conta sobre a suspeita de que um trabalhador tivesse acionado a detonação dos explosivos antes do tempo previsto.
Anos mais tarde, já casado e com filhos, no intuito de comprar uma casa para a família, Aurélio, próximo dos 60 anos, acabou, como diz, "caindo nogolpe de uma financeira". Vendera tudo que possuía e entregara todo o dinheiro na ilusão de estar comprando uma casa própria. A família foi despejada, e ele perdeu todo o dinheiro, pois o negócio era ilegal e fraudulento. Aurélio ficou arrasado com o ocorrido e com as consequências de seu ato na vida dos familiares. Passaram a morar em duas peças alugadas e a ter muitas dificuldades econômicas. Segundo ele, foi então que começou a pensar em suicídio. Não estabeleceu, ao contar o que lhe acontecera com o golpe da financeira, nenhuma relação com as condições que levaram ao suicídio paterno.
Sobre a dor, o trauma e o ato nas vicissitudes do sujeito
A concepção econômica do funcionamento psíquico destaca o processo de constituição do eu e de seus recursos de metabolização das intensidades que ingressam no aparelho psíquico. Assim, a concepção psicanalítica de aparelho psíquico como aparelho de captura e metabolização (Birman, 2009), por meio dos temas da dor, do trauma, do ato e da destrutividade, contribui para a reflexão sobre a tentativa de suicídio de Aurélio
Nos tempos iniciais da vida do bebê com o outro que o cuida, o investe e atende suas necessidades, começa o processo de construção dos recursos psíquicos que serão exigidos ao eu no enfrentamento das experiências ao longo da vida. Logo, a condição humana, em seu inerente desamparo, desvela a importância da qualidade psíquica dos cuidadores primordiais, demarcando o fundamental papel dessas experiências nos espaços intersubjetivos. Numa leitura que reconhece a importância do real para o psiquismo, Bleichmar alerta: "Não se trata de que tudo fique atribuído à causalidade, porque de fato o que nos interessa, como analistas, é a compreensão daquilo que o real produz no psiquismo" (2006, p. 152).
Nessa direção, Castiel (2019) observa que a experiência analítica, ao direcionar-se para a transformação do pulsional, não se centra na análise do objeto, mas no que foi experenciado pelo sujeito na relação com o objeto. Diante da constatação clínica de vulnerabilidade ou precariedade psíquica, não se pode, portanto, prescindir da atenção às relações estabelecidas entre o eu e os objetos. Segundo Bleichmar (2006), deve-se buscar o acesso aos elementos que produzem efeitos na vida psíquica por se relacionarem a acontecimentos que se enlaçam com a produção do traumático ou do sintoma do sujeito.
A relevância dos enunciados identificatórios advindos do outro como condição primeira para que o sujeito se reconheça de forma sucessiva situa o processo de construção do eu em um campo intersubjetivo e dá destaque à temática do narcisismo. Ressalta-se sua concepção como uma etapa da libido, posterior ao autoerotismo, na qual, por meio de uma nova ação psíquica, ocorre a unificação de uma imagem de si mesmo, dando surgimento ao eu (Freud, 1914/1996). A leitura dessa nova ação psíquica como fruto da identificação leva à consideração de que o eu se constitui como "efeito residual de uma proposta identificatória do outro" (Bleichmar, 2014, p. 150).
No encontro primordial se faz presente uma assimetria, considerando-se a "diferença motriz, diferença simbólica e organizativa" existente entre o adulto e a criança (Bleichmar, 2014, p. 564). Logo, caberá ao adulto dar condições, via investimento amoroso, para que se instalem recursos de ligação das excitações que acompanham a instauração da sexualidade infantil. A qualidade do encontro com o outro está, assim, no fundamento da transformação do desamparo inicial do sujeito em um progressivo e complexo processo de aquisição de recursos intrapsíquicos. Na medida em que o narcisismo se processa "em sua função estruturante, protetiva, e suas implicações para o desenvolvimento do ego como lugar de contenção das excitações e de unidade corporal" (Castiel, 2019, p. 69), pode-se inferir que o objeto cumpriu seu papel de cuidado com o eu.
No entanto, o predomínio do desligado no circuito pulsional dá testemunho de importantes fraturas nos encontros do eu com o objeto e conduz aos aportes freudianos a respeito da pulsão de morte. De acordo com Castiel, a análise de "expressões de destrutividade que se direcionam ao interior e ao exterior deve ser articulada às decepções com os objetos e ao desinvestimento que acarretam". O raciocínio sobre o segundo dualismo pulsional permite a Freud "abordar a questão do desinvestimento e sua relação com a pulsão de morte, podendo colocar em evidência a ligação e o desligamento" (2019, pp. 30 e 37).
Como afirmam Moraes e Macedo, no texto de 1920 "recupera-se no pensamento freudiano o conceito de trauma a partir de uma perspectiva do violento, do intrusivo, que gera uma demanda significativa de processamento psíquico" (2011, p. 41). Não se trata, portanto, de ser o trauma real ou fantasiado, mas sim do efeito do traumático desde a perspectiva da impossibilidade de atribuição de sentido por parte do sujeito. Freud (1920/1976a) articulou o tema do traumático destacando dois aspectos fundamentais: o efeito devastador da excitação que atingia e ultrapassava o escudo protetor, e o completo despreparo do eu (ou do escudo protetor) para o trabalho de ligação desse montante de excitação. O aparelho psíquico, ao não conseguir mobilizar suas energias, torna inoperante a capacidade de ligação das quantidades que nele ingressam.
Alonso afirma que o excesso necessita ser processado de tal forma que o aparelho psíquico seja capaz de criar margens, limites, arranjos que o protejam de ser inundado por aquele. Segundo a autora, "quando isso não é mais possível, as pulsões, no seu excesso, no que têm de mais indizível, viram verdadeiras ameaças para o eu, e é nesses casos que a violência da pulsão se faz notória" (2003, p. 228). Com o conceito de compulsão à repetição, Freud (1920/1976a) destaca as forças que se dão além do território do princípio do prazer, exemplificando, por meio delas, o caráter demoníaco da pulsão e o caráter ativo do que escapa ao processo simbólico.
A criação de condições de encaminhamento, por parte do eu, das forças pulsionais a construções no campo simbólico refere-se diretamente à capacidade psíquica de ligação e atribuição de sentido às intensidades psíquicas (Alonso, 2003). No caso da compulsão à repetição, porém, o que está em cena diz respeito ao excesso, ao intrusivo, aos elementos regidos pela destrutividade. Castiel observa:
Nas patologias em que a destrutividade dirigida ao ego ou aos objetos tem uma dimensão importante, o psiquismo é dominado pelo excesso. Dada a impossibilidade da ligação, o componente destrutivo sobressai na ação do sujeito e com isso há o desinvestimento dos objetos, no sentido de que a destrutividade afeta as investiduras externas do sujeito. (2019, p. 59)
A ausência da capacidade de ligação das intensidades faz com que o ato, no enlace com a destrutividade e na condição de repetição compulsória, ganhe destaque. São os atos compulsivos, portanto, que denunciam o efeito tanático derivado de fraturas presentes nas experiências do eu com os objetos. Assim, segundo Uchitel (2001), o trauma não se representou, mas sim se apresenta em forma de ato, acusando a presença persistente de um não sentido, de uma não memória.
A concepção psicopatológica dos estados-limite ou das patologias do narcisismo evidencia o predomínio da destrutividade e da existência de importantes fraturas nos limites entre o eu e o outro. Hornstein considera que, nas situações que remetem à clínica dos limites, dominam "a descarga e a repetição do traumático (mais do que a elaboração psíquica), a tendência a atuar e a desorganização do eu" (2003, p. 100). A fragilidade dos vínculos e o fracasso nos encontros primordiais com os objetos explicitam-se nesses padecimentos quando, diante da vivência de situações traumáticas, o sentimento experimentado é de extrema solidão. A noção de alteridade está comprometida no momento em que o outro serve ao único propósito de garantir ao eu sua existência. Ao objeto, nesse modelo, passa a ser atribuída a função de regulação das vivências, tentando-se compensar o deficit intrapsíquico do eu. Quando o eu, em sua condição de fragilidade psíquica, se vê atacado pelo excesso, há o risco de aniquilamento do si mesmo, perdendo-se o acesso ao outro como recurso de ajuda. O incremento do desligamento faz com que passe a imperar uma situação na qual não existe o que está fora do eu. Ante o fracasso da tentativa de salvar algo de si mesmo, a desesperança pode levar o eu ao desejo de morte. Nessa direção, Birman afirma:
Para a preservação do narcisismo o eu prefere explodir do que implodir, mantendo então a autoconservação do organismo e a homeostasia do prazer. Porém, diante da impossibilidade de explosão, a implosão se impõe necessariamente, colocando em questão a ordem da vida. (2012, p. 96)
Cabe, portanto, atentar sobremaneira ao predomínio do recurso à passagem ao ato pelo psiquismo como linha de fuga em face da vigência do excesso. A implosão do eu, mediante a produção de atos autodestrutivos, atualiza um importante e persistente desinvestimento dos objetos e do si mesmo.
Moraes e Macedo (2011), no trabalho com o legado freudiano de 1920, constroem o conceito de vivência de indiferença como eixo teórico e clínico de reflexão sobre padecimentos cujos atos se produzem a partir da dor psíquica. Segundo Hornstein, na vivência de indiferença ocorre "uma singular modalidade de encontro na qual a criança não encontra em sua demanda ao adulto condições que reflitam a assimetria. O outro primordial não tem os recursos que possibilitariam uma conexão afetiva que contenha o desamparo da criança" (2012, p. 11). Com isso, o predomínio violento de uma peculiaridade de indiferença experimentada no encontro entre o eu e seus objetos primordiais permite compreender o posterior predomínio do ato como forma de vazão à dor psíquica. Por não ser percebido na diferença de sua existência, instaura-se no eu um prejuízo quanto à condição de confiança e de percepção do si mesmo e do outro, o que terá repercussão nos recursos de enfrentamento da dor psíquica, bem como na relação com a alteridade. Uma das consequências da vivência de indiferença é o predomínio, no campo alteritário, da instabilidade, da desconfiança e da fragilidade.
A vivência de indiferença inaugura, no seu rastro de violência, o apri-sionamento do sujeito em um território que "eterniza o desamparo e gera uma forma psicopatológica na qual o ato-dor reproduz a intensidade do desamparo experimentado" (Hornstein, 2012, p. 11). Alinhadas à noção psicanalítica de passagem ao ato, Moraes e Macedo definem ato-dor como o ato decorrente da vivência de indiferença que visa à mera evacuação de intensidades psíquicas. Logo, o ato-dor, expressão do desinvestimento pulsional, atualiza "uma história pulsional vivida no predomínio da expressão de um circuito pulsional da ordem do desligado e do mortífero" (2011, p. 48). Elementos vigentes no além do princípio do prazer denunciam a ação tanática da pulsão de morte, alheia ao campo da simbolização, e sustentam o argumento de serem certas tentativas de suicídio configurações do ato-dor.
Tessituras entre o singular da história e os aportes conceituais
Aurélio conta como percebeu, a posteriori, sua tentativa de suicídio: "Sei lá. Aquilo é uma coisa gozada, é uma brutalidade contra si mesmo, uma coisa sem explicação". Aturdido diante do novo golpe que levara, fica sem encontrar alguma explicação. Parece-lhe impossível compreender o ocorrido, a não ser como mera confirmação de um destino inelutável. O recurso à soda cáustica - algo externo que, ao ser ingerido, passa a danificá-lo desde dentro - permite a analogia a um modelo identificatório tanático, que ao ser internalizado passa a corroê-lo desde dentro.
Os golpes da vida são vetores de um derradeiro golpe autoinfligido. A intensidade traumática que irrompe no psiquismo leva Aurélio ao ato-dor, no qual, ao devorar-se, confirma a força do violento que, desde dentro, o corrói, um exemplo dramático do referido por Birman (2012) como paralisia psíquica. Trata-se, para o autor, de situações nas quais a ação do sujeito se dá como consequência de um assujeitamento, mediante o qual se ausenta a capacidade de simbolização, prejudicando-se assim as condições de antecipação e de regulação dos acontecimentos.
Conforme Maia, diante de intensa dor psíquica, "a saída possível para a vida parece ser a autodestruição, na medida em que põe fim à angústia avassaladora (é interessante assinalar aqui essa estranha solidariedade entre vida e morte)" (2003, p. 149). A história de Aurélio ilustra o predomínio de uma economia psíquica sob a égide do traumatismo, ou seja, da "insuficiência de ferramentas para ressimbolizar a realidade, ou para produzir de alguma maneira representações capazes de capturar a realidade quando a subjetividade se vê ameaçada pela ruptura de significações prévias que permitiriam sua apreensão" (Bleichmar, 2008, p. 124).
Aurélio se mostrou muito surpreso com o convite para pensar sobre possíveis conexões entre o que ocorrera com seu pai e o modo como o golpe da financeira atualizou a intensidade da dor de sua história; pareceu surpreendido diante do convite para pensar sobre possíveis ligações entre sua tentativa de suicídio e os fatos ocorridos em sua vida. O processo de ser historizado no encontro com o outro lhe parecia estranho. A ideia de que o vivido pudesse lhe causar algum tipo de afetação era recebida com incredulidade. Um argumento dele para enfatizar a ausência de relação entre as situações consistia no fato de que o pai perdera todo o patrimônio da família em jogos de azar, o que não tinha nenhuma ligação, segundo ele, com sua "aposta" na financeira.
A impossibilidade de antecipar e regular os acontecimentos quando o cuidado consigo é exigido testemunha as fraturas nas experiências de confiança. Não se trata de encontrar simples relações causais entre duas situações, mas sim de identificar meandros complexos na repetição do mortífero via aprisionamento identificatório. Ao contar do suicídio do amigo, diz que talvez estivesse predestinado a cometer suicídio. O amigo re-apresenta a ele o ato destrutivo do pai? As relações com outro reproduzem a precariedade nas fronteiras. Estar com o outro é ser reprodutor do destino de outro? Essa captura leva a pensar no modelo da melancolia, mas essencialmente denuncia a não existência da diferença na percepção do si mesmo diante do outro. A matriz de indiferença se faz presente nos enunciados de Aurélio de que talvez estivesse predestinado a não existir. Trata-se de nomear assim os persistentes efeitos da indiferença experimentada?
Parcos esforços de diferenciar-se do legado parental podem ser observados na decisão de Aurélio de responsabilizar-se pelos cuidados da irmã. É uma tentativa de cuidar do outro impedindo que outra perda/morte ocorra, uma vez que a irmã seria dada para adoção. Porém, mais uma vez, passa a se impor o que ele acredita ser sua pré-destinação. A experiência de indiferença calcada no não reconhecimento de suas condições infantis parece, também aqui, se re-apresentar. Se um adulto, a mãe, não pode exercer a função de cuidado diante do desamparo infantil, é Aurélio quem deve renunciar à condição infantil e de filho para ser "pai" da irmã? Procura mudar as ações, mas a custo de repetidas alterações em si mesmo.
Nomeia como período de maturidade o trabalho infantil iniciado aos 8 anos de idade. Quando adolescente, precisa alterar a idade, diminuindo-a para não ter problemas com o Exército (a lei). Não pode ser quem é, fica alterado em si mesmo. A "predestinação" a não ser impele-o a ocupar o lugar do pai, deixa-o ainda mais preso na condição de ser o adulto que pode sustentar a família, tranquilizar a mãe e salvar a irmã. Mesmo tentando fazer-se diferente do pai, não consegue se desvencilhar dos efeitos que o aprisionam no registro da indiferença. A falência paterna, o suicídio paterno, o aceite materno de que se encarregue da irmã dão subsídios para identificar a não consideração à assimetria própria da relação entre adultos e criança.
O duplo identificatório que o atordoa conta da clivagem como esforço de sobrevivência psíquica, mas ao mesmo tempo denuncia seus inegáveis prejuízos. Na clivagem, a potencialidade de investir do eu está prejudicada. É evidente seu efeito devastador no campo identitário e nos investimentos no campo intersubjetivo. Maia alerta sobre esse custo psíquico, uma vez que, na clivagem,
coloca-se em xeque a integridade narcísica, na medida em que aquilo que é silenciado exige a redefinição do sujeito, endurecendo suas vias de afetação para com o mundo: o eu terá que vigiar este que dentro dele é vivo e morto simultaneamente. (2003, p. 155)
O tema da confiança mostra-se abalado em Aurélio. Não consegue conversar com a esposa ou com os filhos sobre a intensa dor de ter perdido tudo, tampouco buscar com eles possíveis alternativas em face do drama que vivem. Altera seus verdadeiros sentimentos mostrando-se bem durante o dia, porém à noite não consegue dormir, de tanta angústia que sente. Na escuridão da noite, Aurélio está só e é invadido por intenso desamparo.
A traição à confiança depositada no agente financeiro, mediante a entrega de todo o seu patrimônio, atualiza a dor e a raiva pela morte do pai, que tinha como seu melhor amigo. Ante o suicídio paterno, vê traída sua confiança na condição de ter um fia-dor e de não precisar ser ele, nas vicissitudes impostas pela vida, o "alterado" e o responsável pelo violento que advém do outro. É difícil para Aurélio criar conexões, atribuir um sentido historizado às repetidas ausências e decepções com o outro, quando espera poder confiar e ser cuidado. Os explosivos detonados pelo colega equiparam-se a um pai que se implode e o deixa danificado em si mesmo, levando-o forçosamente a um processo de "aposentadoria" de sua condição infantil, mutilada e alterada na nomeação de maturidade. Figuras atuais em sua história o confrontam, como no golpe financeiro que sofre, com o equívoco da avaliação e da expectativa de confiança em relação ao outro. A indiferença experimentada com as figuras parentais tenta ficar "protegida" na clivagem que opera em si mesmo, o que o deixa à mercê do nomeado como "uma brutalidade contra si mesmo, uma coisa sem explicação" O silêncio tanático da pulsão de morte encontra sua forma de eco no ato-dor. No incremento do desamparo, Aurélio não pode nomear e historizar sua dor. No ato-dor, busca não mais existir. O desinvestimento, próprio da vivência de indiferença, impera de modo avassalador.
A experiência de escuta, ao fomentar a capacidade narrativa do sujeito, no sentido de tramitação psíquica de intensidades próprias ao vivido, tenta fazer frente à atualização do risco constante para o si mesmo devido à precariedade de uma trama de sentidos. Como afirmam Kegler e Macedo (2016), por meio da palavra o sujeito pode tornar-se enuncia-dor, rompendo assim o modelo paralisante do traumático, diante do qual apenas a repetição se apresenta.
Considerações finais
Os recursos da psicanálise viabilizam adentrar a complexidade dos meandros psíquicos decorrentes do desligamento no circuito pulsional. Os destrutivos e mortíferos efeitos de experiências traumáticas deixam o sujeito preso a um tempo que não passa, e dessa forma segue imperando a repetição de intensidades tanáticas. Em face do fracasso ou da impossibilidade de atribuir sentido ao que lhe ocorre, o sujeito fica à mercê de forças que desfazem seus precários investimentos, "roubam" seus parcos recursos e o jogam no sombrio campo do desamparo e da desesperança diante do devir. Buscou-se desenvolver uma reflexão sobre o trabalho de atribuição de sentido que se dá por meio da escuta da dor e do reconhecimento da complexidade de elementos que fomentam a produção de um ato no qual o sujeito procura a própria morte.
No caso de Aurélio, significou ofertar condições de atribuir sentido, a fim de que pudesse desfazer as alterações e mutilações que vinha sofrendo passivamente nas repetições que colocavam em risco sua existência como sujeito. Cabe ainda ressaltar que, em respeito à singularidade das conflitivas e dos impasses experimentados pelo sujeito psíquico, não se pretende afirmar que todas as tentativas de suicídio devam ser equiparadas com o que se pôde escutar e compreender na história de Aurélio. Sem dúvida, a riqueza do corpus da psicanálise segue possibilitando, se não exigindo, o exercício de criação metapsicológica na imprescindível atualização do constante diálogo entre o singular da clínica e o escopo teórico psicanalítico.
A escuta analítica, ao captar o lado silencioso e disruptivo da dor que leva ao risco de implosão definitiva do eu, trabalha para que os efeitos do experienciado possam ser endereçados à cadeia de sentido, promovendo a descaptura do sujeito da impossibilidade de investir a vida. Green aproxima o trabalho de criação em psicanálise ao pensamento de Henri Atlan, autor da hipercomplexidade e criador do modelo de auto-organização. Segundo Green, a prática psicanalítica não somente cria informação a partir do ruído, mas a partir de uma informação fiável e redundante, oriunda do consciente, trabalha para que se abra a possibilidade de "uma nova organização por outro e para outro e que finalmente culmina no grau de auto-organização mais complexo" (1996, p. 378). O processo de escuta de Aurélio se deu sustentado nesse modelo, no qual, por outro e para outro, criam-se recursos de "autodeciframento" dos ruídos, a fim de que, por meio dessa criação, possam ser inaugurados espaço ocupados por investimentos de Eros.
Referências
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Correspondência:
Mônica Medeiros Kother Macedo
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Recebido em 29/10/2019
Aceito em 3/12/2019