Cadernos de psicanálise (Rio de Janeiro)
ISSN 1413-6295
ARTIGOS
O brincar negativo na teoria de André Green
Negative play in André Green's theory
Fernanda Furieri PaesI, II*; Silvia Maria Abu-Jamra ZornigI, II, III**
IPontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC-Rio - Brasil
IILABPSI - Laboratório de Pesquisa: Constituição Psíquica e Clínica Psicanalítica - Brasil
IIISociedade de Psicanálise Iracy Doyle - SPID - Brasil
RESUMO
Tendo como referência a compreensão sobre o trabalho do negativo, buscamos, neste estudo, traçar algumas possibilidades de entendimento do conceito de brincar no quadro da teoria de André Green, assim como refletir sobre a proposição desse autor acerca de uma modalidade do brincar como um "brincar negativo". A partir da apresentação de um caso clínico, procuramos entender ainda em que medida teorizar sobre um brincar negativo traria implicações clínicas no manejo com pacientes que apresentam problemáticas relacionadas aos limites.
Palavras-chave: Brincar, Trabalho do negativo, Limites psíquicos, André Green.
ABSTRACT
Based on our understanding of the work of the negative, we seek in this study to outline some possibilities of understanding the concept of playing within the framework of André Green's theory, as well as to reflect on the author's proposition of a modality of playing as a "negative play". From the presentation of a clinical case, we try to understand to what extent theorizing about a negative play would have clinical implications in the management of patients who present problems related to the limits.
Keywords: Playing, Work of the negative, Psychic limits, André Green.
O brincar negativo na teoria de André Green
"O mínimo que podemos dizer sobre a realidade externa é que há horror demais nela [...].
Pergunto-me como aguentaríamos todos os traumas causados pela realidade sem o brincar."
(GREEN, 2013, p. 35)
Tendo como referência a compreensão sobre o trabalho do negativo, buscamos, neste estudo, traçar algumas possibilidades de entendimento do conceito de brincar no quadro da teoria de André Green, assim como refletir sobre a proposição desse autor acerca de uma modalidade do brincar como um "brincar negativo". Para isso, recorreremos primeiramente à teorização feita pelo autor sobre o trabalho do negativo, que se refere diretamente à sua abordagem sobre a pulsão de morte e sua importância na estruturação dos limites psíquicos, assim como na própria possibilidade de instauração dos processos de simbolização.
A reflexão sobre o negativo no quadro da metapsicologia surgiu recentemente e comporta diferentes conotações, podendo se referir à ausência de representação, a um funcionamento nocivo do aparelho psíquico ou à experiência de falta, de perda, na qual repousa a positividade que estrutura a vida psíquica. No quadro conceitual de André Green, o negativo é usado para designar "o oposto do positivo numa relação conflituosa ou simétrica; uma ausência latente daquilo que se opõe ao manifesto; e, finalmente, o nada, algo que nunca chegou a existir" (GARCIA; PENNA, 2010, p. 2).
A partir de sua clínica com pacientes-limite e de uma leitura profunda e inovadora da obra freudiana, assim como de Bion, Winnicott e Melanie Klein, o psicanalista francês nos apresenta o trabalho do negativo em psicanálise a partir de dois extremos: o estruturante, fundamental para a constituição do psiquismo, traduzindo-se pela negativação de um excesso e a fundação da possibilidade de simbolização; e o desestruturante, patológico, que, em última instância, leva o sujeito à impossibilidade de investir nos objetos, ou seja, na vida.
Tendo como referência a compreensão sobre o trabalho do negativo, buscaremos traçar algumas possibilidades de refletir sobre o brincar no quadro da teoria de Green, assim como nos questionar sobre a proposição desse autor acerca de um "brincar negativo" enquanto modalidade do brincar onde o que percebemos não é a criatividade e a possibilidade de investir em diferentes objetos, mas a repetição mortífera, que aponta para uma fixação. A partir dessa ideia, nos questionamos em que medida teorizar sobre um brincar negativo traria implicações clínicas para o manejo com pacientes que apresentam problemáticas relacionadas aos limites.
Por fim, traremos um fragmento clínico que nos ajudará a pensar sobre o brincar negativo na clínica com crianças e sobre as possibilidades de trabalho do analista quando a dinâmica do enquadre clínico é atravessada por essa questão.
O trabalho do negativo
"Para dizer sim a si mesmo é preciso dizer não ao objeto", nos diz Green (1986/2009, p. 375), apontando que é no âmbito de um não fundamental na relação do sujeito com o objeto primário que os limites psíquicos se constituem. O autor chama de trabalho do negativo o conjunto de operações envolvidas na constituição de uma ausência latente, ou seja, algo que permanece potencialmente existente, ainda que não esteja mais no campo da percepção. No conjunto de operações psíquicas que exercem essa função de negativação temos a excorporação, o recalcamento, a alucinação negativa, a clivagem, entre outras (GARCIA; DAMOUS, 2009).
Green relaciona diretamente a constituição dos processos de simbolização à possibilidade de construção de um espaço psíquico pessoal que se estrutura quando a relação com o objeto primordial permite o registro de uma ausência na psique. Desse processo decorreria a instauração de um duplo limite, que diz respeito tanto ao limite eu/não eu, quanto aos limites intrapsíquicos (GREEN, 1975/2017). Será a partir da leitura do texto A negativa, de Freud (1925/1996), que Green irá conceber o trabalho do negativo nos processos de constituição dos juízos de atribuição - responsável pela criação de um espaço interno onde o eu pode advir - e de existência, que diz respeito à distinção entre o objeto objetivamente percebido e o subjetivamente concebido (GREEN, 1986/2009). Quando bem-sucedidos, esses processos permitem a construção de representações, a capacidade de simbolização e de abstração, fundamentais para a instauração do pensamento (GREEN, 1975/2017).
No que diz respeito à constituição dos limites psíquicos, a excorporação é a operação inaugural, em que um "não" primeiro se expressa a partir do pulsional e da sua organização via oralidade. Nesse primeiro momento se configura o julgamento de atribuição feito com base na equivalência entre aquilo que proporciona prazer ou desprazer às funções de engolir ou cuspir, respectivamente: engole-se o que é bom, incorporando o que gera prazer - e cospe-se o que é experienciado como mau, excorporando o desprazer. É esse movimento de excorporação do mau que permite a instauração de um espaço interno onde o ego pode começar a se organizar (GREEN, 1986/2009).
É necessário destacar dois pontos fundamentais sublinhados por Green. Primeiramente, esse movimento de expulsão não implica o reconhecimento do objeto, mas apenas do espaço externo, sobre o qual se expulsa o desprazer para o mais longe possível. Em segundo lugar, ainda não há um "eu", pois o limite eu/não eu dependerá das consequências dessa expulsão. O autor ressalta o papel fundamental do objeto primário nesse processo em pelo menos dois aspectos: o primeiro, que o objeto se ocupe da função de paraexcitação, livrando a criança do que é excessivamente desagradável em um prazo suficiente e tolerável; em segundo lugar, que o objeto possa receber a excorporação, que nesse momento podemos dar o nome de projeção, consentindo em vivenciá-la como má, transformando-a e restituindo-a ao bebê.
O que está em jogo é a própria operação do recalcamento primário, que se daria a partir dessa articulação: "o que é agradável ou desagradável para o eu se apoia no que é admitido ou não admitido pelo objeto. A relação com o objeto foi internalizada, o sim e o não foram introjetados" (GREEN, 1986/2009, p. 376). Instaura-se, assim, a divisão inconsciente/consciente, operação fundamental para a constituição subjetiva.
No entanto, a criação de um espaço interno diferenciado, que se configura como uma estrutura enquadrante (GREEN, 1974/2017) em que as representações e o pensamento possam se originar, depende do apagamento do objeto, o que só é possível a partir da função crucial desempenhada pela alucinação negativa da representação do objeto. Green (1986/2009) coloca que a alucinação negativa não diz respeito à ausência de objeto, mas remete à "representação da ausência de representação" (p. 382). Esta se constitui a partir da capacidade do objeto absolutamente necessário (seio da mãe alucinado) de se deixar apagar, possibilitando a construção de um espaço interno neutro que será, então, ocupado pelas relações de objeto (GARCIA, 2007, p. 129). Quando o objeto absolutamente necessário não se permite apagar, sua presença se torna excessivamente intrusiva, não podendo ser introjetado como estrutura enquadrante do psiquismo: "Nesse momento existe a coalescência entre objeto e pulsão, e o objeto, ao invés de tornar a pulsão tolerável, a torna intolerável, insuportável ao sujeito" (GARCIA; PENNA, 2010, p. 5).
Assim, a alucinação negativa é estruturante quando ela se sustenta em um duplo movimento de negação (FIGUEIREDO; CINTRA, 2004): negação interna do objeto, por um lado; e negação por parte do objeto, que se permite distanciar, por outro. Ou seja, é necessário que o objeto primário possa dizer não, podendo se fazer esquecer. Podemos entender, assim, que é necessário que haja um "desinvestimento suficiente" do objeto no bebê para que seu apagamento seja efetuado, revelando-nos a importância da ação da pulsão de morte para que o trabalho do negativo se dê.
É imprescindível, nesse sentido, que entendamos a teoria pulsional no quadro conceitual que Green propõe a partir de sua leitura da obra freudiana. Para além da associação das pulsões de vida e de morte aos movimentos de ligação e desligamento, Green (1986b) propõe como metas fundamentais das pulsões as funções objetalizante e desobjetalizante. A meta essencial da pulsão de vida seria a função objetalizante, que não só pressupõe a ligação com os objetos internos e externos, como diz respeito à própria possibilidade de transformar estruturas e objetos. A meta da pulsão de morte, por outro lado, seria realizar a função desobjetalizante, desligando o investimento no objeto, mas também atacando a própria capacidade de investir.
Podemos entender, então, o "não fundamental" por parte do objeto primário ao qual nos referimos anteriormente a partir da ação da pulsão de morte. Tal como coloca Green (1986/2009), esse não se dá "não apenas na forma 'você é mau', mas também chegando ao caso de 'você não existe'" (p. 376). Se a pulsão de morte não circula de maneira suficiente no objeto, ou seja "se ele falha em ser falível, a estrutura enquadrante igualmente se fragiliza e as pulsões não conseguem ser suficientemente contidas" (OLIVEIRA; WINOGRAD; FORTES, 2016, p. 83).
Voltando ao texto sobre A negativa (FREUD, 1925/1996), vemos que o segundo processo descrito, o julgamento de existência, diria respeito à diferenciação entre o interno e o externo, entre o objetivo e o subjetivo. Na leitura de Green, esse processo seria mais sofisticado do que o juízo de atribuição, pressupondo um trabalho ativo do pensamento, a construção prévia da possibilidade de representação e a recusa da satisfação pela via alucinatória. Temos aí também a importância do objeto nessa configuração, pois para que a recusa se efetue e o bebê possa abandonar a satisfação alucinatória, é necessário que ele encontre o objeto no mundo externo, ou seja, há o encontro de algo real que vem do outro e que porta, de alguma forma, a marca da diferença.
Assim, vemos como Green, em sua teoria sobre a constituição psíquica, tece suas hipóteses apostando em uma imbricação entre o caráter pulsional e o relacional dos processos, sem privilegiar uma perspectiva em detrimento da outra. O objeto primordial é entendido a partir de sua função estruturante do psiquismo, pois sua consistência e disponibilidade permitem o desenvolvimento da função objetalizante. Estando suficientemente disponível e suficientemente diferente do sujeito, o objeto pode permitir a delimitação de um espaço psíquico em que a diferença poderá advir.
Em outro polo, a partir dessa consistência objetalizante, a função desobjetalizante poderá operar promovendo a separação, o desinvestimento do objeto primordial, para que o sujeito possa investir narcisicamente em si mesmo e, posteriormente, em outros objetos. Assim, o trabalho do negativo permite essa criação de espaços vazios que possam ser potencialmente investidos, estando as pulsões de vida e de morte - a partir de suas funções objetalizante e desobjetalizante - operando juntas a favor dos processos de simbolização.
Compreender isso nos parece essencial para entendermos como Green concebe o pensamento e a construção do conhecimento e, por extensão, o brincar e sua relação com o pulsional.
O brincar e o brincar negativo
O trabalho do negativo na obra de André Green, concebido como estruturante do processo de simbolização e representação, é fundamental para entendermos a forma como o autor aborda o brincar, considerado "uma forma de pensamento, como o sonho" (GREEN, 2013, p. 33). Green aborda o brincar referindo-se principalmente à O brincar e a realidade, de Winnicott (1971), mas deixando claro que, embora seja grande admirador da obra de Winnicott, não compartilha de sua visão sobre o brincar em diferentes aspectos, sobretudo na desconsideração de Winnicott do caráter pulsional dessa atividade. Para Green, tanto a sexualidade quanto a destrutividade possuem papel fundamental no brincar. Além disso, para Green, o brincar não é sinônimo de saúde tal como o é para Winnicott. Green fala de um brincar em que a sexualidade e a destrutividade têm espaço. Esse brincar é baseado na vontade de dominar, de submeter o outro, proporcionando não apenas satisfação, como também alimentando a onipotência do sujeito. É nesse sentido que fala explicitamente de um brincar negativo: "Da mesma maneira que o brincar traiçoeiro, cruel e destrutivo são formas do não brincar, eles também podem ser vistos como um brincar negativo" (GREEN, 2013, p. 33).
Green concorda com Winnicott no que diz respeito "[à] localização do brincar no limite entre a realidade interna e a externa" (GREEN, 2013, p. 33), isto é, com a concepção do brincar como localizado no entre: entre a realidade interna e a externa, entre a perda e a substituição da realidade e, por fim, entre a realidade e o horror. A especificidade do brincar está em seu caráter de ação transformadora da realidade, seja ela interna ou externa, desfazendo, recombinando e criando algo novo.
Em consonância com a teoria winnicottiana, podemos ler esse espaço que estamos chamando de entre como uma zona paradoxal, onde o sujeito pode estabelecer relações com o objeto e também começar a representar sua ausência (GREEN, 1975/2017). No entanto, a partir da leitura do psicanalista francês, o espaço transicional não é entendido a partir da díade mãe-bebê, mas a partir da triangulação, da terceiridade.
A partir dos conceitos de "mãe suficientemente boa" e "preocupação materna primária", Winnicott apresenta o desenvolvimento do sujeito em relação com a realidade como mediado por um objeto suficientemente adaptado às suas necessidades, que garante a experiência de ilusão, ou seja, a percepção de que aquilo que ele vivencia como realidade externa coincide com sua capacidade criativa. A perda dessa experiência de ilusão se daria pouco a pouco, com as falhas do objeto, que vai se adaptando cada vez menos, na medida em que o bebê pode suportar essas falhas.
Em A intuição do negativo em O brincar e a realidade, Green ressalta que na teoria winnicottiana, para o desenvolvimento psíquico do bebê, tão importante quanto a presença qualitativa do objeto seria a sua capacidade de falhar, de se ausentar por um tempo suportável para o bebê, ou seja, sua capacidade negativa. Nesse texto, Green defende que a ideia sobre o trabalho do negativo subjaz presente no quadro teórico do psicanalista inglês, ainda que não tenha sido fruto de uma teorização em sua obra. Segundo ele, na obra winnicottiana podemos ler a dupla acepção do conceito, ou seja, tanto o negativo pensado como uma qualidade inerente ao funcionamento psíquico - logo, parte do desenvolvimento normal - como o conceito de objeto transicional, entendido como um objeto não-eu, quanto a partir de um entendimento sobre "a importância fundamental da ausência na psicopatologia da área transicional" (GREEN, 1997, p. 73, grifo nosso), referindo-se às patologias do vazio.
No entanto, ainda que reconheça sua dívida com Winnicott, Green se diferencia deste, pois traz em sua obra a pulsionalidade para o primeiro plano no contexto da relação do sujeito com o objeto primário. Na leitura do francês, para além do aspecto arcaico que permite a identificação com a criança teorizada por Winnicott na "preocupação materna primária", a mãe se apresenta desde o início marcada por uma paixão incestuosa que inscreve o pai como uma figura de ausência, o que é condição para a instauração de um espaço entre a mãe e a criança. É esse espaço que permite que o prazer compartilhado entre mãe e bebê possua a marca de uma diferença que permite à criança investir em seu próprio processo de investimento, ou seja, promover a função objetalizante, entendendo que, na verdade, há mais de um objeto (GREEN, 1986/2009).
Trazer a pulsionalidade como elemento constitutivo da relacão do sujeito com o objeto primário permite pensar o brincar não apenas a partir da experiência de continuidade proporcionada por uma relação mãe-bebê suficientemente boa, mas como uma atividade localizada entre o mundo interno e o externo, na qual as pulsões, tanto sexuais quanto destrutivas, têm grande participação (GREEN, 2013). O brincar pode estar tanto a serviço do estabelecimento da relação e da comunicação quanto a serviço da destrutividade e do desejo de submeter o outro: "o brincar é uma categoria que vai além do bem e do mal" (GREEN, 2013, p. 39). É pela pulsionalidade inerente a esse brincar "traiçoeiro, cruel, destrutivo" que Green propõe pensarmos em um brincar negativo.
Parece-nos que Green só pode construir essa suposição a partir do entendimento de que, ainda que seja promotor de um relacionamento possível com a realidade, o brincar nem sempre é sinônimo de saúde, mas, em certas configurações, o brincar pode ser parte da doença. O brincar negativo, nesse sentido, pode apontar para dificuldades no que diz respeito à constituição do trabalho do negativo, falando de uma relação em que o objeto insuficiente não pôde se permitir apagar, não podendo ser engolido ou cuspido na lógica da excorporação, ficando obstipado, "demarcando o contexto da analidade primária" (GARCIA; DAMOUS, 2009, p. 111). Nesse sentido, o objeto primário "provoca, desse modo, uma dupla angústia, de intrusão e de separação" (GARCIA; DAMOUS, 2009, p. 111).
O brincar negativo se torna uma possibilidade de relação com esse objeto "amado pela via do ódio e da repulsa" (FIGUEIREDO; CINTRA, 2004, p. 43 apud GARCIA; DAMOUS, 2009, p. 111), assim como forma de contenção da violência pulsional, na medida em que o objeto, aderido à pulsão, fracassou na tarefa de torná-la mais tolerável. O adjetivo "negativo" é entendido nessa leitura como a tentativa de uma ação negativante que se coloca como possibilidade de substituir um trabalho que não ocorreu no contexto da constituição da vida psíquica daquele sujeito. Ele é insuficiente, mas pode ser o único trabalho possível para aquele sujeito naquele momento.
Outra leitura para esse adjetivo pode ser entender o brincar negativo como o oposto do positivo em uma relação simétrica. Isso porque, se a especificidade do brincar estaria, para Green, em seu caráter de ação transformadora da realidade, seja ela interna ou externa, que possibilita ao sujeito desfazer e recombinar a realidade criando algo novo, o brincar negativo teria como característica a propensão ao aprisionamento em compulsões repetitivas (GREEN, 2013), o que novamente nos aponta para a obstipação do objeto primário, que não pode se deixar apagar.
Essa suposição de Green no que tange à clínica com crianças traz desdobramentos. Winnicott, ao considerar o brincar como sinônimo de saúde, nos diz que a primeira tarefa do analista frente à criança que não brinca será construir para ela a possibilidade de brincar (WINNICOTT, 1942). Parece-nos que poder ler determinadas expressões do brincar como um brincar negativo, e não como uma ausência do brincar, nos abre possibilidades de manejo na clínica que indicam um novo lugar para o analista. Traremos agora o fragmento de um caso clínico que acreditamos poder nos oferecer indicações sobre os desdobramentos que essa leitura pode ter para a clínica com crianças.
O caso de Ciro, 5 anos
Ciro tem cinco anos quando a escola encaminha a mãe para que procure atendimento psicológico para seu filho. Na carta de encaminhamento, a coordenadora pedagógica relata que o menino é violento, pondo a si e aos colegas em risco. Violência é um significante presente em toda a história do menino, desde as entrevistas com a mãe até as brincadeiras que apresenta em análise. Falaremos brevemente sobre a história de Ciro, mas focaremos em uma sessão específica, onde acreditamos que o que estava em jogo era uma expressão do brincar negativo.
Nas primeiras entrevistas, a mãe de Ciro nada pode dizer sobre o filho. A analista pede que ela fale sobre o porquê da procura pelo atendimento e ela estende um papel em que consta o encaminhamento feito pela escola para o Serviço de Psicologia. A analista pede que ela fale sobre a criança e ela gagueja, tenta começar uma frase, mas não consegue falar nada sobre ele, repetindo sem parar: "O Ciro? Ele é... O Ciro é... só Jesus."
Notando a dificuldade, a analista pede para que ela fale sobre si. Ela também encontra dificuldades, mas consegue articular uma breve história. Fala que é "da Igreja", mas não sabe dizer qual; que é doméstica, ganha pouco, mas não sabe quanto ("Ganho um salário mínimo, quanto é um salário?"). Só quando questionada sobre o pai de Ciro parece ser possível começar uma narrativa, na qual o homem é descrito como alguém que havia sido terrível para ela, alcoólatra e violento, tendo morrido quando o menino tinha três anos. Ela diz ter ficado aliviada com a morte do marido e, quando a analista pergunta a causa de seu falecimento, ela diz: "De cachaça. Foi de um dia para o outro."
Nas entrevistas que se seguiram com a mãe, ela conta toda a sua história a partir dos homens de sua vida, marcadamente violentos. Seu pai era alcoólatra e morreu quando ela era muito pequena, a ponto de ela não se lembrar direito dele. Mas, pelo que sua própria mãe conta, ele era "muito mau". A mãe logo se casou com outro homem, que também bebia e era muito violento com ela, com os irmãos e com a mãe. Ela saiu de casa bem nova, quando contou à mãe que um tio (irmão da mãe) havia tentado molestá-la e não recebeu nenhum acolhimento da mãe, que não acreditou nela.
Continua contando uma vida de extremo sofrimento graças aos homens, agora não mais os homens de sua mãe, mas os seus: veio para o Rio de Janeiro e conheceu o pai de sua primeira filha, que hoje tem 17 anos, e que a abandonou grávida. Ficou sozinha com a filha, "dormindo no papelão, no chão da casa dos outros". Em seguida, conheceu seu segundo marido, pai de sua segunda filha, de 11 anos, e de Ciro, filho mais novo, de cinco anos.
Depois de falar sobre a série de homens de sua vida, a mãe pode começar a falar de Ciro. "Ele é impossível", diz ela. Acrescenta que quando leva o filho para a escola, ele já avisa: "Vou fazer bagunça". Ela ordena que ele não o faça, mas ele insiste em dizer que vai fazer, e realmente faz. Então ela perde o controle e bate muito nele, o espanca. Diz que sabe que está errada, mas não consegue se controlar.
Nessas entrevistas preliminares pode-se perceber como a violência permeia toda a narrativa da mãe de Ciro. É a violência de suas relações que motivaram as mudanças de sua vida, a violência do filho e dela com o filho que permitiram uma demanda de análise para a criança.
Na primeira sessão em que Ciro comparece, após um grande número de entrevistas com a mãe, os dois entram na sala juntos a pedido da analista e, a partir da dinâmica que os dois apresentam naquele momento, pode-se perceber a grande irritação e brutalidade que a mãe demonstra a qualquer movimento do menino: quando ele bate os pés no chão, faz alguma pergunta à analista ou pede para ver os brinquedos da sala.
Nas sessões seguintes, Ciro passa a entrar sozinho. Explora a caixa de brinquedos, manipula os objetos sem parecer perceber a presença da analista na sala. Um dia, resolve usar as tintas e passa a repetir sempre a mesma ação: derrama todo o conteúdo de cada um dos potes de tinta em cima do papel e começa a misturá-las. Ele pinta toda a mesa e as bordas do papel somem naquela confusão de tinta, fato que o menino parece nem perceber até o dia em que a analista pergunta onde está o papel, ao que ele responde: "Não tem papel". A analista garante que o papel está lá e propõe que o procurem juntos. Com a ajuda de uma caneta, os dois, Ciro e a analista, conseguem "pescar" o papel - para prazer do menino, que dá grandes gargalhadas. A analista chama atenção para a mesa, que está toda pintada, com exceção do lugar onde estava o papel. O contorno do papel estava lá.
Em seu texto A intuição do negativo em O brincar e a realidade, Green traz uma rica metáfora a partir da imagem das "mãos negativas" produzidas pelos homens pré-históricos nas paredes das cavernas. Nos diz ele que, para representar as mãos, os homens pré-históricos utilizavam-se de dois métodos: o primeiro, mais simples, consistia em colocar tinta na mão e carimbá-la na parede, deixando ali um traço direto. O segundo, que Green considera mais sofisticado, consistia em posicionar a mão na parede e espalhar tintas em volta dela. Assim, a mão que se separa da parede seria "uma mão não-desenhada na parede" (GREEN, 1997, p. 86). Para o autor, essa representação seria o resultado da separação física do corpo da mãe.
Nesse sentido, pensamos na atividade com tintas como um momento inaugural na análise dessa criança, momento em que o enquadre analítico pode começar a se estabelecer a partir da percepção de um espaço em branco no que antes parecia total indiferenciação. Assim como aponta Green com a metáfora das mãos negativas, o processo de separação - necessário para que se instaure a possibilidade de simbolização da alteridade - depende da representação interna do negativo, ou seja, "uma representação da ausência de representação" (idem, p. 73). Green coloca que para que esse processo ocorra é de maior importância a construção de uma estrutura enquadrante, um suporte que permite que o bebê tolere a ausência da representação, pois essa estrutura "dá sustentação ao espaço psíquico" (idem, p. 83). A dinâmica que Ciro apresenta nos faz pensar nos percalços na construção da estrutura enquadrante para essa criança a partir da ideia de um objeto primário ameaçador.
A mãe de Ciro só pode começar a falar de seu filho a partir da violência. A sucessão de homens violentos com os quais se relacionou em sua vida, desde seu nascimento, parece ser condição para a possibilidade de incluir essa criança em uma narrativa. A referência ao elemento terceiro aqui é mediada não pelo desejo, mas pelo horror, pela ameaça.
Como colocamos anteriormente, para Green, os primórdios do psiquismo estão marcados por três elementos - mãe, pai e criança -, e não apenas dois. Com isso, o psicanalista francês faz referência à triangulação como anterior à fase edípica, mas não como um "Édipo originário", como presente na teoria de Melanie Klein. A triangulação em Green fala da presença do pai em negativo, "como uma figura de ausência" (URRIBARRI, 2012, p. 150) que estaria presente na mente da mãe.
É pelo caminho da configuração da fantasia a partir da cena primária que Green (1980/1988) estabelece a ideia do "fantasma isomórfico do Édipo", em que a criança é desde sempre inscrita em uma triangularidade, na medida em que é marcada pelo Édipo de seus pais. A partir da fantasia da cena primária, o sujeito converte-se em um terceiro excluído, pois, ainda que esteja ali paradoxalmente como presença potencial, não é testemunha da cena, estando excluído do casal parental. A princípio, sem os recursos proporcionados pela elaboração da dupla diferença dos sexos e das gerações - configurada posteriormente pelo Édipo -,a criança empreende uma tentativa narcísica de completude, de unir-se ao casal parental. Nesse sentido, é necessária a presença qualitativa do objeto primário, investindo no sujeito para que sua ausência na cena primária possa ser tolerada, ou seja, é preciso que ela seja incluída, pensada, investida, para que ela possa suportar sua exclusão.
Para Ciro, podemos dizer que a violência obstruiu o investimento, o desejo, contaminando toda a cena e impossibilitando um distanciamento. A cena primária fica congelada e se atualiza a partir da violência. Assim, a ameaça pulsional se torna intolerável, tal como veremos na sessão que descreveremos agora.
A sessão acontece em um momento posterior a um longo período de brincadeiras onde a agressividade de Ciro era expressa no que ele chamava de "brincar de casinha". A seu comando (no papel de mãe), a dupla arrumava a casa com panelas, fogão, talheres e, enquanto essa arrumação se dava, ele repetia gritos, palavrões e dava tapas na mesa, chamando a "filha" de abusada, reclamando que ela não arrumava a casa; ameaçava "quebrar tudo" e dizia ter vontade de "colocar fogo em tudo". Era impossível arrumar a casa de forma que agradasse à mãe, e essa era a intervenção da analista enquanto suportava as ameaças, sessão após sessão, sem ter como ser "uma boa filha".
A sobrevivência do enquadre aos múltiplos ataques permitiu que o menino fosse substituindo a brincadeira por outras. Após um período de duas semanas de férias, que foi marcado pela descoberta de uma gravidez de sua irmã mais velha, o menino volta bastante desorganizado. Tem dificuldade de falar, de formar frases compreensíveis e, quando consegue, retoma a brincadeira "de casinha", que havia abandonado muito antes das férias. Dessa vez, no entanto, a brincadeira muda, e ele diz que será o pai - e não a mãe, como antes -, e a analista será o filho. O terceiro elemento é um boneco que ele diz que será filho da analista. Arruma-se a casinha rapidamente e ele diz que é hora de dormir, deita-se no sofá e ordena que a analista deite-se ao seu lado. Diante da recusa da analista, ele diz: "Então vou apagar a luz e aí tanto faz, você vai estar deitada do meu lado mesmo sem querer." No escuro da indiferenciação, Ciro entende que pode submeter o objeto, dominando-o.
O afastamento provocado pelas férias e a gravidez da irmã parecem ter sido o estopim para essa atuação de Ciro, remetendo a uma angústia de intrusão e de separação para a criança, que parece estar sempre ameaçada pela possibilidade de uma fusão regressiva. O que se configura nessa atuação, que caracterizamos como um exemplo do que Green qualifica como um brincar negativo, é a sua referência à cena primária. A criança ignora todos os elementos que estruturam o espaço, a diferença inaugurada pela triangularidade da presença do terceiro na cena primária: não há diferença geracional - ele é o pai e a analista, o filho, e ele propõe que se deitem juntos -, nem de sexos - ele é o pai e a analista, o filho, e podem gerar um bebê -, nem entre ser pensado e existir de fato, pois o bebê existe desde já na cena que Ciro espera compor, sendo testemunha concreta do gozo dos pais.
A cena é muito angustiante para a analista, que se sente realmente "refém" de uma situação da qual não pode sair. Assim como indica Green (1974/2017), pacientes que apresentam problemáticas relacionadas ao limite provocam uma intensa contratransferência que pode ser relacionada a ataques direcionados à capacidade de pensar do analista, sendo necessário que o analista confie em sua capacidade vinculatória para possibilitar a expressão de algo que não pode ser representado de outra forma.
Há uma diferença fundamental entre o primeiro exemplo da brincadeira de casinha, que foi repetido muitas e muitas vezes por Ciro, e o último, que só se apresentou em uma sessão. A agressividade estava presente na primeira brincadeira, mas ligada à criatividade, na medida em que o menino rearranjava suas percepções edificando uma nova ordem, em que ele não era atacado, mas atacava, numa espécie de fort-da freudiano - atacava o objeto, afastava-o de si e o via sobreviver aos ataques, assim como transformava em atividade o que vivia passivamente no contexto da violência materna.
Na segunda brincadeira não há agressividade, e ainda que seu conteúdo possa ser interpretado a partir de uma tentativa de sedução edípica, a dinâmica do brincar não remete à triangulação necessária a esse tipo de interpretação, mas sim à tentativa de controle onipotente do objeto. Nela, Ciro nos transporta para o escuro da indiferenciação, nos paralisando em uma cena tão obstruída que não comportava nenhum contorno de significação, apenas a repetição mortífera. Nesse contexto, o brincar apresenta um caráter evacuatório, um transbordamento pulsional que ameaça desestruturar o espaço por excelência do brincar, "no limite entre a realidade interna e a externa" (GREEN, 2013, p. 33), entre o sujeito e o objeto, entre a realidade e o horror.
Assim, nenhuma interpretação direta foi feita, mas a analista agiu a partir de sua necessidade de "respirar", propondo que eles abrissem a janela e deixassem a luz do sol e o ar entrarem. Abrir a janela parece ter proporcionado a "oxigenação" e a luz necessária para que fosse suportável a brincadeira em um campo tão claustrofóbico de representações.
Considerações finais
Em Peter Pan, J. M. Barrie descreve o caminho que os irmãos Darling percorreram voando até a Terra do Nunca sob o comando de Peter Pan como uma grande brincadeira, mas apresentando a todo o momento suas ameaças. O menino que nunca cresceu não tinha os limites bem delineados entre o brincar e a realidade, havendo sempre a ameaça de colocar os irmãos em uma situação sem retorno - como quando Miguel, exausto por estar voando há dias, literalmente, caía no sono e despencava lá de cima:
- Lá vai ele de novo! - exclamava Peter radiante.
- Salve o meu irmão! implorava Wendy, olhando com horror para o mar cruel lá embaixo.
Após algum tempo, Peter mergulhava no ar e pegava Miguel logo antes de ele bater no mar. Era lindo o modo como fazia isso, mas ele sempre esperava até o último segundo, e você sentia que o que lhe interessava era sua própria esperteza e não o fato de estar salvando uma vida humana. Além disso, Peter gostava muito de novidade, e a brincadeira que o fascinava num instante de repente parava de interessá-lo. Por isso sempre havia a possibilidade de que, da próxima vez que você caísse, ele fosse deixá-lo despencar até lá em baixo (BARRIE, 2013, p. 64).
Em todo o livro de Barrie, Peter Pan brinca e, em seu brincar, está sempre presente uma fantasia de onipotência expressa por sua "adorável arrogância", que esticava as fronteiras entre o brincar e a realidade quase ao ponto da destruição dele mesmo e dos outros.
A partir da leitura de Green, entendemos que uma suspensão da realidade está envolvida na constituição do brincar, que tal como colocamos se localiza entre as realidades externa e interna. Nesse sentido, o analista precisa compartilhar dessa suspensão, pois "é pré-requisito para poder fomentar aquele modo de funcionamento no qual ela [a criança] cria um mundo novo, rearranja suas percepções e combina diferentes elementos [...] edificando uma nova ordem" (GREEN, 2013, p. 37).
Green nos apresenta, no entanto, a possibilidade de pensarmos um brincar onde o que está em jogo não é a recombinação para a edificação de uma nova ordem, mas o aprisionamento em jogos de dominação que buscam a submissão do outro e que nos indicam dificuldades no relacionamento com o objeto primário e na constituição do trabalho do negativo.
Neste estudo procuramos apresentar a importância do trabalho do negativo para a estruturação psíquica tal como proposto por André Green, considerando a necessidade de se instaurar um não fundamental na relação com o objeto para que os limites se constituam. Ressaltamos também o papel fundamental do pulsional no objeto, mostrando que tão importante quanto o investimento libidinal no bebê é a circulação da pulsão de morte que, em sua função desobjetalizante, pode desinvestir no bebê tempo suficiente - e não mais que o suficiente - para que esse objeto possa ser apagado. É preciso que as janelas permaneçam abertas, como nos mostra Peter Pan.
O apagamento do objeto primário remete a outra conceituação de Green, a que nos referimos anteriormente: a triangulação na origem do relacionamento entre o sujeito e o objeto primário. Através de sua concepção sobre a terceiridade, o psicanalista francês nos permite pensar na triangulação anterior ao percurso edípico, com referência ao fantasma fundamental ou "fantasma isomórfico do Édipo". Esse fantasma não se refere a uma situação concreta tal como Freud propõe no texto sobre o homem dos lobos (GREEN, 1980/1988), mas à inscrição do sujeito na cena primária a partir da fantasia, como um terceiro excluído, presente enquanto desejo, mas ausente do gozo dos pais.
Apresentamos o brincar negativo tendo como referência a ideia de que o brincar pode não ser sinônimo de saúde, mas expressão de uma patologia. O brincar negativo não se caracteriza pela criatividade e pela possibilidade de investir em diferentes objetos, mas pela repetição mortífera, que aponta para uma fixação. Relacionamos esse brincar com a ideia desenvolvida por Figueiredo e Cintra (2004) sobre a obstipação do objeto que, na medida em que não pode ser negativado, fica retido, amado pela via do ódio.
Pensar esse brincar negativo em análise nos parece fundamental, não só porque ele é indicativo de uma problemática específica para aquele paciente, mas porque é no enquadre da análise que algo pode ser feito. Ao falar dos sonhos em pacientes que apresentam problemas em relação à constituição dos limites, Green aponta que dificilmente o sonho é interpretável, mas possui um caráter evacuatório, funcionando para aliviar o aparelho psíquico, não apresentando o mecanismo de deslocamento, mas de concretização. O brincar negativo segue o mesmo caminho, exigindo que o analista permaneça vivo em sua capacidade de pensar e de pensar pelo paciente seus "pensamentos não pensados" (GREEN, 1980/1988).
Referências
FIGUEIREDO, L. C.; CINTRA, E. U. Lendo André Green: o trabalho do negativo e o paciente limite. In: M. R. Cardoso (Org.). Limites. São Paulo: Escuta, 2004. p. 13-58. [ Links ]
FREUD, S. (1925). A negativa. Rio de Janeiro: Imago, 1996. (Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, 19). [ Links ]
GARCIA, C. A. Os estados limite e o trabalho do negativo: uma contribuição de A. Green para a clínica contemporânea. Rev. Mal-Estar Subj., Fortaleza , v. 7, n. 1, p. 123-135, mar. 2007. [ Links ]
GARCIA, C. A.; PENNA, C. M. P. A. O trabalho do negativo e a transmissão psíquica. Arq. bras. psicol., Rio de Janeiro, v. 62, n. 3, p. 68-79, 2010. [ Links ]
GARCIA, C. A.; DAMOUS, I. O silêncio do psiquismo: uma manifestação do trabalho do negativo patológico. Cadernos de psicanálise-CPRJ, Rio de Janeiro, ano 31, n. 22, p. 105-117, 2009. [ Links ]
GREEN, A. (1974). O analista, a simbolização e a ausência no contexto analítico. GREEN, A. A loucura privada: psicanálise de casos-limite. São Paulo: Escuta, 2017, p. 69-101. [ Links ]
GREEN, A. (1975). O duplo limite. In: GREEN, A. A loucura privada: psicanálise de casos-limite. São Paulo: Escuta, 2017, p. 268- 288. [ Links ]
GREEN, A. (1980). A mãe morta. In: GREEN, A. Narcisismo de vida, narcisismo de morte. São Paulo: Escuta, 1988, p. 239 - 274. [ Links ]
GREEN, A. (1986). O trabalho do negativo. Anexo 1. In: GREEN, A. O trabalho do negativo. Porto Alegre: Artmed, 2009, p. 289-294. [ Links ]
GREEN, A. Pulsão de morte, narcisismo negativo e função desobjetalizante. In: GREEN [et al.]. A pulsão de morte. São Paulo: Escuta, 1986. p. 53-64. [ Links ]
GREEN, A. A intuição do negativo em o brincar e a realidade. In: ABRAHAM, J. (Org.). André Green e a Fundação Squiggle. São Paulo: Rocca, 2003. p. 69-86. [ Links ]
GREEN, A. Brincar e reflexão na obra de Winnicott. São Paulo: Zagodoni, 2013. [ Links ]
OLIVEIRA, M. T.; WINOGRAD, M.; FORTES, I. A pulsão de morte contra a pulsão de morte: a negatividade necessária. Psicol. clin., Rio de Janeiro, v. 28, n. 2, p. 69-88, 2016. [ Links ]
URRIBARRI, F. André Green: o pai na teoria e na clínica contemporânea. J. psicanal., São Paulo, v. 45, n. 82, p. 143-159, jun. 2012. [ Links ]
WINNICOTT, D. Por que as crianças brincam? Rio de Janeiro: Zahar, 1942. [ Links ]
WINNICOTT, D. W. O brincar e a realidade. Trad. José Octavio de Aguiar Abreu e Vanede Nobre. Rio de Janeiro: Imago, 1971. [ Links ]
Artigo recebido em: 09/07/2018
Aprovado para publicação em: 25/08/2018
Endereço para correspondência
Fernanda Furieri Paes
E-mail: fernandafpaes@yahoo.com.br
Silvia Maria Abu-Jamra Zornig
E-mail: silvia.zornig@terra.com.br
*Pisicóloga e historiadora. Mestranda em Psicologia Clínica/Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Especialista em Psicologia Clínica com Crianças/Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Membro do LABPSI -Laboratório de Pesquisa: Constituição Psíquica e Clínica Psicanalítica.
**Psicanalista, Pós-Doutora em Saúde da Criança e da Mulher/Instituto Fernandes Figueira (IFF-Fiocruz). Doutora em Psicologia Clínica/Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Professora Adjunta do Programa de Graduação e Pós-Graduação do Departamento de Psicologia/Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Membro-Psicanalista da Sociedade de Psicanálise Iracy Doyle (SPID). Coordenadora do LABPSI - Laboratório de Pesquisa: Constituição Psíquica e Clínica Psicanalítica.