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Psicologia: teoria e prática

versión impresa ISSN 1516-3687

Psicol. teor. prat. v.5 n.2 São Paulo dic. 2003

 

EDITORIAL

 

É com grande satisfação que apresentamos o segundo número da revista Psicologia: Teoria e Prática, correspondente ao ano de 2003. Nesta edição, estão incluídos sete artigos que refletem o desenvolvimento de pesquisas em Psicologia tanto na abordagem qualitativa como quantitativa. No primeiro artigo, Román e Savoia apresentam um trabalho que visou à aplicação do modelo de reestruturação cognitiva à psicologia do esporte. O segundo artigo relata um estudo de psicologia da saúde, realizado por Campos e colaboradores na área hospitalar com pacientes candidatos a transplante de medula óssea. Em outro artigo, Noronha e colaboradores mostram uma pesquisa de campo que explorou os níveis de conhecimento que dois grupos de alunos de Psicologia têm sobre a avaliação psicológica. Ferreira apresenta um relato de pesquisa com base em um trabalho de prevenção do uso de drogas em adolescentes e jovens. Elyseu Júnior retoma um tema psicanalítico e faz uma análise crítica ao uso do conceito “complexo fraternal” na explicação do complexo de Édipo. O trabalho de Anser e colaboradores apresenta uma pesquisa de campo sobre um tema relevante no Brasil: a violência no contexto escolar. Por último, o artigo de Pereira e colaboradores mostra um estudo sobre os principais testes utilizados na seleção de pessoal em 34 empresas multinacionais e nacionais do Estado de São Paulo. O trabalho avalia critérios de validade preditiva de muitos desses testes.

Assim como o número anterior, este foi elaborado graças a um árduo trabalho de todos os membros do Conselho Editorial Científico e da Comissão Editorial da revista Psicologia: Teoria e Prática. Uma vez mais, agradecemos a todos o esforço dispensado na leitura e revisão de cada um dos artigos que hoje são publicados. Agradecemos, ainda, aos autores pela brevidade com que trabalharam na reformulação dos artigos, quando necessário.

A leitura dos artigos publicados neste número lembra-me de algumas características da ciência apontadas por dois grandes mestres da Psicologia. Sucintamente, cito algumas palavras deles. De Skinner, no primeiro capítulo da obra Ciência e comportamento humano (1998, p. 13), apreciam-se diversas características que ele atribui à ciência como “uma disposição de aceitar os fatos mesmo quando eles são opostos aos desejos”. Ele apontava que “os homens refletidos talvez tenham sempre sabido que somos propensos a ver as coisas tal e como as queremos ver, em vez de como elas são” e, ainda assinalava, “graças a Sigmund Freud, somos hoje muito mais cônscios das deformações que os desejos induzem no pensar, e o oposto do ‘pensar querendo’ é a honestidade intelectual, um predicado extremamente importante do cientista bem-sucedido”. De Freud, na obra O futuro de uma ilusão (1997, p. 1302), podem ser valorizadas idéias do fazer ciência. Apontava Freud que “uma lei que ao princípio tenha sido válida logo mostra que apenas é um caso especial de normatividade mais ampla ou que ela fica restringida por uma outra lei posteriormente descoberta”. Continua Freud, “uma grosseira aproximação à verdade fica substituída por um ajuste mais acabado à mesma, susceptível, por sua vez, de maior aperfeiçoamento”. Tanto Skinner como Freud enunciam pressupostos importantes do processo de pesquisa. A leitura desses exímios cientistas nos permite avaliar o grande legado que ambos deixaram para os pesquisadores futuros.

Desejamos a você, caro leitor, uma prazerosa leitura e o convidamos a produzir trabalhos científicos que mostrem uma Psicologia que ouve a crítica e cujo rumo é o desenvolvimento.

Editora Acadêmica