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Latin American Journal of Fundamental Psychopathology On Line

 ISSN 1677-0358

     

 

ARTIGOS

 

“Auto-retrato falado”. Construções e desconstruções de si

 

“Spoken self-portrait”. Constructions and desconstructions of the self

 

 

Joana de Vilhena Novaes*

PUC-RJ
UERJ
Instituto Delphos

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O presente artigo tem como objetivo desenvolver algumas articulações entre o fenômeno social do culto ao corpo na sociedade de consumo e a exposição intitulada “Auto-retrato falado” que trata de refletir e, simultaneamente, brincar com os processos em torno da construção da imagem de si. É também nossa intenção analisar os aspectos extremamente contemporâneos desta mostra, muito afinada com as formas de subjetivação atuais, em que o corpo assume um lugar de destaque. Tendo observado que muitas mulheres não conseguiram encarar esta experiência apenas como lúdica, discute-se o aprisionamento em ideais estéticos incompatíveis com a própria imagem. Atreladas a um ideal de beleza, saúde e juventude o corpo, ao invés de lócus também do prazer, torna-se extremamente persecutório.

Palavras-chave: Auto-retrato, Corpo, Imagem corporal, Juventude, Beleza.


ABSTRACT

The present article develops some articulations between the social phenomenon of the body culture in the consumption society and the art exhibition entitled “Spoken Selfportrait” that contemplates and, simultaneously, plays with the processes around the construction of the auto image. It is the article’s intention to analyze the extremely contemporary aspects of this display, very tuned with the processes of construction of modern subjectivities, where the body assumes a prominence place. Having observed that a lot of women didn’t face this experience only as a game the author discusses the imprisonment of one’s own image in incompatible aesthetic ideals. Under those circumstances the body (and its portrait) becomes extremely persecutory to some of those women.

Keywords: Self-picture, Body, Body image, Youth, Beauty.


RESUMÉ

L’article développe des articulations entre le phénomène social de la culture du corps et l’exposition de l’art intitulé “Autoportrait Parlé” qui contemple et, simultanément, joue avec les processus autour de la construction de l’image de soi. C’est l’intention de l’article d’analyser les aspects extrêmement contemporains de cette exposition, très réglé avec les processus de construction de subjectivités modernes où le corps assume une place de proéminence. Ayant observé que beaucoup de femmes n’ont pas fait face seulement à cette expérience comme un jeu, l’auteur discute l’emprisonnement de l‘ image dans les idéaux esthétiques incompatibles. Sous ces circonstances le corps (et son portrait) devient extrêmement persecutory à certaines
femmes.

Most-clés: Auto portrait, Corps, Image du corps, Jeunesse, Beauté.


RESUMEN

El presente artículo hace algunas articulaciones entre el fenómeno social de la cultura del cuerpo en la sociedad del consumo y la exposición de arte llamada “Auto retrato Hablado” que contempla y, simultáneamente, juega con los procesos de la construcción de la propia imagen. El artículo analiza los aspectos sumamente contemporáneos de este despliegue, muy puesto a punto con los procesos de construcción de subjetividades modernas dónde el cuerpo asume un lugar importante. Se ha observado que muchas mujeres no lograran enfrentar esta experiencia como un juego. La auctora discute el encarcelamiento de uno en la propia imagen por cuenta de ideales estéticos incompatibles com sus realidades. Bajo esas circunstancias el cuerpo (y su imagen) se vuelve sumamente persecutório a algunas de esas mujeres.

Palabras claves: Auto retrato, Cuerpo, Imagen del cuerpo, Juventud; Belleza.


 

 

Introdução

O presente artigo tem como objetivo desenvolver algumas articulações entre o fenômeno social do culto ao corpo na sociedade de consumo e a exposição intitulada “Auto-retrato falado”, uma instalação artística exposta no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio Janeiro, no período de 29 de maio a 8 de julho de 2007, que trata de refletir e, simultaneamente, brincar com os processos em torno da construção da imagem que cada um constrói de si mesmo, através da elaboração de um “auto-retrato falado”.

Sabendo que as produções artísticas e culturais estão para além de uma brincadeira, que espelham e refletem um imaginário social e que nele produzem modificações, o presente artigo visa analisar os aspectos extremamente contemporâneos desta mostra, muito afinada com as formas de subjetivação atuais, onde o corpo assume um lugar de destaque. Buscamos, também, ir um pouco além. Uma vez que nem todos os visitantes conseguem encarar esta experiência apenas como lúdica analisamos, à luz da cultura contemporânea, como o sujeito, aprisionado em ideais estéticos incompatíveis com a própria imagem, acaba a “brincadeira”.

De forma a permitir ao leitor uma idéia das possíveis transformações oferecidas pela exposição, incluímos, abaixo, o convite da mesma.

 

Brincando em cima das imagens

A exposição da qual tratamos neste artigo foi idealizada pelo fotógrafo e publicitário Jair de Souza, com a colaboração do professor do departamento de engenharia da PUC-Rio, Isnard Martins que construiu o aplicativo Photocomposer Plus. Originalmente utilizado pela polícia federal para ajudar as vítimas e testemunhas de crimes na confecção de retratos falados, o software agora se empresta a uma utilização completamente distinta e lúdica.

 

 

Da experiência estética podemos dizer, conforme nos informa a curadoria da exposição, que consiste numa apropriação criativa do uso que inicialmente foi feito deste software. (Bousso, 2007). O visitante é fotografado, e logo após o instantâneo será utilizado como método comparativo. Orientado por um monitor a montar o seu auto-retrato, sem, no entanto, poder fazer uso de um espelho, utilizando apenas um banco de imagens composto por um elenco fisionômico bastante variado de olhos, bocas, narizes, cabelos, passando por diversos tons de pele, até a possibilidade de inserir rugas de expressão como forma de marcar a passagem do tempo, cada um montará seu auto-retrato.

Vale ressaltar que, feito de forma proposital, e bem ao modo contemporâneo &– o que pressupõe uma interatividade constante, a construção do retrato do participante fica exposta fora da cabine da instalação permitindo ao público acompanhar, tal qual um reality show e em tempo real, o que acontece dentro da obra.

Ainda segundo o programa da exposição, o eixo condutor desta obra é o seu caráter lúdico e desafiador imaginado por seu idealizador na proposição da referida tarefa ao espectador. Um exercício que leva o sujeito a pensar sobre si mesmo, e que promete ser revelador na atenção que damos à nossa aparência, como supomos ser o olhar externo em relação a nós mesmos e de que maneira os mecanismos de formação da identidade, bem como da imagem corporal estão pautados na incorporação de determinadas crenças, mitos, valores, normas e códigos sociais - num jogo de espelhamento infinito.

A dinâmica do mito e da fantasia existe sempre na forma de um interjogo no qual um faz eco para o outro. O mito espelha e sintetiza as angústias, conflitos e anseios do grupo social, ao mesmo tempo em que contribui para o agenciamento das subjetividades, através das fantasias individuais. (Vilhena, 1992) O sujeito, assim, não apenas se constitui, como, igualmente afetado, responde com suas produções e manifestações artísticas: artes plásticas, música, literatura, dança, moda etc.

Um dos desdobramentos da exposição foi um debate no qual foram chamados psicanalistas e cujo tema girou em torno dos mecanismos de criação da imagem de si e de que forma a cultura e seus efeitos interferem na identidade do sujeito. Por cultura e realidade externa entenda-se: as representações sociais de corpo, as diversas atribuições morais presentes no imaginário social e, finalmente, de que forma isto tudo influencia a arte contemporânea.

Vale dizer, conforme salientou Freud, que a arte não só faz parte como possui um lugar privilegiado e de destaque nos processos de sublimação do sujeito, pois é considerada uma forma psiquicamente saudável do sujeito lidar com determinadas frustrações e, sobretudo, com os desejos recalcados.

Contudo, é sobre um outro tipo de participação neste evento que gostaria de me deter. Convidada pelo Jornal do Brasil para dar uma consultoria acerca da exposição (JB 3/6/07), deveria comentar alguns dos auto-retratos criados por determinados jovens chamados pelo estúdio de Jair de Souza, dentre os quais constavam modelos e figuras midiáticas que foram previamente selecionados em função de serem pessoas consideradas belas pela opinião pública.

Dessa forma, meu primeiro contato com a obra de Jair, ainda no seu estúdio, deu-se com o intuito de fazer uma análise da cultura através das falas dos participantes que tive como tarefa observar. Isto significa dizer, excluir qualquer interpretação personalizada ou atribuição de diagnósticos às respostas que os candidatos usaram para explicar a forma como se retrataram, compuseram seus personagens e sua fisionomia, bem como os critérios por eles utilizados na escolha de múltiplos biotipos, padrões estéticos, étnicos e raciais.

Em linhas gerais, assistindo às primeiras descrições já foi possível verificar que os participantes do experimento, no caso três jovens, variando entre 16 e 26 anos, retrataramse eliminando os traços que conferiam maior diferenciação e singularidade às suas fisionomias.

Em linhas gerais, assistindo às primeiras descrições já foi possível verificar que os participantes do experimento, no caso três jovens, variando entre 16 e 26 anos, retrataramse eliminando os traços que conferiam maior diferenciação e singularidade às suas fisionomias.

Uma das modelos, 16 anos e feições bastante exóticas, construiu sua imagem de forma a ser confundida com outras adolescentes de fisionomia mais ordinária e que por isso não chamariam tanta atenção. No caso do rapaz de 17 anos, embora tenha construído um auto-retrato mais fiel à sua real/verdadeira aparência, claramente sua intenção foi parecer mais velho, ganhando assim um ar mais maduro sem, no entanto, inserir qualquer tipo de marca de expressão em seu rosto &– velho, mas nem tanto!

É interessante observar a forma como os adolescentes projetam suas imagens numa tentativa constante de eliminar todas as diferenças que atrapalhem a sua adequação no grupo social ou tribo que elegeram como lugar de pertencimento. A busca parece ser por uma identidade coletiva.

A última candidata e, também o caso mais interessante, refere-se a uma modelo negra, de 26 anos e indiscutível beleza, que nos últimos tempos ganhou projeção nacional.1 A moça levou a brincadeira às últimas conseqüências e, com a justificativa de que criaria um personagem, projetou-se ruiva, de cabelos lisos, com franja, nariz arrebitado e pele muito alva. Arrematou, em tom jocoso, dizendo que gostaria de aparecer assim na próxima novela, mas já que não sabe que papel lhe caberá, antecipou seu desejo de mudança através do personagem virtual.

Com relação ao nariz, característico da raça negra, relatou que de acordo com os maquiadores o mesmo não funciona na televisão, daí ter escolhido um nariz tipicamente caucasiano, como, aliás, pretende que seja o resultado após a rinoplastia a qual deseja se submeter &– quero o nariz da Nicole Kidman.

Com o restante de suas feições disse estar satisfeita, pois atribui sensualidade ao volume generoso de seus lábios e diz gostar dos olhos verdes e amendoados que herdou do pai, que frisa ser branco. Os cabelos já se apresentam lisos, presos num rabo de cavalo, graças às inúmeras técnicas de alisamento disponíveis no mercado. As maçãs proeminentes, outro traço de beleza que poderia ser referido à sua ascendência negra, também não parece lhe provocar qualquer incômodo, mas tampouco ser motivo de orgulho.

Ao fim da composição do auto-retrato percebemos que o ideal de branqueamento perpassa todo o discurso da atriz. Sobre isso relata, em tom confessional, que vem, paradoxalmente, acompanhado de uma sonora gargalhada: o alisamento do cabelo foi uma exigência da emissora. O comentário da moça é representativo de como a cultura em que o sujeito está inserido não deve ser negligenciada na formação das subjetividades.2

Por outro lado, o fato de valorizar a sua boca ocorre, ao contrário da jovem de 16 anos que tentou diminuí-la, pelo fato de ser mais madura e, portanto, fazer um outro uso do seu corpo. Uso este que já compreende o exercício pleno da sua sexualidade &– uma vez que refere a sua aceitação em relação aos lábios por entender que pode ser um instrumento de sedução muito apreciado pelo sexo oposto &– os homens adoram, faz o maior sucesso, por isso não quis mexer.

Durante a sua participação no debate o professor Isnard Martins destacou que a maior parte das pessoas que participou da exposição optou por não utilizar um dos recursos do qual dispunha o aplicativo, qual seja: a possibilidade de registrar a passagem do tempo. Nenhuma surpresa aí, uma vez que sabemos do valor atribuído à juventude na contemporaneidade (Novaes, 2006). A maioria esmagadora dos participantes, salvo algumas exceções, retratou-se algumas décadas mais novas.

De modo semelhante, apenas uma pequena incidência de participantes negros e mulatos decidiu escurecer o tom de pele &– originalmente branco.

Ainda que tenham um caráter meramente impressionista, essas conclusões não excluem o fato da instalação ser experimentada como brincadeira ou jogo de experimentações. O auto-retrato é um instantâneo do momento em que o sujeito se encontra, mas não por muito tempo. Em última análise, pode-se traduzi-lo como uma metáfora da contemporaneidade e suas identidades nômades.

É próprio da contemporaneidade ter o corpo como lócus primordial de investimento, sendo a aparência que ele ostenta um capital precioso e uma moeda de troca valiosa.

Para alguns, o corpo passa a ser uma obra de arte, tal qual uma tela em branco. É nesse corpo, transformado em um registro vivo, que serão inscritos afetos, emoções, representações da história do sujeito, do seu tempo e também da sua dor, como no caso das tatuagens, branding, escarificações, suspensão etc.

Para outros, é tomado como a vestimenta que recobre o sujeito, sintetizada na máxima: o corpo é a roupa e, por isso mesmo, deve apresentar um caimento perfeito, mesmo que alguns retoques sejam necessários para a melhor otimização dos resultados.3

Mas quem é o sujeito da chamada pós-modernidade? Parece existir um consenso entre os teóricos contemporâneos que o definem pela sua fluidez (Baumann [1998, 1999], Sennet [2000] dentre outros), própria do mundo globalizado em que vive. É também caracterizado pelos seus múltiplos afetos, seu individualismo exacerbado pela sociedade de consumo e do espetáculo, bem como suas relações transitórias e as já mencionadas aqui anteriormente identidades cambiantes. Este indivíduo flutua, simultaneamente, entre várias tribos. Baudrillard (1970), Lipovetsky (1989) Mendes de Almeida (2005) abordam a temática sob estes diferentes ângulos.

A síntese da nossa descrição pode ser vista nas diversas comunidades no orkut, nas quais observamos seus membros coexistirem em diversos espaços sem que haja um comprometimento, onde a palavra de ordem é navegar, ou seja, não fixar residência em ponto algum!

Partindo dessa premissa, podemos interagir melhor com o “Auto-retrato falado”, pois é preciso entender, da melhor maneira possível, o público que a ela atende e, sobretudo, o caráter, também cambiante que a exposição apresenta, &– podendo ser observado, aliás, desde seu convite e apresentação, conforme ilustramos acima.

Dentro desta perspectiva, o corpo também deve ter a plasticidade da argila, uma vez que, supostamente, deve estar em constante adequação aos ditames de beleza podendo, inclusive, submeter-se a inúmeras interferências em nome do padrão estético vigente ou da identidade que o sujeito queira assumir naquele momento. Algumas destas intervenções podem ser de ordem cirúrgica, como no caso da colocação de próteses ou da subtração de algo considerado indesejável como, por exemplo, é entendido o excesso de gordura.

Uma referência importante quando pensamos como são forjados os mecanismos de construção da identidade/imagem corporal na atualidade é a artista plástica Orlan, docente da Escola de Belas Artes de Dijon que, já tendo produzido infindáveis interferências em seu próprio corpo - as últimas filmadas e reproduzidas em tempo real na internet - entende as modificações corporais como agentes diretos na relação do sujeito com a alteridade. Orlan define o seu corpo como um software e, como tal pode interagir com o mundo através das manipulações que julgar mais contestadoras e transformadoras na sua relação com os espectadores de sua obra &– seu corpo.

E é nessa brincadeira com o próprio corpo que a artista desliza e assume outras identidades &– je suis un Autre diz Orlan, classificando as suas performances artísticas de “arte carnal” que funcionam como um manifesto contra a violência, os sacrifícios, as proibições e punições as quais o corpo feminino está submetido e que têm como seu maior representante as representações que o modelo patriarcal vem atribuindo ao longo dos séculos à mulher, quais sejam: a mulher ora como santa, ora como p...

Visto como um software, o corpo tem o seu estatuto modificado em nossa cultura, a visão do corpo como objeto de design e não mais de desejo, o faz obsoleto, tal qual os bens de consumo que são marcados pela obsolescência típica da sociedade em que vivemos. Por esta razão, o corpo deve sofrer constantes alterações em busca de novas identidades; novas imagens lhe são emprestadas num devir eterno e constante.

Retomando à exposição, acredito que com acurada percepção e um poder antecipatório típico dos artistas e característico das artes de forma geral, a síntese mais adequada para o espírito do sujeito contemporâneo, e que melhor define o espectador da intervenção criada por Jair de Souza, é a chamada “Metamorfose Ambulante” - música composta por Raul Seixas na década de 1970.

Mas, infelizmente, muitas vezes a brincadeira acaba &– ou melhor, nem se constitui como brincadeira - e é sobre esses casos que pretendo tratar mais adiante, trazendo um pouco da minha pesquisa de campo na qual entrevistei dezenas de mulheres que parecem aprisionadas no próprio corpo, atribuindo um caráter tirânico às exigências de reformatação constante do design corporal.

 

Acabou-se a brincadeira

Durante dez anos dediquei-me a pesquisar a relação das mulheres com seus corpos. O interesse (e pesquisa) que redundou em minha dissertação de mestrado, (Novaes, 2001), tese de doutorado (Novaes, 2004), diversos artigos e, posteriormente um livro (Novaes, 2006) permanece vivo em mim. Não seria então estranho que minha curiosidade de pesquisadora, bem como a atividade clínica, me levassem a buscar o “para além da brincadeira”.

Se é verdade que a clínica me informa bastante acerca das “doenças da beleza” no Núcleo que coordeno,4 foi como pesquisadora que resolvi voltar à exposição, por diversas vezes e, desta vez observar a reação das pessoas que lá iam. O que diziam na saída ou (minha primeira suposição) as que, apesar de lá estarem, não entravam. Brincar com a própria imagem só pode ser uma brincadeira quando estamos ancorados em um porto razoavelmente seguro. Para muitas mulheres, contudo, tal não acontece. Atreladas a um ideal de beleza, saúde e juventude o corpo, ao invés de lócus, também do prazer, torna-se extremamente persecutório.

Observei várias delas muito hesitantes em participar optando, finalmente, por não tentar “Eu heim? Vai que eu saio um monstro!!!!”. Outras, “mais corajosas” entravam, mas saíam com uma expressão de profunda angústia e infelicidade com o resultado obtido; uma delas perguntava ansiosamente às amigas se estas a reconheciam no retrato; outra necessitou da intervenção/apoio do companheiro para aplacar seu choro. Ou seja, brincar com a própria imagem não lhes era possível, ou, pelo menos, lúdico.

Beleza exterior e saúde, aparência exterior desagradável e doença, cada vez mais se associam como sinônimos, no tocante às representações do corpo feminino. A questão tradicional, aceitar ou não o corpo recebido parece ter se transformado em &– como mudar o corpo e até que ponto?

Como dizia uma entrevistada minha

Não sei por que devemos conviver com o que não gostamos. Comigo foi assim: não gostava do meu nariz, operei; os culotes eram muito grandes, lipoaspirei; os peitos pequenos, virei Barbie e, para crescer os cabelos, nada como um mega hair” (Novaes 2004, p. 221).

Conforme apontamos anteriormente, e ressaltado pelo idealizador do sofware Isnard Martins, a maioria esmagadora do público da exposição retrata-se mais jovem. Por esta razão, talvez nos seja útil um breve recuo histórico.

Beleza e juventude, desde tempos imemoriais, são mitos presentes em nossa história. Para citar apenas alguns exemplos, temos o mito de Narciso que, encantado com sua beleza, perde-se no reflexo da própria imagem. Ou no caso de Afrodite, deusa que representa a feminilidade associada à beleza e que empresta o seu cinturão para as outras deusas quando as mesmas desejam seduzir alguns dos deuses ou heróis do panteão.

Segundo Tucherman (2004), em um interessante artigo acerca da juventude como um valor contemporâneo, existiriam alguns marcos históricos fundamentais para compreendermos a invenção da figura da juventude. Na impossibilidade de abranger a todos estes momentos, nossa escolha recaiu na cultura grega arcaica como via para estabelecer um diálogo profícuo sobre o tema.

A autora inicia seu texto recorrendo ao filósofo helenista Pierre Vernant (1989) que identifica na cultura grega a matriz genealógica para o pensamento sobre a juventude. Tendo como ponto de partida a Ilíada, Tucherman, seguindo Vernant, apresenta-nos o dilema moral de dois personagens desta saga épica. Heitor e Aquiles são heróis gregos, ambos confrontados com a escolha de terem que optar entre a morte precoce, garantia de glória imperecível agraciada pelos deuses ou a vida longa, submissão ao declínio das forças e à decrepitude da idade.

O que vemos, portanto, é que o heroísmo e seu prestígio social estão vinculados à potência, pujança e performances virtuosas, características simultaneamente inerentes aos heróis e à juventude.

É próprio da mitologia grega a indistinção entre as características humanas e divinas &– o que os diferencia é justamente a imortalidade, da qual são dotados somente os deuses. Tal fato explica a vontade, tanto do grego comum como do herói, de escaparem da morte e do envelhecimento, temor este muito bem ilustrado na seguinte epígrafe da Ilíada: ele morre jovem, aquele a quem os deuses amam (Tuckerman, 2004, p. 235).

Vernant esclarece que para os gregos a verdadeira morte é o silêncio, o esquecimento e a falta de dignidade nas ações. Por isso tamanha preocupação em manter uma reputação ilibada, pautada por atos heróicos, cheios de bravura que garantissem uma honra sem máculas e a certeza de que seu nome será lembrado, louvado e glorificado pelas gerações futuras. Em outras palavras, a natureza de suas ações transcenderia sua morte.

Seguindo no raciocínio do autor, a interrupção abrupta de uma vida deixaria gravada na memória, de forma inalterável, a grandeza de determinadas ações, o que funcionaria como uma espécie de compensação para o sujeito saber que será alvo de admiração póstuma.

Contrariamente ao modelo grego, o que se vê na atualidade é o imperativo de reconhecimento e visibilidade que surgem independentemente da relevância que a vida e as ações do sujeito possam ter. De modo semelhante, a sociedade de consumo e do espetáculo é pautada pelo efêmero e pelo imediatismo, dito de outra forma, viveríamos sobre a égide do efêmero, plagiando o título da obra de Gilles Lipovestsky (1989). Essa busca pela eternidade na efemeridade também foi antecipada, de forma jocosa, por Andy Warhol com sua brincadeira dos 15 minutos de fama.

Na atualidade, o combate diário parece ser outro - com a balança e com o espelho: na luta pela justeza das próprias mediadas e no confronto permanentemente adiado com a passagem do tempo.

Nesse sentido, esta batalha atual me fez lembrar os singelos versos, bem escritos por Mario Lago, quando, acometido por uma doença fatal, soube de sua sentença de morte: eu fiz um acordo de coexistência com o tempo, nem ele me persegue, nem eu fujo dele.

É exatamente na esteira do acordo firmado por Mário Lago com o tempo, que podemos sintetizar o pensamento grego na forma de lidar com a morte. Sendo assim, se o fim é democrático, ou seja, atingirá a todos impiedosamente, porque não torná-lo mais palatável, mudando as atribuições em torno da morte &– referindo-nos a ela como a bela morte. Ao invés do anonimato e do esquecimento, a certeza de ser lembrado de forma gloriosa. É melhor escolhê-la voluntariamente, servindo-se dela, a ter que sofrê-la.

Fazendo uma torção nas representações de morte, viajamos no tempo. Na atualidade o que vemos se desvelar é um pacto imaginário de erradicação e repúdio à morte. Com a ajuda das biotecnologias, dos sofisticados laboratórios de genética, com o avanço da cibernética e toda essa parafernália tecnológica colocada a serviço da medicina e da estética, o sujeito contemporâneo parece sofrer do mesmo encantamento em relação à ciência que seus antepassados diante dos mitos que narravam sagas e epopéias com seus deuses imortais, detentores do elixir para a juventude eterna. Como apontam Vilhena e Medeiros (2002):

Sem sombra de dúvidas, proporcionamos hoje mais saúde ao nosso corpo, sem, contudo, encontrarmos qualquer alívio para a inexorabilidadede de nossa finitude: apenas adiamos um pouco o desfecho trágico de nossa existência e somos muito gratos à Ciência por cada dia a mais de esperança... ou ilusão. Somos gratos a ela, por indicar-nos o caminho para uma possível nova utopia, já que tanto nos ressentimos da perda das anteriores. Nossas fantasias de onipotência, vindas de tempos imemoriais, sem dúvida alguma, encontram um grande abrigo nos progressos da biotecnologia. A imortalidade/perfeição sempre tão almejada, deixou, para nós ocidentais, de ser assunto religioso para tornar-se matéria de pesquisadores. Nossa crença no progresso da ciência faz-nos apostar na vitória sobre todas as imperfeições, carências, sofrimento e até sobre a morte. (p. 29)

Segundo Tucherman (2004), a diferença de um paradigma para outro talvez possa ser expressa da seguinte maneira, migramos do: Decifra-me ou te devoro, para o Cria-me porque tecnicamente és Deus (p. 141).

O que observamos na cultura atual é um esboroamento das fronteiras entre natural e artificial, observado na artificialização dos nossos valores estéticos. O padrão estético vigente: seco, sarado e definido e sua proposta de intervenção corporal constante, quer seja subtraindo pedaços da anatomia ou adicionando próteses, parece apontar para uma artificialização do corpo, ou melhor, uma indistinção entre o homem e as máquinas, robôs, cyborgs e outras tantas figuras que povoam o imaginário da ficção científica.

Alguns autores contemporâneos como Sibília (2002) e artistas plásticos como Sterlac (1997) e Kiki Smith, representantes da chamada “arte carnal”, assim como Orlan, (op.cit), definem este corpo contemporâneo como high-tech, uma vez que é perscrutado e avaliado pela ciência e pela medicina com a ajuda de novas tecnologias. Tal qual a exposição Auto-retrato falado, as intervenções propostas por esses artistas têm como denominador comum, além da interferência de artifícios tecnológicas no corpo e na aparência do sujeito, a interatividade com o espectador.

Atualmente, multiplicam-se os estudos sobre a influência da tecnologia na cultura. Em particular, com a expansão da Internet assiste-se também à proliferação de trabalhos que investigam os seus efeitos nas sociedades e nos indivíduos.

Ciber-sociologia e a ciber-antropologia são duas novas disciplinas universitárias correntes nos Estados Unidos da América, Canadá e Inglaterra, só para citar alguns países.

De acordo com Tucherman (2004) vivenciamos uma experiência radical de alteridade ao fazer uso das biotecnologias. Nas palavras da autora:

Onde somos radicalmente outros é no uso que fazemos das biotecnologias e das exteriorizações: cirurgias plásticas, medicina ortomolecular, reposições hormonais, complementos nutritivos, liftings químicos ou a laser, Botox, lipoescultura, e outros tais que parecem fazer uma hibridação da nossa subjetividade estetizante e o universo das técnicas disponíveis. (p. 140)

 

Conclusão

Tal qual descrito na mitologia grega, cujos heróis eram dotados de habilidades físicas incríveis, os deuses que cultuamos na mitologia atual têm o corpo atlético. Nossos heróis não possuem a fama eterna, mas são adornados pelo glamour personificado na figura das atrizes, modelos e manequins. Os atletas também possuem um lugar de destaque neste olimpo, servindo de modelo para o sujeito comum com sua performance virtuosa potencializada pelas drogas produzidas em laboratório.

Com relação ao sujeito comum, segundo nos informa Malysse (1997), perseguindo o ideal de corpo perfeito e espelhado em grandes ícones divulgados pela mídia, consumirá vorazmente todas as técnicas e práticas referentes ao corpo, tais como: cremes, massagens, drenagens linfáticas, alimentação natural, aditivos que prometem melhorar a performance na rotina de exercícios, dentre eles isotônicos, anabolizantes e outras substâncias quaisquer. Tratará também de se tornar um freqüentador contumaz de academias de ginástica na tentativa de melhorar seu desempenho, pois de acordo com a última tendência no mercado das academias, qualquer sujeito, ainda que bastante sedentário, pode ser transformar em um atleta, basta querer.

Para tal, é preciso apenas começar seu treino com objetivos tímidos, como a superação de pequenas maratonas, normalmente organizadas pelas academias. Estas, incitam seus alunos a participarem, através de programas especializados e preparados especialmente de acordo com o perfil de cada um. Afinal, dentro de todos nós existe um atleta em potencial, só é preciso descobri-lo!

Entretanto, não basta apenas fazer exercícios regulares ou mesmo transformar-se em um atleta, é preciso parecer sê-lo. A moda da indumentária esportiva parece ter tomado conta das ruas e já movimenta milhões, pois está intimamente associada ao que chamaremos de santíssima trindade: saúde, juventude e beleza, ou seja, à imagem de alguém que se cuida.

Vale lembrar que, assim como a juventude, a vaidade é um valor no mundo de hoje, visto que é uma característica bastante apreciada na forma como o sujeito deve agenciar sua vida. Um bom exemplo disso é a realidade observada nos processos de recrutamento e seleção de grandes empresas. Dito de outra forma, um sujeito desleixado com sua aparência não é digno de confiança em seu ambiente profissional, pois o mau agenciamento do seu corpo gera suspeitas de que o mesmo ocorrerá no ambiente profissional.

Retomando à questão dos limites é importante frisar que a ideologia reinante afirma sua necessidade constante de tentar superá-los -, nossa cultura vê com maus olhos pessoas acomodadas. Neste sentido, a figura do gordo, sempre associado à feiúra e desleixo, é vista como uma transgressão ao modelo disciplinar da formatação corporal, gerando uma total falta de empatia em relação à gordura no imaginário social.

O discurso da superação dos limites gera no sujeito um sentimento/sensação de fracasso sinalizado por Ehrenberg (1998) em seu livro sobre o estatuto da depressão como uma patologia própria da contemporaneidade, em contraposição às neuroses identificadas por Freud no início do século passado.

O mal-estar do qual nos fala o autor, advém do que ele classifica como uma grande transformação da normatividade social, ou seja, a evolução de uma sociedade da disciplina (interdição, obediência, autoridade), brilhantemente, estudada por Foucault, para uma sociedade onde nos encontramos sobre o primado da autonomia, palavra-chave para a compreensão do imperativo dos novos tempos &– uma mudança na hierarquia dos valores e das normas. O autor nos alerta que a disciplina não sumiu, mas encontra-se embutida na idéia de autonomia que hoje em dia lhe é superior em valor. Segundo Ehrenberg passamos da opressão e do recalque do desejo como geradores de sintoma e neuroses, para a patologia da insuficiência em um mundo onde o sujeito é chamado de forma intermitente a agir.

E de que forma o conceito de autonomia pode nos ser útil para entender a cultura em que vivemos?

O sujeito contemporâneo sente-se permanentemente culpado e com a sensação de estar em falta consigo mesmo. Aquém e insuficiente em sua performance corporal são inúmeras as cobranças que se percebe incapaz de atender: seja pelo fato de sentir-ser compelido a correr a maratona, seja pelos quilos que deseja perder, mas ainda não teve força de vontade suficiente para se engajar em alguma dieta -, o que Courtine (1995) nomeou de Pastoral do Suor, própria de balneários como o Rio de Janeiro. Ou ainda: não ter tomado a providência, adiada há tempos, de juntar dinheiro e fazer uma plástica a fim de não parecer a idade cronológica que tem. Quaisquer que sejam as razões, ele sabe da ferocidade impiedosa que lhe recairá sob a forma de um julgamento moral depreciativo caso apresente o menor descuido em relação à sua aparência.

O sentimento de intolerância em relação àqueles que de todas as maneiras não se adequam aos cânones vigentes leva o sujeito a sentir-se insuficiente. A moralização da beleza como fenômeno social dos novos tempos, associada à chamada sociedade de consumo que disponibiliza, de forma democrática, um número cada vez maior de possibilidades de se intervir no corpo, ajuda na conformação da máxima do só é feio quem quer. Paradoxalmente, vê-se uma massa crescente de excluídos, contabilizada através da incidência alarmante das chamadas doenças da beleza que já despontam, assim como as patologias narcísicas e as compulsões, como o grande sintoma social da atualidade.

 

Referências

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BAUDRILLAR, D. J. A Sociedade de Consumo. São Paulo: Edições 70. [1970] 1981.        [ Links ]

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Endereço para correspondência
Av. Ataulfo de Paiva 135/sala 613. Leblon
22040-020 Rio de Janeiro, RJ.
E-mail: joananovaes@terra.com.br

Recebido em 28 de junho de 2007
Aceito em 1 de julho de 2007
Revisado em 15 de outubro de 2007

 

 

* Doutora em Psicologia Clínica pela PUC-RJ. Coordenadora do Núcleo de Doenças da Beleza do Laboratório Interdisciplinar de Pesquisa e Intervenção Social da PUC-RJ. Pesquisadora do Instituto Delphos. Pós-doutoranda do Programa de Psicologia Social da UERJ, Bolsista da FAPERJ.
1 Estou, deliberadamente, fornecendo poucos dados, de forma a não possibilitar nenhum tipo de identificação.
2 Para uma análise aprofundada sobre os ideais de branqueamento ver Vilhena, 2007.
3 Os trabalhos de Anzieu, mais especificamente seus escritos sobre a segunda pele seriam um excelente fio condutor caso houvéssemos optado por uma outra vertente interpretativa.
4 No Núcleo de Doenças da Beleza atendemos pacientes que sofrem de anorexia, bulimia, vigorexia, obesidade, acompanhamos o pré e pós-operatório de pacientes que se submeteram ou pretendem se submeter a cirurgias bariátricas, bem como aqueles que apresentam distintas dismorfias corporais.

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