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Revista Brasileira de Orientação Profissional
versión On-line ISSN 1984-7270
Rev. bras. orientac. prof vol.20 no.2 Florianópolis jul./dic. 2019
ARTIGO
Evidências de validade de uma medida de dificuldades de decisão de carreira
Validity evidences of a measure of career decision-making difficulties
Evidencias de validez de una medida de dificultades de decisión de carrera
Carolina Lopes do ValeI; José Manuel Tomás da SilvaI
IFaculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal
RESUMO
As dificuldades emocionais e de personalidade na decisão são um dos problemas vocacionais mais severos e apresentam consequências significativas para a intervenção de carreira. O objetivo deste estudo consistiu na obtenção de evidências acerca da validade de construto da versão reduzida da Escala dos Fatores Emocionais e de Personalidade na Decisão de Carreira (EPCD), através da análise das associações desta com a adaptabilidade, ansiedade, otimismo e identidade vocacional. A validade estrutural das respostas foi examinada através de uma análise fatorial exploratória (AFE). A amostra foi constituída por 231 estudantes portugueses. A EPCD correlacionou-se positivamente com a ansiedade e negativamente com a adaptabilidade, otimismo e identidade vocacional. As análises multivariadas mostraram que a identidade vocacional e a ansiedade traço tiveram uma contribuição mais importante na predição dos scores da EPCD nos diferentes modelos testados (Mdn R2ajustado = .49). A AFE revelou que as respostas das subescalas se estruturam nos três fatores principais definidos para o EPCD. As implicações dos resultados para a intervenção de carreira são discutidas.
Palavras-chave: emoções, personalidade, EPCD, indecisão de carreira, validade
ABSTRACT
Emotional and personality-related career decision-making difficulties are one of the most severe vocational problems and have significant consequences for career intervention. The purpose of this study was to obtain validity evidences (construct validity) about the scores derived from the Emotional and Personality-Related Career Decision-Making Difficulties Scale (EPCD), through the analysis of their associations with an adaptability, anxiety, optimism and vocational identity. The structural validity of the responses was examined using an exploratory factor analysis (EFA). The sample consisted of 231 Portuguese students. EPCD correlated positively with anxiety and negatively with adaptability, optimism and vocational identity. Multivariate analyses revealed that vocational identity and trait anxiety had a major contribution in predicting EPCD scores in the different models tested (Mdn R2adjusted = .49). The EFA revealed that the subscale scores are structured on the three main factors defined for the EPCD. The implications of outcomes for career intervention are discussed.
Keywords: emotions, personality, EPCD, career indecision, validity
RESUMEN
Las dificultades emocionales y de la personalidad en la toma de decisión son unos de los problemas vocacionales más graves y tienen un impacto significativo en la elección de carrera. El objetivo de este estudio fue la obtención de evidencias de validez de constructo de la versión reducida de la Escala de Factores Emocionales y de la Personalidad en la Elección de la Carrera (EPCD), mediante el análisis de las relaciones de esta con la adaptabilidad, la ansiedad, el optimismo y la identidad vocacional. La validez estructural de las respuestas se examinó mediante un análisis factorial exploratorio (AFE). La muestra estuvo constituida por 231 estudiantes portugueses. La EPCD se correlacionó positivamente con la ansiedad y negativamente con la adaptabilidad, el optimismo y la identidad vocacional. Los análisis multivariados mostraron que la identidad vocacional y la ansiedad como rasgo tuvieron una determinación relativa más importante en la predicción de los puntajes de la EPCD (Mdn R2ajustado = .49). La AFE evidenció que las respuestas de las subescalas se estructuran en los tres factores principales definidos para la EPCD. Por último, se abordan las implicaciones de los resultados para la elección de carrera.
Palabras clave: emociones, personalidad, EPCD, indecisión de carrera, validación.
Introdução
No decorrer das suas vidas, os indivíduos encontram múltiplos momentos nos quais têm de tomar decisões relativas à sua carreira profissional (Amir, Gati, & Kleiman 2008). Alguns sujeitos lidam com estas situações com relativa facilidade, enquanto outros se confrontam com sérias dificuldades antes e/ou durante o processo de tomada de decisão (Kleiman et al., 2004).
As dificuldades na tomada de decisão de carreira dizem respeito aos obstáculos que o indivíduo tem de ultrapassar durante o processo de tomada de decisão e são o problema vocacional mais comum nos serviços de psicologia da carreira (e.g., Amir & Gati, 2006; Gati, Asulin-Peretz, & Fisher, 2012; Gati et al., 2011; Saka & Gati, 2007). Existem muitos modelos da tomada de decisão de carreira (TDC) e das suas vicissitudes, mas os modelos normativos e os prescritivos têm sido mais frequentemente estudados pela psicologia da carreira (Gati & Tal, 2009). Os modelos normativos centram-se no modo como se devem tomar decisões enquanto os modelos prescritivos geralmente adotam uma teoria da decisão e adaptam-na ao domínio de aplicação visado (e.g., escolha de carreira) delineando os procedimentos sistemáticos que podem ajudar os indivíduos a tomar melhores decisões de carreira (que não são necessariamente racionais). Por exemplo, Gati, Krausz e Osipow (1996), elaboraram uma taxinomia das dificuldades de decisão de carreira tendo por base o modelo do decisor ideal. Para Gati et al. (1996) qualquer desvio deste modelo ideal constitui um problema potencial, que afetará o processo de decisão de carreira numa de duas maneiras possíveis: (a) inibindo o indivíduo de tomar uma decisão ou, então, (b) conduzindo-o a uma decisão de qualidade inferior (não otimizada). No modelo de Gati et al. (1996) as dificuldades podem surgir antes do envolvimento do indivíduo com o processo de TDC (e.g., falta de motivação, crenças irracionais, indecisão generalizada) ou durante o processo de TDC propriamente dito (e.g., falta de informação, informação inconsistente).
De forma a aumentar o conhecimento sobre a avaliação do processo TDC várias propostas foram feitas. Contudo, estas abordagens focaram-se sobretudo em aspetos mais cognitivos e informacionais, como défices de informação dos indivíduos sobre o self, o ambiente ocupacional, ou sobre o processo para tomar decisões de carreira (e.g., Gati et al., 1996; Jin, Nam, Joo & Yang, 2015), havendo a necessidade do desenvolvimento de um modelo mais completo, que abarcasse os fatores emocionais e de personalidade habitualmente presentes nos casos mais severos de indecisão generalizada (Santos, 2001).
O modelo (Emotional and Personality-related aspects of Career Decision-Making Difficulties: EPCD), foi proposto por Saka e colaboradores (Saka & Gati, 2007; Saka, Gati, & Kelly, 2008) para organizar, descrever e avaliar as dificuldades mais enraizadas na estrutura da personalidade, consideradas como estando na base dos problemas mais severos de tomada de decisão de carreira (Gati, Landman, Davidovitch, Asulin-Peretz, & Gadassi, 2010) e, como tal, tendo consequências mais significativas para a tomada de decisão e para processo de aconselhamento (Saka & Gati, 2007).
O Modelo dos Fatores Emocionais e de Personalidade nas Dificuldades de Decisão de Carreira (EPCD)
Como refere Ventura (2012), o modelo do EPCD surge na confluência de várias abordagens teóricas e empíricas propondo a existência de uma forma mais crónica ou difusa de indecisão (indecisão generalizada) que emergiria pelo efeito sinergístico de diferentes traços personalísticos (Saka et al., 2008). O efeito combinado desses traços (definidos no modelo como fatores emocionais e de personalidade) seria o de exacerbar e complicar o processo de TDC.
O modelo do EPCD é hierárquico e propõe a distinção entre três dimensões principais (nível de segunda ordem) Visões Pessimistas, Ansiedade e Autoconceito e Identidade que, por sua vez, estão subdivididas em onze categorias específicas localizadas num nível de generalidade inferior (nível de primeira ordem).
A dimensão Visões Pessimistas relaciona-se com o lado mais cognitivo da indecisão e engloba as perceções disfuncionais e negativas do indivíduo sobre o self e sobre o mundo. Esta dimensão compreende três categorias: a) visões pessimistas sobre o mundo de trabalho; b) visões pessimistas sobre o processo e c) visões pessimistas sobre o controlo no processo de tomada de decisão e sobre os seus resultados.
A dimensão Ansiedade traduz as dificuldades associadas à ansiedade e aos efeitos desta no processo de decisão. Esta dimensão é composta por quatro categorias: a) ansiedade sobre o processo; b) ansiedade devido à incerteza envolvida na escolha (que inclui três atributos de incerteza: incerteza sobre o futuro, ansiedade resultante de estar numa situação de indefinição e ansiedade devido a uma baixa tolerância da ambiguidade); c) ansiedade sobre o processo de escolha (que inclui quatro características: perfecionismo acerca da escolha, medo de perder outras opções, medo de escolher a opção errada e ansiedade acerca da responsabilidade da escolha) e d) ansiedade sobre o resultado.
A dimensão Autoconceito e Identidade está relacionada com o desenvolvimento individual, refletindo dificuldades na formação de uma identidade estável e independente. Esta dimensão é composta por quatro categorias: a) autoestima (baixo sentimento de valorização pessoal); b) ansiedade generalizada; c) identidade não cristalizada (dificuldade em formar uma perceção estável de identidade pessoal e vocacional); d) vinculação conflituosa e separação (dificuldades referentes a familiares e amigos próximos, envolvendo críticas, falta de apoio ou devido à excessiva necessidade de aprovação) (Gati et al., 2011, 2012; Saka & Gati, 2007; Saka et al., 2008).
Este modelo serviu como referência para a construção da Emotional and Personality - Related Career Decision-Making Difficulties Scale, um instrumento de medida, proposto por Saka e colaboradores (2008) para avaliar as dificuldades de decisão no contexto de carreira. A tradução desta escala para o Português Europeu (método tradução-retroversão) e o primeiro trabalho empírico realizado em Portugal (EPCD - versão longa com 53 itens) é de autoria de Ventura (2012). Os participantes nesse estudo eram estudantes universitários primeiranistas de ambos os sexos (n = 207) que responderam concorrentemente à escala EPCD e outros instrumentos psicológicos (e.g., autoeficácia na decisão de carreira, autoestima, esperança). Em geral, os resultados do estudo mostraram-se prometedores no que diz respeito à fiabilidade dos scores (e.g., o valor do coeficiente a para a escala completa foi .96), bem como para as estimativas de validade (convergente e discriminante) examinadas. Os coeficientes de Pearson do score total (EPCD-53) com a autoeficácia de decisão de carreira, a autoestima e a esperança foram, respetivamente, -.42, -.57 e -.44 (ps < .01). Na discussão dos resultados Ventura (2012) sugere que futuramente seja examinada a possibilidade de se reduzir o número de itens do instrumento considerando a elevada precisão das respostas alcançada na versão completa. Este objetivo, aliás, foi igualmente proposto pelos autores da EPCD (Gati et al., 2011) com uma fundamentação semelhante e numa lógica, crescente na literatura psicométrica, para desenvolver versões cada vez mais curtas de instrumentos dirigidos para fins de diagnóstico e de investigação (domínios onde a brevidade das medidas é uma vantagem).
Com este trabalho, procura-se responder a esse desafio, ou seja, desejámos saber se a versão mais breve do EPCD revelará idênticas propriedades de medida (e.g., consistência interna) às reportadas para a versão longa. Em segundo lugar, com este estudo procurámos aprofundar o exame da validade convergente e discriminante das respostas às escalas da EPCD-SF, complementando e alargando, desta forma, a rede nomológica já investigada anteriormente por Gati e colaboradores (Gati et al. 2011; Saka et al., 2008; Saka & Gati, 2007) e por Ventura (2012). Esta investigação é um primeiro contributo para delimitar as propriedades psicométricas da versão em Português-Europeu do instrumento em apreço (EPCD-SF). Importa referir que a versão curta produzida por Gati et al. (2011) consistiu unicamente na redução do número de itens originais (dos 53 itens iniciais mantiveram-se apenas 25), sem quaisquer alterações adicionais do seu conteúdo semântico, nem no número de dimensões avaliadas. Informação sobre o procedimento adotado na seleção dos itens para a versão curta pode obter-se em Gati et al. (2011). Apesar de as duas versões do instrumento, excetuando a sua extensão, serem em tudo o mais idênticas, isso não quer dizer que as propriedades de medida permaneçam invariáveis. Por exemplo, a teoria clássica dos testes (TCT) mostra-nos que a fiabilidade das respostas (e.g., consistência interna) é, em geral, uma função do número de itens do instrumento. Ademais, segundo a TCT, é essencial, para uma utilização psicológica cientificamente fundamentada da medida, determinar a consistência interna das respostas em todas as amostras em que a medida é administrada (isto é, a fiabilidade não é uma propriedade do instrumento e como tal tem de ser verificada em cada nova amostra.). Para além dos objetivos mencionados acima, desejámos ainda comprovar algumas hipóteses, na continuidade do que já antes foi realizado por Saka & Gati (2007) e Ventura (2012), sobre a rede de relações (ou seja, recolher evidências acerca da validade de construto) das variáveis medidas pelo instrumento e outras variáveis psicológicas de referência com as quais os scores de dificuldades emocionais e de personalidade hipoteticamente deverão estar relacionados.
Exame da rede nomológica do modelo EPCD
Entre os vários constructos do desenvolvimento de carreira que podíamos hipoteticamente cruzar com as dimensões da EPCD-SF selecionámos alguns deles tendo em consideração a sua pertinência para a clarificação da validade das inferências que podemos efetuar a partir dos scores do modelo de medida estudado e procurando evitar redundâncias com estudos anteriores. Os constructos que decidimos relacionar com as dimensões da EPCD-SF foram os da adaptabilidade de carreira, ansiedade (traço), otimismo e identidade vocacional.
Adaptabilidade de Carreira
O termo "adaptabilidade de carreira" foi introduzido por Super e colaboradores (Super & Kidd, 1979; Super & Knasel, 1979), representando o modo como os indivíduos se ajustam aos desafios de um mundo do trabalho em constante mudança. A adaptabilidade de carreira, neste estudo, foi perspetivada como um constructo hierárquico composto por quatro dimensões: preocupação, controlo, curiosidade e confiança. A preocupação consiste na capacidade do indivíduo de estar atento e fazer planos para um futuro profissional. O controlo reflete um sentimento subjetivo de autonomia, consciência e responsabilidade aquando da tomada de decisão. A curiosidade é definida como a tendência para explorar o ambiente e procurar informação sobre as oportunidades existentes. A confiança traduz a capacidade para resolver problemas e superar os obstáculos, sentindo-se eficiente nessa ação (Savickas, 2005; Savickas & Porfeli, 2012). Diversos estudos revelam que a adaptabilidade de carreira é fundamental no reportório adaptativo dos indivíduos na medida em que os capacita a lidar mais eficazmente com os desafios do mundo do trabalho e a realizarem uma decisão de carreira mais ajustada (Rottinghaus, Buelow, Matyja, & Schneider, 2012).
Apesar da relevância da adaptabilidade, pouco sabemos sobre as relações empíricas que este construto tem com as dificuldades de carreira. Uma investigação realizada por Pouyaud, Vignoli, Dosnon e Lallemand (2012), mostrou que a ansiedade se correlacionou negativamente com a adaptabilidade. Contudo, nem todas as dimensões da adaptabilidade concorreram para este efeito, não tendo sido encontradas relações consistentes com os fatores curiosidade e preocupação. Creed, Fallon e Hood (2009) verificaram que a componente da adaptabilidade mais diretamente relacionada com a tomada de decisão (in casu a dimensão de controlo) era a única que estava estatística e negativamente associada com uma medida das preocupações de carreira (operacionalizada por Creed e colaboradores como a perceção da severidade das preocupações, incluindo aspetos financeiros, competências pessoais e de realização profissional, entre outras).
A escassa investigação existente não permite formular hipóteses precisas para as relações entre os scores da EPCD e as dimensões da adaptabilidade, embora, em geral, haja alguma evidência de que essas correlações devam ser negativas e moderadas. Esta previsão aplica-se especialmente às dimensões de controlo e de confiança da CAAS, uma vez que na literatura são estes construtos que tipicamente encontramos associados à indecisão ou às dificuldades no processo de decisão. Savickas (2005) ao discutir o modelo de adaptabilidade de carreira refere explicitamente que a dimensão de controlo responde à questão de carreira "quem é que possui o meu futuro?" e que ela se relaciona com o problema de indecisão. Do mesmo modo a dimensão de confiança responde à questão de carreira "eu posso fazer isso?" e o problema com que se associa é a inibição. Por outro lado, são muitos os estudos que podemos encontrar na literatura que atestam a ligação entre a confiança, ou autoeficácia, e as dificuldades de decisão de carreira (Choi, Park, Yang, Lee, Lee, & Lee, 2012). Sobre o papel das dimensões preocupação e curiosidade da adaptabilidade na indecisão, a literatura não é clara; Savickas (2005) diz-nos que os problemas com que estas mais tipicamente se associam são, respetivamente, a indiferença e irrealismo. Neste estudo não formulámos uma hipótese acerca da relação destes dois construtos com os fatores do EPCD.
Hipótese 1: Há uma correlação negativa e moderada entre os fatores da EPCD e as dimensões de controlo e confiança da adaptabilidade de carreira.
Ansiedade Traço
A ansiedade traço reflete a suscetibilidade para experienciar estados de apreensão difusa de modo recorrente e em múltiplas situações (Spielberger, 1966). No âmbito do desenvolvimento da EPCD, Saka e Gati (2007) encontraram correlações positivas e estatisticamente significativas da ansiedade traço com o resultado total do EPCD e com as três dimensões da EPCD, verificando-se que a ansiedade traço correlacionava mais fortemente com a dimensão Autoconceito e Identidade da EPCD (r =.70). Outros autores (e.g., Brown et al., 2012; Santos, 2001) mostram que elevados níveis de ansiedade (tanto traço e estado), afeto negativo e o traço de neuroticismo estão tipicamente presentes nas condições mais severas de indecisão.
Tendo em conta os dados disponíveis, prevemos encontrar correlações positivas e moderadas a fortes entre os dois constructos. Em particular, esperamos encontrar correlações mais fortes da ansiedade traço com os scores EPCD Total e Autoconceito e Identidade.
Hipótese 2: Há uma correlação positiva entre os fatores da EPCD e a ansiedade traço.
Otimismo
O otimismo é definido como uma tendência generalizada para esperar resultados positivos (Scheier & Carver, 1993). Indivíduos otimistas apresentam maior confiança nas escolhas, têm mais objetivos profissionais, adaptam-se melhor a novas situações e exibem menos distress psicológico (Creed, Patton & Bartrum, 2002), enquanto níveis baixos de otimismo estão associados ao aumento da indecisão vocacional (Creed, Patton & Bartrum, 2004). Estas evidências sugerem que o otimismo pode ter um papel funcional em variáveis relacionadas com o desenvolvimento da carreira (Creed et al., 2002). Na revisão da literatura efetuada não encontrámos estudos que examinassem diretamente as ligações entre o otimismo e dificuldades emocionais e de personalidade; todavia, tendo em conta os estudos de Creed e colaboradores (2002), é possível predizer associações moderadas e negativas entre ambos os constructos. Em particular, sendo conhecida, por um lado, a relação positiva e forte entre otimismo e a autoestima (Creed et al., 2004) e a relação forte e negativa da autoestima com a dimensão Autoconceito e Identidade do EPCD (Saka & Gati, 2007) podemos esperar que a ligação entre o otimismo e o Autoconceito e Identidade seja mais saliente do que com os restantes scores da EPCD.
Hipótese 3: Há uma correlação negativa entre os fatores do EPCD e o otimismo.
Identidade Vocacional
A identidade vocacional reflete a "posse de uma imagem clara e estável dos nossos objetivos/metas, interesses, personalidade e talento" (Holland, Daiger & Power, 1980, p. 1191). Indivíduos com estas características manifestam menos problemas no processo de tomada de decisão. A identidade vocacional é considerada um constructo crucial para compreender o desenvolvimento do comportamento vocacional e das suas mudanças (Silva, 2005). Saka e Gati (2007) mostraram que a identidade vocacional apresentava correlações negativas com as três dimensões e com o score total da EPCD (essa associação foi particularmente saliente para o estatuto identitário da moratória). Num trabalho que examinou a versão chinesa da EPCD, verificou-se que a VIS (Vocational Identity Scale) estava correlacionada fortemente com todas as dimensões da EPCD (Hou, Li, Lui & Gati, 2015). Considerando que no estudo de Hou e colaboradores as correlações com a EPCD Total, Autoconceito e Identidade e Ansiedade apresentaram r's superiores a .5, para este estudo formulou-se a previsão de que as correlações dos scores da EPCD com o score da VIS seriam fortes e negativas.
Hipótese 4: Há uma correlação negativa moderada/forte entre os fatores da EPCD e a identidade vocacional.
Uma questão psicométrica central para qualquer medida consiste em evidenciar que os indicadores observados correlacionam conforme o previsto no fator, ou fatores teoricamente esperados (validade estrutural ou fatorial). Apenas esta evidência justificaria o uso de scores em diferentes subescalas. Apesar do caráter limítrofe da dimensão da nossa amostra, decidimos explorar a estrutura fatorial das respostas recolhidas através da EPCD através de uma análise fatorial exploratória (AFE). Considerando que apenas iremos usar os scores nos três fatores principais do EPCD (Visões pessimistas, Ansiedade e Autoconceito e Identidade) a AFE foi realizada na matriz de intercorrelações das 11 subescalas do EPCD. Esta decisão permitiu ainda obter um rácio variáveis/sujeitos adequado.
Hipótese 5: Os scores nas 11 facetas do EPCD configuram uma estrutura com três fatores principais (Visões Pessimistas, Ansiedade e Autoconceito e Identidade)
Método
Participantes
Foi efetuado um estudo quantitativo-descritivo, de tipo transversal, com uma amostra de estudantes do 11º e 12º ano de uma Escola Secundária da cidade de Aveiro, uma cidade capital do distrito com o mesmo nome, e localizado na Região Centro de Portugal Continental.
A amostra foi constituída por 231 estudantes, 154 do sexo feminino (66.7%) e 77 do sexo masculino (33.3%). As idades dos jovens distribuem-se entre os 16 e os 20 anos, com uma média de 16.93 (DP = 0.93). Relativamente à escolaridade, a distribuição foi bastante uniforme, estando 116 alunos a frequentar o 11º ano (50.2%) e 115 o 12º ano de escolaridade (49.8%).
Procedimentos Ético e Deontológicos
A investigação foi realizada em estrita observância das prescrições éticas e deontológicas relativas à pesquisa com seres humanos. Os autores pautaram a sua ação pelo Código Deontológico da Ordem dos Psicólogos Portugueses (2011) e a investigação foi autorizada pela Direção da Escola onde o estudo foi efetuado. Ademais, o protocolo do estudo foi julgado pertinente e aprovado pelo Serviço de Psicologia e de Orientação (SPO) dessa instituição. Os pais e encarregados de educação autorizaram os seus educandos a participarem na investigação e os participantes foram devidamente informados dos objetivos da pesquisa, do caráter voluntário da participação e do anonimato e confidencialidade dos dados recolhidos. Todos participantes contactados anuíram participar no estudo.
Instrumentos
Questionário Sociodemográfico
Este questionário foi elaborado com o intuito de caracterizar a amostra, permitindo a recolha de dados pessoais do sujeito, nomeadamente, o sexo e a idade.
Escala dos Fatores Emocionais e de Personalidade nas Dificuldades de Decisão de Carreira - Versão Reduzida (EPCD-SF)
A EPCD-SF (Gati et al., 2011; Ventura, 2012) é um questionário de autorresposta, inclui 25 afirmações com uma escala de resposta do tipo Likert de 9 pontos (1=Muito pouco confiante; 9=Muito confiante). No total existem 11 subescalas agrupadas em 3 fatores principais: Visões Pessimistas (inclui três subescalas: processo, mundo do trabalho, controlo pessoal), Ansiedade (composto por quatro subescalas: processo, incerteza, escolha e resultado), e Autoconceito e Identidade (integra quatro subescalas: ansiedade generalizada, autoestima, identidade não-cristalizada e ligações e separações conflituosas). (Por questões de simplicidade doravante apenas usaremos a primeira palavra de cada fator para o identificar.) Cada uma das subescalas tem dois itens. Além disso, a EPCD-SF inclui ainda um item de "aquecimento" e dois itens de "validade". Exemplos de itens: "Não consigo conhecer suficientemente bem todas as ocupações para tomar a decisão certa" e "Tenho pouca influência sobre a carreira que acabarei por seguir". A soma das pontuações nos 22 itens permite obter um score total. Dividindo o total de pontos pelo número de itens obtém-se um score no intervalo 1-9; pontuações mais altas refletem um maior nível de dificuldade percebida. Segundo Gati e colaboradores (2011), a consistência interna da EPCD-SF foi de .90 para a pontuação total, .72 para as Visões Pessimistas, .89 para a Ansiedade e .84 para o Autoconceito e Identidade. Segundo Ventura (2012), os valores encontrados (versão longa) foram de .96, .81, .96, .89 para a EPCD total, Visões Pessimistas, Ansiedade e Autoconceito e Identidade, respetivamente. Nesta amostra, o valor do coeficiente alfa foi bom para a EPCD-SF total e para a dimensão Ansiedade (α = .85; α = .83, respetivamente), fraco para a dimensão Visões Pessimistas (α = .64) e razoável para a dimensão Autoconceito e Identidade (α = .70).
Escala da Adaptabilidade de Carreira (CAAS)
A versão portuguesa da CAAS é constituída por 28 afirmações distribuídas igualmente pelas quatro dimensões da adaptabilidade e são respondidas numa escala de tipo Likert de 5 pontos (1 "Muito pouco", 2 "Pouco", 3 "Razoavelmente/Assim-assim", 4 "Bastante", 5 "Muito"). A versão original apresentou valores de consistência interna de .92 para o total da escala, .83, .74, .77 e .85 para as dimensões Preocupação, Controlo, Curiosidade e Confiança, respetivamente (Savickas & Porfeli, 2012). Exemplos de itens: Eu sou capaz de: "Planear as coisas importantes antes de começar", "Preparar-me para o futuro." A consistência interna do score total da escala portuguesa foi de .90. A dimensão preocupação apresentou um alfa de Cronbach de .76, Controlo de .69, Curiosidade de .78 e Confiança de .79 (Duarte et al., 2012). Com a amostra deste estudo foram obtidos valores bons de consistência interna para a escala total (α = .90) e para as dimensões Curiosidade (α = .81) e Confiança (α = .82). A consistência interna das restantes dimensões foi razoável (α = .76; α = .79 para as dimensões Preocupação e Controlo, respetivamente).
Escala da Ansiedade Traço (TAS)
A TAS (Spielberger, Gorsuch, Lushene, Vagg, & Jacobs 1983; D. Silva, 2006) é constituída por 20 afirmações, tendo os indivíduos de avaliar o grau em que, geralmente, sentem as emoções descritas. A avaliação é feita através de uma escala do tipo Likert de 4 pontos (1 "Quase nunca", 2 "Algumas vezes", 3 "Frequentemente", 4 "Quase sempre"). Das 20 afirmações do inventário, nove são referentes à ausência de ansiedade e são pontuadas de forma inversa. Exemplo de item: "Sinto-me nervoso e inquieto." Uma maior pontuação revela um maior nível de ansiedade traço. Os valores de consistência interna da versão original variaram de .86 a .95. Na versão portuguesa, estes valores situaram-se entre .88 e .90 (D. Silva, 2006). Neste estudo, esta escala apresentou uma consistência interna muito boa (α = .92).
Questionário de Orientação para a Vida Revisto (LOT-R)
O LOT-R (Scheier, Carver, & Bridges, 1994; Laranjeira, 2008) é um questionário de autopreenchimento composto por dez afirmações, sendo seis delas indicadoras de otimismo e as quatro restantes têm uma finalidade meramente distrativa. Três das seis afirmações são cotadas de forma inversa. Os sujeitos utilizam uma escala do tipo Likert de 5 pontos (0 "Discorda fortemente", 1 "Discorda", 2 "Neutro", 3 "Concorda", 4 "Concorda fortemente") para manifestar o grau de concordância com as questões enunciadas. Um resultado mais elevado está associado a maior grau de otimismo. Exemplo de item: "Sinto-me sempre otimista acerca do meu futuro." A consistência interna revelou uma precisão de .82 (Scheier et al., 1994). A versão portuguesa apresentou um o alfa de Cronbach de .71 (Laranjeira, 2008). Com esta amostra foi obtido um valor de consistência interna bom (α = .81).
Escala de Identidade Vocacional (VIS)
A VIS (Holland, Daiger, & Power, 1980; J. Silva, 2005)contém 18 afirmações que são respondidas num formato dicotómico (Verdadeiro/Falso). Contando-se o número de respostas falsas obtém-se a pontuação total da escala. As pontuações mais elevadas indicam um maior nível de identidade vocacional. Exemplo de item: "Se tivesse, neste momento, que escolher uma profissão recearia fazer uma má escolha." A consistência interna (estimada pela fórmula KR-20) apresentou valores que variaram entre .86 e .89 (Holland et al., 1980). A versão portuguesa da escala apresentou uma consistência interna razoável (J. Silva, 2005) de .77. A consistência interna nesta amostra foi boa (KR-20 = .83).
Resultados
Antes de examinarmos as hipóteses principais do estudo referentes à rede nomológica do modelo EPCD (Hipóteses 1-4) começámos por analisar o padrão das intercorrelações entre os scores derivados dos fatores avaliados por este instrumento e procedemos ao teste da Hipótese 5 (validade estrutural) considerando a prioridade de assegurar este aspeto da validade de construto das respostas antes de prosseguir com as demais análises. Como nota prévia importa mencionar que na avaliação da magnitude das correlações apresentadas de seguida considerámos como valores de referência os propostos por Cohen (1988), sugerindo que um coeficiente de correlação inferior a .29 revela uma associação baixa; um coeficiente entre .30 e 49 revela uma associação moderada e um coeficiente igual ao superior a .50 revela uma associação alta.
As correlações obtidas são, em geral, de magnitude moderada ou elevada, positivas e estatisticamente significativas (todos ps < .001). As correlações entre os fatores do EPCD-SF e o score total são genericamente altas, nomeadamente para a Ansiedade (r = .86; r2= .74), o Autoconceito (r = .83, r2= .69) e as Visões (r = .65; r2= .42). O escore global, refletindo o nível de severidade dos aspetos emocionais e de personalidade nas dificuldades de decisão, aparenta ter maior comunalidade com os construtos de Ansiedade e Autoconceito/Identidade (74% e 69% de variância partilhada, respetivamente) do que com uma visão pessimista (42% de variância comum). As correlações entre os três fatores principais são moderadas entre as Visões e a Ansiedade (r = .34, r2 = .12) e Visões e o Autoconceito (r = .36, r2 = .13) e mais fortes entre os fatores Ansiedade e Autoconceito (r = .56, r2 = .31). No conjunto, os dados proporcionam alguma evidência acerca da validade de construto do modelo de medida da EPCD (e.g., Saka et al., 2008, cf. Figure 1, p. 408), designadamente sugerindo a plausibilidade de se construir um score linear global a partir dos três fatores avaliados pelo EPCD.
A análise estrutural das respostas dos indivíduos nas subescalas do EPCD foi realizada através de uma AFE (Hipótese 5). Os fatores foram extraídos pelo método da factorização do eixo principal e a rotação da matriz fatorial foi realizada pelo método Direct Oblimin. Análises preliminares revelaram que a AFE podia ser aplicada aos dados (KMO = .797 e Teste de Bartlett com p <. 001). O número de fatores extraídos foi determinado tendo em conta o resultado de uma Análise Paralela (baseada em 1000 réplicas aleatórias), o Scree Test e o número de eigenvalues > 1. Todos os critérios apontaram para a extração de três fatores. Os fatores explicaram 58.4% da variância total. As correlações entre os fatores variaram entre .26 e .41, corroborando a decisão de usar o método de rotação oblíquo. No primeiro fator carregaram exclusivamente as subescalas do fator Ansiedade (Mdn das cargas fatoriais = .69). Correlacionaram com o segundo fator as três subescalas da faceta Visões Pessimistas (Mdn = .61) e ainda a subescala "identidade não cristalizada" (λ =.57). No terceiro fator carregaram (Mdn = .47) as subescalas da faceta Autoconceito e Identidade à exceção da subescala "identidade não cristalizada" que, como dissemos antes, mostrou uma correlação mais forte com o segundo fator. Estes resultados, no geral, suportam a validade estrutural definida para o EPCD (a matriz de intercorrelações e as matrizes fatoriais podem ser obtidas contactando os autores).
Passando à análise da validade das hipóteses estabelecidas previamente, começamos por constatar que os dados corroboram parcialmente a Hipótese 1 (ver Tabela 1). A dimensão Visões apresentou correlações negativas e estatisticamente significativas com todas as medidas de adaptabilidade, todavia, a magnitude das relações é baixa. A correlação mais alta (excluindo o score total) é com a dimensão Preocupação (r = -.27) e a mais baixa com a Confiança (r = -.19). Já o fator Ansiedade (EPCD) apenas correlacionou significativamente com a dimensão do Controlo do CAAS (r = -.26). O padrão de correlações do fator Autoconceito com as dimensões da CAAS é similar ao referido para as Visões (todas as correlações com ps < .05), todavia, neste caso a magnitude das correlações é distinto daquele. Em particular, a relação com Controlo é moderada (r = -.48), sendo as restantes correlações baixas. O valor mais baixo foi observado com a dimensão Preocupação (r = -.13).
A Hipótese 2 focando as relações dos fatores da EPCD com a variável de Ansiedade Traço (TAS) foi corroborada pelos dados (ver Tabela 1). As correlações são estatisticamente significativas e as magnitudes são moderadas e altas (excetuado a relação com as Visões Pessimistas com uma magnitude baixa: r = .20). Porém, note-se que a correlação desta variável é mais alta com o fator Autoconceito e Identidade (r = .66) do que com o fator de Ansiedade da EPCD (r = .38). O teste dadiferença entre estas duas correlações dependentes (Steiger, 1980) é estatisticamente significativo (z = 5.70, p < .001).
Considerando agora as relações da EPCD com a variável Otimismo (Hipótese 3) observa-se, como previsto, um padrão geral de correlações negativas e estatisticamente significativas, embora as magnitudes observadas sejam, excetuando a obtida com o fator Autoconceito e Identidade (r = -.53), tipicamente baixas (ver Tabela 1).
Finalmente, a Hipótese 4 (referente às relações esperadas entre os fatores da EPCD e a variável de Identidade Vocacional) é totalmente corroborada pelos dados. Para além de estatisticamente significativas, as correlações são maioritariamente altas os coeficientes de correlação variam entre -.45 (Visões Pessimistas) e -.62 (Ansiedade). Embora, esta variável apresente uma correlação inferior com o fator da EPCD semanticamente mais parecido (a correlação da Identidade Vocacional (VIS) com o fator Autoconceito e Identidade é de -. 53), o teste (bilateral) da diferença entre as duas correlações dependentes (Steiger, 1980) não é estatisticamente significativo (z = -1.88, p = .06).
As análises bivariadas que efetuámos são úteis para identificar as ligações unindo pares de variáveis e explicar a variância comum com as variáveis critério, porém, elas são limitadas por não terem em conta a covariância com as outras variáveis preditoras. Para perceber o papel multivariado da adaptabilidade, ansiedade, otimismo e identidade vocacional nos scores da EPCD-SF, procedeu-se a uma série de análises de regressões lineares múltiplas hierárquicas.
Antes da análise principal pretendemos averiguar o possível papel moderador do sexo nos fatores da EPCD. As comparações das médias revelaram diferenças sexuais nos fatores de Ansiedade (Mfeminino = 6.40, Mmasculino = 5.57; t(229) = 3.56; p < .001, d = .53) e Autoconceito (Mfeminino = 5.21, Mmasculino = 4.65; t(229) = 2.82; p < .01, d = .39). Nas regressões múltiplas (uma para cada um dos fatores da EPCD) seguintes inseriu-se no primeiro bloco a variável cujo efeito se pretendia controlar (sexo). No segundo bloco entraram as variáveis preditoras (Adaptabilidade, Ansiedade Traço, Otimismo e Identidade Vocacional). A Tabela 2 apresenta os resultados dos modelos de regressão tomando sucessivamente como variável de resultado a EPCD-SF Total (A), as Visões (B), a Ansiedade (C) e o Autoconceito (D).
Para a EPCD-SF Total conclui-se que o primeiro modelo analisado contribuiu de forma significativa para esta predição, explicando 3% da variância total (F = 7.89; p < .01), enquanto o segundo modelo explicou 56% da variância (F = 59.21; p < .001). Verifica-se que a variável sexo deixa de ser estatisticamente significativa com a introdução das restantes variáveis. Somente a Ansiedade Traço (TAS) (β = .32; p < .001) e a Identidade Vocacional (VIS) (β = -.57; p < .001) surgem como preditores estatisticamente significativos da EPCD-SF total.
Para a dimensão Visões conclui-se que o primeiro modelo (apenas incluindo a variável sexo) não teve uma contribuição significativa (F = .45; p = .50), enquanto o segundo bloco explicou 22% da variância (F = 14.33; p < .001). Constata-se que a CAAS total (β = -.16; p < .05) e a VIS (β = -.41; p < .001) foram as variáveis que apresentaram uma contribuição significativa para esta predição.
Para o fator Ansiedade (EPCD) conclui-se que os dois modelos demonstraram ter uma contribuição significativa, explicando 5% (F = 12.61; p < .001) e 45% (F = 37.84; p < .001) da variância total, respetivamente. A variável sexo manteve uma contribuição significativa, diminuindo a sua significância quando foram introduzidas as restantes variáveis (Bloco 1: βsexo= .23; p < .001; Bloco 2: βsexo= .12; p < .05). As variáveis que apresentaram uma contribuição significativa na predição desta dimensão foram a CAAS total (β = .20; p < .001), a TAS (β =.20; p < .01) e a VIS (β = -.60; p < .001). O valor Beta do score total de adaptabilidade sendo positivo denota uma anomalia (a correlação de ordem zero entre o preditor e o critério é negativa), possivelmente isso deve-se às covariâncias entre as variáveis incluídas na equação e que originam um efeito supressor.
Para a dimensão Autoconceito ambos os modelos contribuíram significativamente para a predição, explicando 3% e 53% da variância total, respetivamente (Bloco 1: F = 8.18; p < .01; Bloco 2: F = 51.97; p < .001). O sexo teve uma contribuição significativa enquanto único preditor na equação, mas perdeu essa qualidade quando foram introduzidas as restantes variáveis. A TAS (β = .46; p < .001) e a VIS (β = -.32; p < .001) foram as variáveis que contribuíram significativamente para a predição deste critério.
Discussão
Nas sociedades pós-modernas os indivíduos são constantemente confrontados com a necessidade de tomarem decisões entre um vasto conjunto de opções num contexto de incerteza e de imprevisibilidade tornando mais difícil a tomada de decisão. Os profissionais precisam de medidas que lhes permitam avaliar validamente os fatores que dificultam a decisão. Este estudo examinou a utilidade de uma medida para esse fim.
A AFE mostrou que as 11 subescalas do EPCD podem ser razoavelmente representadas por uma estrutura trifatorial congruente com a proposta de Saka e Gati (2007). Apenas uma das subescalas identidade não cristalizada mostrou um padrão de correlação atípico ao correlacionar mais fortemente com o fator de Ansiedade da EPCD do com o fator teoricamente esperado. Este padrão de resultados, em geral, legitima a derivação dos scores nos três grandes fatores propostos por Saka e Gati (2007) e a sua utilização nas análises das hipóteses propostas nesta investigação. Estes resultados precisam de ser replicados em futuros trabalhos com amostras incluindo um maior número de participantes e preferencialmente com o uso de métodos de análise fatorial confirmatória.
Considerando as propriedades de medida da EPCD, concluímos ainda que a redução do número de itens não conduziu a uma grande deterioração da precisão das medidas. Os valores de consistência interna situaram-se maioritariamente acima de .7, e, embora, um coeficiente inferior a este limiar tenha sido registado no fator Visões Pessimistas resultados similares têm sido habitualmente relatados na literatura (Gati et al., 2011). As intercorrelações dos três fatores são moderadas a fortes (.34-.56), e mais elevadas com o score total da EPCD-SF (.65-.86). Estes dados tornam plausível a extração de um fator de segunda ordem na matriz de intercorrelações da EPCD-SF.
Relativamente à adequação das inferências (interpretações) extraídas dos resultados obtidos nos fatores da EPCD-SF, começamos por testar diversas hipóteses derivadas da literatura. Em geral, diremos que estas hipóteses foram parcialmente corroboradas. Era expetável que o otimismo se relacionasse com uma visão menos pessimista da tomada de decisão, que a ansiedade traço tivesse positivamente associada à dimensão de ansiedade da EPCD e, ainda, que um maior nível de identidade vocacional (VIS) estivesse associado negativamente com a dimensão do Autoconceito e de Identidade da EPCD. Todas estas hipóteses foram corroboradas e, como tal, constituem mais um conjunto de evidências que sustentam a validade das medidas obtidas com esta escala (Gati et al,, 2008; 2011; Hou et al., 2016; Jin et al., 2015; Saka & Gati, 2007).
A adaptabilidade de carreira é uma dimensão crucial para a construção das carreiras no século vinte e um (Brown & Lent, 2016; Savickas, 2005) sendo igualmente reconhecido o seu papel no processo de tomada de decisão (Bimrose & Brown, 2015). Apesar disso poucos foram os estudos que até ao momento examinaram as inter-relações deste conceito com as dificuldades de decisão (e.g., Creed et al., 2002). Neste estudo verificámos que, tal como previmos, as dimensões de Controlo e de Confiança têm relações baixas e/ou moderadas com as facetas da EPCD-SF. Descobrimos igualmente relações baixas das dimensões Preocupação e Curiosidade com as três dimensões da EPCD. Apesar do padrão complexo de relações entre os dois construtos, parece claro que as dimensões da CAAS têm maior variância em comum com as facetas Visões Pessimistas e Autoconceito da EPCD. Das quatro dimensões da CAAS, somente a dimensão Controlo mostrou estar relacionada com a faceta Ansiedade (EPCD); este dado é consistente com a revisão da literatura que efetuámos (e.g., Poyaud et al., 2012). Por outro lado, todas as dimensões da CAAS revelaram estar negativamente associadas com as outras duas facetas avaliadas pela EPCD. É importante ter em conta que o papel das dimensões da CAAS não são totalmente equiparáveis. Por exemplo, as variáveis Controlo e Confiança, são as que apresentam uma maior ligação com a dimensão do Autoconceito enquanto as variáveis Preocupação e Curiosidade mostram um contributo mais modesto para esta faceta da EPCD. Ademais, quando integramos o score total da CAAS nos modelos de regressão, o seu peso preditivo mostra-se limitado (e, num caso, é mesmo espúrio). Futuros trabalhos podem procurar determinar se o poder discriminativo e dominante de algumas facetas de adaptabilidade (e.g., controlo) é um dado robusto e generalizável com outros participantes.
Olhando agora para a disposição otimista e a sua ligação com as facetas da EPCD começamos por constatar que a direção das correlações foi a esperada (ou seja, as correlações são negativas e estatisticamente significativas). Todavia, para além da ligação teorizada com uma visão pessimista da tomada de decisão, verificámos que esta estava fortemente associada com a faceta de Autoconceito e de Identidade e moderadamente associada com a medida de Ansiedade da EPCD.
A força e clareza da identidade vocacional (VIS) mostrou ser, a par com a ansiedade traço que mencionaremos de seguida, um dos constructos com maior grau de covariância com as medidas da EPCD. As medidas das correlações são fortes e negativas sendo particularmente expressivas com as facetas de Ansiedade e do Autoconceito da EPCD. Isso significa que indivíduos com maior clareza da autoimagem, como previmos, são os que tendem a reportar menores dificuldades na faceta paralela da EPCD (e.g., Hou et al., 2015). Já a relação forte da identidade vocacional (VIS) com a Ansiedade (EPCD)pode significar que a resolução das tarefas de decisão é mais difícil de concretizar para os indivíduos que possuem uma imagem menos clara de si mesmos e por isso reagem a essas tarefas com maiores níveis de ansiedade.
Finalmente, as correlações das facetas da EPCD com a ansiedade traço (TAS) são consistentes com as previsões da literatura (e.g., Brown et al., 2012; Gati et al. 2011; Saka & Gati, 2007; Santos, 2001) e sustentam a ideia partilhada do papel das emoções negativas nas dificuldades de decisão. A associação desta variável é, porém, distinta, consoante a dimensão da EPCD em causa: fraca com uma Visão Pessimista do self e do mundo, moderada com a Ansiedade (EPCD) experienciada no processo de tomada de decisão e, finalmente, forte com o fator Autoconceito. Uma possível explicação porque a TAS mostra uma correlação mais forte com a dimensão do Autoconceito decorre do facto desta faceta da EPCD incluir entre os seus indicadores a categoria específica de Ansiedade Generalizada (Saka & Gati, 2007; Saka et al. 2008) que avalia a ansiedade de forma mais global, estando, por isso, mais relacionada com a ansiedade traço. Por outro lado, tem-se argumentado que o fator denominado Ansiedade na EPCD avalia essencialmente a apreensão dos indivíduos a respeito de diversos aspetos processuais da tomada de decisão, sendo uma forma de ansiedade mais situacional e, por isso, mais próxima do conceito de ansiedade estado (e.g., Gati et al. 2011; Hou et al., 2015) do que da medida de ansiedade traço, usada neste estudo.
O exame das relações multivariadas, controlando a variância comum entre as diversas variáveis, permitiu clarificar e corrigir os resultados obtidos com as estratégias bivariadas, mais simples. Em geral, verificou-se que o conjunto de preditores explicam uma boa porção de variância das dimensões da EPCD-SF, embora isso seja especialmente verdadeiro para as facetas do Autoconceito e de Ansiedade da EPCD. Uma maior clareza da identidade vocacional (VIS, Holland et al., 1980) emergiu como principal preditor em duas equações (e.g., Visões e Ansiedade) e a ansiedade traço (TAS) é o preditor que está mais fortemente associado com a dimensão do Autoconceito da EPCD, embora também aqui a identidade vocacional mostre um efeito moderado. Estes resultados reforçam a ideia que a posse de uma imagem clara e estável dos nossos objetivos/metas, interesses, personalidade e talento está implicada em vários processos e resultados respeitantes ao desenvolvimento de carreira (Holland et al., 1980; Skorikov & Vondracek, 2011). Intervenções de carreira dirigidas para o fortalecimento da imagem de si poderão contribuir para uma diminuição das dificuldades emocionais e de personalidade dos indivíduos no que diz respeito às suas decisões de carreira.
Há muito que a literatura sinalizou o papel da ansiedade no comportamento e desenvolvimento vocacional e os resultados que obtivemos reforçam essa ideia. Tendo em conta que empregámos uma medida de ansiedade traço (avaliando aspetos mais enraizados na personalidade) os dados estão conformes à literatura que sugere o papel do neuroticismo (um fator de personalidade) nas variantes mais severas da indecisão de carreira (Brown et al., 2012; Kelly & Lee, 2002). Embora os aspetos firmemente estabelecidos da personalidade (disposições, ou tendências comportamentais) sejam mais difíceis de modificar, eles não são impermeáveis às intervenções psicológicas. Estratégias de tipo cognitivo-comportamental mais tradicionais (técnicas de relaxamento), ou mais inovadoras (mindfullness) poderão ser ensinadas aos indivíduos como processos de enfrentamento das situações indutoras de ansiedade na decisão de carreira.
Considerações finais
A versão reduzida da EPCD constitui um instrumento focado na indecisão de carreira decorrente de fatores emocionais e de personalidade. Esta investigação vem reforçar a importância destes fatores no desenvolvimento pessoal e vocacional dos jovens.
De todos os constructos avaliados, a adaptabilidade foi aquele que apresentou correlações mais baixas com a EPCD-SF; este resultado é dissonante com a relevância teórica que atualmente usufrui na psicologia da carreira (Savickas, 2005). Futuros estudos poderão esclarecer mais completamente o papel da adaptabilidade nas dificuldades emocionais e de personalidade na decisão de carreira. A dimensão Controlo da CAAS destacou-se devido à magnitude elevada das suas correlações com as facetas emocionais e de personalidade da EPCD. Este resultado aponta para o interesse de incluir esta variável em futuros estudos sobre a indecisão de carreira. Ademais, observámos que as dimensões da adaptabilidade de carreira estão genericamente associadas com uma visão mais pessimista do self e do mundo do trabalho e, por esse motivo, seria benéfico futuramente examinar se intervenções de carreira que visem aumentar a adaptabilidade de carreira podem conduzir à diminuição das dificuldades associadas com este fator.
O otimismo apresentou correlações mais fortes com a dimensão Autoconceito da EPCD-SF, levando a crer que o otimismo constitui uma característica de personalidade tendencialmente relacionada com dificuldades de identidade do indivíduo. Inesperadamente o peso deste construto quando inserido nos modelos de regressão múltipla dissipou-se. Este resultado pode dever-se às covariâncias das variáveis incluídas no modelo e responsáveis pelo efeito de supressão observado. Tendo em conta a revisão da literatura efetuada, estas associações carecem de maior aprofundamento, podendo este ponto ser uma referência para futuras investigações.
Este estudo tem algumas implicações teóricas e práticas. A nível teórico, reforça as evidências da validade do modelo EPCD e afirma a sua utilidade como quadro de referência concetual das dificuldades emocionais e de personalidade da tomada de decisão de carreira, ajudando os psicólogos de carreira a fazer diagnósticos mais precisos e completos (Saka et al., 2008). Num nível mais prático, este instrumento poderá ser facilmente integrado em vários contextos, permitindo, assim, uma avaliação diferencial do indivíduo e uma preparação mais ajustada do tipo de intervenção (Brown et al., 2012; Gati et al., 2012; Santos, 2001).
Este instrumento pode ainda ser empregue como meio de rastreio e preventivo para sinalizar os sujeitos que poderão estar em risco de apresentar dificuldades na decisão de carreira, conseguindo-se, assim, elaborar oportunamente intervenções específicas e focadas nas dificuldades que o indivíduo demonstra para que estas sejam minimizadas.
Por último, e tendo em conta o facto de os resultados reforçarem a natureza intrínseca de problemas relacionados com as dificuldades de decisão (em particular pela magnitude elevada das correlações com a dimensão Autoconceito e Identidade), seria importante explorar a relação entre a indecisão e a psicopatologia (e.g., Santos, 2001), pois muitos indivíduos que apresentam estas dificuldades têm associado algum tipo de quadro clínico, nomeadamente Perturbações de Personalidade ou relacionadas com a ansiedade.
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Endereço para correspondência:
Carolina Lopes do Vale
Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra
R. Colégio Novo, 3000-115
Coimbra
E-mail: carolinalopesvale@gmail.com
Recebido: 30/11/2017
1ª Reformulação: 18/12/17
2ª Reformulação: 19/02/19
3ª Reformulação: 12/08/19
Aceito: 19/08/19
Sobre os autores:
Carolina Lopes do Vale é Mestre em Psicologia da Educação, Desenvolvimento e Aconselhamento pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra desde 2017.
E-mail: carolinalopesvale@gmail.com
José Manuel Tomás da Silva é doutorado em Psicologia (Especialização em Orientação Vocacional) pela Universidade de Coimbra desde 1997. É Professor Associado na Universidade de Coimbra e investigador do Centro de Estudos Sociais. Publicou vários artigos em revistas especializadas nacionais e internacionais.
E-mail: jtsilva@fpce.uc.pt