Boletim de Psicologia
ISSN 0006-5943
ARTIGOS ORIGINAIS
Teste de apercepção infantil: o que foi e o que precisa ser feito
Children's apperception test: what was and what still needs to be done
Patrícia Waltz ScheliniI; Edyleine Peroni BenczikII
I Universidade Federal de São Carlos – Departamento de Psicologia
II Ambulatório de Distúrbios de Aprendizado do Instituto da Criança do Hospital dasClínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
RESUMO
Considerando o contexto brasileiro, onde tem havido discussões sobre a validade e precisão das técnicas projetivas,o objetivo deste manuscrito é apresentar estudos sobre o Teste de Apercepção Infantil em suas diferentesformas, de maneira a permitir a compreensão dos avanços referentes a essa técnica e identificação de lacunasque impedem seu uso como instrumento válido e fidedigno. Tais estudos foram obtidos por meio de busca ao PsycINFO, à Scientific Eletronic Library Online, à base Medline e Indexpsi Periódicos. Os estudos obtidos foramagrupados, de acordo com o conteúdo de cada um, em três categorias: interpretação, propriedades psicométricase uso do CAT em grupos populacionais específicos. A descrição das categorias e estudos a elas pertencentes sãoapresentados, possibilitando constatar a necessidade de pesquisas que contemplem, simultaneamente, autilização de uma forma específica de interpretação e a busca de evidências de precisão e validade dessainterpretação em relação a amostras representativas.
Palavras-Chave: Teste de Apercepção Infantil; técnicas projetivas; avaliação psicológica; propriedadespsicométricas.
ABSTRACT
In view of the Brazilian context, where discussions about the validity and reliability of projective techniqueshave been happening, the purpose of this manuscript is to present studies about the Children ApperceptionTest, in its different forms, in order to allow the understanding of its advances, as well to identify gaps thatprevent its use as a valid and reliable instrument. Such studies were obtained by means of systematic searchesin the databases PsycINFO, Scientific Eletronic Library Online, Medline and Indexpsi Periodicals. The obtainedstudies were grouped in three categories according to their contents, namely, interpretation, psychometricproperties and use of CAT in specific population groups. The description of the categories and related studiesare presented, pointing to the need of research that consider the use of a specific form of interpretation, as wellthe search for its confirmation in terms of reliability and validity in relation to the representative samples.
Keywords: Children's Apperception Test; projective techniques; psychological assessment; psychometricproperties.
INTRODUÇÃO
O Teste de Apercepção Infantil, criado por Leopold e Sonya Bellack em 1949, tem originadoestudos no Brasil e no exterior. Tais estudos envolvem as três formas do CAT: CAT-A (Bellack e Bellack,1949/1991), a primeira a ser criada e composta por figuras de animais; CAT-H, formado por figurashumanas (Bellack e Hurvich, 1965; Bellack e Bellack, 1981) e o CAT – S, um suplemento do CAT (Bellack, 1966), que também inclui figuras de animais, mas em situações diferentes das apresentadasno CAT-A, por destinar-se a explorar situações conflitivas mais específicas, como as relacionadas àescola e ao grupo de pares.
No contexto brasileiro, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) tem a finalidade de normatizar,disciplinar e orientar o exercício da profissão de psicólogo, zelando pela observância dos princípioséticos. No que se refere à avaliação psicológica, o artigo 16 da Resolução do CFP número 002/2003 regulamenta o uso, a elaboração e a comercialização dos testes psicológicos. Dentre os várioselementos desta resolução, um afetou diretamente as atividades do psicólogo brasileiro, uma vezque indicou como falta grave a utilização de instrumentos que não constam na relação de testesaprovados pelo Conselho. Dessa forma, os psicólogos apenas podem utilizar, em diagnósticos,instrumentos que foram avaliados e considerados adequados pelo CFP. Os testes, incluindo as técnicasprojetivas, são considerados adequados se apresentarem: a fundamentação teórica subjacente aoinstrumento; evidências empíricas de validade e precisão; procedimentos de aplicação e o sistemade correção e interpretação dos escores.
Após a resolução, o Conselho Federal de Psicologia disponibilizou uma primeira lista dostestes que, analisados por especialistas, obtiveram parecer favorável. Para surpresa de muitos, quenão esperavam tanto rigor, um grande número de instrumentos recebeu parecer desfavorável (Bandeira,Trentini, Winck e Lieberknecht, 2006). Os testes projetivos, entre eles o CAT, que obteve parecerdesfavorável, foram os grandes prejudicados pela resolução por não priorizarem o estudo dasevidências de validade e precisão.
O objetivo do presente artigo é apresentar uma síntese dos estudos sobre o Teste de ApercepçãoInfantil em suas diferentes formas, de maneira a permitir a compreensão dos avanços referentes aessa técnica (que ainda consta da lista daquelas com parecer desfavorável para uso no Brasil) e,conseqüentemente propiciar a identificação de lacunas que impedem seu uso como um instrumentoválido e fidedigno. Tais estudos foram obtidos por meio de busca à Rede Scielo (Scientific EletronicLibrary Online – www.scielo.br), à base Medline (http://bases.bireme.org), ao Indexpsi Periódicos (www.bvs-psi.org.br), e ao PsycINFO (http://www.apa.org/psycinfo), a partir das palavras-chave "Children Apperception Test", "CAT", "técnicas projetivas" e "testes de personalidade".Os estudos obtidos foram agrupados, de acordo com o conteúdo de cada um, em três amplas categorias: interpretação, propriedades psicométricas e uso do CAT em grupos populacionais específicos. A descrição geral das categorias, bem como os estudos a elas pertencentes, são apresentados a seguir.
ESTUDOS REFERENTES À INTERPRETAÇÃO DO CAT
Assim como ocorreu com outras técnicas projetivas, as pranchas do CAT deram origem adiferenciadas formas de interpretação. O manual de Bellack e Bellack (1991) propõe que as estórias,originadas a partir das pranchas, sejam interpretadas por meio de dez categorias: tema principal,herói principal, principais necessidades e impulsos do herói, concepção do ambiente, figuras vistascomo conflitos significativos, natureza das ansiedades, principais defesas, adequação do superego eintegração do superego.
Montagna (1987), com o objetivo de sistematizar a interpretação do CAT, utilizou as categoriaspropostas por Bellack e Bellack (1949/1991), Haworth (1966), que ampliou a compreensão da análisede conteúdo e dos mecanismos adaptativos de defesa nas respostas ao CAT, e Shentoub (1969), estaúltima tendo como objeto de estudo o TAT. A autora analisou os pontos de aproximação dos esquemasde interpretação estudados por estes autores, principalmente no que se refere aos aspectosrelacionados à análise de conteúdo e à análise formal de interpretação das respostas, elaborandosuas próprias categorias de interpretação, fundamentadas em um estudo de caso clínico.
Cunha, Nunes e Werlang (1991) atribuíram escores e analisaram respostas ao CAT-A, numaamostra de 48 crianças pré-escolares, em termos de sua complexidade crescente e considerando acapacidade infantil de organizar ações num esquema temporal. Os resultados foram discutidos emtermos de questões de desenvolvimento, sendo que as autoras concluíram que o CAT-A era inadequado,como instrumento projetivo de pesquisa, em idades inferiores a cinco anos e meio.
Outro estudo brasileiro foi feito por Tardivo (1992) que acrescentou várias categorias paracada prancha, entre elas: relação com a figura materna de dependência ou independência; rivalidade,competição, compreensão, cooperação ou conflito com a figura paterna e fraterna; relação dual;conflito vivido de forma lúdica ou destrutiva e como se relaciona com outras figuras; relação com afigura de poder e autoridade; reação frente à situação triangular, dentre outras.
Uma proposta mais específica de interpretação partiu de Fonseca (2005), que procurou elaborarreferenciais capazes de discriminar um grupo de crianças com histórico de abuso sexual de umgrupo sem tal histórico. Com tal objetivo, a partir das estórias relatadas pelo grupo com histórico deabuso, foram selecionados os indicadores que apareceram com mais freqüência, entre eles: abusosexual (situações relacionadas explicitamente ao abuso), medo (verbalização da palavra "medo" nasestórias), ameaça do meio (expressão de ameaça e desamparo pelas figuras que retratavam osgenitores), desequilíbrio (entendido como desequilíbrio físico, expresso por situações de tombo) emédico (referência à figura do médico nas estórias).
Lis, Mazzeschi, Salcuni e Zennaro (2005) utilizaram quatro índices para avaliar as estórias de 70crianças entre quatro anos e cinco meses e 11 anos e cinco meses: número de palavras, número deanimais identificados, número de animais modificados e número de características atribuídas aos animaisnas estórias. Também foram considerados a quantidade e os tipos de conflitos evocados. Os resultadosdeste estudo serão apresentados posteriormente neste manuscrito, uma vez que, neste momento,pretende-se relatar apenas as categorias/indicadores de resposta utilizados em diferentes pesquisas.
Finalmente, em um estudo que envolveu 32 crianças entre sete e 10 anos, Xavier (2005) crioucategorias de indicadores de auto-estima inspirada nas propostas de interpretação de Bellak e Bellak(1949/1991) e Tardivo (1992), elaborando indicadores para avaliar o nível de auto-estima, dentreeles: identificação com heróis e personagens; introdução de objetos figuras e circunstâncias; concepçãodo ambiente e figuras; natureza das ansiedades; defesas; integração do Ego e autopercepção natrama da estória; desfecho da estória.
De acordo com Alves (2006), técnicas como o CAT e o T.A.T. podem ser utilizadas em diversasculturas, apesar da necessidade de identificar quais são os temas e estórias comuns em populaçõesnormais, de modo a estabelecer parâmetros de interpretação.
O rigor interpretativo, baseado no estabelecimento de critérios bem definidos para a análisedas estórias do CAT, não exclui a importância de estudos que verifiquem as propriedades psicométricasdesta técnica. Isso porque a análise das evidências de validade e precisão é entendida comoindispensável à apreciação de instrumentos ou técnicas de avaliação psicológica, indo ao encontroda tentativa de garantir a cientificidade dos mesmos. Por tal motivo, considera-se fundamental aapresentação de estudos acerca das propriedades psicométricas do CAT.
PROPRIEDADES PSICOMÉTRICAS
Na busca realizada foi possível notar a carência de estudos de precisão referentes ao CAT.Villemor-Amaral (2006) já havia observado que, em geral, as técnicas projetivas tendem a nãoapresentar um sistema de análise e interpretação suficientemente preciso, que permita um alto graude concordância entre avaliadores diferentes. Parecem ser exceções os trabalhos de Xavier (2005),parte publicado sob forma de artigo em 2006 (Silva e Villemor-Amaral, 2006), Lis et al. (2005) e Benczik (2005).
No estudo da primeira autora, mencionado anteriormente, foi observada uma correlaçãopositiva e alta (r=0,83) no que se refere à concordância de dois juízes na caracterização do nível elevado de auto-estima, indicando concordância no total da pontuação dos itens. Quanto ao escoretotal dos indicadores referentes à auto-estima rebaixada, Xavier (2005) obteve correlação positiva emoderada (r=0,61). Lis et al. (2005) obtiveram elevados coeficientes de precisão em todos os índices interpretativos propostos no estudo já citado e incluído no conjunto daqueles que são referentes àinterpretação do CAT.
Benczik (2005) adaptou, baseada na Teoria das Relações Objetais, os critérios de análisepropostos por Tardivo (1992). A partir dessa adaptação as respostas ao CAT-A foram avaliadas portrês juízes e, por meio do coeficiente de concordância de Kendall W, foi verificado um alto grau deconcordância entre eles.
No que se refere às evidências de validade, a análise do material bibliográfico obtido pareceu indicar que, em relação ao Teste de Apercepção Infantil, um dos procedimentos mais adotados é o que inclui os grupos contrastantes. A validação pelo método dos grupos comparados (e contrastantes) consiste em confrontar o desempenho de um grupo de indivíduos com outro, sendo bastante utilizado na validação de testes de personalidade (Anastasi e Urbina, 2000). Nesse sentido, é possível destacaros estudos de Souza (1952, citado por Tardivo, 1992), Savastano (1977), Cibilas (1979), Castro (1990),Benczik (2005) e Fonseca (2005).
Souza (1952, citado por Tardivo, 1992) contrastou um grupo de crianças adaptadas à escolacom outro formado por estudantes que demonstravam problemas de conduta, observando que esseúltimo grupo se identificava com figuras que se mostravam inferiores, sendo o ambiente descritocomo frustrante e agressivo. Além disso, os finais das estórias do grupo de crianças adaptadas àescola eram mais positivos.
O CAT-A foi utilizado por Savastano (1977) para estudar dois grupos de alunos com o objetivode compreender a dinâmica emocional dos mesmos. O primeiro grupo foi formado por oito estudantescom problemas de aprendizagem e disciplina, com idades entre sete anos e cinco meses e nove anos e11 meses; e o segundo grupo, por 22 alunos sem tais problemas, com idades entre sete anos e doismeses e 10 anos e 11 meses de idade. Os resultados, de forma geral, demonstraram que 43% dascrianças não estavam emocionalmente ajustadas para enfrentar o ambiente escolar, no qual a figura doadulto (professor) era visualizada como agressiva e os castigos vistos como ameaçadores. Os alunoscom problemas de aprendizagem e disciplina revelaram maior atraso no desenvolvimento psicossocialdo que os do segundo grupo. Alguns outros dados interessantes foram observados pela autora, comoum decréscimo da expressão da "agressividade" na medida em que havia melhor produtividade escolar.Da mesma forma, respostas que revelavam medo, sentimento de inadequação e ansiedade gerada pelomedo de ser abandonado foram mais freqüentes entre as crianças do primeiro grupo. Por outro lado,temas relacionados à "curiosidade sexual" apareceram com menor freqüência entre essas crianças (comproblemas de aprendizagem e disciplina). Os alunos do primeiro grupo apresentaram maior necessidadede sono e pareceram sentir a figura materna e paterna mais inadequadamente. Nos dois grupos a maiorincidência foi a de identificar-se com o "filho" e com a "criança".
Cibilas (1979) apresentou o CAT-H a 60 crianças com características denominadas pelo autorcomo "predominantemente normais", sendo 30 enuréticas e 30 não-enuréticas, na faixa etária deseis a 11 anos, emparelhadas com base no sexo, idade, nível mental e nível sócio-cultural para olevantamento da incidência de manifestações agressivas. Os resultados indicaram que as criançasenuréticas, em nível altamente significativo, apresentaram maior incidência de manifestaçõesagressivas do que as crianças não-enuréticas. Além disso, o grupo de crianças enuréticas manifestoumaior incidência de sentimento de rejeição, desejo de morte, temor à provação, depreciação doadulto, impulso destrutivo e ansiedade persecutória do que o grupo de crianças não-enuréticas. Ogrupo de crianças não-enuréticas manifestou maior incidência de aceitação de fantasias agressivas,de sentimento de culpa e desejo de reparação.
Para verificar a hipótese de que a inibição no trabalho escolar seria derivada de um distúrbiono processo de individuação do ego, Castro (1990) avaliou 15 crianças com idade entre oito e 10anos e 10 meses por meio do WISC, CAT, Desenho da Família e Ludodiagnóstico. As crianças foramdivididas em dois grupos, o primeiro formado por 10 crianças com problemas de inibição no trabalhoe o segundo, por cinco crianças que não apresentavam inibição no trabalho. A autora constatou que o grupo de crianças com problemas de inibição apresentou nível de estruturação do ego menosdesenvolvido e estável, sendo a educação esfincteriana vivenciada de forma mais rígida e punitiva.
Benczik (2005), no estudo já citado, investigou os aspectos psicodinâmicos envolvidos noTranstorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH), bem como a eficácia com que o CAT-Adiferencia crianças com TDAH. A autora estudou uma amostra de 40 crianças do sexo masculino, comidade entre seis e 11 anos, divididas em dois grupos: o grupo I, formado por crianças com TDAH dotipo combinado, e o grupo II, composto por crianças sem TDAH. A autora analisou a relação dasrespostas dadas ao CAT-A com o diagnóstico psiquiátrico do TDAH, concluindo que a técnica projetivafoi capaz de discriminar crianças com e sem TDAH, revelando ainda que, em termos psicodinâmicos,predominaram as seguintes características nas crianças com TDAH: negação maníaca onipotente,trapaça, sentimentos derivados do instinto de morte (raiva e inveja) e tendências destrutivas.
Ao aplicar o CAT em 30 crianças divididas em dois grupos de 15, sendo um deles formado poraquelas com histórico de abuso sexual, Fonseca (2005) constatou que o CAT foi capaz de discriminaro grupo de pesquisa do grupo de controle, no que se refere aos indicadores ou categorias nomeadaspela autora, como abuso sexual, medo, ameaça do meio, desequilíbrio e médico. Todas estas categoriasforam previamente descritas no presente artigo. No mesmo estudo, Fonseca buscou evidências devalidade do CAT-A correlacionando seus resultados aos do Desenho da Figura Humana (DFH). Concluiuque não era possível afirmar a existência de validade concorrente entre os dois instrumentos (CAT-Ae DFH), isto porque o coeficiente de correlação entre os indicadores emocionais do Desenho daFigura Humana e indicadores do CAT-A foi de -0,26. Isto provavelmente ocorreu, porque a sua amostraera reduzida (N=30).
Ao estudar a validade concorrente entre as categorias de indicadores de auto-estima do CAT-A e do H.T.P., Xavier (2005) correlacionou esses dois instrumentos à Escala Multidimensional deAuto-Estima (EMAE - Forma A). As correlações foram obtidas após as respostas dadas ao CAT-A e aoH.T.P terem sido pontuadas, levando-se em consideração a presença de indicadores referentes àauto-estima. As correlações entre o CAT-A e o H.T.P. foram positivas, o mesmo ocorrendo entre oCAT-A e a EMAE, mas com um índice menor do que entre os dois testes projetivos. A autora concluique os dados podem ser considerados como evidências de validade para os dois testes projetivosquanto à avaliação da auto-estima.
Os trabalhos de Fonseca (2005), de Xavier (2005) e de Benczik (2005) empregaramprocedimentos de análise da validade concorrente. Uma ressalva merece ser feita em relação aosestudos citados anteriormente, uma vez que Souza (1952, citado por Tardivo, 1992) e Castro (1990),por exemplo, não se propuseram, no momento da definição dos objetivos de seus trabalhos, aidentificar evidências de validade do CAT, mas a comparação de grupos distintos, por meio do CAT,pode levar à obtenção de tais evidências, apesar da amostra ter sido muito reduzida, assim comoocorreu em outros estudos.
Outras técnicas projetivas, como o T.A.T., H.T.P. e as Pirâmides Coloridas de Pfister tambémforam aprovadas pela comissão de especialistas do Conselho Federal de Psicologia por meio deestudos que incluíram grupos contrastantes (Villemor-Amaral, 2006).
ESTUDOS ENVOLVENDO O USO DO CAT EM GRUPOS POPULACIONAIS ESPECÍFICOS
A maior parte do material obtido por meio da consulta aos bancos de dados refere-se ao uso doTeste de Apercepção Infantil em grupos específicos como o de pré-escolares, filhos de pais separados,crianças com lepra, hiperativas, obesas, leucêmicas, entre outros. Tais estudos não tiveram o objetivode propor novos procedimentos de interpretação ou identificar evidências de validade e precisão.
Um exemplo desse tipo de trabalho foi o realizado por Paiva (1992), que analisou asrepresentações afetivas e cognitivas e suas relações com o desempenho escolar. Para isso apresentouo Procedimento de Desenhos-Estórias, o CAT-A e o Pré-Bender a uma amostra de 10 crianças comidade entre quatro e cinco anos. As duas primeiras técnicas foram utilizadas para a análise darepresentação afetiva e o Pré-Bender para a representação cognitiva. Comparando os resultados doCAT-A aos dos Desenhos-Estórias, o autor observou a complementaridade de ambos, sendo que oProcedimento D-E se destacou pela possibilidade de esclarecimento progressivo dos aspectosconflitivos básicos.
Scheffler (1975), em um estudo longitudinal envolvendo 31 crianças de cinco e seis anos deidade, objetivou investigar se determinadas mudanças psicodinâmicas poderiam ser identificadas etambém se estavam de acordo com o descrito pela teoria psicanalítica. Além disso, procurou verificarse havia uma relação entre mudanças psicodinâmicas e comportamentos. Ao utilizar o CAT-A e oT.A.T., concluiu que havia mudanças significativas no fantasiar ao longo do tempo, constatando, emrelação aos meninos, correlações significativas entre conflitos emocionais, expressos em fantasias, emanifestações comportamentais observadas por professores.
A mesma versão do CAT (CAT-A) foi utilizada por Felipe (1997) para verificar a contribuição dessa técnica e do Procedimento de Desenho de Família com Estórias (DF-E) no diagnóstico das necessidades, conflitos e sentimentos de 10 crianças de seis a 10 anos, filhas de pais separados e que estavam sendo disputadas judicialmente. Os resultados indicaram que as duas técnicas ampliaram efetivamente o conhecimento sobre a situação emocional das crianças, incluindo a compreensão da formação de alianças com um dos genitores e dos conflitos resultantes de culpa.
Chauhan e Dhar (1981) estudaram as características de personalidade de 11 crianças com lepra por meio da aplicação de uma forma adaptada do CAT, desenvolvida na Índia. Os resultados indicaram que os participantes almejavam afeição, segurança, afiliação e cooperação, sendo que onível de ansiedade tendia a ser alto frente a determinados conflitos.
Quartier (2003) utilizou o CAT para investigar a "agitação" infantil por meio de uma amostra de100 crianças suíças, com média de idade igual a sete anos. Com um objetivo semelhante ao de Quartier,Antony e Ribeiro (2004) analisaram o funcionamento psicológico de crianças hiperativas por meio deuma amostra de 20 participantes, sendo cinco casais, cinco professoras e cinco crianças entre oito e 11anos, com diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade. Os autores utilizaram aentrevista aberta e o CAT-A, concluindo que as estórias narradas no instrumento revelavam sentimentosde inadequação, incompreensão e rejeição. Além disso, as crianças, por meio do CAT-A, evidenciaram perceber o ambiente como punitivo e intolerante, embora se considerassem merecedoras de punição.
Um estudo recente, utilizando o CAT-A, foi desenvolvido por Radoszewska (2006) que teve aintenção de responder qual é o senso de autocontato, entendido como um elemento do senso deidentidade e autoconceito de crianças obesas. Com tal objetivo, o CAT-A foi apresentado a 142crianças, 71 obesas e 71 não obesas, sendo constatado que as crianças obesas possuíam dificuldadesna experiência de autocontato.
Em um estudo de caso, Almeida, Da-Silva e Fornelos (2003) discutiram as vantagens de utilizar medidas psicológicas, como o CAT e a Escala de Desenvolvimento Mental, para avaliar e compreender opotencial cognitivo, a organização do self, comportamentos, atitudes e o funcionamento psicológico decrianças. Para isso analisaram um menino português de quatro anos com sintomas de isolamento social,atraso no desenvolvimento e diagnóstico preliminar de desordem de personalidade narcísica com o objetivode apresentar um protocolo de avaliação útil para a compreensão da psicopatologia da criança estudada.
Amaral, Magarian, Sousa e Aribi (2003) aplicaram as pranchas 3 e 4 do CAT-A em 48 participantescom idade entre sete e 10 anos com o objetivo de analisar as características da imagem internalizadada figura materna e paterna. De acordo com a interpretação das pranchas, os participantesapresentaram imaturidade no seu desenvolvimento emocional, demonstrando dificuldades naelaboração da Conflitiva Edípica, com predomínio da ansiedade persecutória. De acordo com osautores os resultados encontrados não possibilitariam generalizações, sugerindo a necessidade denovas pesquisas para a compreensão da internalização das figuras parentais nessa faixa etária.
O CAT foi utilizado em uma pesquisa realizada por Lee, Lieh-Mak, Hung e Luk (1983-1984),dentre outros objetivos, para investigar características de crianças leucêmicas. Os autores concluíramque o isolamento, a separação e a negação eram usados como defesa contra a insegurança, medo eincertezas deste grupo de crianças.
Crianças leucêmicas também participaram do único estudo envolvendo o CAT-S, realizado por Sharan, Mehta e Chaudhry (1995), que analisaram o processo de coping e a capacidade de adaptação de 39 delas, com idade entre seis e 12 anos. Os resultados indicaram que a consciência da enfermidade estava presente em 96% das crianças, a expectativa favorável ao desfecho da doença foi indicada por 70% e 61% evidenciaram angústia.
Da mesma forma, foram encontrados apenas dois relatos de pesquisa que utilizaram o CAT-H. O primeiro foi o de Jacquemin e Martins (1976), que realizaram um estudo comparativo entre o CAT-A e CAT-H em crianças de sete e oito anos. Posteriormente, Colsen (2001) investigou as reações conscientes e inconscientes de cinco pais (sexo masculino) que haviam sofrido perdas perinatais. Cada participante foi entrevistado e submetido à apresentação do T.A.T., do CAT-H e da Escala de Dor Perinatal, sendo que as técnicas projetivas foram utilizadas na análise das reações inconscientes e a escala na investigação das reações conscientes. O autor constatou que a seqüela emocional da perda incluía o choque, entorpecimento, culpa, raiva, ansiedade e tristeza. Os pais tendiam a adotar um "papel administrativo", pensando no bem estar da esposa, de modo a parecerem fortes frente a elas. Além disso, dois homens demonstraram fortes reações inconscientes em face da dor, negando a maior parte das manifestações conscientes, de modo que o autor sugeriu a utilização de técnicas projetivas para investigar tais reações inconscientes, até porque a Escala de Dor Perinatal não pareceu eficaz para a compreensão do sofrimento desses pais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os métodos projetivos, dentre eles o CAT, são amplamente utilizados no ambiente clínico eem outros contextos, no entanto são questionados quanto aos seus indicativos de validade e precisão,entendidos como indispensáveis aos instrumentos de avaliação psicológica (Villemor-Amaral, 2006).
Tal questionamento não é exclusivo ao contexto brasileiro. Na Itália, por exemplo, Tressoldi,Barilani e Pedrabissi (2004) discutiram o uso das técnicas projetivas em crianças e adolescentes, nocontexto clínico e forense. Considerando a escassez de estudos sobre as qualidades psicométricasdas técnicas utilizadas naquele país (tais como Desenho da Figura Humana, Desenho da Árvore,Desenho da Família e CAT), os autores recomendaram que seu uso fosse apenas idiográfico e nãopara fins legais.
Nos Estados Unidos, a aplicação das técnicas projetivas vem sendo debatida há décadas.Kennedy, Faust, Willis e Piotrowski (1994), em uma pesquisa envolvendo 293 psicólogosescolares, constataram que as técnicas projetivas eram usadas principalmente na elaboração de hipóteses diagnósticas.
No último estudo feito com psicólogos escolares americanos, Hojnoski, Morrison, Brown eMatthews (2006), no entanto constataram que tais técnicas não são utilizadas apenas na formulaçãode hipóteses, mas também e, fundamentalmente, na tomada de decisões e no planejamento daintervenção. No mesmo estudo, o CAT foi apontado como a oitava técnica projetiva mais usada,ficando atrás do Completar Sentenças, Bender-Gestalt, Casa-Árvore-Pessoa (H.T.P.), Desenho da Família, Desenho da Figura Humana, T.A.T. e do Rorschach. Além disso, o CAT, o Rorschach e o Desenho da Figura Humana foram usados por mais de 15% dos psicólogos escolares americano sem avaliações psicológicas.
Após a apresentação de uma parcela dos estudos envolvendo o Teste de Apercepção Infantil, parece ficar clara a necessidade de um número maior de pesquisas que tenham um objetivo linear, ou seja, que contemplem ao mesmo tempo a utilização de uma forma específica de interpretação das respostas e a busca de evidências de precisão e validade dessa interpretação em relação a amostras representativas.
Também parece ser relevante que os pesquisadores, ao elaborarem os objetivos de seus estudos,tentem analisar o que já existe acerca de uma determinada forma de interpretação do CAT, utilizando,em relação a essa mesma forma, medidas de critério diferenciadas, por exemplo, possibilitando (1) ouso da técnica em grupos populacionais distintos, (2) a complementação de dados já existentes e, como conseqüência, o desenvolvimento do conhecimento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Almeida, S.; Da-Silva, L.C. & Fornelos, M. (2003). Não quero brincar: A avaliação psicológica e diagnóstica em saúde mental infantil. Análise-Psicológica, 21 (1),77-83. [ Links ]
Alves, I.C.B. (2006). Considerações sobre a validade e precisão nas técnicas projetivas. In: A.P.P. Noronha, A.A. dos Santos & F.F. Sisto (Orgs.), Facetas do fazer em avaliaçãopsicológica. (pp. 173-190). São Paulo: Vetor Editora. [ Links ]
Amaral, M.S.C.G.; Magarian, T.M.; Sousa, A.L.T. & Aribi, N.V. (2003). A imagem da figura materna e paterna em crianças de 7 a 10 anos por meio das pranchas 3 e 4 do CAT-A. Psykhe, 8 (1),19-25. [ Links ]
Anastasi, A. & Urbina, S. (2000). Testagem Psicológica. Porto Alegre: Artes Médicas Sul. [ Links ]
Antony, S. & Ribeiro, S.P. (2004). A criança hiperativa: Uma visão da abordagemgestáltica. Psicologia Teoria e Pesquisa, 20 (2), 127-134. [ Links ]
Bandeira, D.R.; Trentini, C.M.; Winck, G.E. & Lieberknecht, L. (2006). Consideraçõessobre as técnicas projetivas no contexto atual. In: A.P.P. Noronha, A.A.A. dos Santos & F.F. Sisto (Orgs.), Facetas do fazer em avaliação psicológica. (pp. 125-139). São Paulo:Vetor. [ Links ]
Bellak, L. (1966). Test de Apercepción Infantil: Manual del CAT S. Buenos Aires: Paidós. [ Links ]
Bellak, L. & Bellak, S.S. (1981). Teste de Apercepção Infantil com Figuras Humanas. São Paulo: Mestre Jou. (Original publicado em 1965). [ Links ]
Bellack, L. & Bellack, S.S. (1991). Manual do Teste de Apercepção Infantil com Figuras de Animais. Campinas: Editora de Livro Pleno. (Original publicado em 1949). [ Links ]
Bellack, L. & Hurvich, M.S. (1965). A human modification of the Children's ApperceptionTest (CAT-H). Journal of Projective Techniques & Personality Assessment, 30 (3), 229-242. [ Links ]
Benczik, E.B.P. (2005). Crianças com transtorno de déficit de atenção/hiperatividade: Um estudo dos aspectos psicodinâmicos a partir do Teste de Apercepção Infantil - CAT-A. Tesede Doutorado. Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, São Paulo. [ Links ]
Castro, L.R.F. (1990). Determinações psicológicas da inibiçãso no trabalho escolar em crianças. Dissertação de Mestrado. Instituto de Psicologia da USP, São Paulo. [ Links ]
Chauhan, N.S. & Dhar, U. (1981). The psychodynamic side of leprosy (lepra): A Children'sApperception Test (CAT) study. Leprosy in India, 53 (3), 379-84. [ Links ]
Cibilas, Z.B. (1979). Enurese infantil e agressividade: Um estudo correlacional entre enureseinfantil e manifestações agressivas segundo o CAT-H. Dissertação de Mestrado. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. [ Links ]
Colsen, T.L. (2001). Dissertation Abstracts International: Section-B –The Sciences and Engineering, 62 (4-B), 2051.
Conselho Federal de Psicologia (2003). Resolução CFP: 002/2003. Caderno especial deresoluções. Brasília: Conselho Federal de Psicologia. [ Links ]
Cunha, J.A.; Nunes, M.L.T. & Werlang, B.G. (1991). As respostas ao CAT-A na faixa pré-escolar. Psico, 22 (2),89-103. [ Links ]
Felipe, S.S.R. (1997). A contribuição do Teste de Apercepção Infantil (CAT-A) e do Procedimentode Desenhos de Família com Estórias (DF-E) na avaliação de crianças envolvidas em disputas judiciais. Dissertação de Mestrado. Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, São Paulo. [ Links ]
Fonseca, A.R. (2005). Abuso sexual na infância: Um estudo de validade de instrumentos. Dissertação de Mestrado. Universidade São Francisco, Itatiba. [ Links ]
Haworth, M.R. (1966). The CAT: Facts about fantasy. New York: Grune & Stratton. [ Links ]
Hojnoski, R.L., Morrison, R.; Brown, M. & Matthews, W.J. (2006). Projective testuse among school psychologists. Journal of Psychoeducational Assessment, 24 (2),145-159. [ Links ]
Jacquemin, A. & Martins, M.A. O. (1976). Estudo comparativo do CAT-A e CAT-H emcrianças de 7 e 8 anos. Arquivos Brasileiros de Psicologia Aplicada, 28 (1), 37-47. [ Links ]
Kennedy, M.L.; Faust, D.; Willis, W.G. & Piotrowski, C. (1994). Social-emotionalassessment practices in school psychology. Journal of Psychoeducational Assessment,12, 228-240 [ Links ]
Lee, P.W.; Lieh-Mak, F; Hung, B.K. & Luk, S.L. (1983-1984). Death anxiety inleukemic Chinese children. The International Journal of Psychiatry and Medicine,13 (4), 281-899. [ Links ]
Lis, A.; Mazzeschi, C.; Salcuni, S. & Zennaro, A. (2005). The Children's ApperceptionTest Evaluation Form: Initial data. Psychological Reports, 96 (3), 755-768. [ Links ]
Montagna, M.E. (1987). Sistematização da análise do CAT a partir dos esquemas deinterpretação de Bellack, Haworth e Shentoub. Dissertação de Mestrado. PontifíciaUniversidade Católica de São Paulo, São Paulo. [ Links ]
Paiva, M.L.F. (1992). Relações entre representações cognitivas, afetivas e desempenho escolarem crianças de 4 a 5 anos de idade. Tese de Doutorado. Instituto de Psicologia da USP, São Paulo. [ Links ]
Quartier, V. (2003). Problematique de l'agir et CAT. Psychologie Clinique et Projective, 9,131-148. [ Links ]
Radoszewska, J. (2006). Sense of self-contact experienced by an obese child. EndokrynolDiabetol Chor Przemiany Materii Wieku Rozw, 12 (2),135-9. [ Links ]
Savastano, H (1977). Estado emocional de alunos da primeira série de um Grupo Escolar- Ginásio da cidade de São Paulo, Brasil. Problemática de saúde pública? Revista de Saúde Pública, 11 (4), 480-495. [ Links ]
Scheffler, R.Z. (1975). The child from five to six: A longitudinal study of fantasy change. Genetic Psychology Monographs, 92 (1), 19-56. [ Links ]
Sharan, P.; Mehta, M. & Chaudhry, V.P. (1995). Coping and adaptation in acutelymphoblastic leukemia. Indian Journal of Pediatrics, 62 (4), 467-471. [ Links ]
Shentoub, V. (1969). Manual d' utilisation du TAT: Approche psychanalytique. Paris:Dunod Editeur. [ Links ]
Silva, M.F.X. & Villemor-Amaral, A.E. (2006). A auto-estima no CAT-A e H.T.P.: Estudode evidência de validade. Avaliação Psicológica, 5 (2), 205-215. [ Links ]
Tardivo, L.S.P.C. (1992). Teste de Apercepção Infantil com Figuras de Animais (CAT-A) e Teste das Fábulas de Düss: Estudos normativos e aplicações no contexto das técnicas projetivas. Tese de Doutorado. Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, São Paulo. [ Links ]
Tressoldi, P.E.; Barilani, C. & Pedrabissi, L. (2004). Lo stato (preoccupante) delle tecnicheproiettive per l'eta evolutiva in Italia. Psicologia Clinica dello Sviluppo, 8 (1), 9-28. [ Links ]
Villemor-Amaral, A.E. (2006). Desafios para a cientificidade das técnicas projetivas. In:A.P.P. Noronha, A.A. dos Santos & F.F. Sisto (Orgs.), Facetas do fazer em avaliação psicológica. (pp163-171). São Paulo: Vetor Editora. [ Links ]
Xavier, M. F. (2005). A auto-estima no CAT-A e HTP: Estudo de evidência de validade. Dissertação de Mestrado. Universidade São Francisco, Itatiba. [ Links ]
Recebido em 03/08/09
Revisto em 15/10/09
Aceito em 22/10/09
*Endereço para correspondência: Patrícia - Av. Diogo Álvares, 1876, Parque São Quirino. Campinas – SP. CEP: 13088-221.Telefone: (16) 3376 9645; E-mail: patriciaws@terra.com.br Edyleine - Av. Tiradentes, 200, São Roque - SP. CEP: 18130-000. Telefone: (11) 4512-5870; E-mail: benczik@ig.com.br