Stylus (Rio de Janeiro)
ISSN 1676-157X
ENSAIOS
A operância psicanalítica... ou pior
The psychoanalytic operance ...or worse
Sandra Berta
RESUMO
Que "do analista" nada é predicável em termos do Universal lógico aristotélico, é o que Lacan afirma quando propõe que o analista, na sua operância psicanalítica deve "fazer-se produzir do objeto a com o objeto a". Indica-nos assim, após a fundação da sua Escola, que o analista é aquele que, pelo seu ato, faz operar a ditmansão que o objeto a, causa analítica, enoda. É nessa dit-mansão que podemos apreciar como surge o objeto como nó de sentido. Eis o que nos propõe Lacan quando sublinha que na série que cifra esse sentido, o objeto a pode tomar como nome o "não é isso" que é índice de, por um lado a infinitização da série, n+1; e por outro, da possibilidade de nomeá-la: Há do Um (Y'ad'l'Un). Do unário ao Uniano, o objeto a faz nó. É o surgimento da causa o que sustenta o analista a cada vez. Dimensão da operância psicanalítica na qual ao "responder por", a cada vez, o analista faz do seu ato, sua ética.
Palavras-chave: Psicanálise, Transmissão, Ato, Lógica, Objeto a.
ABSTRACT
That "analyst" nothing is predicable in terms of Universal Aristotelian logic, is what Lacan says when he proposes that the analyst, in his psychoanalytic operance should "make up to produce the object with the object." Tell us well after the founding of their school, the analyst is the one who, by his act, does operate dit-mansion that object a, because analytical cause, knotting. It is in dit-mansion where we can appreciate how the object appears as a node of sense. That's what Lacan proposes when points out that in the series that figure this sense, the object can take the name as "is not it" which is indicates in one side the infinitization of the series, n +1, and on the other side the possibility to name it: "there is something of (the) One" (Y'a d'l'Un) from the unary to Uniano, the object a does the node. The emergence of the cause is what sustains the analyst ever. Dimension of psychoanalytic operance in which the "respond by" each time, the analyst makes his act, his ethics.
Keywords: Psychoanalysis, Transmission, Act, Logic, Object a.
O desejo do psicanalista é sua enunciação,
a qual só pode operar se caso venha ali
na posição de x (LACAN, 1967).
La experiencia, no la abandono. El acto,
les doy la oportunidad de enfrentarlo (LACAN, 1980).
Neste texto se reúnem algumas experiências do fim. Trata-se do produto de um Cartel sobre Transmissão, que teve a particularidade de se reunir semanalmente, falando e colocando as questões para um público das Formações Clínicas do Campo Lacaniano do Fórum São Paulo; e no qual nos dedicamos a debater e escrever sobre uma passagem que notadamente se nos apresentou entre as articulações do passe e da lógica, tendo como referência os anos 68 a 72 do ensino de Jacques Lacan. Nesse trajeto minha pergunta versou sobre o conceito do objeto a, a invenção lacaniana. Agradeço aos colegas desse Cartel: Ana Paula Pires, Conrado Ramos, Rita Vogelaar e Ronaldo Torres (Mais-um) pelo caminho que sustentamos e pelo que pudemos tomar, ou mesmo, roubar-lhe essa experiência.
Entre os anos de 1967 e 1968, Lacan recolhe algo que podemos chamar as consequências do seu ato, assim nomeado por ele, qual seja a Proposição sobre o analista de Escola (LACAN, 1967/2003). Sua Proposição se fundamenta numa premissa, aparentemente paradoxal, qual seja: "O término da psicanálise superfluamente chamada de didática é, com efeito, a passagem do psicanalisante a psicanalista" (LACAN, 1967/2003, p. 257). Nesse contexto, nos adverte sobre o real em jogo na clínica psicanalítica: ele provoca seu desconhecimento ou até sua negação sistemática. A possibilidade de sustentar essa passagem, de fazer dela, a cada vez, uma novação, leva Lacan a dizer que essa passagem deve ser uma constante, que tenha o valor de uma função, f(x), e que nomeia, em princípio, αγαλμα (agalma): "O desejo do psicanalista é a sua enunciação, a qual só pode operar se caso venha ali na posição de x" (Ibid, p. 257). O ato da Proposição foi um efeito nachträglich da sua pergunta pela psicanálise e pelo psicanalista, esse último a ser considerado fora de qualquer atributo ou de qualquer predicado, no sentido lógico. Do psicanalista nada é predicável. Há do psicanalista (Il y a du psychanalyste) (LACAN, 22/11/1967, inédito), aponta-se com isso, o valor da função, no sentido matemático. Porque se o psicanalista não é Universalizável, no seu predicado, então haverá que extrair de cada experiência singular o que, nela responde, pelo seu ato. A conjunção das duas palavras "ato psicanalítico" pode evocar "o ato, tal como opera psicanaliticamente, o que o psicanalista comanda por sua ação na operância psicanalítica" (LACAN, 22/11/1967, inédito).1
A palavra operância (opérance) não está incluída nos dicionários de francês, português e espanhol consultados.2 Notadamente, trata-se de um neologismo que Lacan emprega nesse momento, articulando o antepositivo "antepositivo, do latim. opus, èris, trabalho (em sentido concreto), obra", e acrescentando o subfixo "ância". Como todo neologismo, este pode abrir a diferentes ressonâncias de significação. Uma delas refere-se à palavra "operante" (operante), adjetivo de dois gêneros: 1. que opera, realiza, trabalha; 2. que serve para operar; que produz efeito. A etimologia latina "opérans" permite-nos um tratamento semântico a partir do verbo operáre "trabalhar, ocupar-se com, executar, obrar, fazer". O que significa nessa frase a expressão "operância psicanalítica"? Esse neologismo, "operância", aponta tanto ao que opera na psicanálise quanto a produção de efeitos, lidos, neste ponto, como uma pergunta baseada na eficácia da experiência de uma análise.
Dito de outro modo, "a operância psicanalítica" é o adjunto adverbial de lugar. Trata-se também aqui de um lugar paradoxal. A operância psicanalítica é a extraterritorialidade que permite que o desejo do psicanalista seja "o lugar de onde se está de fora sem pensar nele, mas no qual encontrar-se é ter saído para valer" (LACAN, 1967/2003, p. 260). Mas como esse lugar "se faz em ato", é nela que o ato e a interpretação tornam-se acontecimento, no sentido da contingência. Dele somente sabemos na temporalidade nachcträglich. Essa temporalidade constitui a experiência de uma análise, à qual me refiro, sucintamente, com a finalidade de aproximar a resposta do analista à sua operância. Sublinho que, para Lacan, a "experiência" excede a questão da realidade empírica e analítica (no sentido da razão kantiana). A questão é saber o que define uma "experiência" psicanalítica, uma vez que suas coordenadas excedem os limites dos dados Simbólicos e Imaginários da realidade e remetem ao Real.
Curiosamente, ao dizer "operância", Lacan se pergunta pelo ato psicanalítico na sua diferenciação com a interpretação e com a transferência, acrescentando: "Qual é a essência disto que, do psicanalista, enquanto operando, é ato? Qual é a sua parte em jogo?" (LACAN, 1967-1968, inédito).3
Entendo que é pela operância psicanalítica que se faculta a experiência do inconsciente. Lembremos que em 1964 o inconsciente alcança uma definição que alude ao real em jogo na experiência, que a causa: o inconsciente, saber sem sujeito. Pelo qual o saber sem sujeito "faz a verdade" (LACAN, 1967/2003, p. 308) do discurso do analista. Isto significa dizer que o saber sem sujeito, pela operância psicanalítica, pode produzir a ocorrência de um encontro, em que o "representante da representação" represente a representação "ali onde ela falta, onde sou apenas uma falta do sujeito" (LACAN, 1967/2003, p. 334). Mas Lacan avança, e nos indica que a experiência da psicanálise é uma experiência de saber, na qual o que se permeia é a experiência do inconsciente. Por essa razão reformula sua mise en acte, apontando que se trata da colocação em ato do inconsciente. Não por acaso, é na meprise (equivocação, engano) do sujeito suposto saber que essa passagem pode vir a ser uma indicação do que nessa verdade que se alimenta do saber, se recolhe um "a-mais". Lacan nomeia isso "mais de gozo", apontando o que vai se decantando dessa experiência do equívoco do sujeito suposto saber. Mas para consentir com o "a-mais", sem fazer disso consistência da verdade fantasmática, é preciso consentir com o inconsciente, entendido como "algo que se diz sem que o sujeito se represente nisso nem que nisso se diga – nem tampouco saiba o que diz" (LACAN, Ibid, 335).
Esta frase me orienta, no sentido que indica qual é a passagem do horror ao saber para o horror ao ato. Com isso aponto que a operância psicanalítica não é o ato psicanalítico, ela cria suas condições para tal. Assim também, entendo que é pelo ato que se escreve, pela contingência, a ocorrência de cada interpretação, a qual faz funcionar o saber como verdade, porém, para equivocá-la. Isso se extrai da experiência de cada psicanálise. A operância psicanalítica articula as condições do ato analítico às suas consequências. O psicanalista "estabelece", "permite", "autoriza", pela interpretação, as condições desse ato na operância psicanalítica, numa temporalidade que lhe habilita da sua função.
Desde essa função, o psicanalista opera a partir do "não penso". Esse "não penso" é concomitante com a proposta do objeto a. Ele, o analista, "faz-se produzir; do objeto a; com o objeto a"4 (LACAN, 1969/2003, p. 375). É na desaificação (désaification) que a topologia de uma análise tem lugar. É poder dar a condição para que a meprise do SsS faça valer a dimensão de semblante dos significantes mestres que amordaçam o gozo no fantasma. Por essa razão, desde esse lugar da operância psicanalítica – ele opera com objeto a (LACAN, 7/2/1968, inédito) – autoriza a tarefa analisaste, respondendo com a interpretação. Uma vez que a relação do "a" com o saber se promove à articulação significante.
Razão pela qual, no final da análise, quando o sujeito se sabe causado por esse objeto o que se recolhe como resposta é a Verleugnung, negação que aponta a divisão do sujeito no seu ato, uma vez que essa posição do sujeito consiste em sustentar alguma coisa do SsS que o ato vai desmentir. Por essa razão é pela via do ato que parece-me que Lacan apontará a destituição subjetiva. Quando Lacan se refere à destituição subjetiva, evoca o livro de Jean Paulhan Le Guerrier appliqué (LACAN, 1967/2003, pp. 278-9). A destituição subjetiva, em sua salubridade, nos diz Lacan, faz ser... de linguagem. Faz ser que sabe, pela experiência atravessada, que a mais da linguagem que lhe habita e que dela pouco ele pode saber. Mas do que dês-ser é desse pouco de ser que se trata.
O desejo do analista opera para que naquilo que é determinação do sujeito se produza o indeterminado. Mas para tal, é preciso que a operância psicanalítica – esse saber fazer do psicanalista nesse lugar extraterritorial e na hora do acaso que lhe permite fazer semblante dessa causa "sem etiquetas", mas com ética – promova esse saber como médio de gozo com o qual se apalavra o falasser (húmus da linguagem) ao lugar da verdade... mentirosa. Portanto, se esse saber produz um sentido obscuro – a verdade do fantasma – se espera que o psicanalista faça funcionar esse saber como médio dizer da verdade. Assim poderá pôr em causa a via da reiteração (re-spondere), do ricochetear da divisão do sujeito. Porque ele, desde esse lugar que promove a operância psicanalítica – isto é, o resto-dejeto, – é suposto saber sobre a verdade.
Que "do analista" nada é predicável em termos do Universal lógico aristotélico, é o que Lacan afirma quando propõe que o analista, na sua operância psicanalítica deve "fazer-se produzir do objeto a com o objeto a". Indica-nos assim, após a fundação da sua Escola, que o analista é aquele que, pelo seu ato, faz operar a ditmansão que o objeto a, causa analítica, enoda. É nessa dit-mansão que podemos apreciar como surge o objeto como nó, equivocando o sentido. Eis o que nos propõe Lacan quando sublinha que na série que cifra esse sentido, o objeto a pode tomar como nome o "não é isso" que é índice de, por um lado a infinitização da série, n+1; e por outro, da possibilidade de nomeá-la: Há do Um. Do unário ao Uniano, o objeto a faz nó. Não é isso (c'est pas ça) surge de um nó de sentido pondo à distância a demanda e a oferta. "Peço que me recuses o que te ofereço, porque não é isso" (LACAN, 1971-1972, p. 90).
Fim. "Fui embora." Fui embora quando soube que estava só na proposta de ir até o fim. São os limites do fim, se disse. E se dirigiu ao passe, sabendo que precisava transmitir isso: não há a última palavra. Soube disso, na transferência, no estranhamento que lhe produzia a castração do Outro, sem a resposta do fantasma. Ou, melhor dito, com a resposta mínima: não há a última palavra porque nunca saberei por que razão o Outro o fez. Por que razão o Outro faz o que faz, fez o que fez. Esse Outro, nesse limite ao saber, era sua extimidade. Já não sua fobia, já não suas estratégias de aferrar-se ao mestre. Isso se lhe apresentou como o saber de uma alteridade, vivido certamente em transferência com horror. Quarenta páginas escritas após décadas de análises. Leva-as impressas, sem pretender lê-las, mas estavam com elas nessa sessão. Tinha trabalhado um final de semana com poucas horas de sono, como costuma lhe acontecer quando o real lhe acorda. A analista cortou cinco minutos depois. Horror. O engraçado é que, após duas décadas de análise tinha dito a essa analista, nessa nova e curta análise: preciso que me ajude a cortar. Após esse corte voltou, não foi embora porque sabia que essa era a sua questão. Por que o fez? Absurdas ideias lhe atravessaram, mas sabia que isso era o ponto limite. Nunca saberei por que o Outro o fez. Isso lhe apareceu como o mais crucial, mais ainda do que seguir elucubrando sobre as respostas de saber, ficção fantasmática. Passagem da busca desenfreada pela verdade na última palavra para um saber sobre o horror de saber.
Porque soube que entre saber e verdade não há relação, a não ser pelo mito. Porque o trauma, como instante que aponta um fora-de-sentido evidenciou nesse momento que é na busca do sentido que se encontra uma saída alienante. Saída sintomática que se apoia nas versões do fantasma. O necessário do sintoma para apagar o contingente desse impossível de significar: o trauma, o acontecimento, a estrutura!
É possível que, por ficar tenha sonhado. O pai, sapateiro, lhe mostrava uma bota queimada, cor azul e lhe disse: "o couro foi queimado antes do tempo". A seguir, um lapso que indicou numa precisão cortante sua posição e sua resposta enlouquecida à angústia, lhe fez articular o lapso e o azul. Marazul. Marazul. Uma lembrança dos seus quatro anos que enlaçava sua fobia infantil. E uma canção, como palavra imposta "azulunala". Canção da bandeira que cantava na escola diariamente. A alegria lhe sobreveio porque um dia seu irmão – que cumpria uma função apaziguadora à sua angústia – rindo, ou sorrindo, lhe disse: não é "azulunala" é azul um ala". A alegria dessa lembrança se lhe pegou na alegria do corte.
Até que se deu conta que esse havia sido o final que escreveu o possível do pai, da lei que diz "não ao gozo do Outro". Que esse lugar do analista havia modificado sua relação ao gozo, sem dúvida alguma! Pensou nisso borromeanamente: porque se a lei do pai permite amarrar um sentido no fantasma (entre Imaginário e Simbólico), esse sentido tenciona o laço entre o real e o imaginário (J) para que a angústia não o invada todo no imaginário. É como "amarrar um sapato". E por isso mesmo fica a possibilidade que algo do real se inscreva no simbólico, aí onde o sintoma estará, sempre….
Fui embora. Soube que havia aí um enigma cada vez mais opaco porque está aí como testemunha, monumento do inconsciente que grita: não há a última palavra. Concomitantemente, o que dava sentido se esvaziou. Uma frase veio ao lugar da busca pela última palavra. E a repetia em duas versões: o desejo é o mordisco de gozo que lhe roubamos à vida. Sua segunda versão era mais singela: se pudesse tirar um instantâneo da vida, se pudesse pará-la, seria agora, se dizia.
Sustentar o "não é isso" é evidenciar que há um impossível em questão e que com o Outro não há relação/proporção. É também indicar o indeterminado que o partitivo "d" indica. Y'a d'l'Un. Há do psicanalista. O desejo do psicanalista é sua enunciação em posição de x: F(x) (LACAN, 1971-1972/2012, pp. 78-90). Não há relação/proporção... ou pior. Não é isso... ou pior. A operância analítica... ou pior. É o surgimento da causa o que sustenta o analista a cada vez. Dimensão da operância psicanalítica na qual ao "responder por", a cada vez, o analista faz do seu ato, sua ética.
Referências
LACAN, J. (1967). Proposição de 9 de outubro de 1967 sobre o psicanalista da Escola. In: _____. Outros Escritos. Tradução Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, Ed., 2003. pp. 248-264. [ Links ]
LACAN, J. (1967-1968). O Seminário, Livro XV, O ato psicanalítico, inédito. [ Links ]
LACAN, J. (1967). Discurso na Escola freudiana de Paris. In:_____. Outros Escritos. Tradução Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003. pp. 265-287. [ Links ]
LACAN, J. (1967). Alocução sobre o ensino. In:_____. Outros Escritos. Tradução Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003. pp. 302-310. [ Links ]
LACAN, J. (1967). O engano do sujeito suposto saber. In:_____. Outros Escritos. Tradução Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003. p. 334. [ Links ]
LACAN, J. (1969). O ato psicanalítico. Resumo do Seminário de 1967-1968. In:_____. Outros Escritos. Tradução Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003. pp. 371-379. [ Links ]
LACAN, J. (1971-1972). O Seminário, Livro XIX, ...ou pior. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2012. [ Links ]
Recebido: 18/02/2013
Aprovado: 20/03/2013
1 "[...] l'acte qu'il opère psychanalytiquement, ce que le psychanalyste dirige de son action dans l'opérance psychanalytique". Seminário XV, L'acte psychanalytique, 1967-1968, 22/09/1967.
2 Real Academia Espanhola, Laurousse, Le petit Robert, Aurélio, Michaelis e Houaiss.
3 Quelle est l'essence de ce qui du psychanalyste en tant qu'opérant est acte? Quelle est sa part dans le jeu?. Seminário XV, L'acte psychanalytique, 1967-1968, 22/11/1967.
4 "se fait produire; de l´objeto a, avec de l´objet a" (Edição du Seuil, Paris, 2001, p. 379)