Revista Mal Estar e Subjetividade
ISSN 1518-6148 ISSN 2175-3644
CARVALHO, Isalena Santos; COSTA, Ileno Izídio BUCHER-MALUSCHKE, Júlia S. N. F.. Psicose e Sociedade: interseções necessárias para a compreensão da crise. []. , 7, 1, pp.163-189. ISSN 1518-6148.
^lpt^aAdolescentes e adultos jovens são as pessoas mais freqüentemente afetadas por um primeiro episódio de psicose. Em decorrência, o jovem e seus familiares tendem a apresentar conflitos em razão de crenças acerca da loucura. O presente trabalho visa discutir significados atribuídos à ocorrência de uma crise psicótica na sociedade, tendo como base suas possíveis repercussões na vida do paciente e de sua família, bem como relações que passam a desenvolver com instituições de saúde mental. Mais do que buscar o discurso de maior legitimidade, entre o do especialista, do paciente e dos familiares, sobre o processo de adoecimento psicótico, cabe identificar os diferentes modos de interpretação de sua natureza e itinerários terapêuticos realizados pelas pessoas diretamente envolvidas. Como saúde e doença se constituem a partir de suas inter-relações, é necessária a avaliação dos sintomas aliada à problematização dos significados atribuídos pelo paciente e por seus familiares à crise e ao tratamento. Nessa perspectiva, como espaço de subjetivação por excelência, a cultura é um elemento que faz a mediação entre o social e o individual. Na mediação, sujeito e cultura vão se constituindo mutuamente em encontros e desencontros fundamentais ao processo de construção dos diversos modos de interação e de adoecimento humanos. Nesse cenário, a crise psicótica surge como o fato que evidencia estar o sujeito fora dos laços instituídos pela sociedade no que se refere ao exercício da razão e, em conseqüência, da liberdade de escolha. A garantia de uma escuta que valorize sua opinião e a de sua família sobre fatores que associam à constituição da crise, bem como sobre decisões relacionadas ao tratamento representa um desafio que não se extingue com a derrubada dos muros dos hospitais psiquiátricos, a diminuição de seus leitos ou o desenvolvimento de novos serviços de atendimento.^len^aTeenagers and young adults are the most frequently affected people by a first episode of psychosis. Because of that, the youth and his family tend to present conflicts due to their beliefs regarding madness. The present paper aims at discussing meanings attributed to the occurrence of a psychotic crisis in society, based on possible repercussions of that crisis in the lives of the patient and his family, as well as on relations that they begin to develop with mental health institutions. Instead of seeking the discourse of greater legitimacy, among the discourse of specialist, the patient or his family, about the psychotic sickening process, it is necessary to identify the different modes of interpretation about its nature and therapeutic itinerary made by the people directly involved. Since health and sickness are constituted from their inter-relations, it is necessary to evaluate the symptoms associated to the problematization of the meanings attributed by the patient and his family to the crisis and to the treatment. In this perspective, as an excellent subjectivation space, culture is an element that mediates the social and the individual fields. In that mediation, subject and culture constitute mutually in encounters and dissentions that are fundamental to the process of construction of the diverse modes of human interaction and sickening. In this scenery, the psychotic crisis appears as the fact that evidences that the subject is out of the bonds instituted by society concerning the exercise of reason and, consequently, freedom of choice. The guarantee of a listening to give value to their opinion and their families about factors associated to the crisis, as well as about decisions related to the treatment represents a challenge that does not extinguish with the falling of the psychiatric hospitals walls, the decrease of their beds or the development of new attendance services.
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