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Vínculo

versão impressa ISSN 1806-2490

Vínculo vol.16 no.1 São Paulo jan./jun. 2019

https://doi.org/10.32467/issn.1982-1492v16n1p89-97 

ARTIGO

DOI – 10.32467/issn.1982-1492v16n1p89-97

 

Formação e capacitação continuada do trabalhador da saúde para atuação com grupos

 

Qualification and continued training of the health worker to work with groups

 

Entrenamiento y formación continuada del trabajador de la salud para trabajar con grupos

 

 

Waldemar José Fernandes1

Sociedade de Psicoterapias Analíticas Grupais do Estado de São Paulo - SPAGESP
Núcleo de Estudos em Saúde Mental e Psicanálise das Configurações Vinculares - NESME

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O autor parte do princípio de que Grupo é uma forma específica de agrupamento em que ocorrem interações vinculares. Os fenômenos grupais são os mesmos em qualquer grupo, mudando a atitude do terapeuta conforme a finalidade. É enfatizada a importância dos grupos na saúde. Atualmente há uma redução da procura de psicoterapias de inspiração psicanalítica, individuais ou grupais, por razões, que serão expostas no trabalho. É lembrado então, o potencial da rede pública e suas vicissitudes, entre elas, a quantidade de profissionais sem conhecimento sobre grupos. São estudadas a formação clássica e os desafios para uma formação realista nos dias atuais. Dificuldades e particularidades são expostas, e é realizada uma reflexão sobre as possibilidades e desafios para uma formação hoje, enfatizando a importância dos Grupos de Reflexão.
Conclui que somente a somatória da análise, supervisão, Grupo de Reflexão e estudo teórico, é que permitirá ao terapeuta em formação, maior desenvolvimento na arte e na técnica de trabalhar psicanaliticamente com o dispositivo vincular.

Palavras-chave: grupo; agrupamento; formação; grupo de reflexão.


ABSTRACT

The author assumes that group is a specific form of grouping in which linking interactions occur. The group phenomena are the same in all groups, changing the attitude of the therapist according to the purpose. The importance of groups in health is emphasized. Currently, there is a reduction in the demand for psychoanalytic, individual or group-inspired psychotherapies, for reasons that will be exposed at work. It is remembered, then, the potential of the public network and its vicissitudes, among them, the number of professionals without knowledge about groups. Classical training and the challenges for realistic training are studied in the present day. Difficulties and particularities are exposed, and a reflection is made about the possibilities and challenges for a training today, emphasizing the importance of the reflection groups.
It concludes that only the sum of the analysis, supervision, reflection Group and theoretical study, is that it will allow the therapist in training, greater development in the art and the technique of working psychoanalytically with the device to link.

Keywords: group; grouping; training; reflection group.


RESUMEN

El autor asume que el grupo es una forma específica de agrupación en la que se producen interacciones de enlace. Los fenómenos grupales son los mismos en todos los grupos, cambiando la actitud del terapeuta según el propósito. Se enfatiza la importancia de los grupos en la salud. Actualmente, hay una reducción en la demanda de psicoterapias psicoanalíticas, individuales o inspiradas en grupo, por razones que serán expuestas en el trabajo. Se recuerda, entonces, el potencial de la red pública y sus vicisitudes, entre ellos, el número de profesionales sin conocimiento sobre los grupos. La formación clásica y los desafíos para la formación realista se estudian en la actualidad. Se exponen las dificultades y particularidades, y se hace una reflexión sobre las posibilidades y los retos para una formación en la actualidad, destacando la importancia de los grupos de reflexión.
Concluye que sólo la suma del análisis, la supervisión, el grupo de reflexión y el estudio teórico, es que permitirá al terapeuta en formación, un mayor desarrollo en el arte y la técnica de trabajar psicoanalíticamente con el dispositivo para enlazar.

Palabras clave: grupo; agrupación; formación; grupo de reflexión.


 

 

Introdução – o trabalho com grupos

Parto do princípio de que Grupo é uma forma específica de agrupamento em que ocorrem interações vinculares, isto é, experiências emocionais e alguma forma de comunicação.

Em qualquer grupo os fenômenos grupais (níveis conscientes e inconscientes de funcionamento grupal) são os mesmos. Os participantes poderão ter necessidades de ajuda, com indagações, aflições e pedidos que podem não variar tanto. O que terá de variar, e muito, é a atitude do coordenador, que, de acordo com os diferentes objetivos irá reagir ao grupo diferentemente (Fernandes et al, 2003).

Portanto, o processo comunicativo vincular terá sempre algumas diferenças de abordagem de acordo com os objetivos a serem alcançados. A técnica sofrerá adaptações se o trabalho for realizado com crianças ou adultos, se em uma instituição ou clínica privada, se ocorrer com tempo limitado, se o grupo for homogêneo quanto a um ou mais fatores etc.

É necessário se buscar então, uma forma de discriminar os diversos tipos de trabalho grupal, tarefa que consideramos fundamental, pois, grande parte dos insucessos terapêuticos provém da confusão provocada pela não especificação dos objetivos do profissional com seus clientes e, o que é pior, muitas vezes, o profissional não parou para pensar no que está fazendo, quais suas intenções etc.

De qualquer modo, é essencial que o profissional interessado na grupalidade saiba que só poderá perseguir as metas que estiverem bem claras dentro de si.

 

A importância dos grupos na saúde

Considero da maior importância os grupos terapêuticos e aqueles com finalidades operativas, os grupos de convivência, grupos de discussão com hipertensos, com diabéticos, obesos, alcoolistas, assim como os grupos de espera, grupos de adolescentes, de crianças, de psicóticos, grupos em hospitais psiquiátricos etc.

Também são importantes os grupos breves e o trabalho grupal sem tempo limitado com objetivo de autoconhecimento e crescimento pessoal, de inspiração psicanalítica, trabalho que ocorre preponderantemente na clínica privada.

Pacientes que irão se submeter a cirurgias ou pós operados, assim como aqueles com câncer ou que sofreram perdas importantes, podem se beneficiar muito do trabalho grupal, tal como os que sofrem de algo visto como puramente físico, mas que, até em sala de espera podem se beneficiar de algo mais.

Júlio de Mello Filho (2000, p.221) mostra "como um grupo de sala de espera pode levar várias pessoas, as quais, no início, priorizavam aspectos concretos (remédios, dietas etc.) a poderem falar de seus sentimentos, priorizando o entendimento da emoção como a peça mais importante para que as outras sejam cumpridas".

Lazslo Antonio Ávila, em texto de 2016, aponta como "os recursos grupais podem tornar pensável o impensável, e fazer de um corpo mudo e sofrido o campo de batalha pela construção dos significados que permitem, via simbólica, a humanização dos sofrimentos" (p.146)

 

Dificuldade atual em realizar o trabalho privado com grupos, no Brasil

Atualmente há uma redução da procura de psicoterapias de inspiração psicanalítica, sejam individuais ou grupais, acreditamos que, por algumas razões: 1) a busca desenfreada de resultados rápidos e da melhora de sintomas, havendo competição com outras técnicas psicoterápicas que se propõem a lidar com aspectos mais imediatos das queixas dos pacientes; 2) a oferta de tratamentos medicamentosos oferecidos por alguns psiquiatras organicistas, que têm muita fé na química, e não valorizam o autoconhecimento; 3) com a enorme quantidade de psicólogos que se diplomam todos os anos, a competição pelo mercado de trabalho ficou acirrada; 4) mesmo terapeutas que trabalham com grupos, parecem não acreditar muito nesse dispositivo, pois preferem atender individualmente muitos casos, e raramente encaminham pacientes para grupoterapia.

Na prática, a demanda é muito pequena, os grupos não se sustentam, e muitos terapeutas deixam de fazer esse trabalho grupal. A tendência do trabalho psicanalítico com grupos tem sido de ampliar essa abordagem para outras configurações vinculares, como casais, famílias e instituições. Os grupos terapêuticos têm tido maior uso nas instituições públicas, principalmente com foco limitado quanto ao tempo ou objetivos.

 

O potencial da rede pública e suas vicissitudes

Na rede pública há enorme potencial para atendimento grupal. A demanda é imensa, e os grupos, quando bem coordenados, podem ser extremamente úteis, na saúde mental e na clínica médica em geral.

Infelizmente, vemos que coordenadores e diretores - seguindo orientação política a que são submetidos, ainda que não tenham noção do que seja trabalhar com grupos - ordenam que seus subordinados o façam. Um dos argumentos utilizados é: "têm de dar conta da demanda". Dessa forma, o dispositivo grupo, que poderia ser indicado como algo muito bom, eficiente e útil, acaba por ser instrumento político para atender à demanda.

Para piorar as coisas, infelizmente grande parte desses grupoterapeutas não tem qualquer formação específica, desconhecem teoria e técnica de grupos, e, frequentemente, têm medo e não acreditam no potencial do grupo.

Alguns, por iniciativa própria, tentam estudar um pouco, procurar um supervisor ou fazer cursos, apesar de não terem tempo livre para tanto.

Muito raramente, ocorrem tentativas governamentais para dar algum tipo de formação para esses profissionais.

 

A formação clássica e os desafios para uma formação realista - possibilidades hoje

O psicoterapeuta como pessoa é uma variável importante no processo grupal. Da mesma forma, acredito que a eficácia da coordenação psicanalítica de grupos reside em grande parte nos dotes humanos do coordenador, em sua sensibilidade, e menos no seu conhecimento teórico, que é importante, mas não é tudo.

Uma das capacidades mais necessárias para esse profissional é saber ouvir.

Um grupo de pacientes ou uma família irá nos submeter a um forte teste. Notará nossos pontos fracos como verdadeira equipe psicológica.

O psicoterapeuta/coordenador de grupos deve ser confiável, despertar confiança e esperança, tendo fé em si mesmo, em cada um, e no processo vincular.

O profissional que milita nessa área, de preferência deveria ter certas condições de personalidade, como por exemplo: segurança, autoestima razoavelmente estável, tolerância à frustração, certa limitação da onipotência, do narcisismo, do sadismo e da inveja, gostar de pessoas, desejo de ajudar (não de curar) e poder ser continente de aspectos destrutivos sem muita persecutoriedade (Fernandes et al, 2003).

Entretanto, somos simplesmente seres humanos, e, na tarefa de ajudar os pacientes, queiramos ou não, nossa personalidade está inapelavelmente envolvida. Pode ser que, num certo momento, estejamos mesmo querendo mostrar quão inteligentes nós somos e noutro momento, estejamos competindo, envolvidos por inveja ou outra emoção qualquer. Somos humanos...!

Podemos então tentar nos preparar para lidar com tais situações, fazendo uma boa formação nos núcleos de ensino existentes, de preferência onde se proponha educação continuada, sem divisão asséptica entre corpo docente e discente.

Fazer uma formação adequada não é tarefa das mais simples, e envolve a busca de uma Instituição saudável, que se preocupe realmente com o processo de educação-aprendizagem. Há anos vem sendo estudado esse processo seja por parte de professores, seja por parte de alunos, procurando aperfeiçoá-lo, mas sempre se deparando com dificuldades. Urge, mais que nunca, que, com coragem e maturidade, trabalhemos as conexões paralisadoras de nossas instituições formadoras.

Várias instituições têm tentado dar a formação clássica, com o tripé: análise pessoal, supervisão e teoria. Com o tempo, têm sobrevivido as instituições menos fechadas, com possibilidades de aprender com os erros.

Nesse clima de abertura, o NESME – Núcleo de Estudos em Saúde Mental e Psicanálise das Configurações Vinculares, fundado, em 1989, gradativamente passou a se interessar mais enfaticamente pela Psicanálise dos Vínculos, logo passando à formação nessa área. Na mesma linha de trabalho, a SPAGESP – Sociedade de Psicoterapias Analíticas Grupais do Estado de São Paulo, começou seus trabalhos em 1996, dando formação em Ribeirão Preto e região.

 

Análise Pessoal

É melhor a análise individual para o candidato? Não. É melhor, então a análise grupal? Também não! Sou daqueles que entendem que a análise pessoal é extremamente importante na formação do analista vincular. Mesmo que a análise individual tenha sido bem conduzida, com sucesso e em longo prazo, parece-me imprescindível a experiência grupal, e a recíproca é verdadeira. Sendo assim, melhor fazer ambas as coisas, em períodos diferentes, com analistas diferentes, para melhor evolução pessoal.

 

Supervisão

A supervisão é vista como uma necessidade nas entidades formadoras de psicoterapeutas, e faz parte do currículo das sociedades analíticas internacionais.

A maioria dos profissionais que fizeram formação clássica em terapias grupais passou por duas supervisões de no mínimo 80 horas. Quando parar com a Supervisão?

A maioria dos educadores que trabalham com formação de grupoterapeutas, concorda em que além das exigências curriculares, o que é mais importante na decisão de prosseguir ou parar uma supervisão é a vivência partilhada por ambos, supervisor e supervisionandos, de que ela já não é tão necessária para que o grupo terapêutico e o terapeuta iniciante possam seguir em frente. Tal como no fim de uma análise se adquire a capacidade de auto-análise, no fim duma supervisão deverá estar construída uma capacidade de auto supervisão.

David Epelbaum Zimerman sempre dizia que é preciso ajudar os supervisionandos a tolerarem a própria ignorância (Zimerman, 2000) e cada um se aceitar como profissional e ser humano, portanto, falível, passível de erro. Da mesma forma será importante, para os alunos em formação, aprenderem a respeitar os limites dos seus pacientes, dos colegas de supervisão e de seu supervisor.

Finalmente, é importante que o supervisor esteja consciente de que ele jamais saberá como se comportaria estando na sessão relatada pelo supervisionando, quem sabe, até com maiores dificuldades do que o terapeuta iniciante? Por isso, melhor procurar controlar seu narcisismo e não humilhar os profissionais que já estão, de modo geral, em atitude humilde e receptiva para aprender.

 

Estudo Teórico

Atualmente não temos dúvidas quanto à necessidade de - ao lado do tradicional estudo da psicanálise e de suas principais correntes - estudar as contribuições de autores que desenvolvem um trabalho original com grupos, com finalidades operativas ou terapêuticas.

Um ponto que os alunos, muitas vezes, não percebem, é a necessidade de ler e pensar nos textos antes das aulas; pensar e discutir durante as aulas; finalmente, reler e pensar após as aulas. Se possível, continuar relendo sempre que surgir oportunidade, mais e mais vezes, até que o conhecimento relativo ao autor passe a ser algo seu, elaborado, "digerido" e acrescido de sua experiência pessoal, durante toda a vida profissional.

Temos tido boa experiência no NESME com oferecimento de módulos semestrais oferecidos sem uma sequência obrigatória, módulos com foco na introdução ao trabalho grupal ou no estudo inicial de alguns autores, como Freud, Melanie Klein, Bion, Kaës, Zimerman, Puget e outros. Também cursos com foco em temas da teoria da técnica do trabalho com grupos, cursos sobre grupos operativos etc., sempre acrescidos de vivências grupais e discussões de casos.

 

Possibilidades e desafios para uma formação hoje

Com o aprendizado que temos tido da experiência, acreditamos que, atualmente não há mais espaço para as longas formações que fazíamos no passado.

O tripé análise, supervisão e estudo teórico continua útil, mas considero o grau de importância de cada um na sequência em que apresentei, sendo o estudo teórico o terceiro da lista.

Acredito, realmente, que seja fundamental a análise pessoal, parte individual e parte em grupo, e que, com breves noções teóricas, seja possível começar a atender grupos, desde que com supervisão.

Os estudos teóricos poderão ser aprofundados, pouco a pouco, talvez em módulos semestrais, com tópicos que apresentem uma graduação de dificuldade para os alunos.

Acrescento um quarto elemento que me parece fundamental na formação – os grupos de reflexão - que permitem aos alunos viver a experiência de participar como membros de um grupo.

 

Grupos de Reflexão

Os Grupos de reflexão que fazemos, um pouco do que descreveu Dellarossa (1979) e Zimerman (2000), acrescido da experiência e estudos que fizemos no NESME e na SPAGESP, e que chamamos Grupos psicanalíticos de reflexão, são uma modalidade dos Grupos Operativos, com a particularidade de que o aluno participante pode e deve utilizá-lo para indagar sua integração nesse grupo, a integração do grupo no núcleo de formação, a deste instituto com a sociedade à qual pertence, e a inserção desta, com o macrocontexto.

 

Finalizando

Nesse conjunto de atividades que são desenvolvidas durante a formação, o terapeuta iniciante poderá desenvolver uma atitude analítica, que permita sua vinculação com os pacientes e com o sofrimento deles.

Somente a somatória da análise, supervisão, Grupo de Reflexão e estudo teórico, é que permitirá ao terapeuta em formação, maior desenvolvimento na arte e na técnica de trabalhar psicanaliticamente com o dispositivo vincular, o que implica em escutar mais e melhor, compreender, intuir, comunicar-se melhor e ser autêntico e criativo em seu trabalho e, acima de tudo, respeitar os limites do grupo, dos pacientes e os seus próprios, como terapeuta e como gente.

 

REFERÊNCIAS

Ávila, L. A. (2016) Grupos: uma perspectiva psicanalítica. P.146. São Paulo, SP: Zagodoni Editora.         [ Links ]

Dellarossa, A. (1979) Grupos de Reflexión. Buenos Aires, AR: Paidós.         [ Links ]

Fernandes, W. J.; Svartman, B.; Fernandes, B. S. (2003) Grupos e configurações vinculares. Pp.186-281. Porto Alegre, RS: Artmed, 2003, p. 186, 281, 282.         [ Links ]

Mello filho, J. (2000) Grupo e corpo. Psicoterapia de grupo com pacientes somáticos. P.221. Porto Alegre, RS: Artmed, 2000, p.221.         [ Links ]

Zimerman, D. E. (2000). Fundamentos básicos das grupoterapias. Porto Alegre, RS: Artmed.         [ Links ]

 

 

Endereço para correspondência
Waldemar José Fernandes
Rua Turiassu, 143/134
Fone 3825-5305
E-mail: wjfernandes@hotmail.com.br

 

 

1 Médico com especialização em psiquiatria pela ABP – Associação Brasileira de Psiquiatria – com certificado na Área de atuação em Psicoterapia. Membro fundador e efetivo do NESME e SPAGESP.

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