Revista Mal Estar e Subjetividade
ISSN 1518-6148 ISSN 2175-3644
COUTO, Luís Flávio CECCARELLI, Paulo Roberto. O gozo extático do expectador de uma cena perversa. []. , 4, 2, pp.266-276. ISSN 1518-6148.
^lpt^aA questão do gozo extático, ponto nodal e traumático de alguém que se vê confrontado a uma cena perversa, merece uma atenção particular. Trata-se de um estado provocado pelo desencadeamento, em um sujeito, de uma certa experiência real acompanhada de paralisia motora carregada de susto que deixa esse alguém perplexo e fascinado frente à visão de uma cena perversa da qual não é capaz de desvencilhar-se facilmente. Procura-se, nesta pesquisa, estabelecer os elementos de comparação entre este o ponto de gozo do estado extático e a experiência infantil de um ponto nela despertado pelo outro. Nesse sentido, trabalha-se com a hipótese de um 'saber como se goza' do perverso. Ou seja, com hipótese de que o perverso é capaz de detectar o tipo de ação que produz, no outro que a vê, o horror. E disso ele se ocupa para gozar. O perverso detém o saber de como despertar esse ponto extático que deixa o outro totalmente desamparado e entorpecido. Para o perverso, que goza do horror produzido, esse provocar reforça a sua sensação de nada haver que o limite, jogando-o, cada vez mais, na sensação de tudo poder. Nesse sentido, pode-se dizer que o sujeito se encontra subjugado ao outro, certamente repetindo uma experiência arcaica do encontro com a alteridade. Não se trata de 'estático' (statique), 'parado', mas de um termo para descrever um limite mortal, que não deixa de guardar semelhança com a palavra 'êxtase' (extase) da qual deriva.^len^aThe problem of the ecstatic enjoyment (jouissance), central and traumatic point of the one who sees himself/herself facing the perverse scene, deserves special attention. It's a state aroused by unchaining, in a subject, a certain kind of experiment, in the real, followed by motion paralysis impregnated of fear that leaves this subject both perplexed and fascinated before the perverse scene, which he/she is unable of getting rid of. The aim of this research is to try to establish the elements that match this point of enjoyment (jouissance) in the ecstatic state and the child experience in which a point was awaken in this very child by the other. Based on this, the authors' working hypothesis is the one of a "knowing how to enjoy" of the perverse. According to this hypothesis, the perverse would be able to detect the kind of action that produces, in the other who witnesses the scene, horror. And that is what makes he/she enjoy. The perverse knows how to awake such an ecstatic point that leaves the other totally helpless and petrified. To the perverse subject, who enjoys producing horror, what he provokes reinforces his/her sensation of having nothing to limit him/her. This only strengthens his/her sensation of power. In this sense, we can say that the subject finds him/herself subdued to the other, no doubt repeating an archaic experience of encounter to otherness. It is important to stress that we are not talking about "static" (still, immobile), but rather of a term to describe a mortal limit. This term is very close to the word "ecstasy", from the Latin word "extase".
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