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Tempo psicanalitico

 ISSN 0101-4838 ISSN 2316-6576

PORTO, Marcelo Duarte; MARTINS, Francisco Catunda    TEIXEIRA, Zenaide Dias. A moral e a morte como defesas perante a culpa e a insatisfação libidinal em uma tragédia de Nelson Rodrigues. []. , 50, 2, pp.162-180. ISSN 0101-4838.

As afinidades da psicanálise com a literatura são inequívocas e estão presentes desde as primeiras formulações freudianas. Édipo Rei, de Sófocles, e as tragédias de Shakespeare são manifestações dessa relação. Neste trabalho, elegemos como objeto de análise da tragédia rodrigueana "A falecida", que estreou em maio de 1953. A hipótese proposta sobre os percalços de Zulmira, a protagonista, postula que seu contexto de pobreza cultural e material, a falta de afeto demonstrada pelo marido e o sentimento de culpa por tê-lo traído desencadeiam sua busca de elevação moral. Para ela o sexo, e todas as suas manifestações libidinais, passa a ser abominável e sua grande obsessão torna-se a cerimônia do seu enterro. As acusações do Supereu a atormentam a ponto de ela acreditar que apenas a morte, seguida por um enterro luxuoso, poderá redimi-la. Isso parece indicar que essa personagem intenciona buscar na morte e no ritual de purificação que a envolve, uma redenção para sua vida medíocre e neurótica. Zulmira torna-se uma vítima inerte do Supereu que, como veículo da pulsão de morte, acabará por levá-la ao padecimento. A ciência, representada pelo médico Dr. Borborena, não consegue escutar a queixa de desamor de Zulmira e sua estruturação histérica. Procede-se também a uma análise da narrativa por meio do modelo actancial proposto por Greimas.

: psicanálise; literatura; histeria; supereu; semiótica.

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