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Psicologia USP

versión On-line ISSN 1678-5177

Psicol. USP v.16 n.1-2 São Paulo  2005

 

PSICOLOGIA AMBIENTAL E POLÍTICA AMBIENTAL: ESTRATÉGIAS PARA A CONSTRUÇÃO DO FUTURO

 

Apresentação

 

 

Eda Terezinha de Oliveira Tassara1

Instituto de Psicologia - USP

 

 

Nesta terceira parte, discute-se o tema Psicologia Ambiental e Política Ambiental: estratégias para a construção do futuro, mostrando-se a atualidade das grandes questões que fundamentaram a proposição da Teoria de Kurt Lewin, a qual, se datada no que se refere à sua viabilidade estratégica na produção da mudança social via modelos por ele preconizados, permanece como paradigma de método exemplar para uma intervenção psicossocial, lida contemporaneamente como sinônimo de intervenção sócio-ambiental.

Se o compromisso ético na intervenção vem exigir a busca da democracia Lewiniana como meta utópica da pesquisa-ação, este compromisso transforma a ação de pesquisa em ação política. Ou seja, ética, política e ciência passam a ter fronteiras indefinidas.

Tal configuração torna difícil a tomada de decisões sobre direções da pesquisa-ação, pois implica em fundamentá-las em um sistema de critérios referidos às ações político-pragmáticas implícitas nas políticas públicas (politics), às articulações compartilhadas entre as diferentes forças sociais (policy) e as exigências científico-metodológicas propriamente ditas.

Os textos de Tassara, Gifford, Castello, Bernard, Thibaud, Garcia Mira, Stea, Elguea inscrevem-se no quadro das dificuldades supra-apontadas, analisando-as sob ênfase de aspectos parciais de sua composição.

Thibaud aponta para a complexidade do conceito "ambiente", dada a abrangência de significados que o engloba, argumentando pela necessidade de uma mudança de paradigma da Psicologia Ambiental que venha a contemplar, em campo interdisciplinar, as dimensões sensoriais e experienciais do ambiente.

Bernard considera que a previsão do futuro depende da observação das práticas atuais e desenvolve fecunda análise sobre prováveis transformações pelas quais passarão as moradias e a política de construção das mesmas.

Castello preconiza que a Psicologia Ambiental contribua para a definição e conceitualização de uma Política Ambiental, por meio do oferecimento de subsídios para a contextualização de objetivos a serem por ela atingidos e da estimulação de participação comunitária.

Gifford argumenta que as estratégias para a construção do futuro devem estar apoiadas no conhecimento desenvolvido na Psicologia Ambiental, por meio de sua aplicação para estimular o interesse público via Educação Ambiental.

Garcia-Mira, Stea e Elguea refletem sobre as dificuldades de comunicação existentes entre os psicólogos ambientais e as políticas ambientais e em como conectar aplicações da Psicologia Ambiental ao panorama complexo da Política Ambiental, preconizando o compromisso democrático e participativo.

Finalmente, Tassara propõe, para que se possa chegar a uma Política Ambiental pensada como construção intencional do futuro, um novo paradigma científico transdisciplinar - uma Ciência Ambiental prospectiva, configurando como objeto da Psicologia Ambiental o estudo das relações entre subjetividade humana e consciência ambiental.

Embora ainda fragmentária, a busca e compreensão de uma totalidade conclusiva na análise do tema das relações entre Psicologia Ambiental, Política Ambiental e futuro consiste em uma aspiração consensualmente compartilhada por todos os autores. Se não há ainda uma partitura clara, pode-se perceber ensaios de uma orquestração, miragens do que virá.

 

 

1 Coordenadora do Laboratório de Psicologia Sócio-Ambiental e Intervenção– LAPSI-IPUSP.