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Trivium - Estudos Interdisciplinares

versión On-line ISSN 2176-4891

Trivium vol.13 no.2 Rio de Janeiro jul./dic. 2021

 

EDITORIAL

 

Passagens, Perdas e Pandemia

 

 

Betty Bernardo Fuks

Editora Responsável

 

 

Encerrando as edições de 2021 da Trivium: estudos interdisciplinares, o presente número compõe-se de uma série de artigos temáticos divididos em três eixos - Passagens, Perdas e Pandemia, norteados pelo conceito psicanalítico de luto. A grande maioria desses ensaios apresentam pesquisas e discussões clínicas de porte acerca de diferentes processos de luto.

No primeiro eixo, Rita Hentz e Daniel Kupermann, em "O lugar atribuído aos pais no sofrimento do adolescente", buscaram investigar, por meio de uma pesquisa qualitativa, que lugar o sujeito, na passagem à vida adulta, atribui às figuras parentais no seu sofrimento psíquico. O artigo "O insuportável do enigma feminino em um caso de autolesão na adolescência", de Rebeca E. Cruz Amaral e Luciana G. Coutinho, é uma construção elaborada a partir de um estudo de caso de uma adolescente que se autolesionava em função de sua relação com a mãe e ao enigma do feminino. No segundo eixo, Eduardo Brandão, em "Uma abordagem psicanalítica do casal familiar em disputa judicial em torno da criança", traz uma discussão contundente sobre o atendimento de famílias em litígio, cuja dialética do desejo e de gozo fornece as pistas para a união e a desunião do casal que deu origem à criança. Por fim, no terceiro eixo, Camila B. Rangel e José Maurício Loures, em "Por uma erótica do fim: luto no contexto da pandemia de COVID-19" em função de determinados manejos clínicos ao processo de luto, introduzidos por Jacques Lacan e Jean Alouch, propõem novos modos de intervenção em ato com o luto no contexto da prática clínica hospitalar, considerando a recente experiência de um dos autores com as Visitas Virtuais de Familiares (VVF's) no Hospital Público de Macaé- HPM/HPMIH. "Ferenczi e a catástrofe: ruptura dos limites de Leonardo Câmara e Regina Herzog" traz uma reflexão contundente sobre a pandemia de COVID-19 a partir do conceito de catástrofe, conforme formulado pelo psicanalista húngaro Sándor Ferenczi.

Na seção de artigos livres, Noga Wine, em "A sessão variável", oferece ao leitor um estudo das origens do manuseio do tempo na prática psicanalítica elaborado por Jacques Lacan. "Sándor Ferenczi e Melanie Klein: a análise do analista como alicerce da formação", de Alexandre Patrício de Almeida e Alfredo Naffah Neto, discute a importância fundamental da análise do analista como o ponto crucial de sua própria formação a partir de algumas considerações de Freud e reflexões de Sándor Ferenczi e de Melanie Klein em suas enriquecedoras contribuições sobre o assunto. Encerrando a seção, "Travestismo e feminilidade", de Christiana P. de Oliveira e Manoel Tosta Berlinck, é um ensaio escrito a partir do encontro entre clínico e paciente, movido por pathos - aquilo que diz a respeito do sujeito de maneira enigmática, pois remete às paixões que o tomam e o fazem sofrer.

Escolhemos publicar, neste número em que são abordadas situações de perdas, a conferência da psicanalista argentina Ana Petros "Meu nome é "nada" y "nada" me chamam todos. Os indiferenciados". A autora faz um convite à reflexão sobre o luto infinito que implica a migração, na medida em que o objeto de luto, o país de origem, não desaparece permitindo que a fantasia de retorno seja mantida viva.

Finalmente, a resenha "O que os mortos têm para nos dizer?", de Cintia Lobato, e o ensaio "O trabalho do luto na série Fleabag, de Phoebe Waller-Bridg", de Arthur T. Pereira, publicado na seção Artes, encerram com chave de ouro a proposta temática da edição.

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