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Gerais : Revista Interinstitucional de Psicologia
versión On-line ISSN 1983-8220
Gerais, Rev. Interinst. Psicol. vol.8 no.2 Juiz de fora dic. 2015
EDITORIAL
Editorial
Prezados leitores, autores e colaboradores. Este é o número final de 2015 sob a responsabilidade da Universidade Federal de Juiz de Fora, no qual tivemos muitos contratempos e pedimos desculpas pelos possíveis inconvenientes.
Essa edição se inicia com o artigo Um monólogo entre a lógica do trabalho e a lógica do desejo na era da modernidade líquida, de Antonio Roziano Linhares, que aponta que o trabalho bancário tem se revelado instrumento de vulnerabilização dos trabalhadores, os quais se encontram imersos num cenário dominado pela racionalidade instrumental e lógica financeira e que enxerga os homens como utensílios organizacionais. Os resultados revelaram que o empoderamento da competição e do individualismo fomentou o monólogo entre trabalho e desejo e, por conseguinte, a fragilização do sentido do trabalho, a ausência e o litígio do desejo, além do adoecimento dos trabalhadores frente ao enfraquecimento da governança. O artigo O TDAH na amizade infantil, das autoras Soraya da Silva Sena e Luciana Karine, de abordagem qualitativa, mostrou que a maioria dos conteúdos encontrados nas falas de meninos com TDAH foi semelhante aos de meninos sem TDAH. A exceção encontrada foi quanto às atitudes voltadas para aspectos convencionais e morais nas amizades. O próximo artigo, Saberes e práticas de enfermeiros na saúde mental: desafios diante da Reforma Psiquiátrica, de Miriam Souza e Maria Lucia Miranda Afonso, revela que os profis sionais mostraram conhecer as propostas da Reforma Psiquiátrica, porém apontaram dificuldades para concretizá-las, tais como a ausência de articulação intersetorial dos serviços de saúde e a falta, na sua formação acadêmica, de conhecimentos e habilidades específicas para a atuação nos serviços substitutivos de saúde mental. O estudo recomenda fortalecer a formação dos enfermeiros na graduação e/ou em capacitações no trabalho, para que esses profissionais possam enfrentar os desafios colocados pelos serviços substitutivos da política de saúde mental. A seguir, o artigo Variações cariotípicas na Síndrome de Turner: uma análise do fenótipo cognitivo, de Andressa Moreira Antunes, Annelise Júlio-Costa e Vitor Geraldi Haase, foca os portadores da Síndrome de Turner, condição genética que resulta da deleção do segundo cromossomo sexual. Nas mulheres com a deleção completa existe uma discrepância cognitiva entre habilidades verbais e não-verbais, sendo estas últimas as mais afetadas. Entretanto, acredita-se que a heterogeneidade genética é uma das responsáveis por variações no fenótipo cognitivo desses indivíduos. Assim, o objetivo do estudo foi investigar diferenças nas habilidades verbais e não-verbais, avaliadas pelas Escalas de Inteligência Wechsler, em 5 mulheres com Síndrome de Turner e diferentes cariótipos. O estudo revelou que a variação cariotípica refletiu diferenças no perfil cognitivo das participantes. Tais resultados são importantes, uma vez que influenciam diretamente os métodos de avaliação e intervenção de uma população específica, além de indicar como tal variação genética atua sobre a cognição. Em Satisfação no trabalho e desafios encontrados por psicólogos organizacionais que atuam em organizações privadas, dos autores Maria Luiza Azôr Hernandes e Alline Alves de Sousa, de enfoque qualitativo, objetivou-se identificar as percepções dos psicólogos que exerciam atividades do campo da Psicologia Organizacional e do Trabalho em organizações privadas sobre os fatores que contribuem para a satisfação no trabalho e os principais desafios encontrados no trabalho. A resiliência foi a categoria mais frequente quanto às formas de lidar com desafios. O artigo seguinte, Análise fatorial confirmatória da versão Brasileira da Escala de Resiliência (ER - Brasil), de Paulo Castelar Perim, Cláudia Salomé Dias, Nuno Jose Corte-Real, Alexsandro Luiz Andrade e Antonio Manuel Fonseca, objetivou proceder à avaliação da estrutura fatorial para contexto brasileiro da escala de resiliência de Wagnild e Young (1993). Os dados demonstraram que a estrutura dimensional que possui melhores índices estatísticos ao contexto brasileiro foi a de cinco fatores: autossuficiência, sentido da vida, equanimidade, perseverança e singularidade existencial. Por que pagar uma academia e não a frequentar? Uma análise sob a perspectiva da Psicologia econômica, de Yuri Silveira Durães, Raphael Camargo Penteado, Ido Luiz Michels, Rayan Wolf e Bruna Mendes Dias, contextualiza o crescimento do setor e inclui as transformações comportamentais observadas durante esse processo. Os resultados obtidos reafirmam o comportamento irracional de consumo, além de demonstrar a importância de operadores emocionais como prazer e dor e da necessidade de atenção exclusiva por parte do cliente. O uso do genograma na psicoterapia psicanalítica familiar, de Ricardo da Silva Franco, Maíra Bonafé Sei objetivou investigar o uso do genograma na psicoterapia psicanalítica familiar, para compreensão do papel que esta técnica pode desempenhar no setting familiar. Verificou-se que esta é uma técnica que pode favorecer o desenvolvimento da psicoterapia psicanalítica familiar, especialmente quando empregada de forma mais livre e espontânea, dando margem para o aparecimento de aspectos inconscientes. Finalizando esta seção, o artigo A relação entre reconhecimento, trabalho e saúde sob o olhar da Psicodinâmica do Trabalho e da Clínica da Atividade: debates em Psicologia do Trabalho, de Raquel Vitória Souza Silva, Manoel Deusdedit-Júnior e Matilde Agero Batista, teve como objetivo entender qual é a influência do reconhecimento no processo de saúde/adoecimento do trabalhador utilizando duas abordagens teóricas, a Psicodinâmica do Trabalho e a Clínica da Atividade. Esse artigo pretende confrontar a relação entre reconhecimento e trabalho das duas perspectivas e sua influência na saúde dos trabalhadores.
A revisão Práticas organizacionais: uma contribuição teórica, de Marcelo Bedani e Heila Magali da Silva Veiga retrata um levantamento da literatura especializada sobre práticas organizacionais. Destaca-se que elas são examinadas de modo indireto ou subjacente a outros construtos, e que, operacionalmente, as práticas organizacionais se revelam uma variável de pesquisa promissora, pois comportam relações de estudo nas quais poderia assumir o papel de variável independente, interveniente ou dependente de outras variáveis organizacionais. Esta flexibilidade permitiria a proposição de infindáveis modelos de investigação, os quais, devidamente operacionalizados, contribuiriam para o desenvolvimento e a sedimentação deste campo de estudos.
Finalizamos esta edição com A experiência da Psicologia no NASF: capturas, embates e invenções, de Ana Carolina Perrella, que versa sobre a experiência da autora como psicóloga de um Núcleo de Apoio à Saúde da Família em um município de pequeno porte, no interior da Bahia. Percebeu-se que diversos aspectos produziram interferências na atuação do psicólogo, provocando também efeitos nos modos de vida da população.
Aproveitamos o espaço para informar que este é a última participação da UFJF nesta prestigiosa revista.
Agradecemos a oportunidade.
Desfrutem do conhecimento!
Ricardo Kamizaki
Editor Geral