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Revista Brasileira de Psicanálise
versión impresa ISSN 0486-641X
Rev. bras. psicanál vol.54 no.4 São Paulo oct./dic. 2020
EDITORIAL
Marina Massi
Editora / marinamassieditora@RBP.org.br
Projeto editorial, últimas palavras
No primeiro editorial de nossa gestão, em 2017, afirmamos que
a criação de uma revista é a marca de uma geração e de seu projeto intelectual, artístico ou científico. Toda revista, em especial aquelas que têm longa duração, gera um espaço de sociabilidade intelectual ao redor do qual se organizam intercâmbios e enfrentamentos. A RBP, sem dúvida, representa o patrimônio histórico, intelectual e científico de algumas gerações da psicanálise no Brasil, vinculadas à IPA.
É fundamental não nos esquecermos de nossas conquistas. Não podemos menosprezar o fato de termos uma revista científica com mais de 50 anos de existência, um feito notório quando pensamos em nosso país, este que ainda luta por estabilidade e continuidade de suas instituições democráticas. A RBP é um patrimônio que construímos e mantemos com afinco, cuja função foi bem definida no regulamento da Febrapsi firmado em 1974, no artigo 44, § 1.º: "Difundir a psicanálise brasileira em sua expressão de melhor qualidade; manter o meio psicanalítico brasileiro informado da produção editorial atual, da produção internacional e, em particular, da latino-americana; lutar por espaços editoriais para a produção brasileira nas diversas instâncias internacionais". (Massi, 2017, p. 14)
Estamos encerrando quatro anos de intenso trabalho na Revista Brasileira de Psicanálise, com o sentimento de que, entre acertos e erros, nos empenhamos em dar seguimento às gestões anteriores, que modernizaram a RBP e que nos inspiraram a torná-la uma revista científica contemporânea, aberta aos novos desafios que a atualidade impõe à psicanálise; ao espírito do mundo, com suas significativas transformações; aos novos sentidos de existir, de viver, de se apresentar e representar; enfim, às diferentes buscas individuais e sociais de existência.
Para tais desafios, foi necessário consolidar a autonomia editorial, a pluralidade do pensamento psicanalítico e o esforço de manter-se sintonizado com temas emergentes da cultura e do social que atravessam o território psicanalítico, reivindicando a nossa capacidade específica de reflexão analítica. Acredito que em geral cumprimos o projeto editorial idealizado em 2017. Alguns reconhecimentos mostram que o projeto foi compreendido e valorizado, dentro e fora do Brasil. Acerca do número 1, volume 53 da RBP, Géraldine Troian afirma:
Este número tem por título "Ódio". A equipe editorial quis se manter em sintonia com o movimento político e social que o Brasil atravessa. Os dois números anteriores tratavam de política. Este número é o reflexo de um momento de polarização política, com o surgimento de sentimentos de ódio que não se revelam em tempos normais, mas que são exacerbados quando a democracia está em perigo. Freud sublinhou o peso da agressividade na economia psíquica. A raiva, o ódio e a destrutividade estão à espera de uma oportunidade para permitir com que sua força se exprima. Os psicanalistas brasileiros aproveitaram o momento social e político para definir conceitos que permitem continuar a pensar e a elaborar estando conectados ao social. Peço desculpas por não poder mencionar todos os trabalhos, mas me pareceu mais pertinente comentar aqueles mais representativo no nível da clínica ou do pensamento do país. (2020, p. 537)1
Lutamos por espaços de reconhecimento da importância da RBP na psicanálise brasileira e no âmbito internacional, o que foi possível conquistar devido ao apoio fundamental do presidente da SBPSP, Bernardo Tanis, a quem agradeço profundamente o convite, a confiança e a oportunidade de ser editora da revista. Agradeço também aos presidentes da Febrapsi, Daniel Delouya, Anette Blaya, Wagner Vidille e Cíntia Albuquerque, pelo respeito à autonomia editorial e pelo apoio durante suas gestões, e aos queridos colegas das diretorias da Febrapsi, com quem tive o imenso prazer de conviver e muito aprender nesses anos de trabalho conjunto e solidário.
Agradecimentos indispensáveis
Agradecemos aos editores regionais e coeditores regionais, pelas contribuições e sugestões. Aos coeditores internacionais, Fernanda Sofio (Nova York) e Luiz Eduardo Prado (Paris), por aceitarem participar da criação dessa coeditoria, novidade que se mostrou valiosa e que tanto enriqueceu a revista. Vocês facilitaram e promoveram uma ponte entre a produção brasileira, a americana e a francesa. É um avanço que merece ser considerado para o futuro da RBP.
Aos colegas presidentes, aos representantes das federadas, na Assembleia de Delegados (onde pudemos apresentar o projeto editorial, mostrar resultados, prestar contas financeiras e propor novos projetos), pela confiança, generosidade, compreensão, sugestões e, principalmente, pelo profundo apoio que recebemos ao trabalho editorial desenvolvido. Para nós, foi um apoio inestimável.
A Cláudio L. Eizirik, Leopold Nosek e Renato Mezan, conselheiros consultivos, com quem pudemos contar em orientações ou mesmo em participações especiais.
Aos interlocutores que nos ajudaram em diferentes momentos: Alexandre Socha, Alirio Torres Dantas Jr., Almira Rossetti Lopes, Daniel Kondo, Elizabeth da Rocha Barros, Leda Herrmann, Livia Garcia-Roza, Luca di Donna, Luís Carlos Menezes, Luís Claudio Figueiredo, Luiz Carlos Uchôa Junqueira Filho, Luiz Meyer, Marta Raquel Colabone, Ney Marinho, Nilde Parada Franch, Sérgio Dias Cirino, Sergio Nick e Silvana Rea.
Aos autores que nos enviaram suas produções, pela confiança e colaboração nos números publicados. Aos pareceristas, nossos parceiros incansáveis, que dedicaram seu tempo em avaliações detalhadas e com comentários construtivos aos autores, permitindo um trabalho delicado de melhoria dos artigos.
Aos parceiros do trabalho nos bastidores, fundamental para a qualidade e a beleza da revista. Sem vocês, não conseguiríamos atingir as metas que nos propusemos no início da gestão. Sua competência nos deu suporte para avançar. A muito eficiente Nubia Brito Bueno, uma séria e impecável assistente editorial. O sensível, sereno, consistente e extremamente competente revisor de texto Ricardo Duarte. A revisora de plotter Giovanna Petrólio. Os revisores de língua estrangeira Cristina Young, Darlene Lorenzon, Marilei Jorge e Sonia Augusto. Mireille Bellelis, nossa especial produtora, que faz a beleza estética da revista e garante que sejam atendidas todas as formalidades editoriais; Mireille participa há anos da produção gráfica da RBP, sempre de prontidão e disponível, nos fins de semana, a altas horas da noite ou nas férias, nos ajudando a encontrar as melhores soluções para o projeto editorial. Agradecemos à Lis Gráfica, por tornar possível o quase impossível, e com qualidade. A Taís Maia, da Febrapsi, por colocar à disposição toda a sua capacidade, agilidade e energia no auxílio à RBP em assembleias de delegados, em congressos e na divulgação da revista via Febrapsi. A Tatiana Borba e Bianca Bruna dos Santos, da Biblioteca Virgínia Bicudo, e Irene Pereira, do Centro de Documentação e Memória, por nos ajudarem mediante importantes levantamentos de dados. A Sandra T. Alves, da coordenação bvs-psi Brasil, por nos orientar no processo de indexação da revista e de sua reabertura no portal de periódicos da área psi (www.bvs-psi.org.br).
Nossa gratidão pelo engajamento, apoio e disponibilidade de todos vocês.
À equipe editorial, o merecido reconhecimento
Agradecemos, pelo trabalho realizado nos anos de 2017 a 2019, ao querido Oswaldo Ferreira Leite Netto, editor associado; à colega Suzana Kiefer Kruchin, que colaborou com sua leitura crítica e suas questões que nos convocavam à reflexão; e a Gustavo Gil Alarcão, que se responsabilizou pela seção "História da psicanálise".
Aos colegas que entraram em 2019, como Leda Maria Codeço Barone, editora associada, cuja participação foi imprescindível e impecável, e cuja experiência editorial muito nos ajudou em momentos decisivos. Todo agradecimento será insuficiente para registrar a dedicação, competência, conhecimento, compromisso, responsabilidade, criatividade e solidariedade que a equipe editorial mostrou nesses anos de trabalho conjunto. Sem a participação de vocês, queridos colegas - Abigail Betbedé, Berta Hoffmann Azevedo, Cláudia Amaral Mello Suannes, Denise Salomão Goldfajn, Maria do Carmo Meirelles Davids do Amaral, Patricia Vianna Getlinger, Ricardo Trapé Trinca, Sonia Soicher Terepins e Tiago da Silva Porto, um grupo tão especial e qualificado -, não haveria possibilidade de concretizarmos este projeto editorial e alcançarmos a classificação b1 na avaliação Qualis (Capes), um maior fator de impacto e também um aumento de números esgotados.
Atravessamos juntos um tempo de marcantes acontecimentos sociais, políticos, culturais e tecnológicos; uma brusca mudança no tradicional enquadre analítico e nas nossas reuniões, que passaram a ser virtuais; o isolamento social, as angústias e os medos. Enfim, o coronavírus dificultou o nosso trabalho em equipe, mas tivemos resultados gratificantes com os números sobre a pandemia. Entendemos que a RBP não se furtou a pensar sobre um tema tão complexo, polarizado e assustador. Estivemos presentes trazendo relatos, experiências e primeiras teorizações. Conseguimos criar um espaço sereno de reflexão sobre assuntos relevantes.
Creio que teremos muito a comemorar quando o isolamento social não for necessário, pois acredito que juntos colaboramos para uma RBP contemporânea, para um salto na infraestrutura da revista (mailing, Facebook, Instagram), nos intercâmbios nacionais e internacionais dentro e fora da IPA, no reconhecimento da qualidade dos artigos publicados e da relevância da RBP na comunidade psicanalítica e científica. Cumprimos a missão da revista com dedicação, responsabilidade, muito trabalho e amor por este rico patrimônio intelectual que tanto nos orgulha por sua história, produção psicanalítica, longevidade, qualidade editorial e potencial de ir além nas futuras editorias e novas gerações.
Assim, desejamos ao novo editor, o colega Claudio Castelo Filho, e à sua equipe uma excelente gestão, com novos aportes, muitas realizações e sucesso em sua trajetória.
Para finalizar, agradecemos aos leitores que nos acompanharam ao longo dos últimos quatro anos e que tanto nos incentivaram neste trabalho editorial.
Boa leitura do número Ideais, e longa vida à RBP!
Referências
Massi, M. (2017). [Editorial]. Revista Brasileira de Psicanálise, 51(2),13-16. [ Links ]
Troian, G. (2020). [Resenha de Revue Brésilienne de Psychanalyse, 53(1),2019, "La haine"]. Revue Française de Psychanalyse, 84(2),537-541. [ Links ]
1 Tradução livre. "Ce numéro a pour titre 'La haine'. L'équipe éditoriale voulait garder une syntonie avec le mouvement politique et social que le Brésil traverse. Les deux précédents numéros traitaient de politique. Celui-ci est le reflet d'un moment de polarisation politique avec l'émergence de sentiments de haine qui ne se dévoilent pas en temps normal, mais sont exacerbés lorsque la démocratie est en péril. Freud a souligné le poids de l'agressivité dans l'économie psychique. La colère, la haine et la destructivité sont dans l'attente d'une occasion pour permettre à leur force de s'exprimer. Les psychanalystes brésiliens ont saisi le moment social et politique pour définir des concepts qui permettent de continuer à penser et à élaborer tout en étant connecté avec le socius. Je m'excuse de ne pas pouvoir mentionner tous les travaux, mais il m'a semblé plus pertinent de développer davantage les plus représentatifs au niveau de la clinique ou de la pensée du pays."