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Revista Psicologia Política

versão On-line ISSN 2175-1390

Rev. psicol. polít. vol.22 no.55 São Paulo dez. 2022

 

EDITORIAL

 

Ciência aberta em ponta: o que sabemos sobre isso?

 

Cutting edge open science: what do we know about it?

 

Ciencia abierta de vanguardia: ¿qué sabemos al respecto?

 

 

Kátia Maheirie

Editora Geral da Revista Psicologia Política

 

 

Temos diferentes formas de divulgar o que produzimos: publicamos livros, capítulos de livros, artigos científicos, apresentamos trabalhos em congressos, objetivando socializar o conhecimento que produzimos e estabelecer diálogos com nossos pares. Ademais, publicamos artigos em jornais, concedemos entrevistas, produzimos vídeos, cartilhas, manuais, etc., enfim podemos traduzir o conhecimento produzido para a populacão em geral. Podemos transformar o saber produzido em inserção social.

Mas, será que o fazemos de maneira satisfatória ou suficiente? Estamos afinados com diferentes formas de linguagem? O processo de produção do conhecimento é transparente o suficiente? Em outras palavras, produzimos uma ciência cidadã?

A ciência cidadã é a ciência voltada ao público leigo. Essa expressão está ligada ao que chamamos de ciência aberta. Ciência Aberta é um movimento e, como tal, é ligado a outros movimentos sociais, à associações científicas, às políticas públicas e a sociedade como um todo. Significa, em síntese, a socialização do conhecimento produzido. É considerado um "termo guarda-chuva" que se aplica ao acesso aberto às publicações científicas, tal como vemos nas bases Pepsic, SciELO, Redalyc, etc, mas também, a todas as práticas "que tem como tônica comum a abertura ampla de todo ciclo de comunicação da ciência" (Borges; Sanz Casado, 2021, em Príncipe, 2022, p. 11). Ela inclui, segundo Lilian Nassi-Calò, acesso aberto, práticas de publicação aberta, dados de pesquisa abertos, cadernos abertos de anotações, avaliação aberta da ciência e ciência cidadã. A ideia é tornar a pesquisa científica, desde o início de sua produção até sua divulgação, acessíveis e aberta a todos os setores da sociedade.

No Brasil, em 1998, a SciELO/FAPESP foram pioneiras mundial do acesso aberto a literatura científica, 4 anos antes da Declaração de Budapeste, em 2002, considerada formalmente como marco inicial do movimento mundial. Hoje temos várias bases ndexadoras, assim como os portais de periódicos científicos nas universidades públicas, o que nos faz lembrar que a ciência aberta não se faz sem investimento na educação, na ciência e na tecnologia, dependendo de maneira estrutural do financiamento público para sua concretização.

Outra informação relevante é que a América Latina hoje representa 65% das publicações mundiais em acesso aberto (DOAJ), segundo a publicação interessantíssima de Eloísa Príncipe (PPGCI/UFRJ) e Sigmar de Mello Rode (ABEC), em uma obra organizada por eles, intitulada "Comunicação científica aberta", publicada em 2022.

De acordo com esta publicação, os desafios da universalização do acesso aberto envolve todo sistema científico e a validação dos artigos dele decorrentes, ou seja, envolve: a produção do conhecimento (a pesquisa, os dados e procedimentos de produção das informações); a maneira de comunicar este conhecimento produzido (a produção do manuscrito); a avaliação do manuscrito; a publicação do artigo; o debate acerca do conhecimento produzido.

Nesse cenário e com tantos desafios, faz-se imprescindível um apoio e um investimento intenso nas políticas científicas em toda sua extensão. É necessário um compromisso com a democracia, para a produção de uma ciência acessível a todas as pessoas e investir de forma intensa nas soluções que a ciência aberta propõe para minimizar tais entraves. Uma delas é o investimento nas bases indexadoras que promovem o acesso aberto. Ex: Pepsic, SciELO, Redalyc, etc.

Todas as outras práticas são dependentes deste investimento público na ciência aberta, a qual deve estar em consonância com os movimentos sociais e culturais em uma sociedade democrática. A ciência aberta está definitivamente em consonância com uma sociedade democrática e não tenho dúvidas que temos que lutar por ela, junto aos órgãos competentes e movimentos sociais.

Mas, como nós estamos nos preparando para ela? Nós estamos preparados para a ciência aberta, para além do acesso aberto aos artigos? Ou seja, estamos preparados para ela em toda a sua plenitude?

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Nassi-Calò, Lilian (2022). Avaliação por pares aberta. Em: Príncipe, Eloísa; Rode, Sigmar de Melo (orgs) Rio de Janeiro: IBICT, 2022. (Coleção PPGCI 50 anos).         [ Links ]

Príncipe, Eloisa (2022). Comunicação científica aberta e rápida: os preprinta em movimento. Em: Príncipe, Eloísa; Rode, Sigmar de Melo (orgs) Rio de Janeiro: IBICT, 2022. (Coleção PPGCI 50 anos).         [ Links ]

Príncipe, Eloísa; Rode, Sigmar de Melo (orgs) Rio de Janeiro: IBICT, 2022. (Coleção PPGCI 50 anos).         [ Links ]

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