Psicologia USP
ISSN 1678-5177
LORDELO, Eulina da Rocha BICHARA, Ilka Dias. Revisitando as funções da imaturidade: uma reflexão sobre a relevância do conceito na Educação Infantil. []. , 20, 3, pp.337-354. ISSN 1678-5177.
^lpt^aO entendimento sobre a natureza da infância pode ser crítico para várias áreas de investigação e aplicação. As últimas décadas assistiram ao trabalho de desconstrução do conceito de infância, baseando-se nas investigações de historiadores, antropólogos e psicólogos, que mostraram a intensa variabilidade social e cultural no modo como as sociedades e as épocas pensam sobre a infância e decidem como tratá-la. Ao mesmo tempo, ganha força o consenso social sobre a importância da educação desde os primeiros anos de vida, e sobre a escola como lugar privilegiado para a criança, afastada do mundo dos adultos, particularmente do mundo do trabalho. Essas idéias são orientadas de um lado por motivos pragmáticos - a necessidade de preparação da criança para inserção futura no mundo do trabalho, em condições competitivas - e de outro por motivos teóricos - a adoção de uma perspectiva sociocultural e contextualista extremada, que vê o ser humano em desenvolvimento como material plástico, sujeito tão somente aos condicionantes ambientais imediatos e históricos. Este artigo busca esclarecer as limitações de tais posições e propor, em seu lugar, uma agenda de pesquisa sobre a infância enquanto fenômeno biopsicossocial. Para tal, examina as idéias da psicologia evolucionista sobre a imaturidade da espécie humana, e os estudos mais recentes orientados por essa perspectiva, cobrindo tópicos como cognição e metacognição, aprendizagem, autoestima e brincadeira, entre outros. Finalmente, o artigo discute os problemas da organização da educação infantil no Brasil, seus currículos explícito e implícito e a congruência dessa organização com uma concepção biopsicossocial de infância.^len^aUnderstanding the nature of childhood may be critical for several areas of research and application. The last decades have witnessed the deconstruction of childhood concepts, based on historical, anthropological and psychological research work, which demonstrate significant social and cultural variability of societies and historical epochsconceptions about childhood and child upbringing. Meanwhile, its increasingly consensual that early education is important and that schools are childrens privileged place, detached from the world of adults and particularly from the world of labor. These notions are partially due to pragmatic motives - the need to prepare children for their future insertion in a competitive labor market - and also to theoretic considerations: the assumption of radical socio-cultural and environmental perspectives which construe developing human beings as endowed with unlimited plasticity and liability to immediate and historical environmental contingencies. This paper aims to question these standpoints and to suggest an alternative research agenda on childhood as a bio-psycho-social phenomenon. Human immaturity is focused from an Evolutionary Psychology perspective, as well as recent studies on cognition and metacognition, learning, play and self-esteem, among other themes approached from this perspective. Questions related to childhood education in Brazil, its implicit and explicit curricula and its compatibility with a bio-psycho-social conception of childhood are discussed.^lfr^aLa compréhension de la nature de lenfance peut être critique dans divers domaines dinvestigation et dapplication. Les dernières décennies ont assisté au travail de déconstruction du concept de lenfance, en se basant sur les recherches dhistoriens, danthropologues et de psychologues, qui ont démontré lintense variabilité sociale et culturelle sur la façon dont les sociétés et les époques pensent de lenfance et choisissent de laborder. En même temps, le consensus social sur limportance de léducation dès les premières années de vie, ainsi que sur lécole en tant quespace privilégié pour lenfant, distant du monde des adultes et particulièrement du monde du travail, se consolide. Ces idées sont orientées dune part pour des raisons pragmatiques - le besoin de préparation de lenfant pour sa future insertion dans le monde du travail, dans des conditions compétitives, et dautre part pour des motifs théoriques - ladoption dune perspective socioculturelle et contextualiste radicale, qui voit lêtre humain en développement comme du matériel souple, à peine astreint aux pressions environnementales et historiques. Cet article cherche à clarifier les limitations de telles positions et proposer, à leur place, un plan de recherche sur lenfance en tant que phénomène biopsychosocial. Pour cela, il examine les idées de la psychologie évolutionniste sur limmaturité humaine et les études les plus récentes orientées par cette perspective, en sétendant sur des items comme la cognition et la métacognition, lapprentissage, lestime de soi et le jeu, entre autres. Finalement, larticle discute les problèmes de lorganisation de lécole maternelle au Brésil, ses cursus explicite et implicite, et la compatibilité de cette étape de léducation avec une conception biopsychosociale de lenfance.^les^aLa comprensión sobre la naturaleza de la infancia puede ser crítica para las varias áreas de investigación y aplicación. Las últimas décadas asistieron al trabajo de des-construcción del concepto de infancia, teniendo como basis las investigaciones de historiadores, antropólogos y psicólogos, que evidenciarón la intensa variabilidad social y cultural en el modo como las sociedades y las épocas piensan sobre la infancia y deciden como tratarla. Al mismo tiempo, gana fuerza el consenso social sobre la importancia de la educación desde los primeros años de vida, y sobre la escuela como lugar privilegiado para el niño, alejado del mundo de los adultos, particularmente del mundo del trabajo. Esas ideas son orientadas de un lado por motivos pragmáticos - la necesidad de preparación del niño para su futura inserción en el mundo del trabajo, en condiciones competitivas, y por otro por motivos teóricos - la adopción de una perspectiva sociocultural e contextual extremada, que ve al ser humano en desarrollo como material plástico, sujeto a no más que a los condicionantes ambientales inmediatos y históricos. Este artículo busca esclarecer a las limitaciones de tales posiciones y proponer, en lugar de ellas, una agenda de pesquisa sobre la infancia como fenómeno bio-psico-social. Para tal, examina las ideas de la psicología evolucionista sobre la inmadurez de la especie humana, y los estudios más recientes orientados por esa perspectiva, cubriendo tópicos como cognición y meta-cognición, aprendizaje, auto-estima y juego, entre otros. Finalmente, el artículo discute los problemas de la organización de la educación infantil en Brasil, sus currículos explícito y implícito, y la congruencia de esa organización con una concepción bio-psico-social de infancia.
: .