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Pesquisas e Práticas Psicossociais
versión On-line ISSN 1809-8908
Pesqui. prát. psicossociais vol.14 no.4 São João del-Rei oct./dic. 2019
Walter MeloI; Maddi Damião Jr.II; Victor de Freitas HenriquesIII; Suely SilveiraIV
Iwmelojr@gmail.com
IImaddidamian@gmail.com
IIIVf_henriques@hotmail.com
IVstsilveira@hotmail.com
O número especial de Psicologia Analítica de Pesquisas e Práticas Psicossociais traz 14 artigos de pesquisadores de diversas instituições de ensino do país, além de um artigo do Professor Emérito da Sorbonne, Michel Maffesoli. Os autores brasileiros compõem o GT Epistemologia e Interfaces da Psicologia Analítica, vinculado à Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia (Anpepp). A reunião de diversos pesquisadores em um grupo de colaboração e intercâmbio para a produção de conhecimento é uma novidade no campo da Psicologia Analítica nas universidades brasileiras. A primeira participação do GT Epistemologia e Interfaces da Psicologia Analítica no Simpósio da Anpepp ocorreu em 2016 em Maceió/AL, repetindo-se em 2018 em Brasília/DF. A partir desses passos iniciais, a rede de colaboração cresceu de maneira substancial, com seus integrantes desenvolvendo várias ações em conjunto, dentre as quais este número especial.
A revista se inicia com o artigo "Carl Gustav Jung e a pós-modernidade: da ultrapassagem hegeliana (aufhebung) à integração junguiana", de Michel Maffesoli, fruto da palestra de abertura do II Seminário Caminhos Junguianos: a travessia do Sussuarão, ocorrido na Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), em setembro de 2015. Nele, a Psicologia Analítica é analisada em relação à pós-modernidade, tendo três pressupostos e consequências como parâmetros: a superação do individualismo epistemológico, a progressividade a partir da tradição e a atitude de colocar em xeque a fé na razão soberana.
Seguindo o último tópico, o artigo seguinte, "Psicologia do número: uma análise junguiana do número e do processo de contagem", de Pablo do Vale (Universidade Federal de Juiz de Fora) e Walter Melo (Universidade Federal de São João del-Rei), apresenta alguns aspectos de ordem arquetípica para fenômenos do campo da Matemática. Trata-se de um recorte de pesquisa de mestrado desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFSJ.
Ainda sobre as variações nos modos de produzir conhecimento, temos o artigo "Aproximações entre a Psicologia Analítica e a Transdisciplinaridade: as pontes de afinidades", de Victor de Freitas Henriques (Universidade Federal de Juiz de Fora), caracterizando o diálogo com outras áreas do conhecimento como base para a Psicologia de Jung.
O artigo seguinte, "Arquétipo, individuação e intersubjetividade: a dimensão psicossocial do sofrimento humano", de Paulo Afrânio Sant'Anna (Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri), apresenta os conceitos de arquétipo e de processo de individuação relacionados a duas categorizações da Sociologia Histórica - modernidade e pós-modernidade - para problematizar o sofrimento humano em suas relações com as condições histórico-culturais contemporâneas.
E, para finalizar o primeiro bloco de artigos, Cesar Rey Xavier (Unicentro) desenvolve em "Da empiria à metafísica do arquétipo: contribuições da Psicologia Analítica ao conceito de physis", um debate sobre o resgate, pela Psicologia Analítica, da antiga noção de physis como integração de opostos presentes na produção de conhecimento sobre a natureza a partir do século XVII.
O segundo bloco tem início com o artigo "A função transcendente: algumas reflexões sobre o processo de criação", de Maddi Damião Jr. (Universidade Federal Fluminense). A partir das análises sobre texto homônimo de C. G. Jung, a função transcendente é abordada de maneira indissociável das noções de símbolo e de criatividade, indicando uma perspectiva ontológica para a Psicologia Analítica e a função criativa dos processos inconscientes.
Nos três artigos seguintes, "O Retrato de Dorian Gray: uma possível análise junguiana a partir do arquétipo do puer aeternus", de Paulo Bonfatti (Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora), "Machado de Assis e sua leitora Nise da Silveira", de Teresinha Zimbrão (Universidade Federal de Juiz de Fora) e Elizabeth Mello (Universidade Veiga de Almeida), e "O trickster nas canções de Chico Buarque: um complexo cultural, de Durval Farias (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), esses processos criativos são evidenciados na articulação da Psicologia Analítica com a literatura de Oscar Wilde e de Machado de Assis, e nas letras de músicas de Chico Buarque.
O terceiro e último bloco é composto por artigos que abordam questões relacionadas à política, à religiosidade, à Educação e à saúde. Em "Jung e a política: uma leitura do sujeito político no pensamento junguiano", de Rodrigo Gewehr e Amanda Palmeira, ambos da Universidade Federal de Alagoas, são explorados aspectos da esfera coletiva que condicionam a ação política, a partir das correspondências de Jung com Erich Neumann e a controvérsia sobre o possível antissemitismo de Jung.
O artigo "Análise junguiana dos sonhos: o fazer e percursos na América Latina?", as autoras Kirlla Dornelas (Faculdade Multivix, Vitória - ES) e Isabele Eleotério (Universidade Federal do Espírito Santo) trazem resultados de pesquisa bibliográfica sobre a análise de sonhos na perspectiva da Psicologia Analítica na Literatura acadêmica da América Latina, evidenciando aspectos da disseminação do conhecimento.
No artigo seguinte, "A mística de Simone Weil e a análise dos sonhos: aproximações entre a Fenomenologia e a Psicologia Analítica", de Patrick Azevedo (Institutos Superiores de Ensino do Centro Educacional Nossa Senhora Auxiliadora), a análise dos sonhos na perspectiva junguiana é correlacionada à daseinanálise e à experiência mística na obra de Simone Weil.
Em seguida, no artigo "C. G. Jung e Educação: aproximações e contribuições da tipologia junguiana para o processo educativo", de Suely Silveira, Priscila Martins (Universidade Federal de São João del-Rei) e Paula Krempel Burity (Universidade Federal de Juiz de Fora), são analisadas as contribuições de Jung para o campo da Educação a partir da tipologia desenvolvida pelo autor suíço. Assim, é evidenciada a unilateralidade dos processos educativos pautados exclusivamente em processos cognitivos, que negligenciam aspectos afetivos como importantes fatores na transmissão e aquisição do conhecimento.
Ainda no campo educacional, Raphael Vaz, da Faculdade Europeia de Vitória (Faev), e Wagner Vaz, da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio (Abeps), propõem, em "O processo de individuação dos estudantes universitários como manejo do comportamento suicida", a criação de dispositivos de acolhimento com o objetivo de prevenir comportamentos suicidas em estudantes universitários, tendo como parâmetro a noção de processo de individuação.
E, para encerrar este número, Maria Figueiredo (Centro Universitário FAE), Carlos Serbena (Universidade Federal do Paraná), Jessica Santos (Centro Universitário - Unibrasil) e Rosana Radominski (Universidade Federal do Paraná) apresentam "Imagens arquetípicas na série de sonhos de um caso de bulimia nervosa".
A formação de redes de pesquisadores de diversos centros universitários de nosso país possibilita o trabalho em conjunto em orientações compartilhadas em programas de pós-graduação strictu sensu, na participação em bancas, na organização de congressos, na elaboração de pesquisas e, neste caso, na produção de artigos e organização de um número especial de Psicologia Analítica. Esperamos que todas essas ações ajudem na consolidação da Psicologia Analítica como fértil campo de produção do conhecimento. Boa leitura!