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Boletim de Psicologia

 ISSN 0006-5943

     

 

ARTIGOS ORIGINAIS

 

Atendimento ser e fazer e escolha profissional: estudo sobre eficácia clínica1

 

"Ser e fazer" service and career choice: study on clinical efficacy

 

 

Cristhiane Isabelle Couve de Murville Camps*; Tomíris Forner Barcelos*; Tânia Maria José Aiello Vaisberg*

Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo - SP - Brasil

 

 


RESUMO

A presente pesquisa teve como objetivo investigar a potencialidade mutativa do estilo clínico "Ser e Fazer" na clínica da escolha profissional. Realizou-se por meio de estudo de caso, constituído pelo atendimento de sete adolescentes de classe média. As sessões configuraram-se ao redor do uso do teatro de espontaneidade winnicottiano. O processo clínico foi registrado por meio de narrativas transferenciais, consideradas à luz do método psicanalítico, tendo em vista verificar ocorrência, ou não, de movimentos de trânsito entre campos de sentido afetivo-emocionais subjacentes às manifestações de conduta em busca de aumento de integração emocional e superação de dissociações defensivas. Pode-se afirmar que os participantes foram beneficiados, na medida em que foram detectados indícios de transformações na experiência emocional relacionada à escolha profissional.

Palavras-chave: Orientação profissional; adolescente; pesquisa psicanalítica; psicanálise winnicottiana.


ABSTRACT

This research aims to investigate the mutative potentiality of the clinical setting "Ser e Fazer na escolha pro-fissional" (Being and doing in the career choice). It was carried out through a case study, established by the attendance of seven middle-class teenagers. The sessions were configured around the use of the spontaneity theater based on a Winnicott's perspective. The clinical process was registered through transference narratives that were analysed in the light of the psychoanalytic method, in order to verify the occurrence or not of passage movements between fields of affective-emotional meaning, underlying manifestations of conduct aimed to increase emotional integration and overcoming defensive dissociations. It can be argued that participants have been benefited, as it was detected evidence of changes in emotional experience related to career choice.

Key words: Vocational guidance; teenager; psychoanalytic research; Winnicott psychoanalysis.


 

 

INTRODUÇÃO

A passagem da infância para a vida adulta apresenta contornos diferenciados na sociedade ocidental, em virtude das desigualdades sociais que caracterizam o mundo contemporâneo. De um lado, foi observada a adolescência de pessoas provenientes das camadas médias da sociedade, que gozam de proteção familiar e podem pensar o futuro em termos de escolhas profissionais ligadas à formação universitária. De outro lado, foram encontrados jovens que deixaram de frequentar a escola antes de alcançar o nível médio e devem entrar no mercado de trabalho, que lhes oferece opções muito restritas. Notou-se que os primeiros parecem viver a adolescência como um período de transformações, acompanhado tanto por sonhos, expectativas e esperanças de realizações, bem como por sentimentos de insegurança, dúvidas e dificuldades. Mesmo atravessados por sentimentos semelhantes, os segundos, muitas vezes, necessitam escolher ocupações que lhes permitam auferir ganhos imediatos possibilitando a própria subsistência e a colaboração com o sustento familiar. Entre esses últimos, muitos chegam a frequentar cursos de graduação, normalmente em faculdades particulares, em cursos noturnos, quando na idade adulta, mas muito raramente alcançam a universidade pública ou faculdades de reconhecida qualidade acadêmica (Barus-Michel, 2005).

Na presente pesquisa foram focalizados adolescentes de classe média, que frequentam colégios particulares, habilitando-os, possivelmente, a conseguir boas vagas universitárias. Pesquisar a realidade descrita parece ser fundamental, não no sentido de valorizar apenas uma clínica privada, que atenderia convenientemente pacientes de alto poder aquisitivo, mas, porque se reconhece que as profissões ligadas à formação universitária são muito importantes na organização de setores vitais para a sociedade, tais como a saúde, a educação, a construção civil, o saneamento, as comunicações, a logística dos transportes, a vida jurídica e outros. Entende-se que todo o universo laboral é fortemente afetado pelas ações de indivíduos e grupos que ocupam cargos que requerem formação universitária, mesmo que outras dimensões concretas, de ordem econômica, geopolítica, cultural e histórica sejam, evidentemente, fortemente determinantes na configuração que assume a situação dos trabalhadores de um país.

Ainda que não seja desconhecida a tendência prevalente a pensar a escolha profissional de um modo bastante idealizado e socialmente descontextualizado, como realização do indivíduo, uma visão mais realista das condições concretas de vida revela, facilmente, que a escolha profissional é um problema de grande importância social. Psicologizar essa questão, no sentido reducionista, não é coerente com uma visão psicanalítica dialética da realidade, que tem sido cultivada a partir do estudo do pensamento de Bleger (1958, 1963), autor cujas contribuições vêm sendo redescobertas e reconhecidas, nos últimos anos, de modo crítico e fundamentado (Rey, 2004, 2009), revelando profundas afinidades entre seu projeto e as tentativas contemporâneas de criação de um pensamento latino-americano consistente, segundo visões pós-coloniais (Ballestrin, 2012).

Diante da problemática ligada à escolha profissional, que possui grande impacto social, acre-dita-se na relevância da rigorosa investigação de um modelo de atendimento clínico diferenciado, capaz de ajudar os jovens a resgatarem, descobrirem e desenvolverem criativamente suas potencialidades. Partindo de uma perspectiva que compreende a existências de diferentes modos de adolescer, associados às diferentes condições históricas, econômicas e sociais (Barus-Michel, 2005), buscou-se realizar um processo de orientação profissional que estivesse maximamente próximo da realidade vivida pelos adolescentes em questão. Para tanto, foi considerado necessário o uso de atendimentos diferenciados, que extrapolassem o uso exclusivo de testes. É importante ressaltar que se compreende que o uso de escalas e testes possa ser adotado por várias abordagens psicológicas. Entretanto, a perspectiva teórica do presente trabalho aponta para uma clínica que busca sustentar a gestualidade espontânea da pessoa, favorecendo autonomia em diferentes processos de escolhas de vida e não exclusivamente na decisão sobre a profissão a seguir.

Assim, trata-se de enquadre de trabalho clínico que não considera o indivíduo de modo abstraído das condições de sua existência, mas como pessoa concreta, inserida em contextos sociais, econômicos, geopolíticos, históricos e culturais específicos. Compartilha-se a preocupação e o interesse de problematizar a metodologia da orientação profissional de forma científica, em busca de práticas sintonizadas com a alta complexidade das questões sociais contemporâneas. Podem ser encontrados estudos interessantes, que questionam a orientação vocacional essencialmente pautada em testes e que desconsideram as condições concretas de vida das pessoas, limitando-se à busca e ao aperfeiçoamento de procedimentos técnicos que abordam a escolha tão somente como questão psíquica interna (Barros, 2010; Almeida & Magalhães, 2011; Guichard, 2012). Ora, é importante lembrar, ainda que de passagem, que a assunção de objetivos política e ideologicamente conservadores e conformistas opõe-se a esforços que buscam transformações sociais significativas, apostando na possibilidade de criação social de um futuro que não seja mera reprodução do passado, mas que possa permitir a emergência do novo (Santos, 2004; Machado, Mello & Branquinho, 2012).

No presente estudo, foi considerada uma modalidade de atendimento organizado a partir do uso do Teatro da Espontaneidade, proposto originalmente por Moreno (1984), mas que tem sido utilizado a partir de uma perspectiva fundamentada no diálogo privilegiado com o pensamento winnicottiano, seguindo o estilo clínico "Ser e Fazer", que se fundamenta paradigmaticamente no Jogo do Rabisco de Winnicott (1971/1975). Este estilo tem sido desenvolvido e estudado mediante a criação de dispositivos clínicos psicoterapêuticos e/ou psicoprofiláticos, funcionando como enquadres diferenciados que objetivam auxiliar grupos de pessoas a tornarem-se capazes de vivenciar gestualidades transformadoras de si e do mundo, a partir de uma posição existencial viva e real (Ambrosio, 2013).

Trata-se da configuração de um enquadre clínico diferenciado, no qual se busca favorecer a criação coletiva de uma peça teatral em que cada participante, a sua maneira, contribui com seu rabisco próprio. Dessa forma, expressando coletivamente seus rabiscos, os jovens se aproximam transicionalmente de temas e questões que os ocupam. Além disso, esse tipo de enquadre caracteriza-se também pelo uso de uma mala com roupas, acessórios e adereços diversos, tais como luvas, chapéus, máscaras, perucas. A mala é compreendida como materialidade mediadora, cuja disponibilização torna maxima-mente visível a dimensão brincante do encontro, favorecendo a produção coletiva de dramatizações. Personagens e situações variadas são encenadas em grupo, facilitando interações e diálogos numa situação de caráter transicional, que guarda analogia com a ideia de mundo temporário do filósofo Huizinga (1938/2000; Aiello-Vaisberg & Follador, 2003). Por essa via, os adolescentes são encorajados, de modo delicado e sutil, a se aproximarem de si e da realidade social, arriscando movimentos mais autênticos e integrados de self, trazendo para a cena dramatizada as questões que os atravessam, em ambiente terapêutico suficientemente bom, de caráter sustentador, onde são levadas em conta as possibilidades concretas de amadurecimento pessoal dos participantes.

Tal abordagem clínica, cujo potencial transformador aqui investigado, atende simultaneamente a registros preventivos e interventivos, em concordância com perspectivas que valorizam iniciativas psicoprofiláticas passíveis de favorecer o alcance e manutenção da saúde emocional de indivíduos e grupos (Bleger, 1963). Na literatura são encontrados relatos sobre o uso de dramatizações no processo de orientação profissional, tanto em atendimentos individuais (Carvalho, 1995; Bohoslavsky, 1977/2003), como em atendimentos grupais (Wainberg, 1997). O Teatro da Espontaneidade tem sido usado a partir de uma abordagem relacional pautada no holding, que busca favorecer o brincar, tal como propõe Winnicott (1971/1975). Diz respeito, então, a uma vivência que possibilita a aproximação de si mesmo, de modo vivo e real. Tem-se observado que nem sempre a escolha profissional se faz de modo integrado, como gesto espontâneo e ação criativa no mundo, em virtude de deficiências ambientais e de dificuldades no processo de amadurecimento emocional. Assim sendo, foi criada uma modalidade de atendimento que pretende favorecer movimentos de escolha saudável e de encontro de caminhos singulares, afinados com o estilo pessoal de ser do adolescente.

Na presente pesquisa foi empregado o método psicanalítico para aproximação da dramática2 vivida por jovens que estão à procura de uma definição sobre qual caminho profissional seguir. Mediante o uso do método psicanalítico, estratégia investigativa, que tem originado teorias e permitido a criação de diferentes enquadres de atendimento clínico e que tem como ancestral comum o dispositivo padrão freudiano, foi definido um recorte singular de abordagem da conduta humana, considerando-a enquanto experiência emocional vivida por indivíduos e grupos (Aiello-Vaisberg, Machado & Ambrósio, 2003). Deste modo é possível estudar a experiência emocional de variadas formas, em diferentes contextos clínicos ou extra-clínicos, como quando, por exemplo, são focalizados fenômenos sociais e culturais, tais como o preconceito (Aiello-Fernandes & Aiello-Vaisberg, 2011; Corbett, Aiello-Fernandes, Figueiredo & Aiello-Vaisberg, 2012, Aiello-Fernandes, 2013).

O método psicanalítico pode também ser usado de modo produtivo na realização de estudos sobre eficácia clinica ou potencialidade mutativa de atendimentos psicológicos, como é o caso do presente estudo. Desse modo é obtido um alinhamento coerente entre a postura epistemológica adotada durante os atendimentos propriamente ditos, que se configuram como encontros inter-humanos, podendo prescindir tanto de métodos que operam pela via da objetivação relativa, tais como testes e escalas, como de depoimentos que pressupõem um sujeito, cujo psiquismo seria inteiramente autoacessível, visão implícita que o próprio senso comum contemporâneo não utiliza nas interações cotidianas (Hollway & Jeferson, 2001).

Para a aproximação da experiência emocional dos adolescentes em processo de escolha pro-fissional busca-se encontrar os campos de sentido afetivo-emocional subjacentes às condutas dos adolescentes. Compreende-se os campos de sentido afetivo-emocional, ou inconscientes relativos, como mundos "psicológicos" humanamente produzidos, passíveis de serem habitados contínua ou transitoriamente. Assim, um campo existe a partir de condutas, que são atos puramente humanos, e é a partir desse campo, que novas condutas podem emergir (Aiello-Fernandes, 2013; Corbett, 2014).

 

ESTRATÉGIAS METODOLÓGICAS

O uso, que tem sido feito, do método psicanalítico em pesquisas empíricas sobre eficácia clínica ou potencialidade mutativa, pode ser organizado a partir da distinção de quatro tipos de procedimentos investigativos: procedimento de produção de material clínico, procedimento de registro, procedimento de produção interpretativa de campos de sentido afetivo-emocional e procedimento interpretativo de apreciação da sucessão dos campos. Tais procedimentos se sucedem no tempo, constituindo-se como um conjunto de atos e operações por meio do qual o método psicanalítico é colocado em marcha na pesquisa qualitativa de abordagem metodológica psicanalítica. Trata-se, como se vê, de modelo de pesquisa, que não utiliza a psicanálise como teoria estabelecida, a ser usada apenas na discussão de coletas realizadas segundo modos não-analíticos de levantamento, registro e tratamento de dados - algo que se constitui como outro modo de investigar psicanaliticamente a realidade empírica (Herrmann, 1979/2004). Sendo assim, nesta proposta, o método se mantém presente e atuante em todos os momentos da investigação.

Cabe chamar a atenção para o quarto procedimento investigativo, que permite a demonstração de alcance dos benefícios pretendidos, por meio da demonstração da ocorrência de trânsito entre diferentes campos, no sentido de diminuição de predominância de estados mais dissociados em prol da permanência em estados mais integrados de self que, via de regra, são vivenciados como experiências em que os indivíduos se surpreendem com seus próprios gestos, na medida em que ocorrem como aproximação de si e da dramática existencial do viver concreto.

No que diz respeito ao procedimento de produção do material, cabe comunicar que o acontecer clínico, cuja eficácia visa-se investigar, configurou-se por meio do estudo de caso de um grupo composto por sete adolescentes de classe média, provenientes de diferentes escolas particulares de São Paulo. Todos os adolescentes, bem como seus pais, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, tal como propõe o Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos. Os atendimentos consistiram na realização de cinco sessões grupais semanais, com duração de aproximadamente três horas cada uma, em ambiente de consultório. Vale lembrar que foram organizados sob a forma de um enquadre diferenciado conhecido como "oficina terapêutica de criação", adotando dramatizações como atividade mediadora da expressão adolescente e privilegiando o holding como intervenção terapêutica fundamental (Aiello-Vaisberg, 2003). No início dos primeiros atendimentos a terapeuta apresentava a mala descrita anteriormente, a fim de favorecer um clima de descontração entre os participantes, iniciando o uso de um ou outro adereço, demonstrando possíveis formas de criar cenas com eles e, conforme sentia a abertura dos adolescentes, começava a convidá-los a entrar na brincadeira. Conforme a proposta se tornou familiar para os adolescentes, não se fez mais necessária essa apresentação inicial.

Adotou-se como procedimento de registro das sessões a elaboração de narrativas transferenciais (Aiello-Vaisberg & Machado, 2005; Aiello-Vaisberg, Machado, Ayouch, Caron & Beaune, 2009), que tanto comunicam o que foi dito e feito, vale dizer, o que aconteceu, sob a perspectiva do pesquisador, como também os impactos emocionais que este vivenciou, aspecto que é considerado fundamental para a compreensão clínica. Buscou-se, deste modo, apresentar a experiência vivida, compartilhando impressões e sentimentos, que surgiram nas interações com os jovens, e elaborando textos de memória, após os atendimentos. Privilegiando a atenção flutuante, em momento algum foram tomadas notas durante as sessões, evitando o distanciamento, mesmo que momentâneo, do acontecer clínico. Compreende-se que as narrativas transferenciais favorecem a compreensão emocional, na medida em que cumprem de modo fiel as exigências constitutivas do método, que opera pela via da suspensão temporária de apegos a teorias, crenças, convicções e preferências ideológicas, permitindo uma maior abertura ao acontecer presente e à expressão dos participantes. Registros narrativos evitam abordagens intelectualizadas, objetivantes e dissociadas do acontecer clínico, facilitando o cultivo de aproximação máxima do fenômeno estudado, alinhando-se às investigações no campo da Psicologia concreta (Granato, Corbet & Aiello-Vaisberg, 2011; Granato & Aiello-Vaisberg, 2004). O conjunto das narrativas transferenciais, elaboradas pela terapeuta pesquisadora presente nos encontros, foi apresentado ao Grupo de pesquisa USP/CNPq Psicopatologia, Psicanálise e Sociedade a fim de ampliar as associações livres sobre o material e auxiliar na produção interpretativa dos campos de sentido afetivo-emocional.

O procedimento investigativo de produção interpretativa foi colocado em marcha por meio da retomada compreensiva das narrativas transferenciais, em busca de criação/encontro de campos de sentido afetivo-emocional, ou inconscientes relativos, que correspondem a lugares imaginário-vivenciais habitados psicologicamente pelos jovens (Bleger 1963; Aiello-Vaisberg & Machado, 2008). Consiste, basicamente, na produção de interpretações psicanalíticas, cujo sentido da interpretação se modificou inteiramente, deixando de significar apenas a enunciação de hipóteses sobre o mundo intrapsíquico, para incluir aquilo que é vivenciado na dramática vincular de acordo com o pensamento de Bleger (1963) e de Winnicott (1983/2008, 1975). Chegou-se a essas interpretações mediante uma capacitação especifica que permite a observação de três palavras de ordem, didaticamente enunciadas por Herrmann (2004): "deixar que surja", "tomar em consideração" e "completar a configuração de sentido". Os campos vivenciais implicam posicionamentos diante da vida a partir dos quais todas as condutas, entre as quais se inclui a escolha da profissão, podem acontecer como gestos espontâneos mais integrados ou como reações submissas e dissociadas (Winnicott, 1960/2008).

Finalmente, os campos de sentido afetivo-emocional, produzidos interpretativamente, passam a ser considerados em termos do procedimento interpretativo de apreciação da sucessão dos campos. Nesta etapa metodológica da pesquisa, procurou-se comparar os modos de organização afetivo-emocional dos campos entre si, visando diferenciá-los em termos de maior ou menor presença e expressividade de defesas dissociativas. Este trabalho fundamenta-se na perspectiva winnicottiana, que compreende as experiências mutativas como superação de dissociações e aproximação integrativa de si, do modo particular de ser, de sentir, de pensar, de viver (Greenberg & Mitchel, 1994; Aiello-Vaisberg, 2006; Aiello-Vaisberg, 2012). No presente estudo, trata-se, portanto, de observar psicanaliticamente o trânsito entre campos de sentido afetivo-emocional que subjazem ao movimento da escolha da profissão.

 

RESULTADOS

A retomada psicanalítica das narrativas transferenciais permitiu a produção interpretativa de quatro campos de sentido afetivo-emocional, ou inconscientes relativos: "Miséria e Riqueza", "Desonestidade e Oportunismo", "Fragilidade e Sofrimento" e "Realização Pessoal". Alguns campos apareceram em mais de uma dramatização, apontando para movimentos de trânsito entre os campos.

O campo denominado "Miséria e Riqueza"3 organiza-se a partir da crença de que escapar da miséria e ficar rico é condição essencial para uma vida respeitável. Percebe-se uma preocupação dos jovens em obter sucesso financeiro a qualquer custo, apontando para um imaginário no qual miséria e riqueza são compreendidas como índices confiáveis de fracasso ou sucesso pessoal.

Já o campo "Desonestidade e Oportunismo" é organizado ao redor da crença de que o sucesso profissional e financeiro depende fundamentalmente de esperteza e oportunismo. Nesse campo são encontrados indícios de como esses jovens sentem as relações estabelecidas entre as pessoas no contexto em que vivem, na medida em que surgem personagens desonestos, competitivos, arrogantes e invejosos, convidando a rever como o ambiente contemporâneo tem se refletido nos adolescentes.

O terceiro campo, que foi chamado de "Realização Pessoal", organiza-se pela lógica emocional de que é possível encontrar um trabalho que faça sentido e que traga alegria e satisfação pessoal. Alude à importância de certa integração no âmbito da vida individual, entre estilo pessoal e atividade profissional, ainda que aproxime estes dois termos de modo empobrecido. Observou-se uma linha imaginativa que considera a satisfação individual mais atrelada a uma lógica do consumidor do que a uma aspiração de contribuir significativamente na criação de um futuro melhor para todos (Santos, 2004).

O último campo interpretado, denominado "Fragilidade e Sofrimento", refere-se à crença de que as contingências do mundo contemporâneo não permitem, ou dificultam, encontrar um viver criativo transformador da condição vivida, levando as pessoas a trilharem vidas inautênticas e distanciadas de suas verdadeiras aspirações. Expressa, assim, uma visão de sofrimento subjetivo que sugere o entendimento de que a vida pode perder sentido, quando desejos e /ou exigências éticas, que incluem o outro, são negligenciadas.

 

DISCUSSÃO

A partir dos campos produzidos interpretativamente pôde ser observado que estes se inter-relacionam, na medida em que os jovens transitam entre esses diferentes campos ao longo das dramatizações, mostrando que conseguiram experimentar sentimentos e vivências diversas ao longo dos encontros, caminhando espontaneamente entre posturas mais ou menos defendidas.

Dentre as questões apresentadas pelos adolescentes, foi reconhecida a centralidade da preocupação financeira, ligada provavelmente a visões, segundo as quais uma vida bem sucedida deve se associar, forçosamente, ao consumo de bens sofisticados. Evidentemente, tal ideologia acirra sentimentos competitivos e individualistas, que se fortalecem diante do medo do fracasso profissional e financeiro. Parece não haver espaço para uma reflexão sobre direitos universais a vidas confortáveis, nas quais as necessidades de educação, lazer, saúde, respeito e dignidade, possam ser atendidas, abrindo um horizonte novo de possibilidades para todos. Ao contrário, trata-se tão somente de acertar em uma de duas possibilidades: pertencer a uma classe média abastada e consumista ou cair na pobreza e na impossibilidade de atendimento a necessidades básicas de sobrevivência. Tal acerto ou desacerto dependeria, a seu ver, única e exclusivamente do esforço individual, que independeria, imaginativamente, de chances e oportunidades concretas. Percebe-se, portanto, uma tendência a apresentar visões restritas e individualistas do viver, que se articulam intimamente com a desconsideração dos contextos econômicos e geopolíticos nos quais estão inseridos. O tipo de trabalho a ser realizado não é focalizado de modo nítido, deixando a impressão de que as atividades laborais não são importantes em si mesmas.

É interessante destacar que apesar de oriundos de famílias que gozam de condições financeiras estáveis, esses adolescentes se apresentam bastante receosos quanto à possibilidade de não contarem com recursos financeiros suficientes para suas necessidades consumistas. De forma recorrente, percebe-se que a preocupação com o dinheiro chegava a afetar a visão de valores, na medida em que o campo "Desonestidade e Oportunismo" surgiu com viva intensidade, complementando, de certo modo, o quadro invocado por "Miséria e Riqueza". Evidentemente, não foi esquecido de que esse trabalho se desenvolveu em termos essencialmente brincantes, sob forma de dramatizações. Contudo, não se pode ignorar o fenômeno preocupante de adolescentes, que não conhecem privações materiais importantes, cogitarem a possibilidade de aplicação de golpes delinquenciais como forma de enriquecimento.

Refletindo sobre as dramatizações nas quais surgiram personagens que passam necessidades ou que são doentes físicas e/ou mentais, que apareceram no campo "Fragilidade e sofrimento", pode-se considerar a possibilidade de esses adolescentes estarem comunicando que se sentem despreparados e em dúvida quanto às suas capacidades pessoais. Também se pode supor, que estejam assustados diante do desafio de encontrar uma profissão que lhes agrade e de se inserir no mercado de trabalho, bem como com a possibilidade de não conseguirem desenvolver suas potencialidades. Aparentemente o ambiente contemporâneo contribui para exacerbar sentimentos de dúvida e angústia no tocante à escolha profissional, visto a predominância de um cenário de descontinuidade e agilidade, carente de instituições seguras e de oportunidades para se elaborar um sentido para a própria existência. Esse campo coloca em evidência a fragilidade humana, que sofre com a possibilidade de sucumbir ao desconhecido e ao inesperado, e apoia-se em ideias relacionada a obter mais poder e controle das situações, a fim de aplacar medos e diminuir sua vulnerabilidade a eventuais eventos desagregadores da condição confortável vivida.

Foram encontrados momentos nos quais os jovens pareceram reconhecer as dificuldades e características do ambiente em que se inserem, eventualmente se sentindo roubados em seus sonhos de mudanças, percebendo-se incapazes e com dificuldades de transformar as situações desafiadoras em momentos de autenticidade e felicidade, sem precisar recorrer a desonestidades e oportunismos.

Foi observado um movimento integrativo pequeno, porém significativo, de mudança, com a transição do campo "Miséria e Riqueza", permeado por fantasias de aparências e riquezas, para o campo "Fragilidade e Sofrimento", no qual os jovens puderam entrar em contato com sentimentos de impotência aparentemente relacionados à insegurança frente a esse momento de transição para o mundo do trabalho. Apesar de parecerem autocentrados e imaturos no tocante à disponibilidade de considerar os outros, os adolescentes que participaram dessa pesquisa puderam rever seus anseios e sua colocação no mundo bem como reconhecer fragilidades e potencialidades, aprofundando-se na questão da escolha da profissão.

Esta discussão será finalizada com reflexões e comentários sobre o terceiro campo apresentado, o da "Realização Pessoal". Nesse campo, percebeu-se a aparição de personagens felizes em suas atividades profissionais, interessadas no que fazem, passando a ideia de possibilidade de trabalho afinado com interesses e singularidades. Além disso, tais personagens são retratadas em condições de vida variadas, contrapondo-se ao campo "Miséria e Riqueza", no qual a realização profissional só seria possível a partir do sucesso financeiro. Considerou-se esse campo importante, pois sugere o amadurecimento de sentimentos e ideias relacionados à escolha profissional, ajudando os jovens a trilhar um caminho mais afinado com seus gostos pessoais. Constitui-se, portanto, como expressão de alcance de estados mais integrados, sugerindo que as dissociações observadas em "Miséria e Riqueza" e "Desonestidade e Oportunismo" foram parcial, mas significativamente trabalhadas no contexto do acontecer clínico. No entanto, ainda assim esses adolescentes parecem pouco preparados para uma escolha da profissão que leve em conta preceitos éticos e que incluam o outro.

Ainda nesse campo, pode ser destacado o momento em que uma jovem apontou a grande preocupação do grupo com dinheiro, surpreendendo a todos (Camps, 2009). Assim como Winnicott (1971/1975), considera-se como importantes esses momentos em que os jovens se surpreendem com seus gestos, pois deste modo aproximam-se de si mesmos e da dramática existencial vivida. Essas experiências se mostraram valiosas, pois nesse momento em que muitos jovens se sentem inseguros em relação à profissão a seguir, oferecem oportunidade de viver situações brincantes e usufruir momentos de liberdade para criar e encontrar possibilidades para si. Portanto, considera-se que o atendimento clínico aqui proposto encerra um potencial de superação de dissociações, colaborando para uma maior integração emocional e ajudando na escolha profissional.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

É importante observar que, enquanto esta estratégia se preocupou em promover uma trajetória profissional pautada no gesto espontâneo, os adolescentes aqui considerados habitam campos de sentido afetivo-emocional, que se configuram conforme preocupação com objetivos consumistas e financeiros. Ficaram em segundo plano aspirações de ordem ética e de busca de autonomia e independência focadas no comprometimento de contribuir para a construção e aprimoramento do mundo em que vivem. Pode-se dizer que o futuro parece imaginado como mera reprodução do passado, onde as velhas ausências continuarão ausentes, em vez de tempo potencial para emergência do novo, de formas de vida humana, que ainda não existem, mas que podem vir a ser criadas (Santos, 2004).

Assim, o uso das estratégias investigativas utilizadas sustenta a afirmação de que o enquadre diferenciado proposto favoreceu a instauração de um campo brincante no qual os jovens puderam experimentar momentos de ação criativa e, deste modo, expressar e transitar entre diferentes campos de sentido afetivo-emocional. Considera-se que a eficácia clínica, manifestada na capacidade de beneficiar adolescentes em processo de escolha profissional, cuidando para que o campo da dramática de vida, que se dá sempre de modo contextualizado, jamais seja abandonado em prol de visões pautadas em reducionismo psicológico, cujo caráter é sempre restritivo e ideologicamente conservador.

 

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Recebido em 10/06/13
Revisto em 14/04/14
Aceito em 20/04/14.

 

 

* Endereço para correspondência: Tomíris - R. Eng. J. F. Bento Homem de Mello, 1.155. Fazenda Quirino, Campinas - SP. CEP: 13091-700. E-mail: tomirisfb@hotmail.com; serfazer@usp.br; Aiello-vaisberg@gmail.com
1 Este artigo é derivado de pesquisa da Tese de Doutorado de Cristhiane I. C. M. Camps intitulada "Ser e fazer na escolha profissional: Atendimento diferenciado na clínica winnicottiana", defendida em 2009 no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo.
2 O termo "dramática" foi usado no sentido politzeriano, para aludir à vida propriamente humana, para além de sua definição como fato "biológico". Esse termo não pretende ser usado segundo conotações românticas e idealistas, mas para englobar acontecimentos e interações concretos que são o material a partir do qual se tecem as experiências humanas (Politzer, 1928, p. 43).
3 A totalidade pormenorizada do material clínico pode ser encontrado na tese "Ser e Fazer na escolha profissional: Atendimento diferenciado na clínica winnicottiana", disponível no http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-28052009194703/pt-br.php

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