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Avaliação Psicológica

versión impresa ISSN 1677-0471versión On-line ISSN 2175-3431

Aval. psicol. vol.19 no.1 Itatiba enero/mar. 2020

https://doi.org/10.15689/ap.2020.1901.16791.08 

ARTIGOS

 

Evidências psicométricas do Cuestionario de Dependencia Emocional (CDE)

 

Psychometric evidence for the Emotional Dependency Questionnaire (CDE)

 

Evidencias psicométricas del Cuestionario de Dependencia Emocional (CDE)

 

 

Patrícia Nunes da Fonsêca; Ricardo Neves Couto; Paulo Gregório Nascimento da Silva; Clara Lohana Cardoso Guimarães; Mayara de Oliveira Silva Machado

Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa-PB, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Objetivou-se adaptar o Cuestionario de Dependencia Emocional (CDE), reunindo evidências de validade e precisão, especificamente verificar o padrão de relação com autoestima. Para tanto, foram realizados dois estudos com participantes oriundos de uma capital do nordeste do Brasil. No primeiro (n = 244), foi realizado a adaptação do CDE e executada uma análise fatorial exploratória, a qual sugeriu uma estrutura unifatorial. No segundo (n = 236), executaram-se análises fatoriais confirmatórias testando modelos alternativos (uni e hexafatorial). Ademais, realizou-se a correlação de Pearson (r) que evidenciouuma relação negativa e estatisticamente significativa entre autoestima e a dependência emocional, indicando validade convergente. Ademais, constatou-se precisão satisfatória em ambos os estudos. Conclui-se que o CDE é válido e fidedigno, podendo auxiliar na avaliação de indivíduos que estão em relacionamentos amorosos e na busca de um consenso acerca do conceito e das dimensões da dependência emocional.

Palavras-chave: dependência emocional, autoestima, relacionamentos, testes psicológicos


ABSTRACT

This study aimed to adapt the Emotional Dependency Questionnaire (Cuestionario de Dependencia Emocional - CDE), gathering evidence of validity and accuracy, specifically to verify the relationship pattern with self-esteem. Accordingly, two studies were performed with participants from a city of the northeast of Brazil. In the first (n = 244) the adaptation of the CDE was carried out and exploratory factor analysis was performed, which suggested a single-factor structure. In the second (n = 236), confirmatory factor analyses were performed by testing alternative models (single factor and six factors). In addition, Pearson's correlation (r) was calculated, which showed a negative and statistically significant relationship between self-esteem and emotional dependence, indicating convergent validity. In addition, satisfactory accuracy was found in both studies. It was concluded that the CDE is valid and reliable and can help in the evaluation of individuals who are in loving relationships and in the search of a consensus about the concept and dimensions of emotional dependence.

Keywords: emotional dependence; self-esteem; relationships; psychological tests.


RESUMEN

Este estudio objetivó adaptar el Cuestionario de Dependencia Emocional (CDE), reuniendo evidencias de validez y confiabilidad, específicamente averiguar el patrón de relación con autoestima. Para ello, se realizaron dos investigaciones con participantes oriundos de una capital de noreste de Brasil. En el primero (n = 244) se realizó la adaptación del CDE y se ejecutó un análisis factorial exploratorio, el cual sugirió una estructura unifactorial. En el segundo (n = 236), se realizaron análisis factoriales confirmatorios probando modelos alternativos (uni y hexafactorial). Asimismo, se realizó la correlación de Pearson (r) que evidenció una relación negativa y estadísticamente significativa entre autoestima y dependencia emocional, indicando validez convergente. Además, se pudo constatar confiabilidad satisfactoria en ambos estudios. Se concluye que el CDE es válido y fiable, pudiendo auxiliar en la evaluación de individuos que están en relaciones sentimentales y en búsqueda de un consenso acerca del concepto y de dimensiones de la dependencia emocional.

Palabras clave: dependencia emocional; autoestima; relaciones; tests psicológicos.


 

 

O amor romântico tem sido considerado como um sentimento universal que está presente na vida das pessoas apaixonadas. É responsável pelo estabelecimento e manutenção de um vínculo emocional entre os indivíduos (França, Natividade, & Lopes, 2016), responsável pelo sentimento de bem-estar (Schlosser, 2014) e inversamente proporcional à sensação de solidão (Tannus, 2018).

Embora haja individualidade na forma de sentir, os indivíduos apaixonados têm como finalidade receber e dar prazer a pessoa amada (Gouveia, Carvalho, Santos, & Almeida, 2013). Portanto, é devido a sua presença e importância na formação e manutenção das relações humanas, que tal construto vem despertando o interesse de escritores, pesquisadores, filósofos e psicólogos (Schmitt, 2006).

Não obstante, os relacionamentos amorosos nem sempre são vividos de forma saudável, de modo que haja um equilíbrio entre as trocas de sentimentos; pelo contrário, um dos parceiros pode apresentar comportamentos e atitudes exageradas de uma série de demandas afetivas insatisfeitas e exigir que o companheiro supra suas necessidades. A isso, pode-se denominar de dependência emocional que, conforme Bution e Wechsler (2016), é a nomenclatura mais utilizada para o quadro clínico, embora seja também conhecida por dependência interpessoal, transtorno de personalidade dependente, dependência amorosa, amor patológico, amor obsessivo e dependência nos relacionamentos.

A despeito do termo dependência, que significa subordinação, falta de autonomia e interdependência (Hoyos & Arredondo, 2006), geralmente seu uso associa-se a substâncias psicoativas, todavia, no caso em tese, está direcionada a sentimentos vinculados aos relacionamentos afetivos (Moral & Sirvent, 2009). Assim, Rodrigues e Chalhub (2010) definem a dependência emocional como o grau que alguém necessita do outro para existir.

As pessoas com dependência emocional estabelecem relações assimétricas de forma que se colocam sempre no polo inferior à pessoa amada. Tal situação pode ocasionar prejuízos nas atividades do cotidiano, já que surge a necessidade excessiva de estar com o outro para conseguir estabilidade emocional. Por vezes, chega a abandonar compromissos pessoais, não cumprir com as responsabilidades profissionais e renunciar os próprios anseios em função da necessidade de estar com o outro (Izquierdo & Gómez-Acosta, 2013).

Estima-se que indivíduos dependentes emocionalmente possam não ter suprido suas necessidades afetivas na infância, o que constitui um aspecto relevante na constituição psicológica do ser humano. Desse modo, podem apresentar baixa autoestima, ansiedade, depressão, tristeza na ausência do parceiro, sentimento de "vazio" e medo de abandono (Urbiola, Estévez, Iruarrizaga, & Jauregui, 2017), além de prestar cuidados excessivos ao outro, mesmo que para isso negligencie suas atividades e cuidados consigo (Moral & Sirvent, 2009). Outrossim, a pessoa dependente só alcança sua estabilidade emocional por meio do outro (Hoogstad, 2008; Izquierdo & Gómez-Acosta, 2013; Sussman, 2010).

Urbiola et al. (2017) demonstram que o construto dependência emocional está relacionado de forma negativa com autoestima e positiva com sintomas ansiosos e depressivos. Ademais, os autores observaram que os jovens, quando se relacionam emocionalmente com o outro, apresentaram-se com maior necessidade de exclusividade e medo de ficar sozinho, quando comparados a pessoas solteiras.

Segundo Bution e Wechsler (2016) e Hoyos e Arredondo (2006), a dependência emocional representa um padrão crônico de necessidade que só pode ser aliviado quando é atendido, construindo-se relacionamentos "parasitas", os quais são caracterizados pelo apego patológico. Nesse cenário, as pessoas fazem o que for necessário para agradar o companheiro, pois acreditam que assim não serão abandonadas, fazendo com que as relações se tornem desequilibradas, já que o indivíduo idealiza o outro com atributos superiores aos seus e se submete às exigências dele, mesmo que para isso tenha de perder sua liberdade, mudar seus hábitos, abandonar seus amigos e se tornar vítima de agressão (Castelló, 2002). Uma pessoa que esteja em um relacionamento com um dependente emocional, frequentemente pode ouvir um discurso marcado por ressentimento e forte sentimento de injustiça, pois para eles não é fácil aceitar a ideia de ter uma disfunção emocional ou ficar sozinhos, fazendo todo tipo de concessão para manter o relacionamento, até mesmo ameaças à sua vida ou à do outro (Barcelos, 1993). O sentimento de dependência emocional ainda é um problema ignorado por muitos profissionais (Bution & Wechsler, 2016), contudo, atenta-se para a frequente associação com o transtorno ansioso (Bornstein, 2012), perda da identidade e prejuízos no autoconceito (Lima, Soares, Vargas, & Barletta, 2013; Peixoto & Heilborn, 2016). Além disso, é possível compreender que o desenvolvimento da dependência emocional também é relacionado com a autoestima do indivíduo, a qual é desenvolvida ao longo do ciclo vital e oriunda dos resultados de interações com os pares (Moral & Sirvent, 2009).

De acordo com Sbicigo, Bandeira e Dell'Aglio (2010), a autoestima é um conjunto de sentimentos e pensamentos do indivíduo sobre seu próprio valor, competência e adequação, que se reflete em uma atitude positiva ou negativa em relação a si mesmo. Bednar e Peterson (1995) ressaltam que o ponto fundamental da autoestima é o aspecto valorativo, o que influencia na forma como o indivíduo aceita a si mesmo, valoriza o outro, elege suas metas e projeta suas expectativas para o futuro. Dessa forma, ter uma autoestima positiva é um aspecto relevante para a superação dos momentos de transformação e para a valorização pessoal, assim como para vida em geral, uma vez que a autoestima se reflete na saúde mental do indivíduo (e.g., vida psicológica, social e afetiva), além de maximizar a saúde física e psicológica, o bem-estar e a qualidade de vida (Hutz & Zanon, 2011).

Sendo assim, tendo em vista a magnitude da problemática, julga-se importante utilizar instrumentos psicométricos adequados que possibilitem investigações relevantes à temática e forneçam informações mais precisas sobre a dependência emocional. Para isso, elegeu-se o uso do Cuestionario de Dependencia Emocional (CDE) como forma de colaborar com as questões teóricas e práticas que norteiam a temática. Esse instrumento mensura a dependência emocional e apresenta qualidades psicométricas adequadas dentre outras medidas disponíveis. Ademais, sendo a autoestima um construto fundamental na análise e no entendimento do desenvolvimento desse fenômeno, levanta-se duas questões problemas: o CDE apresentará evidências psicométricas satisfatórias para o uso no contexto brasileiro? A dependência emocional relaciona-se com a autoestima na amostra do presente estudo?

 

Cuestionario de Dependencia Emocional (CDE) e o Processo de Avaliação

Na literatura, é possível verificar uma variedade de medidas que tem sido utilizada para avaliar a dependência emocional, a saber: a) Interpersonal Dependency Inventory (Hirschfeld et al., 1977) composta por 48 itens, distribuídos em três subescalas: (1) confiança emocional, (2) falta de autoconfiança e (3) asserção de autonomia; b) Spouse Specific Dependency Scale (Rathus & O'Leary, 1997) constituída por 178 itens que formam três fatores: (1) apego emocional, (2) apego ansioso e (3) dependência emocional; c) Relational Profile Test (RPT, Bornstein, Geiselman, Eisenhart, & Languirand, 2002) composto por 30 itens que se subdividem em três fatores: (1) sobredependência destrutiva, (2) desapego funcional e (3) dependência saudável; d) Inventário de Dependência Emocional (Aiquipa, 2012) constituído por 49 itens, distribuídos em sete dimensões: (1) medo de ruptura, (2) medo e intolerância a solidão, (3) prioridade a parceira, (4) necessidade de acesso a parceira, (5) desejo de exclusividade, (6) subordinação e submissão, e (7) desejo de controle e domínio.

Os instrumentos supracitados, embora validados para diversos contextos, são longos e abarcam construtos para além da dependência emocional. Logo, optou-se por utilizar o Cuestionario de Dependencia Emocional (CDE) que foi desenvolvido por Hoyos e Arredondo (2006) com base no modelo de terapia cognitiva de Beck (Beck, Freeman, & Davis, 2005). Nesse instrumento, consideram-se os aspectos cognitivos e psicológicos da pessoa com dependência emocional, evidenciados no julgamento de si mesmo e dos outros.

Inicialmente, em seu estudo original, o CDE foi composto por 66 itens e aplicado a uma amostra com 815 colombianos. Realizou-se uma análise dos componentes principais, em que se adotou como critérios psicométricos para aceitação do item: a) ter cargas fatoriais acima de 0,50 e b) pertencer apenas a um único componente. Nessa análise, foram eliminados 43 itens por não corresponder aos critérios considerados. Assim, a versão final ficou composta por 23 itens, distribuídos empiricamente em seis componentes, os quais cobrem teoricamente o construto de dependência emocional e aproximam-se da definição considerada por Castelló (2005), que compreende a dependência emocional como uma extrema necessidade afetiva que o indivíduo experimenta em relação ao seu parceiro, apresentando comportamentos de submissão, pensamentos obsessivos sobre o relacionamento, medo exacerbado de abandono, idealização do parceiro e baixa autoestima. Assim, considerando as percepções que a pessoa tem de si mesmo e dos outros, Hoyos e Arredondo (2006) elaboraram seis dimensões, que serão brevemente descritas a seguir:

1) Ansiedade de separação refere-se a expressões emocionais de medo frente ao fim do relacionamento, com pensamentos automáticos relacionados a perda e solidão; 2) Expressão afetiva é caracterizada pela constante necessidade de afeto e amor com vista à amenizar a sensação de insegurança; 3) Modificação de planos diz respeito à disposição para satisfazer ou compartilhar um maior tempo ao lado do parceiro; 4) Medo de solidão corresponde ao temor de não ter uma relação ou de não se sentir amado; 5) Expressão limite refere-se as expressões impulsivas e autoagressivas, sendo vistas como estratégias de enfrentamento diante de uma possível ruptura no relacionamento; e 6) Busca de atenção diz respeito à necessidade de assegurar a permanência do parceiro na relação, além do desejo de exclusividade do parceiro.

Ademais, ressalta-se que o CDE tem sido empregado em diversos estudos, como os apresentados a seguir: Hoyos, Jaramillo, Calle, León e Ossa (2012) buscaram relacionar a dependência emocional aos esquemas desadaptativos e ao perfil cognitivo de estudantes universitários; Moreno e Osorio (2013) verificaram as características que levariam à dependência afetiva em mulheres vítimas de violência pelo parceiro; Estela e Zavala (2016) avaliaram a dependência emocional e o risco para a violência em mulheres e o de González-Jiménez e Hernández-Romera (2014) verificaram as diferenças de gênero em relação a CDE em adolescentes, com atitudes frente à violência conjugal em mulheres violentadas (Meza, 2016) e com estilos de apego parental (Narváez, Castiblanco, Valencia, & Riveros, 2019).

Quanto aos estudos que visam investigar suas qualidades psicométricas, destaca-se o do contexto mexicano (Zalava, Figueroa, Cruz, & Loving, 2012), que indicou uma estrutura bifatorial (abandono, α = 0,88 e expressões limites, α = 0,60) que explicou 62,58% da variância total do construto. Outrossim, Ventura e Caycho (2016) adaptaram o CDE para o contexto peruano e verificaram que o instrumento apresentou evidências de validade e precisão satisfatórias. Os achados indicaram uma estrutura unifatorial identificada a partir de uma análise fatorial exploratória. Contudo, testou-se modelos alternativos, os quais demonstraram que a estrutura hexafatorial apresentava melhores índices de ajustes (CFI = 0,99; NNFI = 0,98 e RMSEA = 0,02), corroborando assim, a estrutura com seis fatores (Hoyos & Arredondo, 2006). A confiabilidade foi avaliada pelo coeficiente ômega (ω), que variou de 0,85 a 0,93.

Ademais, observa-se que internacionalmente o CDE tem sido considerado em diferentes investigações com construtos psicológicos diversos (Hoyos et al., 2012; Meza, 2016; Narváez et al., 2019; Rodriguez & León, 2015) e as suas qualidades psicométricas averiguadas em diferentes contextos. Contudo, existe uma lacuna acerca da temática que possibilita sistematizar os estudos no Brasil, podendo ser minimizado com um instrumento já presente na literatura e utilizado internacionalmente em diferentes culturas, justificando-se assim a execução da presente pesquisa, que tem como objetivo geral adaptar o Cuestionario de Dependencia Emocional (CDE), reunindo evidências de validade e precisão. Além disso, pretende-se verificar a validade externa (convergente). Para tanto, será examinado o padrão de relação com autoestima, que deverá apresentar-se negativo, como teoricamente esperado (Estévez, Urbiola, Iruarrizaga, Onaindia, & Jauregui, 2017; Urbiola, Estévez, Iruarrizaga, & Jauregui, 2017).

 

Estudo 01- Evidências Iniciais de Validade e Precisão do CDE

Método

Participantes

Contou-se com uma amostra não probabilística, por conveniência, de 244 pessoas da população geral de uma capital do nordeste do Brasil. A média de idade foi de 26,25 anos (DP = 9,47, variando 18 a 73 anos), sendo a maioria do sexo feminino (55,06 %) e solteira (61,3%). Quanto à escolaridade, a maioria (66%) possuía ensino superior incompleto, seguido dos que possuíam o médio completo (11,3%) e superior completo (11,2%). Como critério de inclusão, os participantes deveriam declarar está ou já ter passado por um relacionamento amoroso no percurso da vida (e.g., namoro, noivado, casamento).

Instrumentos

Os participantes responderam um livreto contendo os seguintes instrumentos: Cuestionario de Dependência Emocional (CDE). Elaborado por Hoyos e Arredondo (2006), é composto por 23 itens, que consideram as características psicológicas em função das concepções pessoais de si mesmo e dos outros, além de estímulos que são particularmente ameaçadores e estratégias interpessoais. Para respondê-lo, é utilizada uma escala tipo Likert, de seis pontos, variando de 1 (completamente falso em mim) a 6 (descreve-me perfeitamente). O instrumento apresentou índices de consistência aceitáveis (alfa de Cronbach), variando entre 0,67 e 0,87, nos seis fatores, além de um alfa geral igual a 0,95, no estudo de sua elaboração. Questionário sociodemográfico: visando caracterizar os participantes, elaborou-se questões sobre idade, sexo, escolaridade e estado civil.

Procedimento

Inicialmente, realizou-se a tradução do instrumento por meio da técnica de backtranslation. Para isso, contou-se com a colaboração de dois profissionais bilíngues (Português-Espanhol) que traduziram o CDE e, posteriormente, retraduziram para o espanhol (tradução às cegas; Borsa, Damásio, & Bandeira, 2012). Em seguida, a fim de verificar a adequação do português, comparou-se as duas versões, constatando que não houve discrepâncias nas traduções, logo, foi possível prosseguir com a versão do instrumento e realizar uma validação semântica, seguindo os procedimentos estabelecidos por Pasquali (2016). Para tanto, contou-se com a participação de 20 pessoas, oriundas da população-alvo e distribuídos equitativamente em função do sexo. Nesse procedimento, não foram identificadas dificuldades de leitura e de interpretação dos itens.

A pesquisa seguiu as Resoluções nº 466/12 e 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde, tendo submetido o projeto ao Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências da Saúde de uma instituição pública do nordeste brasileiro (Prot. n° 0689/16. CAAE: 61341516.5.0000.5188) e tido sua aprovação. Posteriormente, a coleta foi realizada em locais públicos e de grande circulação de pessoas (e.g. praças, shoppings). Foram garantidos o sigilo e o anonimato, posteriormente, solicitado que assinassem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e respondessem aos instrumentos. O tempo médio de participação foi de aproximadamente 10 minutos.

Análise de Dados

Com o uso do R, foram calculadas as estatísticas descritivas para caracterizar a amostra e com o software Factor 9.2 (Lorenzo-Seva & Ferrando, 2013) investigou-se a dimensionalidade do CDE com o método Hull Comparative Fit Index, métodos disponíveis (Lorenzo-Seva, Timmerman, & Kiers, 2011). Pelo fato da escala não poder ser considerada contínua e nem apresentar uma distribuição normal, por se tratar de escala tipo Likert composta de categorias ordenadas (Holgado-Tello, Chacón-Moscoso, Barbero-García, & Vila-Abad, 2010), procedeu-se uma análise fatorial exploratória categórica Unweighted Least Squares (ULS) com correlações policóricas. A consistência interna da medida foi calculada por meio do alfa de Cronbach com base nas correlações policóricas e o ômega de McDonald.

 

Resultados

Inicialmente, foi realizada uma análise fatorial exploratória, objetivando conhecer a estrutura fatorial da matriz de correlações policóricas entre os 23 itens do CDE. Por meio dos resultados do índice de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) = 0,91 e do Teste de Esfericidade de Bartlett, 𝜒2(253) = 2.921,3; p < 0,001, comprovou-se a pertinência de realizar a análise fatorial. Para verificar a quantidade de fatores a serem extraídos, foi considerado o método de extração Unweighted Least Square (ULS). Nesse caso, observou-se uma estrutura unifatorial da medida, indicada pelo método Hull. Além disso, o coeficiente de determinação geral da análise fatorial foi considerado adequado (Goodness of Fit Index; GFI = 0,97). O valor próprio (autovalor) do fator foi de 8,56, que explicou 37,24% da variância total. As cargas fatoriais dos itens do CDE e a consistência interna da escala são apresentadas na Tabela 1.

Em suma, os resultados apresentados na Tabela 1 demonstraram evidências satisfatórias acerca da validade do CDE. Assim, a medida reuniu 23 itens, com saturações fatoriais variando de 0,36 (item 03, "Para atrair meu(minha) parceiro(a) busco impressioná-lo(a) ou diverti-lo(a)") a 0,68 (item 14, "Sinto-me muito mal se meu(minha) parceiro(a) não expressa, constantemente, ter afeto por mim"). Ademais, a consistência interna foi medida por meio do coeficiente alfa de Cronbach (α) com base em correlações policóricas e do ômega de McDonald, os quais alcançaram valores semelhantes excelentes de 0,92.

Ademais, evidenciaram a validade interna e precisão do CDE, entretanto, considerando o caráter exploratório do presente estudo, então, decidiu-se realizar outro para assegurar as qualidades psicométricas e reunir evidências complementares. Para tanto serão comparados dois possíveis modelos: (1) o unifatorial como sugerido no Estudo 1 e (2) e o hexafatorial, como originalmente proposto pela teoria (Hoyos & Arredondo, 2006). Foi considerada uma técnica mais robusta (Análise Fatorial Confirmatória, AFC), descrita a seguir.

 

Estudo 02- Comprovação da Estrutura Fatorial do Cuestionario de Dependencia Emocional

Método

Participantes

A amostra foi de 236 pessoas da população geral de uma capital do nordeste do Brasil (não probabilística, por conveniência). A média de idade foi de 24,56 anos (DP = 6,97, variando 18 a 52 anos), sendo 53% do sexo feminino e 79,7% solteiro (79,7%). Quanto à escolaridade, a maioria (68,6%) possuía ensino superior incompleto. Para seleção da amostra, foram utilizados os mesmos critérios de inclusão do Estudo 1.

Instrumentos

Os participantes responderam um livreto contendo os mesmos instrumentos descritos no Estudo 1, acrescido da Escala de Autoestima de Rosenberg (EAR). Esse instrumento é composto por 10 itens que avaliam a autoestima de forma global. São respondidos em uma escala tipo Likert de quatro pontos variando de 1 (Discordo totalmente) a 4 (Concordo totalmente). O instrumento apresentou índice de precisão satisfatório (alfa de Cronbach = 0,90) no estudo de adaptação, validação e normatização para o Brasil realizado por Hutz e Zanon (2011).

Procedimento

Os procedimentos adotados seguem as orientações das Resoluções 466/12 e 510/16 do Conselho Nacional de Saúde e são semelhantes ao do Estudo 1. Entretanto, o tempo de resposta, devido o acréscimo de um instrumento, foi de aproximadamente 15 minutos.

Análise de Dados

Com o software R, foram realizadas análises descritivas para descrever os participantes e a relação entre os escores totais das medidas, a fim de obter índices de validade convergente do CDE. Com o pacote Lavaan (Rossel, 2012) executou-se uma análise fatorial confirmatória categórica (ordinal) Weighted Least Squares Mean and Variance-Adjusted (WLSMV; Muthén & Muthén, 2014).

Para tanto, avaliou-se o modelo proposto, considerando os seguintes indicadores (Byrne, 2010; Tabachnick & Fidell, 2013): (1) Comparative Fit Index (CFI) - é um índice comparativo, valores a partir de 0,90 são referências de ajuste; (2) Tucker-Lewis Index (TLI) - medida de parcimônia entre os índices do modelo proposto e nulo, a qual varia de zero a um, com valores acima de 0,90 como aceitáveis; (3) Root-Mean-Square Error of Approximation (RMSEA) e seu intervalo de confiança de 90% (IC90%), recomendando-se valores entre 0,05 e 0,08, admitindo-se até 0,10. Ademais, a precisão da medida foi calculada por meio do alfa de Cronbach e ômega de McDonald, com o pacote semTools (semTools Contributors, 2016). Com relação aos modelos alternativos (uni e hexafatorial), levou-se em consideração as diferenças de qui-quadrado (∆χ2), considerando mais ajustado aquele com menor valor de χ2.

Resultados

Foi realizada uma análise fatorial confirmatória (AFC), adotando o método de estimação Mean and Variance Adjusted Wighted Least Squares (WLSMV), que buscou comparar a qualidade de ajustamento da estrutura correlacional (policóricas) unifatorial encontrada no Estudo 1, com o modelo teórico proposto (hexafatorial).

Assim, foram observados os seguintes índices de ajuste: modelo unifatorial: 380,09 (230) χ2/gl = 1,65, CFI = 0,98, TLI = 0,98, RMSEA (IC90%) = 0,08 (0,07-0,09) e modelo hexatorial: 262,688 (215) χ2/gl = 1,22, [CFI = 0,99, TLI = 0,99, RMSEA (IC90%) = 0,03 (0,01-0,04]. Esse modelo hexafatorial, inclusive apresentando indicadores de ajuste próximos àqueles do modelo unifatorial, foi estatisticamente superior a ele [Δχ2 (15) = 117,44, p < 0,001]. Ressalta-se que todos os lambdas (λ) apresentaram valores diferentes de zero (λ 0; F > 3,84, p < 0,05). Nas Figuras 1 e 2, é possível observar as saturações dos 23 itens do CDE.

Os achados previamente descritos, evidenciaram que a estrutura unifatorial, achada no Estudo 1 e a composta por seis fatores (teórica) do CDE reuniram indicadores favoráveis de ajuste. Por fim, calcularam-se os coeficientes de consistência interna, avaliados pelo coeficiente alfa de Cronbach (α) e o ômega de McDonald (ω). considerando os modelos previamente testados. Assim, foram considerados os fatores teóricos da medida [ansiedade de separação (αe ω = 0,85): expressão afetiva (αe ω = 0,85); modificação de planos (α e ω = 0,75); medo de solidão (αe ω = 0,79); expressão limite (α e ω = 0,59) e busca de atenção (α= 0,64 e ω = 0,67)], além do fator geral, isto é, reunindo todos os itens desta medida (α= 0,93 e ω = 0,94). Conforme se observa, todos atestam que esse parâmetro psicométrico da medida foi considerado adequado.

Para além disso, foi obtida evidência complementar de validade externa (convergente). Assim, foram considerados os escores totais dos seis fatores, além do somatório do fator geral do CDE e da EAR por meio da análise de correlação, a qual identificou relações negativas e estatisticamente significativas com cinco dos seis fatores, além da pontuação total do CDE a saber: ansiedade de separação (r = -0,34; p < 0,001); expressão afetiva e modificação de planos (r = -0,27; p < 0,001); medo de solidão (r = -0,26; p < 0,001); expressão limite (r = -0,42; p < 0,001) e fator geral (somatório de todos os itens de dependência emocional; r = -0,34; p < 0,001). Entretanto, o fator busca de atenção não se correlacionou com autoestima (r = -0,01; p < 0,415). De maneira geral, tais resultados indicam que pessoas com autoestima baixa, possivelmente, podem apresentar níveis elevados de dependência emocional.

 

Discussão

O presente artigo objetivou adaptar o CDE para o contexto brasileiro, reunindo evidências de validade e precisão, especificamente, verificar sua relação com autoestima. As análises realizadas sugeriram novas evidências psicométricas do CDE na realidade brasileira, extraído a partir da análise fatorial exploratória, no Estudo 1 e da análise fatorial confirmatória no Estudo 2. Além desses parâmetros internos, apresentou-se validade externa com a autoestima na direção teórica esperada.

Os resultados apontaram evidências psicométricas satisfatórias, pois todos os itens do fator Dependência Emocional apresentaram cargas fatoriais acima do ponto de corte da literatura (0,30; Pasquali, 2016). No Estudo 1, constatou-se uma estrutura unifatorial, que diverge da hexafatorial apontada inicialmente por Hoyos e Arredondo (2006), contudo, tenha-se em conta que a análise realizada pelos autores (análise dos componentes principais), não é sugerida para validação de instrumentos psicológicos, pois baseia-se apenas na correlação linear das variáveis observadas, quando em Psicologia o interesse é um construto latente (Damásio, 2012).

Considerando essa divergência quanto ao número de fatores, no Estudo 2, foram testados modelos alternativos, visando verificar a pertinência em considerar a uni ou multidimensionalidade da medida. Os resultados sugeriram a possibilidade dos seis fatores específicos (ansiedade de separação, expressão afetiva, modificação de planos, medo de solidão, expressão limite e busca de atenção) e do fator geral representarem o construto dependência emocional, pois os indicadores de ajustes para os dois modelos figuraram acima do que é considerado adequado (CFI e TLI > 0,95; Tabachnick & Fidell, 2013). Além disso, os modelos foram estatisticamente significativos, ou seja, considerados diferentes [Δχ2 (15) = 117,44, p < 0,001], reforçando a suposição de que podem ser contemplados de duas maneiras distintas. Ademais, esses resultados foram congruentes com a pesquisa levada a cabo por Ventura e Caycho (2016) em contexto peruano, que averiguaram a possibilidade de a dependência emocional ser representada como um construto global, entretanto, os seis fatores têm legitimidade como construtos distintos.

Ademais, foi corroborada a confiabilidade (precisão), que foi avaliada pelos indicadores de alfa de Cronbach e o ômega de McDonald, com seus valores de precisão evidenciados nos dois estudos realizados, entretanto, deve-se ter em conta que no Estudo 2, quando considerada a estrutura hexafatorial, dois fatores figuraram abaixo do ponto de corte sugerido de 0,70 (Cohen, Swerdlik, & Sturman, 2014; McDonald, 1999), especificamente, os fatores expressão limite (α e ω = 0,59) e busca de atenção (α= 0,64 e ω = 0,67). Contudo, isso pode ser ponderado em virtude da quantidade de itens distribuída em cada dimensão, respectivamente, três e dois. Ademais, a literatura aponta que para pesquisa admite-se um ponto de corte a partir de 0,50 (Pasquali, 2016). Para além disso, esses fatores em questão têm apresentado resultados similares em diferentes culturas, a exemplo da Itália (Coppolino, Ingrassia, Benedetto, & Aguglia, 2015) e Colômbia (Hoyos & Arredondo, 2006).

Ainda considerando as diferenças quanto a estrutura fatorial da medida, faz-se necessário ressaltar que, ao adaptar um instrumento, diferentes aspectos devem ser considerados: culturais, idiomáticos, linguísticos e contextuais (Borsa et al., 2012). Ainda mais no caso de adaptação transcultural de instrumentos psicométricos como da presente pesquisa, que aborda a temática da dependência emocional, construto que ainda não existe um consenso na literatura sobre sua operacionalização e, por certo, é caracterizado por elementos motivacionais, afetivos, cognitivos e comportamentais (Bution & Wechsler, 2016).

Dessa forma, o fator Dependência Emocional representa o construto mensurado, operacionalizado em itens que reúnem características do fenômeno, descrito pela extrema necessidade emocional direcionada ao parceiro amoroso (Castelló, 2002). Logo, possibilita que pessoas que estão ou passaram por relacionamentos amorosos sejam avaliadas quanto a presença de comportamentos que indiquem a necessidade de atenção, afeto, presença do parceiro, além de sentimento de ansiedade e medo da separação, os quais, em síntese, caracterizam um padrão crônico de demanda afetiva (Bution & Wechsler, 2016; Hoyos & Arredondo, 2006).

Ademais, as relações de dependência estão relacionadas à baixa autoestima, bem como ansiedade, medo e raiva, sentimentos que interferem de modo negativo no bem-estar e na qualidade de vida das pessoas (Hutz & Zanon, 2011). Pessoas dependentes emocionalmente exageram nos cuidados para com o outro, negligenciam seus próprios cuidados e suas atividades (Moral & Sirvent, 2009). Nessa direção, constatou-se a validade convergente com cinco dos seis fatores do CDE, os quais se correlacionaram negativamente, como esperado teoricamente (Estévez et al., 2017; Urbiola et al., 2017). Essas relações são consideradas moderadas, como proposto por Nunes e Primi (2010), que indicam magnitudes entre 0,20 a 0,50 para que sejam reunidas evidências de validade externa com construtos relacionados.

Quanto ao único fator (busca de atenção) que não apresentou uma relação significativa com a autoestima, chama-se atenção para o fato de que isso é semelhante ao acontecido no contexto italiano, quando esse fator não demonstrou relação com satisfação em relacionamentos românticos (Coppolino et al., 2015). Pode-se apontar o aspecto da quantidade de itens, apenas dois, que pode estar limitando à cobertura completa da dimensão, além de que a redação dos itens não se aproxima teoricamente de autoestima, devendo em estudos posteriores diferentes construtos (e.g., timidez, extroversão) serem considerados.

Dado o exposto, parece justificado a execução da pesquisa, no entanto, fez-se presente limitações. O viés amostral, por tratar-se de uma amostra por conveniência não permite que os resultados sejam generalizados, tenha-se em conta, porém, que o objetivo do estudo não vislumbra isso. Outra limitação é a aplicação de escalas e questionários, instrumentos de autorelato que não permitem o controle da desejabilidade social das respostas, além da ausência de outras medidas que mensurassem a validade discriminante.

Estudos posteriores poderiam contar com amostrar mais heterogêneas, aleatórias, de diferentes regiões do Brasil, sugere-se também refinar o uso da medida, com aplicações de TRI, além de buscar relações com outros construtos (e.g., personalidade, valores humanos, medo de ficar solteiro, ansiedade), além de testar a validade temporal, discriminante e invariância fatorial do CDE, visando agregar mais informações relevantes para o uso do instrumento.

Por fim, acredita-se que o estudo contribuiu com o campo científico, pois reuniu evidências de validade e disponibilizou o CDE na versão português do Brasil para uso de profissionais e pesquisadores interessados no tema, sobretudo quando se constata a ausência de estudos sobre o assunto (Bution & Wechsler, 2016) e a necessidade de se identificar a natureza do problema das pessoas com sintomas, tais como: amor obsessivo, ansiedade, perda de identidade, baixa autoestima e autoconceito (Bornstein, 2012; Lima et al., 2013; Peixoto & Heilborn, 2016). Logo, acredita-se que o instrumento possa maximizar o processo de investigação, e buscar por um consenso conceitual e metodológico auxiliando na avaliação do fenômeno.

 

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Endereço para correspondência:
Patrícia Nunes da Fonsêca
Centro de Educação, Departamento de Psicopedagogia
Universidade Federal da Paraíba
Castelo Branco, 58059-900, João Pessoa, PB
Tel.: (83) 3216-7800. E-mail: pnfonseca.ufpb@gmail.com

Recebido em setembro de 2018
Aprovado em setembro de 2019

 

 

O presente artigo contou com apoio do CNPq por meio de financiamento do Projeto Universal do primeiro autor (2014), e da CAPES que concedeu bolsas de doutorado ao segundo e terceiro autores e de mestrado ao quarto e quinto. Aproveitamos para demonstrar nossa gratidão a essas instituições.
Nota sobre os autores
Patrícia Nunes da Fonsêca: Mestra e Doutora em Psicologia Social pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Docente da UFPB da Pós-Graduação em Psicologia Social, Coordenadora do Núcleo de Estudos em Desenvolvimento Humano, Educacional e Social (NEDHES).
Ricardo Neves Couto: Mestre e doutorando em Psicologia Social (UFPB). Membro do Núcleo de Estudos em Desenvolvimento Humano, Educacional e Social (NEDHES). Professor substituto da UFPI (Departamento de Psicologia).
Paulo Gregório Nascimento da Silva: Mestre em Psicologia pela Universidade Federal do Vale do São Francisco. Atualmente é doutorando em Psicologia Social (UFPB) e Membro do Núcleo de Estudos em Desenvolvimento Humano, Educacional e Social (NEDHES).
Clara Lohana Cardoso Guimarães: Graduada em Psicologia pela Universidade Federal de Campina Grande e Mestranda pela UFPB. Membro do Núcleo de Estudos em Desenvolvimento Humano, Educacional e Social (NEDHES).
Mayara de Oliveira Silva Machado: Psicopedagoga (UFPB) e mestranda em Psicologia Social pela mesma instituição. Integrante do Núcleo de Estudos em Desenvolvimento Humano, Educacional e Social (NEDHES).

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