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Psicologia Escolar e Educacional
versión impresa ISSN 1413-8557
Psicol. esc. educ. v.10 n.2 Campinas dic. 2006
HISTÓRIA
História e evolução da Psicologia Genética: um estudo do desenvolvimento das pesquisas com crianças
João Alberto da Silva
Universidade Federal de Pelotas
Os estudos de Jean Piaget e colaboradores tornaram-se, muito possivelmente, quando o tema é a inteligência, a grande referência no campo da psicologia contemporânea. Contudo, os estudos piagetianos estão mais ligados à dimensão epistemológica, valendo-se da pesquisa psicológica para a compreensão dos processos de construção do conhecimento. Alguém que leia os estudos de Piaget de uma maneira isolada, ou o próprio conjunto de pesquisas da Epistemologia Genética, pode ter, em uma primeira impressão, a noção de que a psicologia é apenas um trampolim para os estudos sobre o conhecimento. Ledo engano. Ao redor de Piaget organiza-se o fecundo campo de trabalho que se costuma chamar Escola de Genebra. A Epistemologia Genética não vive isolada; tem como parceira indissociável, entre outras, a Psicologia Genética. Esta última, mais preocupada com os processos particulares de um sujeito psicológico, do que com as grandes categorias do pensamento.
O artigo que ora apresento traz o caminho que a Psicologia Genética percorreu na sua própria construção, bem como a relação indelével que apresenta com a dimensão epistemológica. Bärbel Inhelder firmou-se como principal colaboradora de Piaget. Ela divide a coautoria de diversas obras que abordam aspectos centrais do pensamento que, convencionalmente, se chamou de piagetiano. Contudo, ela tem uma produção acadêmica própria, mais direcionada a aspectos psicológicos e funcionalistas. A genialidade e originalidade de suas pesquisas nos permitem atribuir a ela um papel essencial e indispensável na construção da teoria, com ênfase para a Psicologia Genética. Inhelder soube manter uma colaboração estreita com Piaget, bem como dele distanciar-se para empreender estudos de interesse próprio. Embora desconhecida do grande público, podese falar de uma psicologia inhelderiana, tamanha a dimensão de sua contribuição aos estudos do sujeito psicológico.
Para fazer o resgate do trabalho de Bärbel Inhelder e o percurso trilhado pela Psicologia Genética, as autoras do texto escolhem a construção do método de investigação como parâmetro para acompanhar as evoluções e necessidades de adequação que a abordagem sofreu. O chamado método clínico não se apresentou de uma maneira acabada, refletindo o próprio contexto no qual está inserido. Ele vai se construindo e se adaptando à medida que as elaborações teóricas nos campos epistemológico e psicológico vão se organizando.
As autoras do artigo destacam-se pela relevância e repercussão de seus trabalhos. A Dra. Silvia Parrat- Dayan é pesquisadora junto aos Archives Jean Piaget, da Universidade de Genebra. É organizadora da obra Sobre a Pedagogia: textos inéditos, de grande repercussão na comunidade acadêmica brasileira, na qual apresenta ao leitor vários textos de autoria do próprio Piaget, que eram de difícil acesso ao grande público. A Dra. Luísa Morgado é Professora Catedrática de Psicologia da Universidade de Coimbra, em Portugual. Publicou Homengagem a Bärbel Inhelder, dentre outras obras.
O texto que se segue é de vital importância para os que querem compreender o contexto existente em Genebra durante a condução das pesquisas de Piaget e Inhelder, principalmente, no que tange a aspectos metodológicos. É de suma relevância para compreender uma dimensão psicológica dentro da teoria, atribuindo a Bärbel Inhelder uma relevância que muitas vezes é esquecida ou tratada de maneira negligenciada.
Por fim, este primoroso artigo trata-se de um documento histórico que resgata parte do próprio percurso que a Psicologia, enquanto ciência percorreu ao longo do Século XX, sendo de indispensável leitura para os estudiosos que querem compreender, com maior profundidade, as idéias que hoje são discutidas nos campos da Epistemologia e Psicologia Genéticas.