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Revista Psicologia Política

 ISSN 1519-549X ISSN 2175-1390

JUNQUEIRA, Rogério Diniz. A invenção da "ideologia de gênero": a emergência de um cenário político-discursivo e a elaboração de uma retórica reacionária antigênero. []. , 18, 43, pp.449-502. ISSN 1519-549X.

^lpt^aEste trabalho busca perquirir a gênese do sintagma "ideologia de gênero" por meio da análise de documentos eclesiásticos e textos de autores/as religiosos/as e laicos/as, em diálogo com as reflexões nas ciências sociais e nos estudos de gênero. Rastreia a configuração de um cenário político-discursivo em que setores da Santa Sé e aliados históricos engajaram-se na elaboração de uma retórica antigênero. Nessa, o sintagma emergiu, adquiriu centralidade em um projeto de poder que busca reafirmar o estatuto de autoridade moral das instituições religiosas e salvaguardar sua influência socio-política. Na esteira desse processo, a cena pública de dezenas de países tem sido ocupada por movimentos que investem na capacidade de mobilização da ordem moral, na naturalização das relações de gênero, na rejeição da crítica feminista e dos direitos sexuais, valendo-se inclusive da promoção de pânico moral. Em nome da defesa da "família natural", atacam políticas de igualdade de gênero e garantias de não discriminação e outros direitos fundamentais.^len^aThis article seeks to explore the genesis of the syntagma "gender ideology" through the analysis of ecclesiastical documents and texts by religious and lay authors, considering the studies in the field of social sciences and Gender Studies. It seeks to track a process of emergence of a political-discursive scenario in which sectors of the Holy See and her historical allies led to the elaboration of an anti-gender rhetoric. Within it this syntagma emerged and obtained centrality in a project of power that seeks to reaffirm the status of moral authority of religious institutions and safeguard their socio-political influence. In the wake of this process, the public scene of dozens of countries has been occupied by movements that seek to draw on the moral order mobilizing capability, the naturalization of gender relations, the rejection of feminist critique and sexual rights, and the promotion of moral panic as well. In the name of defense of the "natural family", they attack gender equality policies and guarantees of nondiscrimination, and other fundamental rights.^les^aEste trabajo busca investigar la génesis del sintagma "ideología de género" por medio de un análisis de documentos eclesiásticos y textos de autores/as religiosos/as y laicos/as, en diálogo con las reflexiones de las ciencias sociales y de los estudios de género. Se rastrea la configuración de un escenario político-discursivo en el cual sectores de la Santa Sede y aliados históricos se articulan en la elaboración de una retórica antigénero. En este contexto, el sintagma surgió, adquirió centralidad en un proyecto de poder que busca reafirmar el estatuto de autoridad moral de las instituciones religiosas y salvaguardar su influencia sociopolítica. En ese proceso, la escena pública de decenas de países ha sido ocupada por movimientos que invierten en la capacidad de movilización del orden moral, en la naturalización de las relaciones de género, en el rechazo de la crítica feminista y de los derechos sexuales, valiéndose incluso de la promoción de pánico moral. En nombre de la defensa de la "familia natural", atacan políticas de igualdad de género y garantías de no discriminación y otros derechos fundamentales.^lfr^aCet article cherche à explorer la genèse du syntagme "idéologie du genre" à travers l'analyse des documents ecclésiastiques et des textes des auteurs religieux.euse et laïcs.ïques, en considérant les études dans le domaine des sciences sociales et des études de genre. Il cherche à suivre un processus d'émergence d'un scénario politico-discursif dans lequel des secteurs du Saint-Siège et ses alliés historiques ont conduit à l'élaboration d'une rhétorique anti-genre. En son sein, ce syntagme a émergé et obtenu un rôle central dans un projet de pouvoir qui cherche à réaffirmer le statut d'autorité morale des institutions religieuses et à sauvegarder leur influence sociopolitique. À la suite de ce processus, la scène publique de dizaines de pays a été occupée par des mouvements qui cherchent à exploiter la capacité de mobilisation de l'ordre moral, à naturaliser les relations de genre, à rejeter la critique féministe et les droits sexuels, y compris la promotion de la panique morale. Au nom de la défense de la "famille naturelle", ils s'attaquent aux politiques d'égalité des genres et aux garanties de nondiscrimination et autres droits fondamentaux.

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