8 3 
Home Page  


Revista Mal Estar e Subjetividade

 ISSN 1518-6148 ISSN 2175-3644

BRITO, Bruna Pinto Martins    BESSET, Vera Lopes. Amor e saber na experiência analítica. []. , 8, 3, pp.681-703. ISSN 1518-6148.

^lpt^aA oferta da construção de um saber sobre si e seu sofrimento marca a peculiaridade da proposta da psicanálise. Assim, no início do século XX, o jovem oficial que mais tarde ficou conhecido como 'O homem dos ratos' procurou Freud porque vislumbrou esclarecimentos para seus estranhos pensamentos em um livro desse autor. Em princípio, é porque 'quer saber' o que lhe faz sofrer que um sujeito procura um analista. Desde os primórdios da clínica psicanalítica, a especificidade da concepção de saber é marcada por sua relação com o inconsciente. É que se pode vislumbrar mesmo na escolha do termo alemão Unbewusst, que aponta para um 'saber que não se sabe' para designar o inconsciente. Avançando nessa vertente, Lacan apresenta o inconsciente freudiano como 'inteiramente redutível a um saber'. Esse saber, particular, próprio a cada um, inalienável, deve ser construído em cada caso. Todavia, nos dias atuais, essa proposta entra em desarmonia com a de um saber 'universal', 'para todos', prometido pela ciência. No que concerne o sofrimento psíquico, tal saber é colocado à disposição do público por especialistas que promovem avaliações padronizadas, anulando aquilo o que é próprio a cada um. Na contramão dessa corrente, a psicanálise abre mão dos questionários e manuais, instrumentos da avaliação. Então, como, a partir dela, ter acesso ao saber? Essa é a questão que norteia este artigo. Para tal, seguiremos a indicação freudiana de que esse acesso se faz pela via do amor, amor transferencial, confiança depositada no analista. Pela transferência, o analista se encontra na posição de saber suposto. Isso permite àquele que fala se interessar por saber. Todavia, frente à configuração da cultura atual, em uma época regida pela desconfiança, interessa-nos refletir sobre os obstáculos no caminho do estabelecimento desta experiência.^len^aThe peculiarity of the proposition given by psychoanalysis is having a chance to consolidate knowledge about/ oneself/ and its pain./ That being, as the twentieth century began, the young officer that later became known as the "rat man", after reading one of Freud's books, came to him seeking an explanation to his strange thoughts. At first, what leads someone to an analyst is the yearn to know what brings the suffering. Since the beginning of psychoanalytical clinic, the specificity of the conception of knowledge has been marked by its relation with the unconscious. It is even possible to visualize on the choice of the german term Unbewusst, that points towards a "knowledge that is not known" to designate the unconscious. Moving forward, Lacan presents the Freudian unconscious as "completely reductable to one knowledge". This particular knowledge, that is singular to each one, inalienable, must be built in each case. However, at the present time, this proposition collides with a supposedly universal knowledge, for everyone, promised by science. When it comes to psychic suffering, that knowledge is publicly available by specialists who promote standardized evaluations, ignoring what is unique is each one. On the other hand, psychoanalysis gives up the work with questionnaires and manuals, tools of evaluation. Therefore, how to access knowledge through it? That is the question that guides us in this article. We intend to follow Freud's indication that this can be done through love, transferencial love, by the trust that is placed on the analyst. It is trough transference that the analyst finds himself in the position of an assumed knowledge. This is what allows the speaker to have the interest to know. It is in the contemporary times, ruled by distrust, that we are interested in thinking about the difficulty of establishing this experience of trust.

: .

        · | |     · |     · ( pdf )

 

Creative Commons License All the contents of this journal, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution License