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Psicologia da Educação

versão impressa ISSN 1414-6975versão On-line ISSN 2175-3520

Psicol. educ.  n.21 São Paulo dez. 2005

 

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Introdução à psicologia da emoção

 

Introduction to psychology of emotion

 

Introducción a la psicologia de la emoción

 

 

Fausto Eduardo Menon Pinto

Psicólogo e Mestre em Educação, FE/Unicamp. E-mail: faustomenon@bol.com

 

 

Resenha do livro: D'Urso, V. e Trentin, R. (2001). Introduzione alla psicologia delle emozione. Bari/Roma, Editori Laterza, 396 p.

Quem é que nunca sentiu, pelo menos uma vez na vida, alguma emoção. Pode-se afirmar que isso é improvável, uma vez que todo ser humano já experienciou psiquicamente um estado de amor e ódio, alegria e tristeza e outros mais. De qualquer forma, o fato é que a temática das emoções tem despertado, desde o período da Grécia Antiga até os dias atuais, um interesse particular em estudiosos das mais diferentes áreas do saber, tais como a Medicina, a Filosofia, a Sociologia e a Psicologia.

Em torno desse questionamento, existe hoje na literatura científica, seja ela especificamente de natureza nacional ou estrangeira, uma série de livros-texto e periódicos que visam discutir a influência das emoções no funcionamento do ser humano. Nessa perspectiva, o livro italiano, há pouco tempo publicado no mercado editorial europeu, cujo título é Introduzione alla psicologia delle emozione, traz uma coletânea de artigos que procuram abordar as principais teorias e pesquisas empíricas acerca das emoções. Ambas as autoras dessa obra são docentes da Universidade de Padova, que está localizada na Itália. A primeira delas, Valentina D'Urso, ministra aulas na disciplina de Psicologia Geral, enquanto Rosanna Trentin leciona Psicologia Social. De modo didático, o livro está dividido em duas grandes partes, a primeira compreendendo um debate sobre os aspectos gerais que compõem o universo das emoções, dialogando com algumas concepções teóricas e pesquisadores de renome internacional, e a segunda abrangendo, por sua vez, um resumo sobre as principais emoções humanas.

Na primeira parte desse livro, intitulado de "Psicologia delle emozione", elencam-se alguns dados científicos concernentes à emoção. São informações relativas a aspectos cognitivos, sociais, biológicos (em nível psicofisiológico e cerebral), assim como a linguagem e expressão comportamental dos seres humanos.

D'Ùrso e Trentin definem o termo "emozione", comparando-o com os estados de ânimo e sentimento, acentuando que a emoção tem sido, freqüentemente, descrita na literatura como um estado afetivo que possui uma pequena duração de tempo - existe um início com uma fase de atenuação - e que congrega um evento multissistêmico, isto é, com alterações orgânica, motora e na forma de organização do pensamento do ser humano.

Embora possa parecer que essa conceituação seja igual a de outros manuais, as autoras procuram unificar os vários conceitos (biológico ou psicológico, por exemplo), que estão descritos separadamente em uma determinada parte do capítulo, em uma única definição de emoção que conjugue múltiplos elementos. Para ilustrar, ante os inúmeros exemplos aludidos no livro, comenta-se que, quando ocorre uma emoção intensa, o ser humano pode vir a ter uma modificação em sua expressão facial, na condutibilidade cutânea, na freqüência cardíaca e respiratória, na motilidade gastro-intestinal e até mesmo no funcionamento cognitivo e na composição de papéis sociais. Isso então quer dizer que, de acordo com as autoras, a emoção não é vista tão-somente como um evento singular e fragmentado, que produz apenas mudança de ordem orgânica, mas sim que resulta em um caráter biopsicossocial.

Quanto à segunda parte, exploram-se algumas emoções humanas: a tristeza, o embaraço, a nostalgia, a felicidade, a raiva e a ambivalência. Dessa lista, uma das emoções mais bem-ventiladas é a tristeza, por sempre estar associada a um quadro depressivo quando se torna muito constante. Interessante notar que as autoras salientam que a tristeza, por exemplo, é um termo que denota em si mesmo uma verdadeira complexidade de respostas, em que se verificam a redução do ritmo e freqüência cardíaca e a diminuição progressiva do estado de ânimo, podendo ser gerada por uma experiência negativa que acometeu o ser humano, como o falecimento de uma pessoa íntima ou muito amiga. Na descrição das emoções humanas, fica claro que as autoras enfatizam alguns teóricos para poder elucidar como se processam essas emoções no psiquismo, o que nesse caso significa refletir sobre trabalhos clássicos e pioneiros que vão desde a Psicanálise de Freud e Melaine Klein até mesmo a Psicologia Cognitiva de Frijda e Jhonson-Laird, entre tantos.

Depois dessa breve análise, há duas discussões que podem ser feitas. Em primeiro lugar, pode-se julgar que os capítulos do livro são bem-elaborados, tanto no uso de uma linguagem clara e objetiva, como também na descrição sucinta dos modelos teórico-psicológicos que estudam as emoções humanas. Em segundo lugar, um outro ponto sumamente importante a ser realçado é que no final de cada capítulo apresenta-se um quadro contendo uma "sintesi del capitolo", ou melhor dizendo, um resumo, com as principais idéias debatidas, fazendo com que o leitor, até de certa forma, reflita sobre os tópicos temáticos arrolados.

Finalizando, por ser um livro muito específico na área de psicologia, ele se torna um "aliado" no aprendizado de alunos e de profissionais, que se propõem a estudar o universo das emoções, pois consegue concentrar em um único material muitas áreas do conhecimento humano. Para os alunos de graduação, pode ser ideal como uma leitura coadjuvante na disciplina de Psicologia Geral, na qual se precise conhecer os componentes ligados à emoção: biológico e psicológico, como exemplo. Paralelamente, com relação aos docentes e profissionais, pode ser muito útil na elaboração textual de quadros teóricos em dissertações de mestrado e teses de doutorado, em que pese a discussão pormenorizada das emoções, e também como referência bibliográfica na prática docente diária. Além disso, sob o ponto de vista clínico, auxilia o psicólogo na estruturação de psicodiagnósticos e laudos psicológicos, especialmente no que condiz com uma melhor compreensão dos transtornos de humor, que estão intimamente associados às emoções humanas.

 

 

Recebido em julho de 2005.
Aprovado em novembro de 2005.

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