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Temas em Psicologia

 ISSN 1413-389X

     

 

Editorial

 

 

Desde a publicação inicial de TEMAS EM PSICOLOGIA (1993), a Comissão Editorial vem procurando pensar globalmente as publicações da Sociedade Brasileira de Psicologia e aprimorar cada uma delas em todos os seus aspectos. Quando da preparação dos três números publicados em 1994, uma importante modificação na nossa sistemática de trabalho já fora introduzida: a colaboração dos consultores editoriais, aos quais cada trabalho foi submetido. No processo de edição dos números que lançamos agora, corrigimos uma distorção que fora motivada exclusivamente pela falta de tempo e de infra-estrutura da comissão. Até então, só eram encaminhados aos autores pareceres a textos cuja publicação estava condicionada a alterações propostas pelos pareceristas. A partir de agora, passamos a encaminhar todos os pareceres, quer os trabalhos tenham sido aproveitados ou não para publicação. Desta forma, cada autor pode, daqui em diante, contar com o feedback dado ao seu trabalho.

Estes dois procedimentos, básicos em qualquer processo de publicação, são especialmente importantes na publicação de material de cunho científico. Em primeiro lugar, a arbitragem de revistas e periódicos científicos é critério fundamental de seriedade, cobrado pela maioria das agência de fomento à pesquisa e à publicação. Mais do que isto, é necessário garantir que a arbitragem seja feita por membros respeitados da comunidade de pares e segundo critérios claros e públicos. Por esta razão, a Comissão Editorial adotou os seguintes critérios para a seleção dos consultores editoriais:

1. ser professor-doutor, filiado a programa de Pós-Graduação em Psicologia;

2. com reconhecida competência e produção na área/assunto/tema do trabalho sob análise;

3. a decisão final sobre a indicação de um nome deve decorrer do consenso dentre os membros da comissão;

4. a consistência e substância do parecer emitido são avaliadas pela comissão e os resultados constituem critério para que um consultor editorial volte a ser convidado, se for o caso.

Ao mesmo tempo, a devolução do parecer aos autores é parte fundamental do trabalho científico, na medida em que constitui mais um momento de exposição à crítica e uma ajuda da parte de quem, com competência e com isenção, constituise em um leitor privilegiado do texto a ser publicado. E é assim que gostamos de nos sentir, pareceristas que somos todos nós.

Como todo processo de avaliação, porém, a arbitragem por pareceristas terá falhas. Sabemos que critérios de avaliação contarão sempre com vieses (que o treino e a responsabilidade pretendem corrigir). É inegável, também, que por melhor treinados e responsáveis que sejamos também como autores, nem sempre estamos preparados para aceitar a recusa de um trabalho que acreditamos ter sido elaborado com cuidado. Vieses - de parte a parte - tenderão sempre a escurecer um processo que se pretende que seja claro, transparente, e a atribuir ambigüidade onde se espera precisão.

É possível conceber maneiras de reduzir a ambigüidade e de tornar menos viesado o processo de arbitragem. Podemos aumentar o número de pareceristas, ponderar argumentos de pareceres ou mesmo estabelecer uma ponte entre autor e parecerista. Certamente, o resultado chegaria mais próximo do ideal, mas certamente não temos tempo nem recursos para isto, e nossos pareceristas - isto é, cada um de nós - precisariam abrir mais espaço em suas agendas por demais sobrecarregadas.

Entre todas as alternativas, e correndo todos os riscos, preferimos colocar em prática um procedimento viável de arbitragem - mantidos critérios sérios de seleção de pareceristas - que nos ajude a preservar o caráter social do critério último do que seja qualidade científica. O exercício desta socialização, esperamos, nos ensinará a aperfeiçoar critérios e a sermos autores e pareceristas menos viesados e menos ambíguos.