Cadernos de psicanálise (Rio de Janeiro)
ISSN 1413-6295
RIBEIRO, Marina F. R.. Alguns apontamentos acerca da função psicanalítica da personalidade no campo analítico: A narrativa do analista e a do escritor. []. , 41, 40, pp.169-187. ISSN 1413-6295.
^lpt^aA partir do relato da experiência do escritor turco Orhan Pamuk (2010) com uma de suas leitoras, o artigo propõe uma analogia com o campo analítico, em que se faz presente a intersubjetividade analista-paciente. É apresentado o contexto teórico dos conceitos de reverie, função alfa e função psicanalítica da personalidade, criados por Bion e discutidos por autores contemporâneos. Compreendida na perspectiva de autores pós-bionianos como um campo do sonhar do analista e do analisando, a situação analítica é sempre complexa, nela podendo ser realizada a função psicanalítica da personalidade. O artigo finaliza considerando que tanto a experiência entre autor e leitor, como entre analista e analisando, em especial, a relação de intimidade e proximidade que acontece nesses dois diferentes contextos é favorecedora de transformações. Tais transformações se dão por meio da função psicanalítica da personalidade: a capacidade humana de transformar as experiências emocionais, inicialmente em estado bruto, em narrativas, a do analista e a do escritor, na busca humana incessante pela verdade e pelo sentido daquilo que é experienciado.^len^aBased on accounts of the experience of Turkish writer Orhan Pamuk (2010) with one of his readers, the article proposes an analogy with the analytic field, in which analyst-patient intersubjectivity is present. The theoretical context of reverie will be presented, as well as the alpha function and the psychoanalytic function of personality, created by Bion and discussed by contemporary authors. Understood from the perspective of Post-Bionian authors as a dreaming field of the analyst and the analysand, the analytic situation is always a complex one, where the psychoanalytic function of personality may be realized. The article ends by considering that both the experience between author and reader and between analyst and analysand, especially, the relation of intimacy and proximity happening between these two distinct contexts favor transformations. Such transformations take place by means of the psychoanalytic function of personality: the human ability to transform emotional experiences, initially in a raw state, into narratives, both the analyst's and the writer's, in the human's restless quest for the truth and the meaning of what is experienced.
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