Revista Mal Estar e Subjetividade
ISSN 1518-6148 ISSN 2175-3644
ARAUJO, Maria Gercileni Campos de. Subjetividade, crise e narratividade. []. , 2, 1, pp.79-91. ISSN 1518-6148.
^lpt^aParte-se do pressuposto de que a subjetividade se engendra no social, incluindo modos de organizar as experiências do cotidiano, as formas singulares de agir, pensar e sentir. Contempora-neamente, a concepção de subjetividade desloca-se da herança Moderna, que a fazia equivalente à noção de sujeito auto-reflexivo, nos moldes cartesianos. A subjetividade não se reduz à coincidência consigo mesma, princípio de identidade, nem se confunde com a interioridade acessada pela ação reflexiva. A subjetividade está para além do eu, da individualidade, do si mesmo. Discutem-se os modos de produção da subjetividade apontando para a crise a que estão submetidas as sociedades capitalistas, como o Brasil. Apoia-se na hipótese de que essas sociedades tendem a bloquear processos de singularização e a perpetrar processos de individualização em série. Ameaçados na singularidade de seus modos de vida, os homens passam a organizar suas experiências segundo padrões universais que fabricam individualidades seriadas e manipuladas que proliferam como emblemas nos canais da mídia. Discute-se a noção de subjetividade enquanto ethos, e a concepção de experiência narrativa, nos termos de Walter Benjamin, articulando os espaços psicoterápico e psicanalítico, como dispositivos ofertados pela civilização do século XX, em que se pode tentar resgatar a possibilidade da singularização e da historicidade de subjetividades.^len^aWe start with the assumption that subjectivity is inbedded in the social, including the ways of organizing the daily experiences, the singular forms of acting, thinking and feeling. Nowadays, the notion of subjectivity moves out from the Modern inheritance, which understood it as equivalent to the notion of self-reflective subject within the cartesean frames. Subjectivity isn't reduced to the coincidence with itself - the principle of identity - and shouldn't be misconceptualized as the interior accessibility of reflective action. Subjectivity is beyond the "I", the individuality and the self. In this article is discussed the modes of subjectivity productiontaking into consideration the crisis which undertake capitalist societies like Brazil. The discussion is funded in the hypotheses that these societies tend to block the processes of individuation and propagate processes of individualization in series. Human beings by feeling threatened in the singularities of their styles of living, end up organizing their experiences according to the universal patterns that manufacture individualities which are manipulated in series. These patterns are conveyed as emblems through media channels. The notion of subjectivity is discussed as ethos, and the notion of narrative experience in the terms of Walter Benjamin, articulating psychotherapeutic and psychoanalytic settings, as spaces offered by the XXth century civilization, where it may be tried to rescue the possibility of singularization and historicity of subjectivities.
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