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Avaliação Psicológica

versión impresa ISSN 1677-0471

Aval. psicol. vol.12 no.3 Itatiba dic. 2013

 

 

Interação mãe-criança: fidedignidade da versão brasileira do sistema observacional CITMI-R1,2

 

Mother-Infant interaction: reliability of the brazilian version of the observational system CITMI-R

 

Interacción madre-niño: fiabilidad de la versión brasileña del sistema observacional CITMI-R

 

 

Patrícia Alvarenga3,I; Maria Ángeles CerezoII

IUniversidade Federal da Bahia
IIUniversitat de Valencia

 

 


RESUMO

Este estudo examinou a fidedignidade entre observadores da versão brasileira do Sistema de Codificação da Interação Mãe-Criança Revisado (CITMI-R). Esse sistema permite o registro sequencial da interação em tempo real. Baseou-se na análise de 16 episódios de interação livre aos oito e aos 18 meses de vida da criança. Duas duplas de observadores independentes codificaram os seis minutos iniciais de cada episódio. Os valores de Kappa aos oito e aos 18 meses foram 0,80 e 0,86, respectivamente. Os resultados para as categorias comportamentais específicas revelaram valores mais modestos, embora aceitáveis em sua maioria. A discussão destaca o potencial do instrumento para pesquisa e intervenção, e sugere alternativas no que se refere ao treinamento e a aspectos metodológicos que podem ser aprimorados em futuros estudos de fidedignidade.

Palavras-chave: interação mãe-criança; observação; análise sequencial.


ABSTRACT

This study examined the reliability between observers of the Early Mother-Child Interaction Coding System (CITMI-R), in its Brazilian version. CITMI-R allows sequential coding in real time. The study was based on the analysis of 16 episodes of free interaction with children at eight and 18 months. Two pairs of independent observers coded the initial six minutes of each episode. The Kappa values for eight and 18 months were 0.80 and 0.86, respectively. The results for the specific behavioral categories showed more modest, but acceptable for almost all of them. The discussion highlights the potential of the instrument for research and intervention and suggests alternatives when it comes to training, and methodological aspects that can be improved in future studies of reliability.

Keywords: mother-child interaction; observation; sequential analysis.


RESUMEN

Este estudio examinó la fiabilidad de la versión brasileña del sistema observacional Codificación de la de Interacción Temprana Madre- Hijo (CITMI-R). El sistema permite el registro secuencial en tiempo real. Se basó en el análisis de 16 episodios de interacción libre a las ocho ya los 18 meses de vida de los niños. Dos pares de observadores independientes codificaron los seis primeros minutos de cada episodio. Los valores de Kappa de ocho y 18 meses fueron de 0,80 y 0,86, respectivamente. Los resultados para las categorías específicas de comportamiento mostraron valores más modestos, pero aceptables para casi todas ellas. El debate pone de relieve el potencial del instrumento para la investigación y la intervención y sugiere alternativas respecto a aspectos de formación y metodológicos que se pueden mejorar en futuros estudios de fiabilidad.

Palabras-clave: interacción materno-infantil; observación; análisis secuencial.


 

 

Os padrões de interação mãe-criança nos primeiros anos de vida têm sido objeto de investigação constante, nas mais diversas abordagens teóricas. Isso se deve ao impacto que a relação e o vínculo afetivo que se estabelecem entre a díade têm sobre o desenvolvimento do indivíduo. Inúmeras investigações já demonstraram que essa relação repercute não só na infância, mas também em etapas posteriores do desenvolvimento (Belsky & Pasco Fearon, 2002; Landry, Smith, Swank, Assel, & Vellet, 2001; Pasco Fearon, Bakermans-Kranenburg, van IJzendoorn, Lapsley, & Roisman, 2010; Sroufe, 2005; Waters, Weinfield, & Hamilton, 2003). Embora entrevistas, escalas e outros instrumentos padronizados possam ser utilizados nesse tipo de investigação (Bakermans-Kranenburg & Van IJzendoorn, 1993; van IJzendoorn, Vereijken, Bakermans-Kranenburg, & Riksen-Walraven, 2004), a observação direta da interação é considerada uma estratégia privilegiada. Ela possibilita a operacionalização e análise de construtos como o de sensibilidade ou responsividade materna e de sincronia interacional, introduzidos pelos teóricos do Apego (Ainsworth, Blehar, Waters, & Wall, 1978; Bowlby, 1969; Isabella, Belsky, & Von Eye, 1989), e hoje amplamente disseminados em outras perspectivas teóricas, devido a sua relevância para a psicologia do desenvolvimento.

O conceito de sensibilidade ou responsividade materna, por exemplo, definido como atenção e percepção consistentes, interpretação acurada e resposta contingente e apropriada aos sinais da criança (Isabella e cols., 1989; van den Boom, 1994), é um forte preditor de resultados desenvolvimentais em diferentes áreas (Landry, Smith, Swank, & Guttentag, 2008; Smith, Landry, & Swank, 2006) e dos padrões de apego (Cerezo, Trenado, & Pons-Salvador, 2012; De Wolff & van IJzendoorn, 1997; Sroufe, 2005). Essa característica da mãe ou do principal cuidador da criança favoreceria a ocorrência de interações sincrônicas e mutuamente recompensadoras para a díade, permitindo o estabelecimento de um padrão de apego seguro, e ao mesmo tempo possibilitando à criança o conforto necessário em situações de estresse e a segurança para explorar e interagir com o mundo. De modo contrário, a passividade, apatia ou baixa responsividade do principal cuidador, assim como condutas intrusivas, que não levam em conta as necessidades, os sinais e o ritmo da criança, estariam relacionadas a piores resultados desenvolvimentais e a padrões de apego inseguro.

Diferentes concepções acerca do conceito de sensibilidade ou responsividade materna se refletem em distintas formas de avaliar essa dimensão da interação mãe- -criança em estudos observacionais (Piccinini e cols., 2001). Por exemplo, Isabella e cols. (1989) e Isabella e Belsky (1991) definiram a responsividade a partir da definição operacional de sincronia interacional, que se refere a uma experiência interativa recíproca e mutuamente recompensadora e reflete um encaixe apropriado dos comportamentos da mãe e do bebê. Estudos que adotam essa perspectiva costumam avaliar coocorrências de comportamentos da mãe e da criança relacionadas temporalmente, classificando-as como sincrônicas ou assincrônicas (Alvarenga & Piccinini, 2007; Piccinini, Alvarenga, & Frizzo, 2007; Wendland-Carro, Piccinini, & Millar, 1999). Em outros estudos, enfatiza-se o papel preponderante do adulto cuidador na condução da interação de modo mais ou menos sensível ou responsivo (Bornstein, Tamis-LeMonda, Chun Shin, & Haynes, 2008; Wakschlag & Hans, 1999). Van den Boom (1994), por exemplo, definiu responsividade materna como comportamentos contingentes, apropriados e não intrusivos, que têm antecedentes diretos e identificáveis no comportamento da criança. Nessa perspectiva, o nível de responsividade materna é avaliado considerando as respostas das mães aos comportamentos dos bebês.

É evidente que características dos cuidadores e da criança interagem para produzir padrões interativos com maior ou menor grau de sensibilidade ou sincronia interacional. Estudos sobre a interação de mães com bebês prematuros, por exemplo, mostram que essa característica infantil pode impactar profundamente a sensibilidade materna (Coppola, Cassibba, & Costantini, 2007). No entanto, embora os escores de sensibilidade reflitam tanto a capacidade da criança de sinalizar, quanto a prontidão dos pais para responder, inevitavelmente os pais deverão compensar o estado inicial de imaturidade da criança (van den Boom, 1994). Até mesmo os estudos que defendem a noção de sincronia interacional da díade afirmam que a percepção consistente, interpretação acurada e respostas contingentes e apropriadas aos sinais do bebê estimulam a ocorrência de interações sincrônicas e mutuamente recompensadoras. Isso parece indicar que, embora a sensibilidade possa ser avaliada a partir do critério de sincronia interacional, pressupõe-se que o cuidador conduza a interação de forma mais ou menos harmônica, de acordo com o seu padrão ou nível de sensibilidade (Isabella e cols., 1989).

O Codificación de La Interacción Temprana Materno Infantil (CITMI4; Trenado, Bronchal, & Cerezo, 1997), e sua versão revisada, o CITMI-R (Trenado & Cerezo, 2007) foi desenvolvido com o objetivo de detectar essas dimensões da interação mãe-criança, por meio da codificação sequencial em tempo real. O instrumento tem sido utilizado há mais de uma década, revelando boas propriedades psicométricas e resultados de análises de fidedignidade bastante satisfatórios (Cerezo, Pons-Salvador, &Trenado, 2008; Cerezo, Trenado, & Pons-Salvador, 2006; Cerezo e cols., 2012; Trenado, Bronchal, Dolz, & Cerezo, 1997). Nos estudos que utilizaram o CITMI-R até o presente momento, foram analisados espisódios de interação livre entre mãe e criança tanto em laboratório (Cerezo e cols., 2006; Cerezo e cols., 2008) como na casa das famílias. Esses estudos indicam que o instrumento tem sido efetivo em ambos os tipos de settings, e tem potencial para ser utilizado também na análise de episódios de observação estruturada.

Os dados fornecidos pelo instrumento podem ser facilmente utilizados para diversos tipos de análises estatísticas. Porém, a estrutura do sistema, que transforma a corrente comportamental em dados sequenciais analisáveis, está especialmente formulada para o uso de técnicas como a análise sequencial (Bakeman & Quera, 2011; Gottman & Roy, 1990) e a análise com matrizes de espaço de estados (Granic & Lamey, 2002; Hollenstein, Dishion, & Patterson, 2003; Hollenstein, Granic, Stoolmiller, & Snyder, 2004;), que têm sido utilizadas com êxito em estudos sobre interação mãe-criança, e que podem ser aplicadas nos dados derivados do CITMI-R (para análise sequencial ver Cerezo e cols., 2008 e para análise com matrizes de espaço de estados, ver Cerezo e cols., 2012). Destaca-se ainda o potencial desse instrumento para fins de intervenção com foco na interação mãe-criança. O CITMI-R tem sido utilizado para avaliação dos padrões de interação mãe-criança e posterior intervenção junto às mães e aos pais no Programa de Apoyo Psicológico P/ Materno-Infantil© – PAPMI, na Espanha, e na adaptação deste mesmo programa para a Irlanda (Parent-Child Psychological Support ProgramTM – PCPS) com bons resultados. Para descrições dos programas consultar Cerezo & Pons-Salvador (1999) e Cerezo (2007).

Este estudo examinou a fidedignidade entre observadores da versão brasileira do Sistema de Codificação da Interação Mãe-Criança Revisado (CITMI-R). O estudo foi realizado a partir da análise de 16 episódios de interação livre de díades mãe-criança brasileiras, sendo que oito destes episódios ocorreram aos oito meses de vida do bebê, e os outros oito episódios, aos 18 meses. A análise desses dois diferentes momentos do desenvolvimento da criança visou avaliar a aplicabilidade do sistema de codificação para a análise da interação mãe-criança ao longo dos dois primeiros anos de vida. Isso é, buscou-se verificar se as categorias e os critérios de codificação contemplam diferenças ou mudanças nos padrões interativos decorrentes do desenvolvimento da criança. A seguir, o sistema de codificação CITMI-R é apresentado com suas categorias comportamentais e respectivos códigos, assim como o esquema utilizado para o treinamento de observadores e os resultados do estudo de fidedignidade.

Sistema de Codificação da Interação Mãe-Criança Revisado (CITMI-R)

O CITMI-R (Trenado & Cerezo, 2007) é um sistema de microanálise a partir do registro sequencial dos comportamentos de crianças entre zero e dois anos, e de suas mães, pais ou outros cuidadores, durante episódios de interação. O sistema define as categorias observacionais de forma exaustiva e mutuamente excludente, e permite o registro do tempo, frequência e duração, além das valências afetivas dos comportamentos observados. A estrutura do sistema e as regras de codificação se baseiam no Standardized Observation Codes – III (SOC III; Cerezo, 2000; Cerezo, Keesler, Dunn, & Wahler, 1986) desenvolvido para a análise da interação familiar com crianças maiores, entre três e 13 anos de idade.

O observador registra continuamente, de forma sequencial e sem interrupção, o comportamento da criança e do cuidador, à medida que se sucedem. Desse modo, se obtém uma espécie de transcrição do fluxo interacional que pode ser submetido a análises estatísticas. O registro pode ser feito por meio de um software especialmente desenvolvido para esse sistema, que permite o registro do tempo de cada código inserido, ou pelo método tradicional, com o auxílio de um protocolo impresso. Nesse protocolo, o registro é feito em intervalos de 15 segundos, que não interrompem a codificação, e facilitam procedimentos de fidedignidade.

No momento em que a filmagem começa, mãe e criança estão interagindo e é necessário definir como se dá o início da codificação desse processo, que é contínuo e dinâmico. Por se tratar de um procedimento de análise sequencial, não é possível codificar os comportamentos de ambos os membros da díade simultaneamente. Ademais, a própria definição de sensibilidade materna pressupõe que o comportamento do bebê é a fonte fundamental de estímulos antecedentes para a resposta sensível da mãe. Por essas razões e para possibilitar a sincronia dos diferentes observadores, necessária para as análises de fidedignidade de acordo com os critérios do Kappa por alinhamento (Bakeman & Quera, 2011), definiu-se que o registro da observação deve iniciar-se pelo primeiro comportamento apresentado pela criança. A partir daí, segue-se o fluxo comportamental da mãe e da criança ao longo do episódio.

O sistema possui categorias que contemplam condutas interativas e não interativas de ambos os membros da díade, e três valências afetivas (positiva, neutra e negativa), que se aplicam apenas às categorias interativas. As categorias interativas e não interativas são registradas por meio de códigos específicos5, e as valências são atribuídas às condutas interativas pelo acréscimo de um sinal de soma (+), no caso da valência positiva, ou de um sinal de subtração (-), no caso da valência negativa. Quando a valência é neutra, pode ser utilizado o símbolo (º), ou somente o código da categoria interativa, sem nenhum tipo de referência à valência.

Os comportamentos infantis são codificados em três categorias interativas de aproximação social (A), com valência neutra, positiva ou negativa, e três categorias não interativas, que são condutas de jogo (J), choro/protesto (L) e passividade/apatia (Pa). Para o registro dos comportamentos da mãe ou de qualquer outro cuidador, há três categorias interativas: comportamento sensível (S), comportamento intrusivo (T) e comportamento protetor (P). Enquanto a categoria de comportamento sensível pode ter apenas valência positiva ou neutra, as categorias de comportamento instrusivo e comportamento protetor podem assumir as valências positiva, neutra ou negativa. Há ainda uma categoria para registrar a ausência de resposta da mãe à aproximação da criança, que é denominada comportamento não responsivo (F). A Tabela 1 apresenta as categorias e os códigos do CITMI-R

 

 

Treinamento dos observadores

Com o objetivo de garantir bons índices de fidedignidade, o treinamento para uso do CITMI-R se desenvolve em três etapas complementares, com uma carga horária total de cerca de 20 horas de atividades presenciais, e 10 a 15 horas de prática supervisionada. O modelo de treinamento se baseia naquele proposto para o SOC III (Cerezo, 2000). A primeira etapa é considerada preparatória e não requer metodologia presencial. Consiste na leitura do manual, para que os observadores se familiarizem com o funcionamento do instrumento e com os códigos que serão utilizados.

A segunda parte, de formação teórico-prática, consta de 20 horas distribuídas em 10 sessões. Nas Sessões 1 e 2, se realiza uma dinâmica de apresentação dos participantes, essencial quando o grupo não se conhece, e são apresentadas e discutidas as diferenças entre categorias e códigos do sistema. Na Sessão 3, são realizadas provas objetivas que têm por objetivo praticar a memorização dos códigos, discutir diferentes exemplos de comportamentos em cada categoria, e experimentar a aplicação dos códigos em transcrições de trechos de interação mãe/pai-criança. Depois, um vídeo-exemplo é apresentado pelo instrutor. Ele deve destacar alguns aspectos importantes da técnica de observação, como a atenção ao comportamento da criança, que guiará o registro a depender de suas condutas interativas ou não interativas, e a percepção do ritmo da interação, que irá impor a frequência do registro dos códigos. Quando esses aspectos estiverem assimilados, é possível realizar a codificação manual de alguns intervalos de um vídeo de baixa dificuldade (ritmo de interação lento e baixa variabilidade nos comportamentos da díade). A Sessão 4 é dedicada à análise de vídeos para a consolidação do conhecimento dos códigos, sua aplicação de forma sequencial e discussão de dúvidas. Nas Sessões de 5 a 8, se introduz o uso da codificação computadorizada seguindo a mesma dinâmica e com uma progressão gradual no nível de dificuldade da tarefa, tanto no que se refere à complexidade e ao ritmo das interações, como com relação à idade das crianças.

Ao final de cada uma dessas 4 sessões se realiza o cálculo do coeficiente Kappa, que será calculado e comentado ao longo de todo o processo de treinamento. Esse feedback com base nos valores de Kappa permite que se destaquem os progressos no desempenho dos codificadores e que se detectem as dificuldades e dúvidas, de modo que possam ser sanadas. Finalizando a segunda etapa, as sessões 9 e 10 são dedicadas à explicação de como realizar e apresentar os protocolos de registro e os breves relatórios narrativos que os acompanham. Por fim, a terceira etapa do treinamento é o processo de codificação supervisionada, que varia entre 10 e 15 horas, a depender dos níveis de fidedignidade que vão sendo obtidos durante o processo e que permite a consolidação do que foi aprendido. Trinta por cento do material deve ser codificado por todos os observadores para a avaliação final da fidedignidade com o coeficiente Kappa por alinhamento e o coeficiente de correlação intraclasse (Bakeman & Quera, 2011).

 

Método

Participantes

Participaram do estudo oito díades mãe-criança durante o oitavo e o décimo oitavo mês de vida da criança. As díades foram selecionadas por conveniência em quatro maternidades públicas de Salvador/BA6. Os bebês, nascidos a termo e com boas condições de saúde, eram todos do sexo masculino.

As mães participantes estavam no terceiro trimestre de gestação no momento da primeira fase da coleta de dados, quando foram recolhidas informações sociodemográficas. A idade das gestantes variou de 23 a 39 anos (M=29,88; DP=5,16). O número de anos de estudo das gestantes variou de seis a 12, e a escolaridade média foi de 10,88 anos (DP=2,23). Apenas uma das gestantes não residia com o pai do bebê. Duas das oito gestantes eram primíparas, e o número médio de filhos na amostra foi 0,50 (DP=0,53). A renda familiar variou de 300 a 1500 reais, com média de R$722,75 (DP=410,97). Apenas uma gestante relatou complicações na gestação (dores no abdômen) e nenhuma delas referiu problemas crônicos de saúde. Quanto aos bebês, o peso médio no momento do nascimento foi de 3,284 Kg (DP=364,19g) e o comprimento médio foi de 48,43 cm (DP=4,92cm).

Procedimento

Coleta de dados

O procedimento de coleta de dados para o presente estudo foi realizado em quatro fases. Durante o terceiro trimestre da gravidez, as gestantes foram convidadas a participar da pesquisa e responderam individualmente, nos hospitais onde faziam o pré-natal, uma Ficha de Dados Sociodemográficos e Saúde da Gestante. Quando os bebês completaram um mês de vida, as famílias receberam uma visita domiciliar durante a qual as mães responderam à Ficha de Saúde do Recém- Nascido. No oitavo e no décimo oitavo mês de vida da criança, novas visitas domiciliares foram agendadas para a realização da Observação da Interação Mãe-Criança. Nessas duas últimas etapas da coleta de dados, aos oito e aos 18 meses, mãe e criança foram filmadas por 10 minutos durante um episódio de interação livre, com ou sem o uso de brinquedos, a depender da escolha da mãe. Solicitou-se à mãe que brincasse com o filho “como costumava fazer normalmente quando tinha tempo livre para estar com a criança”. O estudo atende a todas as normas éticas da pesquisa com seres humanos e foi aprovado pelo Comitê de Ética da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia.

Adaptação do CITMI-R e treinamento dos observadores

O procedimento de adaptação do CITMI-R iniciou com a tradução do protocolo impresso e do manual do instrumento para a língua portuguesa. Os exemplos das condutas codificadas foram adaptados com base nos vídeos das oito díades brasileiras. A adaptação consistiu, essencialmente, na adequação de palavras contidas nos exemplos de comportamentos verbais maternos de acordo com a linguagem observada nos vídeos e corriqueiramente utilizada na nossa cultura. Posteriormente, procedeu-se o treinamento de três observadores independentes para a análise dos vídeos, de acordo com o modelo de treinamento descrito no presente artigo.

Procedimento de análise dos dados

O estudo de fidedignidade do instrumento se baseou nos registros efetuados por duas duplas de observadores independentes, em cada uma das duas etapas avaliadas (oito e 18 meses). Foram analisados 16 episódios de interação (oito em cada etapa da coleta de dados), que foram codificados por ambos os observadores. Os seis minutos iniciais de cada filmagem foram codificados manualmente de acordo com os critérios do CITMI-R. Optou-se pela análise dos seis minutos iniciais porque, após a verificação de todo o material filmado constatou-se que, em alguns dos vídeos, havia interrupções das filmagens nos minutos finais. Para fins de análise, as valências positiva e neutra das categorias interativas foram agrupadas, tanto para os comportamentos maternos como para os infantis, com o objetivo de se obter uma frequência mais alta de ocorrência.

A primeira etapa da análise consistiu no cálculo dos valores do coeficiente Kappa, utilizando o modelo de Kappa para acordo ponto por ponto ou por alinhamento, que é considerada a abordagem mais rigorosa no que se refere à análise de eventos que não foram previamente delimitados (Bakeman & Quera, 2011). Nessa abordagem, as sequências de códigos produzidas pelos dois observadores em cada sessão são previamente submetidas a um alinhamento global ótimo, para que então o cálculo do coeficiente seja efetuado (Quera, Bakeman, & Gnisci, 2007). Além do valor Kappa, também foram calculados os percentuais de acordo entre observadores (PA) e o Kappa Máximo (Kmax). O Kmax é um valor de referência para a interpretação mais acurada do valor Kappa obtido. De acordo com Bakeman & Quera (2011), essa medida indica a extensão máxima de acordo, ou o valor Kappa máximo que poderia ser obtido, considerando o viés dos observadores. Isso significa que, embora teoricamente o valor máximo de Kappa seja 1,00, o seu valor real somente atinge 1,00 no caso de acordo perfeito e ausência de viés dos observadores. Assim, o Kmax é o valor Kappa que seria obtido quando os observadores concordassem na extensão máxima possível, dado que exista viés.

 

Resultados

Análise Fatorial

Os resultados da análise de fidedignidade dos dois conjuntos de dados examinados, referentes aos oito e aos 18 meses de vida das crianças, são apresentados separadamente para fins de comparação. Os valores gerais do Kappa aos oito e aos 18 meses foram 0,80 (PA= 86%; Kmax= 0,96) e 0,86 (PA = 91%; Kmax= 0,99), respectivamente. Comparando os subgrupos de categorias materno e infantil no oitavo mês, foram encontrados valores superiores para as categorias maternas (K= 0,91; PA=95%; Kmax= 0,99) em comparação com as categorias infantis (K= 0,85; PA=90%; Kmax= 0,97). Aos 18 meses, essa comparação revelou a mesma tendência, embora com valores mais altos do que aqueles obtidos aos oito meses (categorias maternas: K= 0,97; PA=98%; Kmax= 0,99; categorias infantis: K= 0,89; PA=93%; Kmax= 1,00). A fidedignidade das categorias específicas de comportamentos maternos e infantis também foi avaliada, de acordo com os mesmos critérios e com o agrupamento das valências positiva e neutra. O coeficiente Kappa foi calculado apenas para as categorias cuja frequência esperada foi considerada suficiente para análises com tabelas de contingência (Dancey & Reidy, 2006). Para as demais categorias foram relatados apenas os valores do percentual de acordo entre observadores (PA). A Tabela 2 apresenta os valores de Kappa, percentual de acordo e Kappa máximo para cada uma das categorias de comportamentos maternos e infantis aos 8 e aos 18 meses da criança.

 

 

No oitavo mês de vida da criança, os valores de Kappa para as categorias específicas variaram de 0,25 a 0,95. De modo geral, os valores são satisfatórios, se forem comparados aos valores máximos de Kappa, ou mesmo a outros valores de referência existentes na literatura (Bakeman & Quera, 2011). A única exceção foi o código aproximação social negativa (A-), cujo valor Kappa foi de 0,25 (PA= 44%). Esse resultado discrepante requer uma análise pormenorizada. Nos oito episódios analisados aos oito meses, o Observador 1 fez oito registros desse código, e o Observador 2 fez sete registros. Considerando-se cada episódio analisado, houve acordo quanto à ausência de aproximação social negativa em dois episódios e acordo quanto à presença desse código em três episódios. Nos três episódios restantes, houve desacordo quanto à presença desse código, sendo que nos três, o Observador 1 registrou o código e o Observador 2 não fez o registro. O primeiro desses três desacordos ocorreu porque o Observador 1, que registrou o código, inferiu que o bebê emitia uma vocalização de protesto em resposta a um comando insistente da mãe. Contudo, como o bebê encontrava-se de costas para a mãe, deveria ter sido registrada uma categoria não interativa, nesse caso, a categoria choro/protesto, que foi corretamente registrada pelo Observador 2. Esse foi o único desacordo, dos três que ocorreram em relação à presença de aproximação negativa, que envolviam um erro de categoria, e não apenas de valência afetiva, que foi o que ocorreu com os outros dois desacordos. Nesses dois casos restantes, os protestos da criança foram de baixa intensidade, o que naturalmente gerou dúvidas quanto ao seu caráter negativo, fazendo com que fossem registrados por um observador como aproximação social negativa e pelo outro como aproximação social neutra. Esses detalhes da análise serão discutidos na próxima seção a fim de apresentar propostas e alternativas para o processo de treinamento de observadores. Aos 18 meses de vida, os valores de Kappa variaram de 0,50 a 0,97, indicando um bom nível de fidedignidade em quase todas as categorias, com exceção da categoria comportamento materno intrusivo.

Na segunda etapa da análise, foram calculados os valores do coeficiente de correlação intraclasse (CCI) para cada uma das categorias de comportamentos maternos e infantis, considerando a frequência total de cada categoria comportamental registrada por sessão (episódio) pelas duplas de observadores, aos oito e aos 18 meses (Bakeman & Quera, 2011). A Tabela 3 apresenta os valores do coeficiente de correlação intraclasse (CCI) e os limites inferiores e superiores dos intervalos de confiança (95%) para cada uma das categorias de comportamentos maternos e infantis aos oito e aos 18 meses da criança.

 

 

Os cálculos foram feitos somente para as categorias cuja frequência de ocorrência não foi nula. Também não foi calculado o CCI para a categoria comportamento intrusivo positivo ou neutro aos oito meses, porque houve apenas dois registros feitos por ambos os observadores nos mesmos intervalos e pontos, o que geraria o valor 1,00 para o CCI. Os valores obtidos do CCI aos 8 meses variaram de 0,93 a 0,96, com exceção do código aproximação social negativa (CCI = 0.063), cujos detalhes sobre a codificação foram descritos anteriormente. Aos 18 meses, os valores variaram de 0,84 a 0,96. Os valores obtidos são bastante satisfatórios (Mitchell, 1979).

 

Discussão

Este estudo examinou a fidedignidade entre observadores da versão brasileira do Sistema de Codificação da Interação Mãe-Criança Revisado (CITMI-R). Tratase de um sistema de codificação sequencial em tempo real da interação entre cuidador e criança, que permite a investigação de diversas dimensões da interação diádica e da responsividade parental. Foram utilizadas na análise técnicas estatísticas rigorosas, que corrigem a probabilidade de acordos devido ao acaso e que evitam que os valores obtidos aumentem em função da alta frequência de acordos quanto à ausência da categoria. Os resultados obtidos, tanto para o coeficiente Kappa como para o coeficiente de correlação intraclasse, indicaram índices de fidedignidade muito satisfatórios. Como era esperado, os índices foram, de modo geral, mais modestos para as categorias específicas examinadas separadamente, se comparados aos valores globais obtidos para o instrumento aos oito e aos dezoito meses de vida. De forma geral, também foram verificados valores levemente superiores para as categorias de comportamentos maternos em comparação com aqueles obtidos para as categorias de comportamentos infantis. Constatou-se ainda um aumento discreto nos valores de Kappa dos oito para os 18 meses. Esses resultados, ao mesmo tempo em que evidenciam o excelente potencial do instrumento para a análise da interação mãe-criança ou cuidador-criança, também indicam aspectos importantes que podem ser aprimorados no nível do treinamento dos observadores, e alternativas metodológicas a serem exploradas em futuros estudos.

Considerando-se as análises realizadas para as categorias comportamentais maternas e infantis específicas, destacam-se inicialmente questões referentes à baixa frequência de ocorrência de algumas delas, que acabaram por dificultar as análises de fidedignidade. Por exemplo, a baixa frequência da categoria aproximação social negativa na amostra codificada aos oito meses, justifica pelo menos em parte, os baixos índices de acordo alcançados. Essa categoria se refere a todas as condutas negativas de natureza interacional da criança, isto é, todas as condutas infantis acompanhadas de afeto negativo, verbais ou não verbais, e que podem ser tanto iniciativas como respostas à conduta da mãe, como por exemplo, protestos, rejeição de brinquedos, demonstrações de raiva, gritos, choro ou adoção de posturas corporais rígidas. A análise detalhada de cada uma dessas ocorrências revelou que, com exceção de um desacordo que se deveu a um erro de interpretação do observador, os demais estiveram relacionados à baixa intensidade das manifestações de protesto dos bebês, que geraram dúvidas quanto a sua natureza negativa, e por isto foram codificadas pelo outro observador como aproximação social neutra. Essa tendência a que os comportamentos de bebês pequenos sejam menos discrimináveis ou diferenciáveis, já foi constatada em outros estudos (Bryson, Zwaigenbaum, McDermott, Rombough, & Brian, 2008). Além disso, essa hipótese explicativa é reforçada pelo exame dos valores de Kappa e CCI para essa mesma categoria aos 18 meses, que foram notadamente mais elevados e satisfatórios. Esse argumento também é útil para a compreensão dos valores levemente superiores de Kappa verificados aos 18 meses nas demais categorias, se comparados àqueles obtidos no oitavo mês.

Outras possíveis razões para a maior frequência de desacordos nessa categoria aos oito meses, assim como para valores um pouco mais altos na segunda etapa da coleta de dados, podem estar relacionadas a aspectos operacionais do procedimento de análise dos vídeos. Foram inicialmente codificados os oito vídeos filmados aos oito meses, e posteriormente os oito vídeos gravados aos 18 meses. Assim, é natural que os codificadores estivessem mais treinados para essa segunda etapa da análise e, consequentemente, tenham feito uso do sistema de forma mais eficiente. Nesse sentido, é recomendável que estudos de fidedignidade que comparem diferentes amostras com base em algum critério (por exemplo: faixa etária, sexo, tipo de cuidador etc.) adotem procedimentos que façam com que os grupos comparados sejam avaliados de modo a controlar essa variável (Bryson e cols., 2008). Ainda com relação ao treinamento, é fundamental que categorias que apresentam menor frequência tais como a aproximação social negativa e a passividade/apatia recebam atenção especial durante o treinamento dos codificadores.

A categoria comportamento materno intrusivo também não alcançou um valor satisfatório e, portanto, também necessita ser discutida e exemplificada exaustivamente. Embora a intrusividade seja amplamente investigada na literatura, sua definição permanece sendo um desafio para os pesquisadores. Nesse sentido, é fundamental que novos estudos contribuam para o avanço na compreensão dessa complexa dimensão da conduta materna. Além disso, a adaptação dos exemplos de comportamentos maternos intrusivos constantes no manual de codificação, de acordo com aspectos culturais do grupo social ao qual o CITMI-R será aplicado, é imprescindível.

Por fim, destaca-se a importância dos processos de feedback e das discussões geradas a partir dos cálculos de fidedignidade realizados ao longo do processo de treinamento. Recomenda-se que, na medida do possível, cada desacordo seja buscado nos vídeos codificados, e que os observadores tentem chegar a um consenso quanto ao código correto para cada um desses desacordos. Essa decisão deve ser tomada pelos observadores e, quando necessário, as dúvidas podem ser dirimidas pelo instrutor. Esse processo promove a qualificação das habilidades dos observadores e pode contribuir de maneira efetiva para o aprimoramento do próprio sistema de codificação.

Os resultados apontam para alguns desafios no que se refere à fidedignidade que poderão ser superados em futuras investigações. Uma alternativa promissora é o uso de amostras clínicas ou de risco, como por exemplo, díades com mães deprimidas ou vítimas de violência doméstica, ou com mães de bebês prematuros, portadores de enfermidades crônicas ou transtornos do desenvolvimento. Essas características da amostra podem favorecer a ocorrência de categorias pouco frequentes, especialmente as não interativas e aquelas que possuem valência negativa. Embora sejam pouco frequentes em amostras comunitárias, os comportamentos avaliados por meio dessas categorias são muito relevantes e a sua ocorrência pode indicar perturbações graves na relação mãe/ cuidador-criança.

O presente estudo tem limitações. Embora os índices gerais de fidedignidade obtidos, assim como aqueles referentes à maior parte das categorias comportamentais específicas, tenham sido bastante satisfatórios e indiquem o bom potencial do instrumento, algumas das categorias específicas não puderam ser examinadas com o coeficiente Kappa e com o CCI. Além disso, algumas delas revelaram valores baixos, em parte devido a sua baixa frequência de ocorrência. Cabe ainda mencionar o fato de que todas as díades participantes foram selecionadas em maternidades públicas, foram todas compostas por crianças do sexo masculino, e eram provenientes de uma única cidade, e de uma região do Brasil com características culturais bastante específicas. Nesse sentido, é fundamental que futuros estudos envolvam amostras maiores, amostras clínicas, grupos culturais variados e diferentes contextos de observação, para que essas lacunas possam ser preenchidas.

 

Considerações finais

Este estudo apresentou um sistema de codificação da interação mãe-criança com aplicabilidade nos contextos clínico e de pesquisa, e que revelou resultados de fidedignidade muito aceitáveis em sua versão brasileira. Novos estudos são necessários para que a fidedignidade de categorias específicas que são pouco frequentes em amostras comunitárias, como a que foi utilizada nesta investigação, possa ser estabelecida. Além disso, considerando a diversidade cultural de um país como o Brasil, é recomendável que futuras investigações confirmem a adequação do instrumento para populações oriundas de outras regiões e com características sociodemográficas distintas. De qualquer modo, os resultados obtidos indicam o potencial do instrumento para investigações sobre a interação mãe-criança em diferentes contextos, e para intervenção com a população brasileira. Quanto ao uso para fins de intervenção, embora este não tenha sido o objetivo central do presente estudo, é importante destacar o potencial do CITMI-R para a detecção de padrões interativos disfuncionais, bem como para evidenciar aspectos favoráveis da interação mãe-criança.

A relevância dos padrões de interação que se estabelecem nos primeiros anos de vida tem sido continuamente demonstrada na literatura empírica, e seu impacto sobre o desenvolvimento infantil vem sendo reconhecido, não só no âmbito científico, mas também nas esferas política e da saúde pública em muitos países. Nesse sentido, é fundamental que instrumentos fidedignos de avaliação sejam desenvolvidos, para favorecer novos progressos científicos nessa área, e para que as estratégias de intervenção direcionadas a essa etapa do desenvolvimento infantil acompanhem os notáveis avanços alcançados na pesquisa aplicada.

 

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Recebido em novembro de 2012
Reformulado em abril de 2013
Aprovado em agosto de 2013

 

 

Sobre os autores

Patrícia Alvarenga: é Doutora em Psicologia do Desenvolvimento pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal da Bahia.
Maria Ángeles Cerezo: é Doutora em Psicologia pela Universidad de Madrid e Catedrática do Departamento de Psicologia Básica da Universidad de Valencia.


1Este estudo é parte do projeto de estágio pós-doutoral da primeira autora, realizado na Universidad de Valencia no ano de 2012, com apoio financeiro da CAPES.
2Agradecemos às alunas Carolina Gomes, Catiele Paixão e Eliana Peixoto que realizaram a codificação dos vídeos utilizados neste estudo.
3Endereço para correspondência: Universidade Federal da Bahia, Instituto de Psicologia, R. Aristides Novis, 197, Estrada de São Lázaro, 40210-730, Salvador-BA. Tel.: (71) 3283-6437. E-mail: palvarenga66@gmail.com
4O manual do CITMI-R pode ser solicitado à Profa. Maria Ángeles Cerezo pelo e-mail: angeles.cerezo@uv.es
5Foram mantidos os códigos originais do manuscrito Codificación de la Interacción Temprana Materno Infantil en su versión revisada, CITMI-R (Trenado & Cerezo, 2007), que estão relacionados aos nomes das categorias no idioma espanhol. Optou-se por esses códigos porque tanto o manual do instrumento quanto o software desenvolvido para a codificação apresentam os códigos nesse idioma.
6As díades fazem parte da amostra do estudo de (referência omitida para preservar autoria), que investiga preditores e indicadores do comportamento antissocial na infância. Todas as crianças são do sexo masculino porque de acordo com a literatura, os meninos tendem a desenvolver mais problemas externalizantes e comportamento antissocial do que as meninas (Colder, Mott, & Berman, 2002; Keenan & Shaw, 1998).