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Trivium - Estudos Interdisciplinares

versión On-line ISSN 2176-4891

Trivium vol.12 no.1 Rio de Janeiro enero/jun. 2020

https://doi.org/10.18379/2176-4891.2020v1p.1 

EDITORIAL

 

Feminilidades e masculinidades: história e construções

 

Femininities and masculinities: history and constructions

 

 

Betty B. Fuks

Editora Responsável

 

 

A presente edição oferece ao leitor uma série de artigos em torno dos conceitos de sexualidade e gênero. Essa justaposição de conceitos se justifica em função da proposta desafiadora e abrangente do tema que encontramos para o primeiro número da Trivium em 2020 - Feminilidades e masculinidades: história e construções. O caráter histórico dos termos polissêmicos sexualidade e gênero, por si só, indica que feminilidade e masculinidade são construções subjetivas. Os dois conceitos são caros à Psicanálise, aos Estudos de Gêneros e outras disciplinas - História, Filosofia Política, Antropologia, Sociologia, Medicina e Literatura - com as quais estabelecem uma gama de estudos interdisciplinares, na intenção de promover debates teóricos em torno do sujeito e dos laços sociais contemporâneos, e de melhor sustentar experiências práticas.

Nesse contexto, inaugurando a seção temática, a discussão proposta por Rita Manso e Vivian Ligeiro no texto "'O que é ser mulher?' - entre o enigma e o desamparo" indagam o feminino não apenas a partir do paradigma fálico instituído por Freud na teoria psicanalítica, como, também, pelo viés da lógica do não-todo introduzida por Jacques Lacan para depurar os efeitos da devastação na mulher. Em seguida, o artigo "Ideais culturais e o tornar-se mulher", de Ana Maria Vieira e Ana Cleide Moreira, retraça a trajetória do discurso de Rousseau, durante os séculos XVIII e XIX, sobre a diferença sexual acoplada à diferença de gênero e suas consequências morais e sociais sobre a mulher, contrapondo as ideias introduzidas pela Psicanálise como possibilidade da constituição singular da subjetividade independentes dos padrões próprios ao gênero.

Marco Antonio C. Jorge e Betty B. Fuks, autores de "Breve nota sobre o masculino e o feminino em Alain Didier-Weill", partem da tese freudiana de sexualidade infantil e do conceito lacaniano de objeto a e introduzem algumas considerações do psicanalista e teatrólogo Didie-Weill sobre destino do masculino como jogo do sentido e o destino do feminino como jogo da existência. Encerrando a seção temática, dois textos abordam o tema da masculinidade em psicanálise. O texto escrito a partir de uma experiência clínica singular - "O que Schreber ensina sobre a masculinidade na psicose?", de Luciano Oliveira, Laéria Fontelene e Jean-Michel Vivès, defende a importância de uma equipe multidisciplinar no atendimento do sujeito submetido à intervenção cirúrgica que envolve amputação de pênis, e apresenta uma reflexão teórica importante sobre os destinos da masculinidade, a partir do clássico trabalho de Freud sobre o livro autobiográfico de Daniel Paul Schreber. Natália Nespoli, Bárbara Vieira, Luisa Bertoldi e Mariana Paiva em "A penectomia e seus efeitos sobre a questão da masculinidade". Perguntam-se sobre as implicações da amputação do pênis em homens portadores de câncer e, a partir de uma ampla revisão bibliográfica envolvendo pesquisas médicas, conceitos psicanalíticos, estudos sobre gênero e concepções teóricas sobre a Cultura, mostram que a masculinidade se atualiza de acordo com o contexto social, através do discurso do sujeito.

Abrindo a série da seção Artigos, Eduardo Peyon, partindo de um estudo interdisciplinar - Psicanálise/Literatura/Filosofia -, defende, em "O retorno da poesia como resposta à contradição do sujeito da ciência", a tese de que Freud, cientista do possível, poeta do impossível, evitou qualquer sistema de pensamento fechado para manter sua ciência sempre aberta. Na mesma direção, o artigo "O estranho na obra de Sigmund Freud e no ensino de Jacques Lacan", de Selma de Abreu Camargo e Nádia P. Ferreira, homenageia os cem anos de publicação do texto Das Unheimliche (1919), de Sigmund Freud, renovando a confiança dos analistas no valor da conexão Psicanálise e Literatura às futuras gerações de analistas. "O mal-estar na cultura e a função paterna no princípio, agora e sempre" de Ronald de Paula, é um estudo crítico da tese do "declínio da função paterna" embasado no discurso teórico de Markos Zafiropoulos, o psicanalista que soube encontrar as marcas dos pressupostos sociológicos de E. Durkheim no percurso lacaniano de retorno à Freud. Encerrando a seção, "El cuerpo a cielo abierto en la psicosis", de Juliana María B. Restrepo e Agustín M. López, aborda a constituição do corpo e sua relação com o psiquismo, a partir das indicações de Jacques Lacan no que concerne à psicose.

Resenhas de dois livros testemunham a riqueza da produção dos psicanalistas brasileiros: "O inconsciente é estruturado como um teatro", apresenta um roteiro preciso à leitura de O inconsciente teatral - Psicanálise e Teatro: homologias, de Antonio Quinet; 'Por que Ferenczi?', de Daniel Kupermann", destaca aos fundamentos teóricos do novo livro do psicanalista Daniel Kupermann. Na seção Artes, o comentário crítico "Do construtivismo à figuração do desvario pulsional", convida os leitores visitar a retrospectiva Ivan Serpa: a expressão do concreto, atualmente em exposição no Centro Cultura do Banco do Brasil (RJ).

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